O cão do Central Park escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 12
Capítulo 12 – Prisioneira


Notas iniciais do capítulo

Notícias, esse não é o último capítulo ainda. O próximo fechará o caso e terá mais JoanLock. Divirtam-se.



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Capítulo 12 – Prisioneira

Foi rápido demais, ninguém sequer tinha uma real ideia do que acontecera naquele único segundo. Joan fitou o grande cão morto ao lado dos dois, recebera tantos tiros que uma poça de sangue começava a se formar embaixo dele. E o mais curioso, além do pêlo escuro brilhar, as chamas da boca continuavam acesas e os olhos permaneciam vermelhos. Olhou novamente assustada para o detetive ao seu lado e soltou a arma que tinha em mãos, assim como Sherlock já tinha feito.

— Sherlock... Sherlock!

Os dedos dele se fecharam em sua mão e ele a olhou, parecendo confuso. Os policiais em volta começaram a se mostrar e Bell correu para o casal enquanto o capitão se abaixou ao lado de Henry e depois começou a dar ordens pelo rádio.

— Acho que não fui atingido.

— Fique quieto, nós vamos verificar isso.

— O cão recebeu muitos tiros, mas acredito que nenhum atingiu você – Marcus falou – O homem estava observando tudo em cima de uma das árvores, foi de lá que ele caiu quando o acertamos. Devia estar esperando pra prender o cachorro depois do serviço ser terminado. Joan, cuide de Holmes, nós vamos verificar o herdeiro.

Joan fez o consultor se manter deitado até verificar cada local manchado de sangue, ele não fora atingido. E estava mais preocupado em saber se ela estava bem do que qualquer coisa que ele mesmo pudesse ter sofrido. Policiais tentavam apagar o fogo da boca do animal, sem sucesso nos primeiros minutos, pois continuava reacendendo. Os empregados começavam a sair da mansão, em pânico ao ver seu patrão inconsciente. O casal se aproximou dele e Joan checou seus sinais vitais, estava bem, só desmaiado.

— Mas o que afinal aconteceu aqui?! – Barrymore questionava em desespero – O que fizeram com o senhor Henry?! Por que Stapleton está morto na frente da mansão?! E esse cão monstruoso?! – Ele exclamou de olhos arregalados, bem como os demais empregados que continuavam recusando se aproximar – Não me digam que é o monstro da lenda?!

— Senhor – Gregson começou – O herdeiro está bem! Sugiro que todos se acalmem e levem o senhor Baskerville para dentro de casa. Nossa consultora tem excelentes habilidades médicas e já se assegurou de que ele está bem. Em breve estaremos com vocês.

Os dois policiais e o casal se aproximaram do corpo de Stapleton enquanto os empregados seguiam as sugestões de Gregson, e observaram o rosto do assassino. Mesmo morto parecia conservar a expressão fria e vazia nos olhos, e também talvez um pouco de raiva, a raiva sempre nutrida pelos herdeiros Baskerville.

— Podem começar me explicando o que essa coisa é e como descobriram que esse homem era o assassino.

— Fósforo – Joan lhe disse – Uma substância que faz qualquer coisa brilhar no escuro e até pegar fogo em reação com alguns gazes.

— Isso deve ter irritado os olhos do cachorro, por isso são avermelhados, mas apesar do cheiro, isso não interferiu no faro dele. Stapleton deve ter feito um treinamento cinco estrelas – Sherlock comentou enquanto cheirava o animal morto e observava seus dedos brilharem ao tocar a camada de fósforo que cobria o cão – Acatamos a hipótese do fósforo depois que descobrimos que o cão era real.

— Stapleton é descendente de Hugo Baskerville. Um herdeiro que seguiu os caminhos errados e teve um fim infeliz. A partir de então o outro lado da família, o de Charles Baskerville, passou a controlar a herança. Disseram os dois irmãos do último herdeiro estava morto, na verdade estava desaparecido. Desapareceu exatamente na época em que Stapleton passou a existir. Se chamava Rodger e era tão perverso quanto Hugo Baskerville. Stapleton realmente estudou biologia e se tornou professor, a partir daí assumiu uma nova identidade e usou a lenda da maldição da família pra destruir cada herdeiro que se aproximasse da herança – Joan explicou.

— Ele também encontrou um meio de abrir uma passagem no subsolo da mansão, que estava supostamente lacrado para sempre. Ele tentou abrir a passagem que foi selada no fim da época das batalhas, para dentro da casa, mas não conseguiu. Ainda assim, soltava seu cão dentro do andar escondido às vezes pra que o barulho aterrorizasse quem estivesse em cima. Quando Joan me relatou que um vizinho suspeito caminhava pelo parque quase sempre, eu lhe fiz uma visita e encontrei as luvas desaparecidas no nosso cliente em sua casa, em breve o departamento terá pó par completo, o que provou que o cão era real. Caso contrário, não precisaria de algo para atiçá-lo contra a vítima.

— Ele também tentou causar a morte de Henry na noite em que o irmão fugitivo da senhora Barrymore cogitou invadir a casa. Stapleton o encontrou pelas ruas e fingiu não reconhecê-lo dos anúncios da polícia. Então o advertiu sobre um bazar, o bazar ao qual Henry doou algumas roupas, lhe dando indiretamente a ideia de se parecer com ele para enganar os empregados por tempo suficiente pra se esconder lá dentro até roubar alguma coisa de valor durante a madrugada. Até aí, Stapleton o monitorou cuidadosamente. Pode ter sido um excelente assassino, mas era péssimo em quebrar a rotina, apesar de saber se disfarçar muito bem. E naquela noite, o cão o matou por engano.

— Parece que vocês estão certos – Bell se aproximou de repente – Acabamos de achar a outra luva no bolso de Stapleton – ele disse ao erguer a luva de Henry do bolso do assassino.

— Só há uma coisa que ainda não sabemos – Sherlock falou para Gregson – O que Stapleton fez com sua esposa.

— Esposa?!

— Ela desapareceu depois de enviar aquela mensagem – Joan falou – Acreditamos que está presa em algum lugar da casa, mas não encontramos ainda. Stapleton a tratava como sua irmã que está viajando para estudar. E cuida de uma filhote de pastor alemão que supostamente seria dela. O mais provável é que ela seria o próximo monstro criado por ele, apesar de ser um doce agora.

— Vamos enviar alguém para a casa dele agora mesmo.

— Já temos alguém lá – Sherlock falou enquanto ligava para Teddy – Encontrou alguma coisa?

— Dá pra ouvir uma mulher chorando do outro lado da parede, mas... Não tem passagem nenhuma pra direção do choro! A cadela tá desesperada, já tentou até comer a parede, mas não me deu nenhuma ideia do que fazer – o garoto respondeu do outro lado da linha diante dos choros agudos da filhote Hana.

— Estaremos aí num instante.

Os dois consultores, o capitão, Bell e três policiais adentraram a casa apreensivos, até derrubarem a hipótese de qualquer armadilha. Encontraram Teddy no quarto do professor, diante de uma parede a qual Hana insistia em roer. Era um quarto grande, com espaço suficiente para o que o casal tinha em mente. Sherlock e Joan pediram que o garoto se afastasse e analisaram toda a parede por alguns instantes, apenas para confirmar suas suspeitas.

— Teddy? Como pode dizer que Hana não lhe deu nenhuma ideia? – Sherlock questionou, arrancando o papel de parede, da mesma cor da tinta embaixo dele, a partir de onde Hana o havia danificado.

Joan pressionou algum ponto ali e a estrutura cedeu. A parede se moveu como se fosse uma porta, assustando os demais, que andaram alguns passos para trás. Uma pequena escada se revelou para o que devia ser um porão escuro. Apenas uma pequena luz pendurada no teto era vista lá embaixo e os choros da mulher ecoaram pela passagem. Hana ganiu alto e disparou pela escada ao encontro de sua dona. Sherlock desceu os degraus, pedindo que Joan ficasse atrás dele e que Teddy não entrasse, e foram seguidos por Bell e Gregson.

O porão parecia um quartel do crime, cheio de tralhas empilhadas, um painel enorme feito com recortes de notícias de gerações e gerações dos Baskerville, catálogos e mais catálogos sobre lojas de animais espalhados em uma mesa e várias matérias sobre cachorros de grande porte, além de coleiras, focinheiras, cordas, chicotes, enforcadores para cães grandes. E o mais estranho de tudo, um pilar de madeira se erguia no centro do local, como se fosse o mastro de um navio. Alguém ou algo estava preso ali, tão coberto por lençóis que não era possível definir. Mas era dali que vinha o choro e também para onde Hana estava latindo e chorando, tentando arrancar os lençóis. Cautelosamente, Sherlock estendeu a mão e removeu todos os tecidos um por um, deixando todos aterrorizados ao remover o último. Os olhos escuros e mergulhados em dor e constrangimento de uma mulher que devia ser linda em boas condições, os olhavam. Ela chorou, desabou em lágrimas ao finalmente encarar outro ser humano que não aquele monstro, enquanto Hana pulava e lambia seu rosto, ao mesmo tempo chorando em desespero. Joan tomou a filhote nos braços enquanto os outros três libertavam completamente a mulher. Ela estava amordaçada, além de amarrada com tecidos pelo pescoço e pelo abdômen, com as mãos presas atrás do pilar e os pés também amarrados com corda. Estava machucada e visivelmente exausta, marcas de chicote podiam ser vistas facilmente em seu pescoço e nos braços e pernas.

Ao ser libertada, ela teria caído para o chão sem nenhum resquício de força se Sherlock não a segurasse. O consultor permitiu que ela se abraçasse a ele e tentou consolá-la o melhor que podia enquanto ela chorou por longos minutos até desmaiar de exaustão. Levaram-na para cima, deitando-a no sofá. Com certeza ela não gostaria de acordar no quarto. Sherlock instruiu Teddy a levar Hana e esperá-los na mansão, e assim o garoto se foi junto com um policial. Joan cuidou da mulher inconsciente por meia hora até que acordasse. Ela abriu os olhos confusa e levou algum tempo para retomar a noção do que acontecia.

— Hana... – sussurrou.

— Ela está bem e segura, um amigo cuidará dela até você estar em condições – Joan lhe disse.

— Ele está bem?

— Seu marido está morto – Sherlock falou – Eu sinto muito não ser possível lamentar isso.

— Não ele. Henry Baskerville.

— Acabou desmaiando no último incidente, mas vai ficar bem.

— Você disse que meu marido está morto?

— Sim.

O que aconteceu em seguida foi estranho. A mulher riu. Uma alegria que não imaginavam ver em alguém naquele estado terrível. Em seguida ela voltou a ficar cabisbaixa.

— Aquele monstro já foi tarde... Eu passei coisas horríveis depois que ele desconfiou que enviei aquela mensagem. Ele fez muito mais do que só me bater, além da tortura psicológica que nos fazia passar todos os dias. Disse que Hana era seu pequeno monstrinho, e que um dia seus dentes também seriam manchados de sangue. Passava horas procurando cães monstruosos o bastante que pudesse transformar em máquinas de matar. O cachorro não era tão agressivo, ele também sofreu. Foi judiado, agredido, passou fome e sede, preso em correntes curtas, induzido a odiar todos, e depois se tornou parte da minha tortura – ela falava quase chorando outra vez quando Joan a ajudou a se sentar e lhe deu água – Ultimamente eu estava pedindo pra morrer.

— Sei que está num momento terrível – Marcus falou da maneira mais doce que pode – Mas encontramos evidências de que seu marido queria fazer algum mal a nossos consultores. Você sabe alguma coisa a respeito?

Ela inspirou fundo por um instante e encarou o detetive.

— Ele falou várias vezes que não gostava da amiguinha de Henry, que alguma coisa nela o incomodava. Depois disse que também detestava o noivo dela. E que se causassem problemas ou eu tentasse alguma coisa pra ajudá-los, eles poderiam desaparecer misteriosamente pra sempre. Ele passou várias madrugadas estudando fotos que tirou da mansão há alguns meses. Queimou todas ontem. Queria entrar e aterrorizar a mulher pra que fosse embora ou talvez pior... Estava desconfiado... Disse que se continuassem aparecendo o cão ia jantá-los na minha frente – ela terminou num fio de voz quando voltou a chorar e Joan a abraçou, trocando um olhar espantado com Sherlock e os outros.


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