Se eu pudesse te dizer escrita por arodasnep


Capítulo 6
Prisão,liberdade e enfim,juntos-Final


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai o último capítulo da história,espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/647150/chapter/6

O dia amanheceu.Para eles,tudo parecia estranho dentro da prisão.Se sentiam como pássaros presos dentro de uma gaiola,querendo sair de lá para voarem.Seus companheiros de cela já estavam acordados,e eles não estavam sentindo tanta dor como antes e conseguiam se levantar.

Renato sentou-se ao lado de João,para conversarem sobre o que havia acontecido entre ele e Alice antes de serem presos.

— Renato,me explica melhor essa história de você e a Alice namorarem.

— É o seguinte:eu estava sentindo uma coisa estranha a um tempo atrás em relação à Alice,e quando percebi,eu a amava.Ontem fomos ao parque de diversões,e na roda gigante pensei em falar isso para ela,só que resolvi deixar para depois.Quando fomos embora,disse para ela o que sentia,e ela sentia o mesmo por mim,e nós nos beijamos,e pedi para namorar,e ela aceitou.Fomos embora felizes até a polícia nos achar e chegarmos aqui e nos torturarem.

— Fico feliz por vocês.

— Obrigado,mas acho que agora temos que pensar em como vamos sair daqui.

— O único modo é esperar.

— Quando você sair daqui,vai continuar protestando?

— Acho que não,vou continuar sendo contra,mas não irei participar dos protestos,é melhor não ter mais problemas com a polícia.

— Eles tentaram fazer com que eu e a Alice falássemos onde era a sede,mas não dissemos nada.

— Eu também estou muito preocupado com meus pais,eles provavelmente já devem saber que estou aqui.

— Se eu sair daqui,meus pais vão brigar muito comigo — disse Renato,lembrando-se de sua infância,que,quando fazia alguma travessura,seus pais brigavam com ele.Mesmo sendo adulto,sentia falta daquilo.

— Renato,não pense negativo,tenha esperanças.Tudo nessa vida tem um jeito,menos a morte.

— Vou tentar acreditar nisso.

Enquanto isso,Alice foi para perto de Amanda,para que ela pudesse lhe falar como foram presos.

— Me conte o que aconteceu — disse Amanda.

— Ontem eu e o Renato fomos ao parque.Ficamos lá a tarde inteira,e quando saímos,sentamos em um banco.Fiquei por um tempo olhando os carros da rua,e depois ele me chamou,dizendo que precisava me dizer algo.Quando perguntei o que era,ele disse que me admirava muito,e que sua admiração havia aumentado a algum tempo,e disse que me amava.Eu fiquei surpresa,e disse que sentia o mesmo,e então ele me pediu em namoro,eu aceitei e saímos do banco juntos de mãos dadas.Por um tempo tudo estava bem,até que fomos parados, tentamos fugir,mas fomos pegos mesmo assim.Quando chegamos aqui,o líder deles perguntou onde ficava a base da União na nossa universidade,eles começaram a perguntar para o Renato,mas ele disse que não sabia,e pediu duas vezes para o Renato tirar as roupas,mas na segunda ele gritou com o homem,então nos levaram,tiraram nossas roupas,nos amarraram e fomos eletrocutados.

— Que história!

— Pois é.Você também foi eletrocutada?

— Não,eu apanhei,e até agora não entendo como não morri,porque eu sangrei muito.

— Eu também não entendi como estou viva.Mas...

— Mas o quê?

— Nós sairemos daqui?

— Isso eu ainda não sei.Fico feliz por você e pelo Renato.

— Obrigada.Acho que minha família já sabe que estou aqui.

— A minha também.

— Fiz exatamente o contrário do que eles haviam me pedido.

— Calma,tudo vai dar certo.

Passaram-se algumas semanas,e eles estavam sendo torturados das piores maneiras possíveis,com palmatória,pau-de-arara e também choques elétricos.Mas mesmo assim estavam vivos,pois tinham esperança de que,quando saíssem,poderiam se amar em paz e serem felizes.

Alice,estava conversando com Amanda,quando o homem que tomava conta das celas a chamou.

— Alice,visitas para você.

Alice o acompanhou,e quando chegou lá,eram seus pais.

— Pai!Mãe!

— Alice,precisamos conversar — disse Carla.

— Podem falar,eu irei escutá-los.

— O que você tem na cabeça para fazer isso?!Você é maluca?!— disse Edson,que havia ficado desesperado com a prisão da filha.

— Pai,mãe,me desculpem por desobedecê-los.

— Você viu as consequências,minha filha?— disse Carla.

— Sim,mas não me arrependo de ter criticado tudo o que faziam com o povo,eles não querem ouvir a verdade.

— Filha,eu não quero ter que te enterrar — disse Edson.

— Eu sei disso,pai.

— Vamos esperar ansiosos para que você e o Renato saiam daqui — disse Carla.

Logo o mesmo homem que estava na porta da cela de Alice,chegou lá.

— O horário de vocês acabou.

— Cuide-se bem,e não se esqueça de que eu e seu pai te amamos.

— Te amamos e só queremos o seu bem.

— Eu também amo vocês.

Depois que eles saíram,Alice foi levada de volta para o local em que estava.Chorou ao pensar que Renato e sua família estavam sofrendo,e ela se sentia culpada por isso,e Amanda a consolou.

Renato estava lendo um livro que João havia lhe emprestado,e o mesmo homem que havia aparecido na cela de Alice apareceu ali.

— Garoto,visitas para você.

Ele deixou o livro em cima da cama,levantou-se e seguiu-o até a sala de visitas,e lá viu seus pais.Entrou e sentou-se em uma cadeira de frente para eles.Ficou de cabeça baixa por um tempo,pois não tinha coragem de encará-los depois de tudo.

— Renato,olhe para mim por favor — disse seu pai.

Renato olhou para ele.

— Por que fez isso quando pedi para não fazer?

— Pai,eu queria...

— Queria o quê?!Ir contra os militares sabendo que pode morrer?!

— Acalme-se,Fernando — disse sua mãe.

— Isabel,eu não consigo me acalmar.

— Ele é nosso filho,e devemos dar apoio,mesmo ele estando preso.

— Vocês jovens deveriam ter consciência do que fazem.Na sua idade eu não era assim.

— Por favor,não vamos julgá-lo.

— Mãe,eu entendo o papai,mas não me arrependo de ter feito aquilo.

— Está bem,meu filho,eu irei apoiá-lo,e nós dois esperaremos quando você e Alice saírem — disse Fernando.

— Nós te amamos,e sempre estaremos com você — disse Isabel,abraçando-o.

Fernando também abraçou os dois,e no mesmo momento o homem chega,interrompendo-os.

— O horário de vocês acabou.

Renato foi levado de volta para a cela,e voltou a ler o livro.Enquanto lia,pensava em como estaria Alice,já que não se viam desde a tortura dos dois.Rezava para que ela estivesse bem,e que pudessem se reencontrar.Depois disso,foram condenados a seis anos de prisão,e seus pais os visitavam frequentemente.Não paravam de pensar um no outro,todas as noites ansiavam pelo reencontro.

Depois de cumprirem a pena,foram libertados,e com eles saíram João e Amanda.Renato deu um abraço apertado em Alice,e ela o beijou.O beijo que queriam ter repetido várias vezes depois do pedido.Quando acabou,foram juntos até o portão,e os pais estavam ali os esperando.Abraçaram suas famílias,e foram juntos para suas casas.Algumas coisas haviam mudado,outras não.Assim que Alice terminou de se arrumar,e ele também,foram para fora de casa,e lembraram-se de quando eram crianças,das vezes que haviam brincado ali.

— Renato,saiba que eu me lembrava de você todas as noites.

— Eu também sempre me lembrava de você.

— Espero que agora possamos ficar juntos.

— É o que eu mais quero.

Os dois se beijaram,e havia sido um dos melhores da vida deles.Depois de tudo,as coisas mudaram.Eles ainda eram contra a ditadura,mas fizeram o que seus pais haviam mandado,para não se envolverem em mais problemas.Depois disso,as famílias e os amigos ficaram sabendo do namoro,e também resolveram questões da faculdade.Conseguiram seguir em frente,mesmo depois de tudo.

FIM.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da história!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Se eu pudesse te dizer" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.