The Next Queen - Interativa escrita por Lu au Andromedus


Capítulo 10
Capítulo 8 - Apresentação das Selecionadas - Parte Cinco


Notas iniciais do capítulo

Olá cupcakes. Cara, que flashback de O Herói Perdido do tio Rick...

Demorei um pouco mais dessa vez, mas tem um motivo: eu queria terminar logo os capítulos de apresentação das selecionadas então resolvi postar os dois últimos um atrás do outro. Pois é, vocês vão ter um bocadinho de coisa para ler hehehe.

Espero que gostem e queria agradecer a SweetFlower, a Angel e a Nikky Styles pelas selecionadas desse capítulo.

E acho que eu nunca expliquei isso antes mas o dear que eu coloco em respostas de alguns comentário significa querida em inglês ok? Ok.



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Capítulo 8

Apresentação das Selecionadas - Parte Cinco

 

Elisabeth Clark Lewis, casta 6, província Hansport

 

Elisabeth não se lembrava de ter dormido noite passada. Se lembrava de ter rolado de um lado para o outro da cama enquanto sua cabeça estava a mil, mas se o sono realmente viera ela duvidava. Afinal, se esse não fosse o caso, por que estaria se sentindo tão cansada? Sua mãe a tinha aconselhado a tirar um cochilo para ver se assim as pesadas olheiras embaixo de seus olhos esverdeados suavizavam um pouco, mas depois de quinze minutos sem conseguir pregar os olhos a garota desistira. E agora estava sentada em cima da sua estreita cama de latão olhando em volta do quarto pensando se tinha esquecido de colocar alguma coisa na mala. Se bem que aquilo estava mais para uma bolsa do que para uma mala. Elisabeth nunca teve muita coisa e todas as roupas que usaria seriam dadas pelo palácio, então praticamente a única coisa que estava levando eram as fotos de família, e elas não precisavam de muito espaço. Começou lentamente a observar os retratos e só ver o rosto sorridente de seus irmãos mais novos foi o suficiente para fazer seus olhos marejarem. A garota não fazia ideia de como conseguiria passar meses sem sua família. Várias lembranças de feriados passados juntos, da felicidade da mãe quando recebia encomendas de vestidos, da satisfação que sentia quando Katerine e Olliver estavam bem alimentados, passaram como flashes pela cabeça de Elisabeth e ela estava prestes a se desmanchar em lágrimas quando a porta do seu quarto foi aberta com um estrondo.

— Elisabeth! – sua assistente começou a entrar às pressas no quarto mas parou assim que viu o rosto da garota – Ah não, por favor não chore. Eu já tenho que dar um jeito nessas olheiras, e certamente não quero ter de lidar também com olhos vermelhos.

— Certo. Desculpe – disse Elisabeth, enxugando os olhos. Em grande parte da sua vida a garota teve que cuidar de si mesma, já que sua mãe estava sempre trabalhando e seu pai a abandonou quando ela era pequena, então a ideia de ter uma assistente era bem nova para ela. E de certo modo inquietante, já que estava acostumada a ter um grau bem alto de liberdade.

— Não digo por mal. Você sabe, não sabe? – perguntou Maggie, subitamente nervosa. “Parece que ela lembrou que posso vir a ser sua rainha no futuro”, pensou Elisabeth.

— Sim, eu sei.

A mulher pareceu visivelmente mais tranquila e até lançou um sorrisinho para a garota, ao qual ela retribuiu.

— Que bom! – disse Maggie – Agora temos que começar a prepara-la. O carro que irá leva-la até a sua despedida e depois até o aeroporto estará aqui em meia hora.

Maggie sentou Elisabeth em uma frágil cadeira de madeira que tinha pegado da cozinha e começou a aplicar em seu rosto uma camada de maquiagem. Enquanto ela trabalhava, a garota tentou não palpitar, afinal a assistente sabia o que estava. Mas assim que Maggie começou a aproximar da sua pálpebra um pincel contendo uma vibrante sombra roxa, teve que interferir.

— Não muito carregado, por favor.

Maggie não pareceu muito feliz, mas acatou o pedido da garota, e assim que terminou com a maquiagem, começou a arrumar seu cabelo. Elisabeth observou encantada como a mulher conseguiu transformar suas madeixas de uma confusão de cachos a uma brilhante cascata castanha.

— Prontinho – anunciou Maggie – Agora só falta sua roupa. O que você vai vestir?

Elisabeth olhou para ela confusa.

— Como assim?

— Eu não te disse? São as selecionadas que escolhem com que roupa irão para o palácio. Assim poderão ter um último gostinho da vida que tinham antes de participarem da seleção.

Aquilo era uma surpresa para Elisabeth. Ela supunha que a família real escolhesse as roupas das selecionadas, para que todas elas se vestissem de forma igual e as diferenças nos padrões de vida de cada casta não ficassem tão aparentes. A garota não tinha roupas feitas de seda ou do mais fino algodão, e não estava exatamente ansiosa para que isso fosse exposto em rede nacional, mas que escolha tinha? Andou em direção ao seu guarda-roupa e começou a pensar no que poderia usar. Suas blusas de lã remendadas certamente que não, e nem seus largos macacões jeans. Elisabeth passou por um monte de opções, mas todos elas pareciam inadequadas, e já começava a se desesperar quando, remexendo no fundo de uma gaveta, encontrou um vestido que seria mais que ideal. Uma opção tão boa que ela estranhou não ter pensado nele antes. Era curto e sem mangas, feito de um macio tecido cor de rosa com delicadas flores azuis bordadas nele. Certamente sua melhor roupa. A garota o havia ganhado da mãe seis anos atrás, em seu aniversário de quinze anos. Já fazia um bom tempo, mas seu corpo não tinha mudado muito desde então e o vestido serviu perfeitamente.

Depois de pronta, Elisabeth foi até a sala de estar, onde encontrou sua mãe e seus irmãos sentados no sofá. Eles se levantaram assim que a viram. “Você está linda”, disse Katerine na linguagem dos sinais. “Obrigada Kate. Você também”, respondeu Elisabeth, com um sorriso. Katerine havia nascido surda, tornando-se consequentemente muda. Isso a tinha privado de ouvir várias coisas que gostaria: o canto dos pássaros, o barulho da chuva, a risada da mãe, os resmungos chorosos do irmão mais novo, a voz da irmã mais velha, e várias outros. Apesar disso, sua família estava determinada a garantir que ela tivesse uma vida mais normal possível, por isso com muito esforço todos aprenderam a linguagem dos sinais.

— Eu me lembro quando te dei esse vestido – disse Carla, a mãe da garota, com um tom de voz triste – Você mudou muito desde então.

— Mudei? Para mim eu continuo tão magricela quanto era naquela época – respondeu Elisabeth.

— Magricela e com corpo de menino – completou seu irmão Olliver, sorrindo.

Elisabeth deu risada.

— E você por acaso sabe como deveria ser o corpo de uma menina Ollie? – o garoto ficou vermelho igual a um tomate, o que arrancou mais risadas de Elisabeth. Olliver havia crescido tanto... A garota ainda se lembrava de quando ele era pequeno o suficiente para ela conseguir carrega-lo em seus braços. Faria de tudo para protege-lo, e as pequenas cicatrizes em suas costelas eram a prova disso. Ollie havia tentado roubar duas maças e um pedaço de pão de uma banca alguns anos atrás, delito cuja punição era o espancamento. Mas Lisa não aguentaria ver o pequeno corpo do irmão coberto de hematomas, então recebeu a punição no lugar dele.

— Não quis dizer mudanças aqui – disse Carla, indicando o corpo da garota – Mas aqui – apontou para a cabeça dela – Você amadureceu tanto minha filha...

A voz de Carla embargou e seus olhos se encheram de lágrimas. Ver a mãe assim fez o coração de Elisabeth se apertar, e ela correu para envolve-la em um forte abraço. A mulher pareceu levemente surpresa, mas depois de um instante, retribuiu. Carla não era muito fã de contato físico, e apesar de amar os filhos com todo seu coração, raramente demonstrava. Porém Elisabeth não se ressentia dela por isso. Como poderia? Esse era o jeito dela.

— Lucinda teria muito orgulho de você Lisa – murmurou Carla, ainda abraçada a filha. Elisabeth suspirou. Queria acreditar que isso fosse verdade, queria mesmo. Mas simplesmente não tinha tanta certeza. Lucinda se fora a tanto tempo que não podia se dar ao luxo de supor o que ela estaria ou não sentindo naquele momento. Ela e Lisa costumavam ser muito próximas, mas nem a selecionada sabia exatamente o porquê do seu desaparecimento. Lucy parecia feliz nas últimas vezes que conversaram. Tudo bem que grande parte dessa felicidade era por causa do romance entre ela e o pai, uma coisa completamente perturbadora na opinião da garota. Peter era um homem rude, grosseiro e ignorante. Não conseguia imaginar como alguém poderia se sentir atraída por ele, ainda mais sua própria filha.

— Elisabeth, aí está você – Maggie se aproximou da selecionada e parou a sua frente – Você está perfeita. Ou melhor, quase perfeita - foi em direção a mesinha ao lado da porta e pegou uma bonita magnólia cor de rosa. Aproximou a flor do rosto de Lisa e a pendurou na sua orelha esquerda – É a flor da sua província. E ainda combina com seu vestido. Agora vamos. O carro já está na porta.

Durante todo o tempo que levou para chegar até o local onde seria sua despedida, Elisabeth estava aérea. Mal registrava o que estava acontecendo e a única lembrança nítida que tinha era de ter segurado a mãe de Katerine durante todo o percurso.

 

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Angelina White, casta 5, província Kent

 

— Temos que ir embora agora ou a Angelina vai perder o voo. Vamos logo gente, por favor! – Ellie, a assistente da selecionada, gritava a plenos pulmões enquanto tentava colocar alguma ordem no caos que era a casa da garota.

Barulhos vinham do andar de cima enquanto um guarda tentava consertar uma maçaneta que fizera o favor de quebrar justamente naquele dia. Cheiro de algo queimado se espalhava da cozinha, juntamente com uma fumaça preta. Um cesto de roupas recém passadas estava jogado no canto, com seu conteúdo espalhado pelo chão. E os gêmeos Theodore e Tyler brincavam de cabo de guerra com uma jaqueta verde, deixando marcas de seus tênis sujos por toda a sala de estar. Quando Ellie foi tentar separa-los, o tecido que seguravam acabou se rasgando, e que fez os dois gritarem ao mesmo tempo “não foi eu” e saírem correndo dali.

Derrotada, Ellie se deixou cair em uma cadeira e enterrou a cabeça nas mãos.

— Está tudo bem? – Ellie levantou os olhos e se deparou com James, o irmão mais velho de Angelina, fitando-a com preocupação – Não se preocupe com os gêmeos. Daqui a pouco minha mãe sai do banho e dá um jeito neles. Você vai ver. Agora, onde está a Angie?

A assistente apontou para o andar de cima e James subiu as escadas para procura-la. Os degraus rangiam sob seus pés a cada passo e ele desconfiava que se mais de duas pessoas estivessem em cima de um deles ao mesmo tempo, a madeira não resistiria. Teria que dar um jeito nisso, mas não hoje. Hoje o dia era dedicado à sua irmã. Abriu delicadamente a porta branca que dava para o quarto dela e a encontrou sentada no parapeito da janela.

— Isso lá é pose de uma dama? – perguntou, sorrindo - Consigo ver sua calcinha daqui.

Angelina pulou no chão e puxou seu vestido para baixo.

— Então pare de olhar ora. Consigo ouvir os gritos de Ellie mesmo com a porta fechada. Ela parece a beira de um ataque de nervos.

— É verdade. Acho que não está acostumada com uma família tão agitada quanto a nossa.

— Ninguém está acostumado com uma família tão agitada quanto a nossa. Nem a gente – Angelina riu – Droga, muito menos a gente.

James deu um sorrisinho.

— Mas o que raios você ainda está fazendo aqui em cima? O carro que irá leva-la até sua despedida já está chegando.

— Só estava dando uma olhada nas fotos antigas do papai – respondeu Angelina, seu tom de voz subitamente triste. A garota costumava ser muito próxima de Joshua, e não passava um dia sequer sem sentir sua falta desde que ele tinha morrido dois anos atrás.

James não soube o que dizer e preferiu ficar calado. Angelina não o culpava por isso. Afinal, o que ele poderia falar que a faria se sentir melhor? Ele está num lugar melhor? Se mais alguém dissesse isso para a garota ela jurava que ia dar um soco na cara dessa pessoa. Sinto muito por sua perda? Já perdera a conta de quantas vezes ouvira isso, muitas vezes de forma insincera. E certamente não queria ouvir de novo.

— Às vezes eu imagino como vou encarar os rebeldes quando eles invadirem o palácio – disse a selecionada, baixinho.

— Você não sabe se eles vão invadir o palácio.

Angelina revirou os olhos.

— É claro que eles vão. Só por que está havendo uma seleção você acha que eles farão a gentileza de dar um desconto? – suspirou – Desculpe, eu fui rude. Mas é sério irmão. Tem dias em que o que mais tenho vontade de fazer é pular no pescoço desses idiotas e mata-los do mesmo jeito que eles fizeram com o papai.

James olhou para a irmã com espanto.

— Caramba Angie, que coisa mórbida. E você está generalizando muito. Nem todos os rebeldes são maus.

Angelina deu uma risada irônica.

— Nem todos os rebeldes são maus? Estamos falando das mesmas pessoas? Por que as que eu estou me referindo são aquelas que explodem hospitais cheios de crianças e prédios do governo lotados de gente inocente – a garota franziu a testa – Você não está pensando em se juntar a eles não né? Né?

James riu.

— Não. É claro que não. Mas você tem que entender Angie que explodir coisas é o único jeito que eles encontram de serem ouvidos. Você acha mesmo que se eles batessem na porta do palácio pedindo uma audiência com o rei e reclamando que as castas não deviam existir, alguém prestaria atenção neles? Infelizmente as coisas não funcionam assim.

Angelina tinha que admitir que nunca tinha pensado nas coisas por esse lado, mas não importava. Nunca concordaria com o que os rebeldes faziam, e com certeza grande parte dessa birra se devia ao fato de eles terem matado seu pai. Ele não era o alvo, é claro. Joshua não era importante a esse ponto. Mas tivera o infortúnio de estar na praça principal da província Kent justamente quando A Onda decidiu explodi-la. “Lugar errado na hora errada”, os guardas disseram.

Os pensamentos de Angelina foram interrompidos pelo som da campainha soando no andar de baixo. James abriu uma fresta na porta do quarto para ver quem havia acabado de chegar e imediatamente sua expressão se fechou.

— É para você – disse para a irmã.

Curiosa, Angelina desceu correndo as escadas que levavam para o primeiro andar, mas parou de andar assim que pôde vislumbrar o visitante pela primeira vez.

— O que você está fazendo aqui? – perguntou a garota, tentando imprimir na voz o máximo de desprezo que conseguia.

— Angie! É tão bom te ver – disse Bryan, curvando os lábios em um grande sorriso.

“Como ele fica bonito quando sorri. Seus olhos se acendem como duas lanternas”, observou Angelina. “Não! Pare de pensar nisso”. Balançou a cabeça para afastar esses pensamentos. “Se concentre no mau que ele lhe fez. No modo como ele partiu seu coração”.

— Posso te ajudar com alguma coisa? – perguntou, com os braços cruzados e as sobrancelhas levantadas.

— Angie não fique assim. Eu vim em paz – Bryan se aproximou um passo dela – Não gostei do modo como a gente terminou. E achei que talvez pudéssemos voltar a ser amigos – se aproximou mais um passo dela - E quem sabe no futuro, voltar a ser mais que amigos.

Angelina arregalou os olhos surpresa.

— Achei que minha condição de membro da casta cinco te incomodasse. Claro, no começo do nosso namoro eu tolamente achava que não. Mas aí eu te vi aos beijos com aquela garota da casta três. Se eu realmente fosse o suficiente como você me dizia que eu era, não haveria motivos para me trair, certo?

Bryan deu um sorrisinho que pelo que Angie conseguia perceber, não exibia nem um mísero traço de arrependimento.

— Outros tempos, outro homem.

Angelina fixou seus olhos nos dele, pensando no que realmente o tinha motivado a vir ali, e assim que a percepção a invadiu, não conseguiu evitar que uma risada escapasse de seus lábios.

— Ah sim. Agora entendi. Eu não era digna de ser sua namorada antes já que você é um três e eu sou uma mera cinco. Mas agora que me tornei uma selecionada subitamente caí nas suas graças de novo. Subitamente me tornei boa o suficiente para sair com você. Me poupe das suas idiotices Bryan.

O sorriso sumiu do rosto do garoto e foi substituído por uma expressão de impaciência.

— Olha querida, eu estou te fazendo um favor. Você nunca vai conseguir nada melhor do que eu.

Angelina gargalhou.

— Olha querido, você se lisonjeia. Ou esqueceu que eu estou indo competir pela mão do príncipe? E não sei não, mas acho que ele é melhor que você.

Bryan deu-lhe as costas e saiu a passos duros. Angelina o observou partir, se sentindo feliz consigo mesma. Tolice dele se achava que ia ter seu coração de volta assim tão facilmente.

 

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Afrodite Grayson, casta 2, província Midston

 

Durante todo o percurso da mansão de Afrodite até a praça central de Midston, local onde ocorreria sua despedida, fotógrafos cercavam o carro preto no qual sua família estava acomodada. Seu pai insistira para que as janelas ficassem abertas e acenava e sorria para as pessoas do lado de fora, mesmo para aquelas que certamente não estavam nem aí para ele. “Notoriedade e simpatia geram votos”, ele dizia. “E como posso esperar ganhar as eleições que estão por vir sem votos? ”. Sinceramente, Afrodite não dava a mínima se ele ganhasse ou perdesse. O interesse que tinha por questões envolvendo Castiel era nulo, assim como era o interesse dele por questões envolvendo a filha. O homem só tinha vindo acompanha-la até sua despedida pois isso lhe garantiria mais da notoriedade que ele tanto amava. Os flashes das câmaras estouravam nos olhos da garota e logo sua cabeça começou a latejar. Se perguntava se as outras selecionadas também estavam sendo tão incomodadas pela mídia quanto ela, mas realmente achava que não. Afinal tanto ela quanto seus pais possuíam certa fama, enquanto as famílias de muitas delas eram compostas por totais zés ninguéns.

— Olhe Afrodite! Um cartaz com seu nome! – gritou Isabella, apontando para uma cartolina verde com o nome da garota escrito em caneta preta.

— Eu vi Bella. Incrível não?

— Sim! – respondeu Isabella, pulando animada no banco do carro – Mas é claro que as pessoas iriam gostar de você. Por que não gostariam? Você é a melhor irmã do mundo!

Afrodite deu uma risada e olhou agradecida para a irmã, mas seu sorriso desapareceu assim que a mãe puxou a pequena para o banco, impedindo-a de continuar a pular.

— Quieta Isabella! – disse Christinna, com o tom de voz ríspido – Você quer mesmo ter uma crise aqui e estragar o grande dia da sua irmã?

Os ombros de Isabella caíram e seus olhos se encheram de lágrimas. Vê-la assim enfureceu Afrodite e ela lançou a mãe um olhar fulminante, mas não disse nada. A irmã da selecionada sofria de uma má formação no coração, então havia vezes em que ele batia bem mais rápido do que deveria, e bem mais devagar do que deveria. Quando isso acontecia, a família tinha que correr com a garota para o hospital, ou corria o risco de ela sofrer uma parada cardíaca. Afrodite certamente não aguentaria perder a irmã. Ela era a pessoa que ela mais amava na face da Terra, sua morte a devastaria.

Ao chegarem a praça repleta de abetos e carvalhos da província Midston, Afrodite desceu do carro, mas bastou colocar o pé no chão para se ver imediatamente cercada por guardas reais. Parecia que os Schreave estavam mesmo temerosos que os rebeldes pudessem atacar as selecionadas antes que elas estivessem em segurança atrás dos muros do palácio. Se bem que nem o palácio podia ser caracterizado totalmente como uma zona de segurança, pois ele, mais do que qualquer outro lugar, já havia sofrido várias invasões por parte da Onda. Afrodite realmente não estava com vontade de entrar no meio de uma zona de guerra entre a monarquia e os rebeldes. A verdade é que nem se inscreveria para a seleção se não fosse por Isabella. A pequena garota de cinco anos estava ansiosa para ver a irmã mais velha com uma coroa de rainha na cabeça, e pedira a ela para se inscrever. Afrodite, é claro, aceitara. Não negava nada a irmãzinha. Além de que com o dinheiro que ganharia poderia finalmente sair da casa dos idiotas que tinha o infortúnio de chamar de mãe e pai.

A praça estava cheia de gente. Alguns exibiam sorrisos e gritavam palavras de incentivo para Afrodite. Já outros tinham uma carranca estampada no rosto, ressentidos de não serem suas filhas, suas irmãs, suas sobrinhas, suas amigas ou elas mesmas a ser a escolhida para participar da seleção. A garota nem se preocupou em olhar duas vezes para esses invejosos. Mantinha uma falsa expressão de felicidade no rosto e sorria confiante para a câmera enquanto caminhava até o lado do prefeito. Apertou cordialmente sua mão e ele começou a discursar sobre como a seleção era algo importante, como Midston estava orgulhosa de Afrodite e mais um monte de blá, blá, blá para o qual ela não dava a mínima. Estava mais concentrada em observar a expressão de deleite de Isabella enquanto observava o monte de pessoas na plateia. Esticou sua mão para segurar a da pequena e as duas sorriram uma para a outra.

Os pés de Afrodite começavam a doer devido aos sapatos de salto alto, mas ela não se importava. Era o preço que tinha que pagar por se manter bela. E ainda tinha o consolo do vestido lilás cravejado de pedras que usava ser confortável. A presilha de pérolas e diamante que segurava seu cabelo loiro também não a incomodava, e a gardênia que usava na orelha destacava seus olhos azuis. Relanceou o olhar na direção do pai, que ainda acenava para as pessoas. Uma marca de batom vermelho era visível por baixo da gola de seu elegante terno preto. Em seguida virou os olhos para a mãe. O batom dela era rosa claro. Essa nova amante de Castiel devia ser bem especial para ele ir encontra-la antes mesmo da hora do almoço. E com bem especial a garota queria dizer bem gostosa.

— Pai – sussurrou – Você devia esconder melhor os sinais de suas puladas da cerca se quer garantir aqueles votos que você tanto ama.

— Onde? – perguntou Castiel baixinho.

Afrodite apontou discretamente para seu pescoço enquanto mudava de posição e o homem se apressou em apagar o pequeno sinal de sua traição. Depois de alguns minutos o prefeito terminou seu discurso e falou para Afrodite que chegara a hora dela se despedir de sua família. O abraço que compartilhou com Castiel foi o mais breve possível para que ainda permitisse que ele mantivesse as aparências de pai carinhoso e ela de filha amorosa. Foi em seguida em direção a mãe. Os olhos de Christinna estavam cheios de lágrimas e ela parecia se segurar para não chorar. Vê-la assim encheu a garota de um ódio cego e ela teve que usar todas as suas forças para não dar um tapa na cara da mulher.

— Às vezes me pergunto como você virou modelo invés de atriz – murmurou Afrodite enquanto compartilhava um abraço com a mãe – Sua atuação hoje está impecável. Ou talvez não tanto. Consigo sentir o cheiro do álcool em seu hálito daqui.

Christinna imediatamente se separou da filha e levou a mão até a boca. Soprou discretamente a sua frente e, depois de alguns segundos, semicerrou os olhos.

— Você está mentindo – acusou.

Afrodite sorriu.

— Talvez sim, talvez não.

Essa pose de mãe zelosa e amável que Christinna assumia em frente às câmeras a irritava, ainda mais que por trás dela ela era fria e egoísta. Passava horas trancada em seu espaçoso quarto bebendo e fumando na companhia de suas amigas intragáveis e só se dava conta da existência de Afrodite quando era para se gabar de como sua filha era bonita. A mulher nunca havia sido uma mãe para a garota, e muito menos para Isabella.

— E deixe-me te dizer uma coisa – continuou Afrodite, se aproximando um passo dela – É bom que Isabella seja muito bem cuidada durante minha ausência. Se eu encontrar um arranhão nela ou ouvir uma mísera reclamação sair de sua boca, eu vou fazer questão de ter sua cabeça e a do papai em uma bandeja quando for rainha.

Uma câmera focalizou nas duas e ambas sorriram uma para a outra, como se estivessem tratando de um assunto muito agradável.

— Quando você for rainha? Há um longo caminho até lá querida – disse Christinna, ainda sorrindo.

— Nenhum caminho é longo demais para um membro da família Grayson – respondeu Afrodite.


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Notas finais do capítulo

O próximo será postado dentro de um minuto. See yah!!

E eu irritantemente não consegui colocar o link do vestido da Elisabeth no meio do capítulo então aqui está: http://www.sprinklestore.com.br/wp-content/uploads/2015/07/roupa-7.jpg



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