The Next Queen - Interativa escrita por Lu au Andromedus


Capítulo 8
Capítulo 7 - Apresentação das Selecionadas - Parte Quatro


Notas iniciais do capítulo

Caramba Lu Targaryen, mais que demora!!! Sim gente, eu sei. E sinto muito, muito mesmo. Eu viajei nesse final de ano por dez dias e quando voltei, um monte de parentes resolveu visitar minha casa. Mas depois de quase quatro semanas aqui estou eu!! Peço que não fiquem receosas de acompanhar a história por causa da minha demora porque eu NÃO VOU desistir dela. Ok? Ok.

Fiz várias modificações no site da história, incluindo na parte da família real, na das selecionadas (onde acrescentei as outras oito necessárias para inteirar as vinte e cinco sorteadas), além de acrescentar duas novas categorias: nobreza alemã e palácio real de Illéa (onde estão as imagens que representam como eu imagino o castelo real). Depois deem uma olhada lá. Aqui está o link:
http://naerys.wix.com/thenextqueen

E eu mudei o ator que faz o Robert porque o anterior estava com muita cara de bonzinho e o nosso querido rei vai fazer coisas não muito boazinhas no futuro....

Para ajudar vocês na cronologia dos fatos, deixe-me esclarecer umas coisas. Esse capítulo se passa no dia anterior a ida das selecionadas para o palácio. Estamos mais ou menos no começo de outubro, portanto é outono lá no hemisfério norte.

E por último, mas não menos importante, eu queria agradecer a Camila Silvs, Lady L, e Julie pelas selecionadas da vez.



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Capítulo 7 

Apresentação das Selecionadas - Parte Quatro

 

Anastácia Peberton, casta 6, província Baffin

 

Anastácia soltou um alto bocejo. Fazia quantas horas que estava trabalhando? Àquela altura ela nem sabia mais. Cada minuto parecia se arrastar devido a sua má vontade de estar ali. Afinal, a garota era uma selecionada, e o dinheiro que ganharia por ficar nem que fosse só uma semana no palácio superaria em muito o que ganharia trabalhando naquela noite. Mas seu pai não pensava assim. Para ele trabalho trazia mais do que apenas dinheiro. Trazia integridade e responsabilidade. Ou pelo menos é o que ele dizia a Anastácia para motiva-la a continuar com seu emprego, mas se ele realmente achava isso ela duvidava. Provavelmente só queria que ela se mantivesse trabalhando para que ele pudesse se ver longe dela por algumas horas do dia. Sim, essa era a extensão dos sentimentos amorosos de Antony em relação a filha.

Os quitutes feitos pelos empregados da cozinha saiam com frequência, alimentando os vários convidados da grande festa de Madeleine em comemoração a... A verdade é que Anastácia nem sabia o que ela estava comemorando. A mulher só dizia a seus cozinheiros o essencial para eles fazerem o trabalho deles. “Meu pai deve saber”, pensou a garota. Ele certamente era mais próximo de Madeleine do que ela jamais foi e jamais seria. E jamais desejava ser, na verdade. Talvez perguntasse para ele mais tarde. Se bem que Antony podia interpretar mal o interesse de Anastácia e ficar bravo com ela. E a garota certamente não queria vê-lo bravo. “Melhor deixar para lá...”. Quem sabe até conseguisse descobrir sozinha, pois se tinha uma coisa que Anastácia era, era observadora.

A garota estava encarregada da sobremesa e já tinha preparado tantas trufas de chocolate que mal aguentava levantar o braço. Então quando a festa finalmente terminou e ela pôde ir embora, a única coisa que a impediu de sair dando pulinhos de alegria foi seu cansaço. Após trocar seu uniforme de cozinheira por um vestidinho floral, Anastácia foi em busca de seu pai para que os dois pudessem ir juntos para casa. Ela conhecia a casa de Madeleine como a palma da sua mão, afinal, trabalhava lá desde os seus treze anos, idade que também tinha na época em que sua mãe adoeceu da enfermidade que acabaria por tirar sua vida. Ela era uma mulher tão gentil.... Certamente não merecia ter morrido tão cedo. Mas sempre teve uma saúde frágil, de modo que não foi lá uma grande surpresa. As vezes Anastácia imaginava como seria sua vida se ela ainda estivesse viva. Provavelmente melhor, pois parecia que depois de sua morte, tudo começou a dar errado.

Depois de procurar seu pai em nada menos do que onze cômodos, Anastácia começou a se sentir frustrada. Onde é que ele tinha se metido? Se estivesse na sua casa ela não precisaria nem de um minuto para acha-lo. “Ter uma casa pequena tem alguma vantagem afinal! ”, pensou Anastácia, abrindo um sorriso. Vasculhou a casa por mais alguns minutos até que encontrou Antony na sala de música. O lugar possuía paredes a prova de sons, de modo que a garota foi impedida de se preparar para o que veria lá dentro antes de abrir as grandes portas de mogno. Seu pai estava aos beijos com Madeleine, seu braço subindo pela perna da mulher enquanto ela agarrava os cabelos dele com força. Anastácia tinha certeza que naquele momento o choque estava mais do que visível no seu rosto. Não devia ter ficado tão surpresa, afinal os dois eram amantes desde a morte da mãe da garota. E Anastácia sabia disso. Talvez tivessem juntos há ainda mais tempo, quando Eleonor ainda era viva, mas não gostava de pensar que Antony a tinha traído. Mas por mais que já soubesse do relacionamento dos dois, Anastácia nunca os tinha visto fazendo nada além de se abraçar ou dar as mãos. Então se deparar com essa cena não só a surpreendeu como a magoou mais do que conseguia expressar.

Procurando evitar a todo custo ser notada, Anastácia se afastou devagarinho dos dois. E estava quase alcançando a maçaneta quando sua falta de compostura a fez derrubar um vaso de flores de uma mesinha próxima. O vidro se espatifou no chão, provocando um alto ruído que provavelmente foi ouvido pelo andar inteiro.

— Anastácia! – gritou Antony, se afastando de Madeleine.

— Você estava nos espionando?! – perguntou Madeleine, com um tom de voz que expressava seu ultraje.

— Não! Não, é claro que não. Eu só estava procurando meu pai para que nós pudéssemos ir juntos para casa – respondeu Anastácia.

— Por favor Anastácia! Você pode muito bem ir sozinha! Ou ainda precisa de mim para ficar segurando sua mão?! – gritou Antony, suas veias do pescoço saltando devido a raiva. Vê-lo assim amedrontou Anastácia e ela deu vários passos para trás procurando se afastar dele.

— É só que.... Nós costumávamos passear juntos pelas ruas de Baffin quando eu era pequena lembra? Passávamos horas só andando e conversando. E no final do dia você ainda comprava uma fatia de bolo de laranja para mim. Esse sempre foi meu favorito.... – Anastácia praticamente sussurrava, receosa de que se levantasse a voz demais Antony pudesse se enfurecer ainda mais. Aparentemente não funcionou.

— Sim, quando você tinha cinco anos! Me surpreende o quanto você é infantil Anastácia. Afinal, você já está com quantos anos? Vinte?

— 19 – corrigiu Anastácia. A veia no pescoço de Antony saltou ainda mais.

— Tanto faz! Devia ter sido você a ir embora para sei lá onde seu irmão foi, e não ele. Pelos menos Joshua era menos incompetente.

Anastácia não tinha resposta para isso. Nada que pudesse dizer conseguiria acalmar seu pai. Chorar também não adiantaria em nada, e podia deixa-lo com ainda mais raiva. De modo que a única coisa que veio à cabeça da garota foi ir embora. Balbuciou um rápido adeus antes de se afastar da sala de música e seguir para as ruas de Baffin a passos rápidos. A brisa noturna estava fresca, ajudando Anastácia a manter as lágrimas longe. Enquanto andava, um pensamento veio a sua cabeça e a faz abrir um sorriso mínimo. Seu pai, que se achava tão mais esperto que a filha, não sabia de algo que ela sabia. Afinal, para onde Joshua fora depois de sair de casa continuava a ser um mistério para ele. Já Anastácia sabia que ele tinha se juntado ao movimento rebelde denominado “A Onda”. Joshua sempre fora alguém que lutara pelo que acreditava e depois que a mãe morreu, começou não só a não aprovar as castas, mas odiá-las. Anastácia ainda lembrava das exatas palavras que ele disse para ela numa noite em que ambos estavam abraçados diante da fogueira:

— As castas são injustas Anne – Joshua sempre chamava a irmã pelo apelido, nunca de Anastácia - As pessoas deveriam ter escolha sobre que caminho seguir, sobre que profissão exercer. Alguém da casta 7 pode amar a medicina bem mais que alguém da casta 3, mas invés de fazer o que gosta ele é obrigado a trabalhar como jardineiro ou limpador de piscina. Somos presos pelos moldes que as castas nos impuseram e isso tem que mudar.

E no dia seguinte, quando Anastácia foi até o quarto de Joshua estranhando sua demora para acordar, não encontrou nenhuma de suas roupas no armário, nem nenhum dos seus pertences na estante. E em cima da cama, havia um bilhete endereçado a ela e com os dizeres: “Sinto muito por deixa-la Anne, mas preciso lutar pelo que eu acho certo. E a existência das castas não é o certo. Por isso me juntei ao grupo A Onda e acredito que você nunca mais me verá. Mas saiba que vou sentir sua falta em todos os dias que estiver longe de você. Peço que não conte para o papai para onde eu fui, pois ele nunca iria entender. Não posso me estender muito pois tenho que sair de casa antes de vocês acordem, mas saiba que eu te amo Anne. Nunca duvide disso. Joshua”.

Sem seu irmão e sua mãe, Anastácia se sentia completamente sozinha dentro da sua casa. O único consolo que tinha era quando seu tio vinha visita-la, mas essas vezes eram raras devido a doença degenerativa que o acometia. As vezes ela pensava em também se juntar A Onda para que pudesse rever Joshua, mas bastava ver os ataques violentos do grupo no Jornal Oficial para perder toda a vontade. Anastácia não conseguia se imaginar fazendo as coisas que eles faziam. Era uma garota delicada e ser a responsável pela morte de várias pessoas inocentes a devastaria.

Considerando o quanto Anastácia se sentia sozinha e a relação conturbada que tinha com o pai, a seleção era a oportunidade perfeita para fugir um pouco da sua vida. No dia seguinte já embarcaria em um avião com destino a Angeles. Certamente poderia aguentar até lá. Com o ânimo renovado, Anastácia abriu um grande sorriso e foi saltitando para casa.

 

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Serena Licoski, casta 3, província Angeles

 

Um sorriso se espalhou pelo rosto de Serena. Era tão bom estar na companhia de Juliet sem que tivesse que ficar o tempo todo de olho no relógio para não se atrasar para as aulas na faculdade de medicina. A garota tinha acabado de se formar então felizmente essas preocupações haviam ficado no passado. E até que arranjasse um emprego, o que não estava com pressa de fazer, esperava passar muitas horas ao lado da melhor amiga. Ou pelo menos era o que planejava fazer até seu nome ser anunciado como uma das selecionadas do príncipe Nicholas.

— Não importa quantas vezes em já tenha entrado na sua casa, sempre vou me impressionar com o quanto ela é luxuosa – disse Juliet, enquanto olhava pela janela do quarto de Serena em direção a grande piscina três andares abaixo.

— Você está exagerando – respondeu Serena, deitando em sua cama e pegando seu exemplar de “A Revolução dos Bichos” de George Orwell, que estava relendo pela sexta vez.

— Exagerando? Sena, sua casa é uma das maiores do bairro. Tão grande que rivaliza com a de um monte de famílias da casta 2.

Podia até ser verdade, mas Serena nunca foi o tipo de garota que ficaria se vangloriando por isso. Somente agradecia pelo que tinha e lamentava que outras pessoas não pudessem ter as mesmas oportunidades que ela e os pais. Juliet observou a amiga por um tempo antes de se sentar na cama ao seu lado e arrancar o livro de suas mãos.

— Ninguém nunca te disse que é falta de educação tomar as coisas das mãos dos outros? – perguntou Serena, em um tom de voz falsamente bravo.

— É o único jeito de você prestar atenção em mim. Quando você começa a ler parece que migra para um mundo totalmente diferente, e custa para eu conseguir te trazer de volta para a Terra. Mas enfim, como está se sentindo depois da visita de ontem?

— Sinceramente, meio desconcertada – respondeu Serena. A última visita de um funcionário do Estado para prepara-la para o processo da seleção havia sido no dia anterior. E ao contrário do que aconteceu nas anteriores, onde se sentiu bem à vontade, essa conseguiu deixa-la bem desconfortável. O homem tinha chegado no período da tarde e sua função era repassar todas as regras oficiais com Serena. Ela ouvia tudo atentamente e mantinha uma expressão alegre no rosto, até que ele disse algo que fez seu sorriso vacilar. “Caso o príncipe deseje convida-la para fazer alguma coisa, a senhorita não deve recusar. Não convém rejeita-lo em nenhuma circunstância, não importa o que ele queira: um jantar, um beijo, mais que um beijo, qualquer coisa”. Serena se sentiu revoltada ao escutar isso. As leis envolvendo sexo e gravidez não eram mais tão rígidas quanto costumavam ser, já que se lembrava de ler nos livros de história que antigamente a pena para quem não esperasse até o casamento era a cadeia. Mas ainda hoje uma pessoa era mal vista caso despertasse para a vida sexual muito cedo. Muitos esperavam até serem maiores de idade, ou seja, terem mais de dezoito anos. Porém isso aparentemente não importava para o príncipe, já que caso ele quisesse, poderia ter intimidade com todas as suas vinte e cinco selecionadas, inclusive as de dezesseis e dezessete anos.

Serena era uma pessoa muito justa, e para ela o que se aplicava a alguém da casta 7 ou 6, também deveria se aplicar a alguém da casta 1. E como se já não estivesse brava o suficiente, o homem ainda fez o favor de lhe perguntar se ela era virgem. É claro que ela era virgem! Estava esperando pelo cara certo e pelo momento certo, e nenhum dos dois havia aparecido ainda. Mas apesar de ter ficado bem irritada com o homem, era capaz de apostar que ele não havia percebido. Serena tinha um controle emocional de dar inveja em qualquer jogador de pôquer, e mesmo com sua raiva crescendo, ela mantinha uma expressão completamente neutra e um pequeno sorriso espalhado pelo rosto.

— Foi uma pergunta justa Sena. Você é uma garota muito bonita e aposto que se quisesse já poderia ter transado com um monte de caras – disse Juliet, curvando a boca em um sorriso malicioso.

Serena deu risada.

— O que no caso eu não quero...

— Não?

— Acho que você está confundindo minha personalidade com a de alguma outra garota Juliet – disse Serena, dando outra risada, dessa vez acompanhada por Juliet.

— Vou sentir sua falta quando você for para o palácio Sena. Desde que nos conhecemos na primeira série nunca ficamos mais do que três semanas sem nos ver. Como eu vou aguentar sem ter você aqui para... – Juliet teria continuado a falar mais foi interrompida pela porta do quarto de Serena se abrindo. Uma empregada se aproximou hesitante da selecionada até parar a sua frente. Ela tinha começado a trabalhar com a família Licoski a pouco tempo e ainda estava meio receosa de como agir, de modo que Serena estava determinada a deixar a situação o menos desconfortável possível para ela.

— Senhorita, sua mãe a está chamando para a sala de estar – disse a empregada em um tom de voz bem baixo.

— Ok, obrigada – respondeu Serena, dirigindo um sorriso para a garota. E já passava pela porta quando reparou no coque elaborado que ela usava por baixo da touca - E adorei seu cabelo – o elogio fez a empregada sorrir e ela pareceu levemente surpresa por ser tratada com tamanha gentileza por alguém de casta alta.

Ao chegar nas escadas que davam para o primeiro andar, Serena se viu cercada por um bando de homens vestindo uniformes nas cores vermelho e dourado e com o brasão da família Hohenzollern bordado nas costas. A garota andou em meio a eles se sentindo completamente confusa. Será que se tratava de mais um procedimento relativo a seleção? Foi só quando chegou a sala de estar que percebeu o quanto estava errada. Rainha Katrina em carne e osso estava sentada no sofá ao lado de sua mãe. As duas riam enquanto um empregado as servia de uma xícara de chá. É claro, aqueles homens que viu nas escadas pertenciam a guarda pessoal da própria rainha. Aimee percebeu a presença da filha parada na porta da sala olhando a cena embasbacada, e a chamou para se aproximar. Imediatamente, Serena tratou de substituir a expressão de choque por um sorriso e se aproximou de Katrina.

— Majestade. É um prazer tê-la em minha casa – disse, curvando o corpo em uma reverência.

— Por favor Serena, toda essa formalidade não é necessária. Essa deve ser a quinta, talvez sexta vez que nos vemos – respondeu Katrina, dirigindo um sorrisinho para a garota, ao qual ela prontamente retribuiu.

A rainha e a mãe de Serena se conheceram numa festa da alta sociedade a pouco mais de um ano atrás, e desde então eram amigas íntimas. Mas em todo esse tempo Katrina nunca havia ido até sua casa. Normalmente, era Aimee quem ia até o palácio ou então elas se encontravam em festas de pessoas ricas e influentes de Angeles.

— Se não se importa que eu pergunte, o que a traz aqui? – perguntou Serena, enquanto se sentava na poltrona em frente a rainha.

— Meu queridíssimo marido resolveu trazer algumas criadas até sua cama. Não que eu me importe com isso, é claro, mas o barulho começou a me irritar. É impressionante o quanto garotas podem gemer alto quando isso implica em ganhar favores do seu rei. Bando de idiotas. Amanhã elas já estarão demitidas e farei questão de saírem com todas as honras que uma amante de Robert merece – disse Katrina, abrindo um sorriso cruel - E isso somado com meu tédio e a minha vontade de rever sua mãe me trouxe até aqui.

Serena se espantou com o quanto a relação entre o casal real estava desgastada. Eles nunca pareceram muito unidos quando a garota os via pela televisão, mas não fazia ideia que a situação era assim tão ruim. O rei chegara ao ponto de não fazer nenhuma questão de esconder suas amantes da rainha, e ela parecia nem mais ligar para o fato de ele ter amantes. Serena olhava para seus pais e eles pareciam tão felizes juntos mesmo depois de tantos anos de casado que ver um casamento assim em tão mal estado a chocou.

— Sinto muito por você ter que passar por isso – disse Aimee, esticando a mão para a segurar a de Katrina.

— Não é como se eu já não estivesse acostumada – respondeu a rainha, fazendo um gesto de mão. Em seguida olhou para Serena – Nicholas não é assim, caso você esteja se perguntando. Claro, ele já teve suas namoradinhas, mas quando está com uma garota costuma ser muito fiel a ela. Você vai perceber isso quando se casar com ele.

— Se eu me casar com ele – corrigiu Serena.

— Se dependesse de mim não teria um se – disse Katrina.

Serena olhou para ela surpresa e quando percebeu que ela não estava brincando, seu rosto de iluminou. É claro que a escolha de quem seria a esposa do Nicholas não dependia de Katrina, dependia inteiramente dele. Mas ainda assim, começar a seleção sendo a favorita da rainha não era de se jogar fora.

 

****************************************************

Lira Miller, casta 2, província Waverly

 

— Lira, pare de olhar para os lados. Não é como se ele fosse simplesmente brotar do chão – disse Kira, a mãe da selecionada.

— Não diga? É que por um momento eu o confundi com uma cenoura – Kira lançou a filha um olhar de repreensão, e a garota soltar um pesado suspiro – Desculpe, é que eu estou ansiosa – afinal, se tratava do seu pai. E se ele não chegasse a tempo de se despedir dela antes que ela fosse para o palácio no dia seguinte?

— Ele vai chegar a tempo – disse Liam, o irmão da garota, como se tivesse lido seus pensamentos. E as vezes era como se ele realmente lesse, tamanha a conexão entre os dois.

Lira, a mãe, o irmão e Sarah, a namorada de Liam, estavam sentadas na sala de jantar da sua casa comendo uma refeição tardia enquanto esperavam por seu pai. Ele estava gravando um filme na Holanda e seu avião deveria ter pousado em Waverly no período da manhã. Mas a mãe natureza decidiu não colaborar e enviou uma nevasca até a Europa, mesmo ainda sendo outono. De forma que eram dez horas da noite e ele ainda não havia chegado.

— E onde está a Vanessa afinal? – perguntou Liam, se referindo a irmã caçula – Ele já não devia ter voltado da tal festa?

Kira deu de ombros.

— Ela pediu para ficar por mais algumas horas.

— Mas ela ainda vai conseguir acordar para acompanhar a despedida da Lira amanhã né? – perguntou Sarah, com um leve tom de desaprovação na voz que provavelmente Kira não conseguiria notar. Já Lira a conhecia bem demais para isso passar despercebido. Afinal, além de namorada do seu irmão, Sarah também era sua melhor amiga desde que ambas tinham apenas dez anos.

— Claro. E é só ela disfarçar as olheiras que com certeza vão aparecer com aquela maquiagem carregada que sempre usa e que a faz parecer um panda – disse Lira com um sorrisinho no rosto.

Liam começou a rir, mas ao notar o olhar de raiva no rosto da mãe rapidamente se calou.

— Devia medir mais o que fala Lira – disse Kira – Essa não é uma atitude que uma princesa teria.

Lira contorceu o rosto em uma careta. Realmente era mais impulsiva do que seria considerado seguro para que não cometesse alguma gafe. Mas não podia evitar. Isso fazia parte da sua personalidade e não era algo que podia simplesmente mudar da noite para o dia. E o pior é que quanto mais irritada ficava, menos filtro tinha. E se tinha uma coisa que conseguia irrita-la era esse lado “piriguete” da irmã. Vanessa tinha meros quinze anos! Qual era o propósito de usar tanta maquiagem nessa idade? Pegar o máximo de caras que conseguia? Esse pensamento assustou Lira e ela sacudiu a cabeça tentando esquece-lo.

Kira olhou para o prato da filha que se mantinha praticamente intocado.

— Você não vai comer o peixe Lira? A empregada fez com molho de laranja. Você ainda gosta de laranja, não gosta? Você sempre gostou...

— Gosto – na verdade, suco de laranja era uma das coisas que Lira mais gostava no mundo - Mas eu não como frutos do mar.

— Desde quando? – perguntou Kira, levantando as sobrancelhas.

Lira olhou para a mãe. Incredulidade estampada no seu rosto.

— Desde sempre – disse, com seu tom de voz completamente ríspido.

A relação entre Lira e a mãe era complicada, para dizer o mínimo. Nos dias bons elas se amavam e passavam o tempo todo de abraçando. Já nos dias ruins não podiam olhar uma para o cara da outra sem brigar. E infelizmente aquele era um dia ruim. Liam olhou da irmã para a mãe, e pressentindo que uma briga estava prestes a acontecer, e que provavelmente Kira iria se arrepender para o resto da vida caso brigasse com a filha um dia antes dela ir para o palácio, decidiu se intrometer.

— Lira tem dó dos adoráveis frutos do mar mãe – disse, com um sorriso no rosto – Cada louco com sua mania não?

— Hey! – gritou a selecionada em protesto, e deu uma cotovelada de brincadeira nas costelas de Liam.

Sarah deu risada e disse para Lira em tom brincalhão.

— E os porquinhos, vaquinhas e franguinhos? Eles não merecem sua dó?

— É diferente! – disse Lira, levantando os braços em um gesto teatral – Não sei explicar porque, mas é diferente. Além de que franguinhos não são bonitinhos o suficiente para inspirar dó – concluiu, dando de ombros.

Isso só fez mais risadas de espalharem pela sala, e dessa vez Kira os acompanhou. E foi nesse momento que Luke, o pai da Lira, passou pela porta da sala de jantar.

— Parece que cheguei em um bom momento – disse, com um sorriso no rosto.

— Papai! – gritou Lira enquanto se lentava da cadeira e corria em direção a Luke como costumava fazer quando era pequena. Ele abriu os braços conforme ela se aproximava e a envolveu em um abraço apertado. Os dois passavam muito pouco tempo junto, pois Luke sempre tinha que viajar para filmar algum filme em algum lugar. Mas sempre que estavam juntos gostavam de aproveitar ao máximo a companhia um do outro. Unidos, eles eram como duas crianças e caso não quisessem ser vítimas de suas piadinhas e travessuras, todas na família sabiam que era melhor ficar longe. Menos Liam, é claro, que também fazia parte do “esquema”. E se juntar ele, Lira e Luke o perigo de alguém se envergonhar era grande.

Depois que a maratona de abraços terminou e Luke pôde finalmente se sentar à mesa, Liam se virou para ele e perguntou em um tom de voz bem sério.

— E aí pai? Você me trouxe algum baseado lá da Holanda?

Lira e Sarah deram gargalhada, já Kira olhou para o filho horrorizada.

— Não é justo. Se você trouxe maconha para ele também tem que ter trazido para mim – protestou Lira, cruzando os braços em uma falsa pose de brava.

— Lira! – gritou Kira, chocada.

— Relaxa mãe. Agente só está brincando – disse Liam – É claro que papai não compraria maconha para a gente.

— Bom... Na verdade... – começou a dizer Luke.

Kira se levantou de supetão da cadeira.

— Luke!

Luke levantou as mãos em um gesto de paz.

— Só estou brincando Kira! Você é muito fácil de irritar.

— Se suas brincadeirinhas não fossem tão sem graça eu não me irritaria tanto assim – respondeu Kira, cruzando os braços.

Liam olhou de Lira para Luke e disse com um sorriso:

— Acho que fomos meio longe demais....

— Você acha? – perguntou Kira com sarcasmo.

— E essa a nossa deixa para ir para a cama – Luke foi até Sarah, segurou sua mão e a conduziu até as escadas. Mas parou no primeiro degrau e se virou para Lira – Você também irmãzinha. Ou vai ter que pegar emprestado a maquiagem de panda da Vanessa para esconder as olheiras.

Lira riu.

— Certo, certo...

Subiu as escadas logo atrás do casal e minutos depois já estava encolhida em sua cama. Mas por mais que tentasse, não conseguia pregar os olhos. Várias perguntas rondavam sua cabeça. O que será que a esperava no palácio? O príncipe a trataria bem ou seria um completo idiota? Faria amizade com as outras selecionadas? Mas o que mais insistia em continuar vindo a sua mente era a dúvida se sua irmã cuidaria bem da ONG. Quando a selecionada tinha quinze anos, Vanessa teve a ideia de fundarem juntas uma instituição para crianças sem teto. Lira amou a ideia, e todo o dinheiro que havia ganho em seus trabalhos como modelo ela investiu nesse projeto. Mas agora ficaria vários meses longe e tinha medo do que aconteceria com a ONG enquanto estivesse fora. Não que achasse Vanessa incompetente, e não era como se a irmã fosse a única responsável pela instituição. Mas a dúvida ainda permanecia. Lira olhou para o relógio. Duas da manhã. “Parece que no final das contas eu vou mesmo precisar da maquiagem de panda…”, pensou antes de finalmente cair no sono.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Gente, eu sei que é meio chato ficar um capítulo de selecionada atrás do outro, mas faz parte!! Assim como você quer que sua garota apareça, as outras leitoras também querem que as delas apareçam. Então paciência ok? E já passamos da metade dos capítulos de apresentação. Daqui para frente são apenas mais dois.

Entre os capítulos principais, pensei em fazer alguns que sejam bônus e que retratem fatos longe da cronologia principal da história. Fatos como o começo da relação da Katrina e do Robert, o dia a dia no palácio alemão, o Nicholas com a ex namorada.... Coisas assim. O que vocês acham da ideia? E tem algum tema em especial que vocês querem que eu aborde? Podem sugerir qualquer coisa gente, fiquem a vontade.

Vejo vocês nos comentários (já, já eu respondo os do capítulo anterior,ok?). Bjoos, bjoos



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