Renato e Alice não sabiam o que fazer,e morriam de medo do que poderia acontecer.Assim que chegaram à prisão,foram retirados de dentro do carro e levados para dentro do local.A cada passo que davam,o coração batia mais rápido.Foram obrigados a sentar-se em cadeiras,e em frente a elas tinham três homens,e eles os olhavam.

— Qual dos dois será o primeiro?— perguntou um dos homens.

— Acho que o rapaz vai primeiro.Garoto,precisamos perguntar algumas coisas a você.

Renato olhou Alice,com um olhar de que,mesmo sendo eletrocutado ou torturado de outra forma,não diria nada à eles,e ela retribuiu em um olhar preocupado.Renato olhou para o homem,que o olhava de modo assustador.

— Então,onde fica a base da União Nacional dos Estudantes em sua universidade?

— Não sei — respondeu nervoso.

— Sei que você está mentindo,rapaz.Conte-nos por favor.

— Eu não sei de nada.

— Não tente me enrolar,eu sei que vocês são membros da União.Ou você fala,ou será torturado.

Ele ficou em silêncio,e os homens os olhavam com caras sérias,quando o líder se levantou.

— Garoto,tire suas roupas agora.

Renato sabia o que iria acontecer.Evitou olhar nos olhos do homem,mas este já perdia a paciência com ele.

— Mandei tirar as roupas!— disse o homem,furioso.

— Não!Não irei me calar,se é o que vocês querem que eu faça!Eu e o povo queremos liberdade!

Os homens olharam incrédulos para ele.Alice ficou surpreendida com o que ouvira.Não imaginava que diria essas palavras,mesmo sabendo das conseqüências.Não queria ver seu amor ferido,muito menos morto.O líder ficou ainda mais furioso que antes,e bateu a mão na mesa.

— Tirem as roupas desse desgraçado!Ele vai ter um ótimo castigo!

Os policiais tiraram suas roupas a força,deixando-o apenas de cueca.Suas mãos estavam algemadas , e fora levado para uma sala,e o líder ia atrás,e os policiais também pegavam Alice pelo braço.Foram colocados em uma sala,e as algemas de Renato foram soltas,e suas pernas foram colocadas em uma barra de ferro,e depois suas mãos foram amarradas,e seu corpo ficava a pelo menos 20 centímetros do chão.Ao mesmo tempo,tiravam as roupas de Alice e a colocavam em uma cadeira elétrica.Após isso,o líder deu ordem aos serviçais que ali estavam.

— Agora vocês vão ver.

Os serviçais ligaram os aparelhos,e os dois estavam sendo eletrocutados.Renato sentia uma dor terrível,e Alice não estava aguentando.O homem sorria maliciosamente vendo a cena,e parecia gostar daquilo.

— E então,podem me dizer onde fica a base na faculdade de vocês?

Os dois ficaram calados,e ele resolveu continuar com os choques até que dissessem onde era.Cada choque era mais doloroso que o outro,e,aos poucos,estavam ficando sem forças,e mal conseguiam falar.Sangue escorria,e ambos tremiam.Em seu pensamento,Renato não suportava ver Alice ali.Sabia que podia pedir para que parassem e falar onde era,mas não queria fazer isso.Alice estava com muitas dores,e também não queria ver Renato naquele estado,e assim como ele,não diria nada.

— Acho melhor parar um pouco para refrescar a memória de vocês.

As mãos de Renato foram desamarradas e ele foi colocado ao chão,e ela foi retirada da cadeira elétrica.Os dois foram arrastados pelos policiais,e cada um iria para uma cela.Levaram-no para uma cela,e quando a porta foi aberta,encontrou João ali.Fecharam o portão e João chegou perto dele.

— Renato,o que você está fazendo aqui?— perguntou João.vendo a situação de Renato.

— Eu e a Alice entramos para a União — respondeu,com a voz um pouco rouca.

— Eu estava participando de protestos contra,mas fui pego,torturado e aqui estou.

— Nós estávamos indo bem,hoje eu e a Alice descobrimos que nos amamos,nos beijamos e começamos a namorar,mas fomos presos no caminho de volta para casa.

— Legal você e a Alice namorarem.

Renato estava tremendo muito,e João tentou reanimá-lo.

— Melhor você descansar,quando se recuperar conversamos.

Alice foi levada para outra cela,e lá encontrou Amanda.Assim que os homens saíram,ela foi para perto dela.

— Alice,o que aconteceu para você acabar aqui?

— Eu e o Renato estávamos colando os panfletos que criticavam o que está acontecendo,saíamos a noite para fazer isso,saíamos sempre prestando atenção nas ruas,mas mesmo assim fomos pegos.

— Eu e o João estávamos participando dos protestos,e agora só me resta esperar para saber o que vai acontecer comigo e com ele.

— Estou preocupada com o Renato.Aquele homem nos eletrocutou para que disséssemos onde fica a sede da União da faculdade,mas não dissemos,e ele foi repetindo os choques.

— Comigo foi o mesmo.

Amanda percebeu que Alice estava com a voz rouca.Seu estado era deplorável,e estava sangrando muito.

— Não precisa falar tudo agora,me conte o que aconteceu depois,é melhor você descansar agora.

— Amanda...

— Não diga nada,você está muito machucada,eu já fiquei no mesmo estado que você,e o melhor a se fazer é repousar.

Os dois passaram a noite ali,numa prisão.Era a primeira vez que passavam por uma situação assim,sempre tinham notícias sobre quando acontecia com colegas ou amigos,mas não pensavam que aconteceria com eles mesmos.O que iria acontecer com eles?Seus pais sabiam onde estavam?Se preocupavam com seus pais,pois sabiam que eles não queriam que se metessem em problemas com a polícia,e isso os deixaria desesperados,se sentindo um pouco culpados com isso.Mas não estavam arrependidos de criticar o regime,e em seus pensamentos,haviam feito a coisa certa.Também não paravam de pensar na declaração,no beijo e no namoro.Pensavam como seriam as coisas depois que saíssem de lá,e se saíssem vivos.

Alice estava deitada no chão,e percebeu que Amanda estava dormindo.Suas feridas haviam parado de sangrar,a dor havia diminuído um pouco,mas estava ardendo.Nunca havia sentido tanta dor em sua vida inteira.Seus olhos lacrimejavam,mas ela logo parou de chorar,pois era adulta e precisava encarar a realidade.

Renato estava no chão,pois não aguentava se levantar para ir para a cama.Estava muito fraco,e se mexer não era uma boa ideia quando se estava assim.Suas feridas ardiam muito,tentava dormir,mas não conseguia.Queria gritar,mas João já dormia,e não quis incomodá-lo com suas frustrações e problemas.Tinha vontade de chorar,mas sabia que chorar não adiantaria,e resolveu agir como um adulto.

Agora só lhes restava saber o que aconteceria com eles depois de tudo isso.