O cão do Central Park escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 11
Capítulo 11 – O cão do Central Park


Notas iniciais do capítulo

Provavelmente o próximo capítulo será o último. Espero que estejam gostando da fic até aqui. =) Tentarei fazer o próximo cap maior do que esse.



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Capítulo 11 – O cão do Central Park

— Joanie, Querida, acorde - Sherlock chamou em seu ouvido.

Joan sorriu ao sentir seus braços a envolverem por cima do lençol e os lábios beijarem seu ombro nu. Sherlock a puxou contra o peito, abraçando-a protetoramente.

— É melhor nos vestirmos adequadamente e nos prepararmos. Temos duas horas e acho que seria bom chegarmos com antecedência.

Joan envolveu seu rosto com as mãos e procurou por seus lábios, beijando-o e fazendo um carinho em sua nuca, sendo correspondida demoradamente.

— Então vamos logo – ela disse em seguida.

— Concordo. Se eu deixar você continuar com isso, nunca mais vamos sair dessa cama.

Ela riu e lhe deu um selinho. Sua mão roçou o ferimento em cicatrização no peito do inglês e automaticamente ela analisou sua expressão, a fim de descobrir se havia lhe causado dor.

— Dói? – Perguntou deslizando os dedos suavemente pelos cortes.

— Bem pouco. Mas se quer saber se me causou dor agora, não. Você está cuidando muito bem de mim, amor. Isso vai sumir rapidamente.

Ela sorriu, continuando sua observação. O ferimento estava finalmente fechado, eram apenas arranhões agora. Além de seus cuidados médicos todos os dias, Sherlock se recuperava muito rápido. Ela o beijou em um ponto próximo onde as lesões começavam, ouvindo-o suspirar e abraçá-la mais apertado.

— Nunca pensei que isso fosse acontecer. Falo de nós... Por que demoramos tanto?

— Eu tinha medo.

— Sabe que eu nunca machucaria você, Sherlock. Embora eu mesma tivesse medo disso.

— Não era isso. Tinha medo de machucar você, de que fosse embora, que não quisesse mais estar ao meu lado... E eu perderia você de todas as formas possíveis, além de te dar motivos que você não precisava pra se sentir mal.

A chinesa ficou em silêncio, refletindo sobre as mesmas possibilidades em relação a ele, suas mãos acariciavam seu peito em movimentos suaves enquanto estava perdida em pensamentos e apreciando o contato de sua pele contra a dele.

— Joan...

— Eu me perdi por um instante... Eu tinha medo das mesmas coisas, Sherlock. Mas acho que isso não importa mais pra nenhum de nós. E vamos ter muito tempo pra discutir isso quando concluirmos o caso.

— É verdade... – falou em resposta quando rolou para cima dela, a beijando de novo.

Joan suspirou e nem pensou em recusar, o enlaçando pela nuca para aprofundar o beijo. Sentiu a barba arranhar seu pescoço quando Sherlock o beijou em seguida, e riu tentando afastá-lo, contra a vontade de ambos. Precisavam ir, a vida de seu cliente, e talvez outras, dependiam disso. Usando todo o alto controle de que eram capazes, conseguiram se separar.

— Wo ai ni... – Sherlock sussurrou em seu ouvido antes de se levantarem, arrancando dela o sorriso mais lindo do mundo.

******

— Não chegamos muito cedo? – Bell perguntou do esconderijo dos quatro entre as árvores e arbustos que adornavam o caminho de concreto do parque.

— Pontualidade é algo vital quando há vidas em jogo – Sherlock respondeu – E conseguimos incluir atividades extras no nosso tempo livre e ainda chegar aqui primeiro.

Bell e Gregson se entreolharam, pensando em quais atividades extras podiam prender Sherlock Holmes diante de um caso que chamava tanto a sua atenção. O capitão deu de ombros e ignorou, enquanto Bell preferiu se manter em silêncio ao notar o quanto a amiga oriental ficara sem jeito com o rumo da conversa. Olhou de Sherlock para Joan por alguns segundos e por fim decidiu também ignorar.

— Isso é mesmo necessário? – O capitão perguntou pela quarta vez desde que Sherlock e Joan haviam solicitado armas com a permissão do departamento.

— Nós dois sabemos atirar bem, e muito bem, e é vital estarmos armados pra qualquer emergência – Sherlock respondeu – De qualquer forma, será tranqüilizador pra todos nós se um de vocês atirar e não nós.

— Acreditam mesmo que há um cão gigantesco que solta fogo pelos olhos e pela boca e que vamos matá-lo a tiros?

— Continua achando que a descrição que lhe dei era uma brincadeira? Fique de olhos bem abertos.

— Não... Eu acredito, mas não consigo entender como é possível. E espero que saiba mesmo usar essa arma. Estou arriscando meu pescoço deixando você manuseá-la sob minha supervisão – Gregson falou a Sherlock.

— Sei muito bem o que estou fazendo. Eu garanto que sei atirar bem, posso provar se quiserem.

— Não! – Os outros três disseram juntos.

Sherlock deu de ombros e se focou no caminho em frente enquanto a noite chegava cada vez mais rápido. Não demorou muito para ouvirem os passos de Henry Baskerville caminhando pelo parque na direção da casa de Stapleton. Seus olhos assustados e arregalados em medo e apreensão enquanto caminhava, ainda que houvesse algumas pessoas circulando por perto naquele horário.

— Devemos segui-lo? – Bell sugeriu.

— Não, já há alguém fazendo isso – Sherlock respondeu.

Não muitos minutos depois, Teddy passou como um simples garoto caminhando pelo parque, pegando um caminho totalmente oposto ao de Henry.

— O que seu informante está fazendo? – Gregson questionou.

— Tomando um caminho que não levante suspeitas. Ainda assim ele pode ver Henry por todo o caminho de onde está.

Quase uma hora depois Sherlock atendeu uma chamada de Teddy.

— Isso tá muito estranho. Só eles dois tão lá. Não ia chamar outros vizinhos?

— Deveria.

— Cara... Acho que ele quer fazer alguma coisa com você e sua gata. Por que ele teria chamado vocês também se não fosse isso?

— Preste bem atenção em como se refere a minha senhora, Teddy – ele respondeu sério.

Gregson e Bell se entreolharam e fitaram o casal, confirmando o que já desconfiavam há séculos. Joan corou e procurou se focar em qualquer coisa que não fosse Marcus e Gregson, mas por lado seu coração foi preenchido por uma sensação maravilhosa e ela abriu um leve sorriso para si mesma. Há muito tempo não se sentia amada daquele jeito. Nem conseguiu prestar atenção ao fim da conversa. Sherlock já desligava.

— Muito suspeito. Henry e Stapleton estão sozinhos. Hana está solta pela casa e parece nervosa. Henry parece apavorado, deve estar com medo de voltar sozinho. Stapleton falou alguma coisa sobre os outros convidados precisarem viajar de última hora.

Passaram mais quarenta minutos à espera de alguma ligação ou a presença do herdeiro, mas outra coisa chamou a atenção do grupo escondido. Ouviram um estrondo e de repente alguma coisa explodiu em algum lugar. Não ouve pânico, afinal todos já estavam dentro de casa àquela hora, mas rapidamente a fumaça, fosse do que fosse, começava a se espalhar.

— Se Henry não passar depressa podemos perder tudo – Joan comentou preocupada.

A fumaça se espalhava pelo parque e mesmo com a luz dos refletores em volta, a visão começava a ficar confusa. Ainda não era possível ter certeza de onde vinha a fumaça, mas acabaram se afastando alguns metros para evitá-la.

— Se nos afastarmos demais, ele pode não chegar até nós antes que Stapleton ou seja lá o que tiver atrás dele o alcance. Vamos ficar aqui – o consultor pediu.

Dez minutos depois apuraram os ouvidos ao ouvirem passos, que Joan confirmou serem de Henry. O herdeiro andava lentamente, com uma expressão assustada e angustiada no rosto, olhando para todos os lados a cada passo que dava e fitando com medo o céu escuro, que apesar de muitas estrelas, não mostrava nenhuma lua. Os quatros destravaram suas armas quando o som distante de patas enormes se aproximou. A essa altura Henry ainda estava longe suficiente para estar seguro pelo máximo de tempo que pudessem garantir. Joan olhou para Sherlock, sabia que ele já vira o monstro de ângulos muito melhores do que ela, mas ainda assim parecia apreensivo e até pálido, seus olhos brilhavam devido à adrenalina. Ela voltou a se focar no parque, lembrando-se do susto terrível que levara no jardim da mansão dias atrás. E ainda que estivesse esperando ver algo horroroso, seu coração falhou da mesma forma de antes ao ver a criatura tenebrosa que surgiu diante deles em meio à fumaça. Gregson e Bell ficaram boquiabertos e de olhos arregalados por segundos que pareceram horas ao ver o que havia em frente.

O gigantesco cão que mais parecia um lobo monstruoso saído dos piores sonhos que alguém poderia ter, tinha o pelo eriçado e parecia ainda mais monstruoso do que antes, seus olhos vermelhos faiscavam e o fogo parecia sair como um lança-chamas de sua boca a cada vez que ele rosnava de raiva, deixando os dentes afiados à mostra por entre as chamas. Nem nos seus piores pesadelos ou filmes de terror os quatro haviam sentido tanto medo. O cão parou por alguns instantes, farejando o chão da direção dos arbustos onde os quatro se escondiam.

— Stapleton deve tê-lo feito farejar o sofá onde nos sentamos. Teddy estava certo – Sherlock sussurrou tão baixo que os outros três tiveram que ler seus lábios para entendê-lo.

Os rosnados horripilantes do animal ficavam cada vez mais próximos e mais ameaçadores. Os detetives e os policiais sentiram o coração disparar a uma velocidade incrível e seguraram firme suas armas esperando o melhor momento para defesa. Mas as coisas saíram da linha para onde se encaminhavam e ouviram um grito distante de Henry, ele devia ter visto a criatura. Na mesma hora o lobo ergueu a cabeça, fitando sua vítima por alguns segundos e emitiu um uivo tão alto e tenebroso que fez seus ouvidos doerem. Em seguida disparou na direção em que estava antes, soltando rosnados tão violentos que pareciam rugidos. Gregson e Bell disparam contra o cão, que ganiu ao ser acertado por um dos tiros, mas continuou correndo com força e velocidade descomunais, em saltos que tranquilamente podiam ser confundidos com um voo, e deixando uma trilha de sangue pelo chão.

Os quatro correram como nunca naquela noite e em pouco tempo podiam avistar o portão da mansão, era exatamente onde Stapleton queria que Henry morresse! Sherlock e Joan olharam em volta, notando alguns policiais escondidos, mas não podiam arriscar atirar e acertar um deles ao invés do cachorro. Sentiam o medo correr como uma droga corrosiva por suas veias e tentar paralisá-los, mas se forçaram a continuar correndo. Sherlock sabia como era possível criar tal monstro e Joan sabia como era possível fazê-lo se parecer com um ser terrível saído dos confins do inferno, mas Gregson e Bell só conseguiam tentar decidir se estavam vendo uma alucinação, uma criação humana ou um espírito terrível e sobrenatural.

Atingindo o portão da mansão, os gritos de Henry começavam a chamar a atenção dos empregados, que apareciam nas janelas e portas, ficando paralisados de horror ao presenciar a cena, por mais que quisessem ajudar seu patrão. Apenas os Barrymore conseguiram retomar a ação e correr como loucos pelo jardim.

— Não!! – Sherlock gritou – Fiquem aí!!

O casal parou no meio do jardim sem saber o que fazer no exato momento em que o cão avançava sobre a garganta de Henry. O herdeiro gritou como nunca em sua vida e os demais rezavam para ele não ter sofrido um infarto quando o viram deslizar desmaiado pelo portão do jardim direto para o chão. O animal chegou a arranhar o rosto do Baskerville, mas perdeu o interesse ao ver o homem caído. Farejando-o e o deixando de lado, se virou perigosamente, rosnando alto na direção de Sherlock e Joan. Instintivamente, o detetive usou o próprio corpo como uma barreira de proteção para o dela. As armas foram erguidas na direção do monstro diante das vozes dos empregados desesperados dentro da mansão. O cão avançou num salto absurdamente forte e ágil para cima do casal, fazendo-os cair quando tentaram andar para trás. Tiros foram disparados e no próximo segundo, o cão e um corpo caíram mortos no chão. Joan apoiou-se em um braço para se erguer ao lado de Sherlock, olhando aterrorizada para o sangue que cobria os dois.


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Notas finais do capítulo

"Wo ai ni" significa eu te amo em Mandarim (dialeto chinês).



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