The Next Queen - Interativa escrita por Lu au Andromedus


Capítulo 9
Capítulo Extra - O Começo do Fim


Notas iniciais do capítulo

Olá leitoras lindas!! Fui bem mais rápida dessa vez não?
Aqui está o capítulo bônus que eu prometi. Ele retrata o comecinho do relacionamento entre a Katrina e o Robert e um pouco do porque deles não terem dado certo. Nele a Katrina está com 21 anos e o Robert com 22.
Espero que gostem e boa leitura!!



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Capítulo Extra

O Começo do Fim

 

Por que alguém transmitiria uma notícia tão ruim em um dia tão lindo quanto aquele? Parecia cruel fazer uma coisa dessas. A indignação não seria tanta se pelo menos o comum fosse o tempo ser aberto e ensolarado, mas nem isso servia de consolo quando se tratava da cidade de Berlim. O céu naquela parte da Alemanha costumava sempre ficar encoberto por nuvens, nem que fosse só por uma ou outra. Então por que, justamente naquela data, o azul tinha que estar completamente imaculado, sem uma manchinha branca sequer para ser vista em quilômetros? Katrina queria que estivesse nublado. Queria que todo o castelo estivesse encoberto por névoa de forma que ninguém conseguisse ver nada que estivesse a mais de dez metros a sua frente. Mas o que deseja mais ardentemente naquele momento não era mudar o clima. Era que seu futuro marido morresse e levasse seu pai junto com ele para o túmulo.

— É uma oportunidade imperdível Katrina. Illéa é um país de economia forte e monarquia influente. Uma aliança com eles traria incontáveis benefícios para a Alemanha – disse um dos conselheiros de seu pai, cujo nome Katrina nunca teve o trabalho de lembrar.

— E o que eu tenho com isso? Há outras formas de garantir uma aliança que não um casamento – respondeu. Ela estava sentada ao lado direito do pai na longa mesa de madeira polida que ocupava a maior parte do espaço da sala de reuniões. Seu tio se acomodava na cadeira logo a sua frente, enquanto os dez conselheiros de Klaus se espalhavam ao seu redor.

— Sim, há. Mas nenhuma é mais eficaz – pronunciou Klaus.

— Sinceramente, eu estou surpreso com todo esse desgosto Katrina. Robert é um homem forte, vigoroso e dizem que ninguém consegue igualar a sua habilidade na esgrima – disse Anton, lançando a Katrina um sorriso gentil que não foi retribuído.

— Forte e vigoroso? Eu sou mais do que uma cadela no cio, querido tio – sibilou Katrina, imprimindo na voz o máximo de desprezo que conseguia.

Anton começou a murmurar um pedido de desculpas mas parou de falar assim que Klaus levantou a mão.

— Katrina já chega – o tom de voz do rei estava calmo e sua expressão neutra. Praticamente nada parecia conseguir abala-lo, característica que Katrina invejava – A minha decisão já foi tomada e eu só te chamei aqui para comunica-la a você. Discutir será uma perda do seu e do meu tempo.

— Se esse é o caso, eu já posso ir embora.

Sem dizer mais nenhuma palavra, Katrina se levantou e andou a passos duros até a porta, fazendo questão de deixa-la bater ao sair. Estava absolutamente furiosa. Se sentia como uma nobre da Idade Média sendo obrigada a se casar por causa dos caprichos de seu pai. Esses tempos estavam a muito no passado, então o fato de ainda hoje o casamento arranjado ser uma realidade era completamente ridículo. A raiva borbulhava em Katrina, e por mais que tentasse direcionar seus pensamentos para algo que não o casamento, esse assunto insistia em continuar dominando seus pensamentos. Será que se ordenasse as suas criadas, elas a deixariam bater nelas? Provavelmente, mas talvez essa não fosse uma boa ideia. Os nós dos seus dedos ficariam todos machucados caso ela desse um soco em alguém. Katrina decidiu então descontar sua fúria num enfeite de cristal em forma de cisne que estava decorando uma mesinha no corredor. Atirou o objeto contra a parede e o observou se quebrar em milhares de pedacinhos e se espalhar pelo chão. Uma criada ouviu o barulho e se aproximou correndo, temendo que alguém pudesse ter se machucado, mas parou assim que viu Katrina.

— Onde está meu irmão? – perguntou a princesa para a criada.

— Ambos estão no pátio central praticando esgrima.

“Ambos estão praticando esgrima? Muito improvável. Hadrian podia até estar, mas Petrus devia estar sentado em algum canto lendo um livro”, pensou, mas não disse nada. E de qualquer forma não fazia diferença. Petrus podia estar fazendo o que quer que fosse que ela não se importaria. Estava atrás é de Hadrian, já ninguém conseguia entende-la tão bem quanto ele. Encontrou-o no pátio, assim como a criada havia dito. Ele estava sentado em um banco descansando, enquanto um bando de garotas suspirava ao seu redor. E não era para menos. Hadrian sempre fora uma agradável visão e estava ainda mais irresistível nesse momento, com sua camisa molhada de suor grudando na pele e expondo os músculos do seu peito. As garotas faziam de tudo para chamar sua atenção, mas ele mal parecia nota-las. Bando de tolas. Elas nunca saberiam como era sentir os braços de Hadrian as envolvendo, como era sentir o toque da sua mão quando ele as acariciava na bochecha, como era sentir a maciez de seus lábios de encontro ao delas. Já Katrina conhecia todas essas sensações e muitas mais. O amor que sentia pelo irmão não era puramente fraternal desde que ambos tinham dezesseis anos.

Ansiosa para ouvir logo as palavras carinhosas de Hadrian em seus ouvidos, Katrina começou a correr em direção a ele. Seus pés faziam um pequeno baque ao bater na grama do pátio, levantando a água acumulada da chuva que caíra na noite anterior. Porém antes que pudesse chegar a menos de vinte metros dele, Katrina viu algo que a fez estancar. Uma garota ruiva estava sentada ao lado de Hadrian, sua mão apertada firmemente contra a dele enquanto ele dava sucessivos beijos em sua bochecha. Ivana. É claro que era a Ivana. Apavorada com a possibilidade dos dois a notaram lá parada olhando-os fixamente, Katrina correu até o arbusto de rosas mais próximo e se escondeu atrás dele. “Como pude ser tão burra a ponto de pensar que onde Hadrian estivesse, Ivana não estaria também? ”, pensou. Ela era praticamente sua sombra, o seguia para onde quer que ele fosse. Ou talvez fosse ele quem a seguisse.

Os risos de Ivana ecoaram pelo pátio e vários criados que passavam por lá sorriram para a garota, olhando-a com adoração. Como eles a amavam. Ivana era uma deles, uma plebeia que teve a sorte de nascer bonita o suficiente para conquistar o coração do jovem herdeiro do trono alemão. Hadrian olhava para ela como se ela fosse uma deusa renascida, a personificação humana da perfeição, e era isso que mais machucava Katrina. Ele nunca havia olhado para ela assim. Nunca. Nem quando eles ainda estavam juntos, antes de ele começar o seu relacionamento com Ivana. Katrina enterrou a cabeça nas mãos, se sentindo uma completa rejeitada.

— É um belo arbusto não? – Katrina levantou os olhos surpresa e se deparou com Petrus a encarando com um sorriso afetado estampado no rosto. Por que, de todas as dezenas de arbustos no pátio, ela tinha que se esconder justamente naquele já ocupado pelo irmão?

— O que está fazendo aqui? – perguntou Katrina.

— Lendo – respondeu Petrus indicando o livro ao seu lado – A grama aqui é mais macia e atrás de um arbusto não tem tantos olhos para me observar.

Katrina deu uma risada de escárnio.

— Por que você acha que alguém pousaria os olhos em você quando até uma pedra é mais bonita de se olhar?

Petrus deu de ombros.

— Você ficaria surpresa com o quanto coisas feias também atraem olhares querida irmã. Mas de qualquer jeito, te garanto que não fiquei ofendido. Como poderia, quando há claramente algo te perturbando?

— E por que você se importa? Só porque somos irmãos não significa que temos que gostar um do outro. E muito menos amar – disse Katrina, franzindo as sobrancelhas.

— É verdade. Mas só eu deveria poder perturba-la. Não gosto de pensar que algo com o qual não tive nada a ver conseguiu fazer isso.

Katrina lançou ao irmão um olhar de desprezo. Será que deveria contar para ele? Certamente a parte do Hadrian e da Ivana não. Mas dali a menos de dois dias seu casamento seria algo de conhecimento geral, então essa parte ela poderia expor.

— Papai prometeu a minha mão em casamento para o herdeiro de Illéa.

— Ah.

Katrina olhou chocada para Petrus.

— Ah? A única coisa que você tem para dizer é ah?

— O que mais você quer que eu diga? Não é como se fosse uma grande surpresa. Uma aliança com Illéa está sendo planejada a anos.

— O que você quer dizer com isso?

Petrus olhou para Katrina e ao constatar que ela estava realmente confusa, deu uma gargalhada.

— Você não sabe? Uau irmã. Os seus criados não fofocam quando vão te arrumar ou arrumar seu quarto?

— Não quando eu os mando ficarem quietos, o que é quase sempre.

— Bom, você devia repensar essa atitude. Afinal são os criados que arrumam o escritório e que limpam o quarto do papai. E quando se tem um documento parado lá em cima da mesa, só esperando para ser lido, é difícil não dar uma espiada.

Katrina revirou os olhos com impaciência.

— Que tal você ir direto ao ponto e dizer o que raios você sabe que eu não sei? Estou ficando impaciente.

— Calma irmã, eu já ia chegar lá – Petrus abriu um sorrisinho como se achasse a impaciência da irmã muito divertida, o que só serviu para deixar Katrina ainda mais irritada – O nosso amado pai estava a ponto de acertar o casamento de Hadrian com a princesa de Illéa, Kate. Mas todos os seus planos se esvaneceram no ar quando o nosso irmão apareceu diante da corte anunciando que já tinha se casado, e não com a Kate, mas sim com Ivana, a bela plebeia russa que conquistou seu coração. Então, provavelmente para continuar com a aliança política, ele decidiu prometer sua mão para o herdeiro, o tal Robert.

Katrina ficou sem fala. Se até as criadas sabiam de algo tão importante quanto isso, então certamente várias outras pessoas também deveriam saber. Então por que ninguém teve a decência de falar com ela? E mais importante, por que Hadrian não havia falado com ela? Katrina era sua confidente, sua melhor amiga, sua amante. Ou pelo menos costumava ser até Ivana invadir a sua vida. E se seu irmão sabia que estava prestes a ser prometido a Kate, muito provavelmente poderia ter concluído que caso isso não acontecesse, a responsabilidade de manter a aliança com Illéa cairia sobre os ombros de Katrina. Ao pensar nisso, imediatamente a expressão da princesa se fechou. Petrus notou isso, e antes que a fúria da irmã recaísse sobre ele, se levantou o mais rápido que suas pernas de tamanhos desiguais permitiam, para em seguida sair bamboleando para longe do arbusto. Katrina nem se preocupou em impedi-lo. Um único pensamento dominava a sua mente: será que Hadrian, mesmo sabendo do desgosto da irmã frente a possibilidade de ser prometida a um completo desconhecido, e das prováveis consequências de seu casamento com Ivana, ainda assim decidiu seguir em frente com seu relacionamento com ela e optou por nem avisar Katrina? Se esse fosse o caso, ela nunca poderia perdoa-lo. Não totalmente. Podiam até voltar a conversar depois de um tempo, mas nunca voltariam a ser tão próximos como eram antes.

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— Eu estou ferrado Kate – murmurou Robert, passando nervosamente as mãos pelo cabelo.

— Só por que os estilistas subestimaram a largura dos seus ombros? A camisa ter ficado meio apertada não é um problema. Eles podem ajustar depois – respondeu Kate, mudando desconfortavelmente de posição no sofá de veludo azul em que estava sentada, em uma tentativa vã de evitar que o tecido pinicasse suas pernas. Robert estava na sua frente, lutando para fechar os botões superiores da camisa branca que usaria no dia do seu casamento dali a duas semanas.

— Não é isso. Foda-se a camisa, é sempre a roupa da noiva que tem destaque mesmo. O problema, o grande problema, é que eu não estou apaixonada por ela, Kate – Robert olhou para a irmã, seus olhos transbordando de aflição - E vou me casar daqui a poucas semanas! Droga. A verdade é que eu nem sei se gosto dela.

Isso não era realmente uma surpresa para Kate. Desde o primeiro dia de Katrina no palácio até aquele, quase dois meses depois, sempre parecera que os sentimentos afetivos de Robert em relação a mulher se restringiam ao lado físico da coisa. Quando eles estavam no mesmo ambiente, eram raras as vezes em que os olhos de seu irmão não estavam fixos no corpo da futura esposa, e sempre que ela entrava em uma sala, ele, assim como vários outros, virava a cabeça para observa-la passar. Era surpreendente que ninguém tivesse tido um torcicolo ainda.

Sim, Katrina era bonita. Isso era fato. Mas seria uma boa pessoa? Kate sinceramente não sabia. A futura rainha de Illéa passava mais tempo em meio a suas damas de companhia e criadas que trouxera da Alemanha do que com o povo do país em que passaria a maior parte do resto da sua vida. E Robert não era exceção quando se tratava dessa distância. Pelo que Kate sabia, os noivos nunca haviam passado mais do que alguns minutos sozinhos. Se as coisas continuassem assim, o casamento dos dois estava fadado ao fracasso. Mas é claro que não diria isso para Robert. Não tinha necessidade de deixa-lo mais angustiado do que já estava.

— Não se preocupe tanto Robert. Katrina está no palácio há apenas um mês e meio. É muito pouco tempo para que você pudesse realmente desenvolver algum sentimento forte por ela.

— Pouco tempo? Eu precisei de menos para me apaixonar pela Gianna – Kate não tinha resposta para isso e somente lançou ao irmão um olhar de pena.

A expressão de Robert se encheu de nostalgia ao pensar em Gianna. Sua doce Gianna. Não chegou a conhecer todas as reentrâncias de sua personalidade, é verdade, mas o pouco que conheceu já conseguiu marca-lo para sempre. Desconfiava que nunca poderia amar uma mulher tanto quanto a havia amado, o que era horrível para seu casamento. Mas o que poderia fazer? Não podia mudar o que sentia, e o fato de Katrina ser o completo oposto de Gianna também não ajudava. Enquanto sua futura esposa se destacava pela presença imponente e sensualidade, seu antigo amor se destacava pela gentileza e simpatia.

Robert e Gianna nunca se casaram. E nem namoraram. E nem se beijaram mais do que vez. A paixão que existia entre os dois era completamente unilateral, para eterna frustação de Robert. Gianna sempre o considerou só um amigo. Mas ele mudaria isso. Estava determinado a mudar isso. Só precisava de tempo. Uma coisa tão básica, que no final foi o que mais fez falta. O destino resolveu tirar Gianna desse mundo cedo demais.

— Tente dar uma chance a Katrina, Robert – implorou Kate – Ela será sua futura esposa, a mãe dos seus filhos, a mulher com quem passará o resto da sua vida. Se não for feliz com ela, com quem será?

“Se não for feliz com ela, com quem será? ”. Essas palavras ecoavam pelos ouvidos de Robert de novo, e de novo, e de novo. Era fato. Estava realmente ferrado. Sua irmã dizia para ele dar uma chance a Katrina. Mas como poderia entregar seu coração a ela quando ele já tinha dona?


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Revigorante sair um pouco dos capítulos de apresentação das selecionadas não? Lembrando que esse é só o primeiro dos vários capítulos bônus que eu postarei ao longo da história e que vão servir para explicar os acontecimentos que antecederam a seleção.



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