The Next Queen - Interativa escrita por Lu au Andromedus


Capítulo 7
Capítulo 6 - Apresentação das Selecionadas - Parte Três


Notas iniciais do capítulo

Olá dears!! Voltei com o terceiro capítulo das selecionadas. Obrigada a ClaireSalvatore, Sunshine Happy e Natasha Castro pelas garotas.
E a história está de capa nova. Deem uma olhada e me digam o que acharam (eu particularmente amei, e espero que vocês também).



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Capítulo 6

Apresentação das Selecionadas - Parte Três

 

Samantha Grace, casta 2, província Carolina

Haviam se passado apenas três dias que o nome de Samantha havia sido sorteado para participar da seleção e sua casa já havia sido invadida por quatro funcionários do governo. Mas de todos eles, de longe o mais inquietante era um homem chamado Julian que estava na companhia da garota naquele momento. Ele possuía uma aparência um tanto quanto excêntrica, com nariz curvo e lábios finos que o faziam parecer estar exibindo uma careta constante. E como sua função era tirar medidas do corpo de Samantha para que seus novos vestidos a servissem com perfeição, e isso exigia que a garota ficasse apenas com as roupas íntimas, ela não podia estar se sentindo mais desconfortável na presença dele. Sempre teve uma relação no mínimo delicada com seu corpo e o fato da mãe a estar observando com a boca franzida em sinal de desagrado também não ajudava Samantha a se sentir mais tranquila.

— Muito bem, muito bem. Você está indo muito bem querida – comentou Julian para Samantha. Ele passeava ao redor da garota, enquanto ela se mantinha de pé em uma pequena plataforma circular com um grande espelho na sua frente – Preciso ir buscar umas amostras de tecido na minha maleta mas não se preocupe que volto em um instante.

Assim que ele passou pela porta, a mãe de Samantha se levantou da poltrona onde estava sentada e se aproximou da filha.

— Eu realmente preferia que eles não tivessem que te medir. Você vai perder muitos pontos com a monarquia por causa disso Samantha. Afinal por que eles iriam querer uma selecionada gorda? – disse Stella, examinando a filha de cima a baixo.

— Você realmente acha que eu estou gorda?

Stella riu de forma debochada e esticou a mão para a lateral do corpo da garota, pegando uma mínima dobra de gordura.

— Do que mais você chamaria isso?

Samantha se olhou no espelho. Realmente suas bochechas estavam um pouco cheinhas. “Por que foi que você foi comer aquela pizza ontem Sam? ”, disse para si mesma. Havia sido sua comemoração por ter sido escolhida como selecionada e ela achou que não teria problema sair um pouco da dieta. E agora estava diante das consequências. “Não. Pare de se preocupar com isso”, exigiu ela para si mesma. A última coisa que precisava era que seus distúrbios alimentares voltassem. Porém por mais que quisesse não era assim tão fácil simplesmente deixar de pensar no seu peso. Ainda mais com seu pai não estando mais ali para levantar sua autoestima.

Mas é claro que não ia dar a mãe a satisfação de perceber que tinha ficado abalada.

— Se o príncipe realmente for alguém com quem eu gostaria de ficar, ele não vai se importar se eu tiver com uns quilinhos a mais que o ideal – Samantha disse, dando de ombros. Só esperava que isso fosse realmente verdade.

Stella murmurou “iludida” baixinho mas não disse mais nada. Mãe e filha passaram o resto do tempo que Julian levou para terminar de medir Samantha caladas, e quando ele finalmente foi embora a garota se virou para ir para seu quarto, ansiosa para ficar sozinha. Porém, antes de alcançar as escadas foi impedida por Stella que segurou seu braço.

— Nada disso. Você vai ficar aqui para receber Scott e Monique e para jantar com a gente.

A contragosto, Samantha se posicionou ao lado da mãe. Felizmente não teve que esperar muito até ouvir o barulho do carro de Scott se aproximando da entrada de sua casa. Ele entrou pela porta da frente e logo foi recebido aos beijos por Stella, que em seguida se virou para Monique, a filha de quatorze anos do homem, e a abraçou.

— Monique querida! Você está cada dia mais linda – disse Stella.

— Obrigada. É uma pena que não tivesse idade suficiente para me inscrever na seleção, senão com certeza teria sido a escolhida – respondeu Monique, olhando fixamente para Samantha.

A selecionada teve vontade de socar a cara de Monique mas pensando no que a mãe faria com ela se fizesse uma coisa dessas, decidiu somente lançar seu melhor olhar assassino para a garota. Stella conduziu os convidados para a sala de jantar onde estava postada uma refeição suntuosa. Samantha foi atrás, desejando estar em qualquer outro lugar menos ali. Os três se sentaram para comer e logo estavam conversando animadamente sobre algo que a selecionada não prestava atenção. Samantha mal tocava na sua comida, o comentário da mãe sobre ela estar gorda ainda fixo na cabeça. Mas o que estava realmente a incomodando era o carinho que Stella dirigia a Scott e Monique, duas pessoas que conhecia a meros dois meses.

— Prestem atenção. Eu tenho uma coisa importante para fazer – gritou Scott, tirando Samantha de seus pensamentos.

Depois de todos os olhos estarem postados nele, ele se aproximou de Stella e se ajoelhou a seus pés.

— Stella, você quer casar comigo?

Os olhos de Stella se encheram de lágrimas e ela começou a rir histericamente.

— Sim, sim. Definitivamente sim.

Scott abraçou Stella e Monique se aproximou para parabeniza-los. Mas Samantha não estava no clima para comemorações. Pelo contrário, estava completamente furiosa.

— Você vai casar com ele? Como pode fazer isso? Você o conhece a meros dois meses! – gritou Samantha

Stella olhou para a filha, completamente surpresa com sua explosão. Samantha ficou calada por alguns instantes, respirando fundo para tentar controlar sua fúria, e continuou, dessa vez em um tom bem mais controlado.

— E quanto ao papai, mãe? Você já o esqueceu? Ele morreu há apenas três meses. Como você pode tê-lo superado em tão pouco tempo?

— Samantha fique longe da minha vida pessoal! Eu me casarei com Scott e você não poderá impedir! É a minha escolha e é a minha vida! – O tom de voz de Stella aumentava a cada palavra, de forma que quando terminou ela já estava gritando.

Samantha não disse mais nenhuma palavra. Simplesmente não valia a pena. Stella nunca foi tão próxima de Lucius, o pai da garota, quanto Samantha era. Ela não entendia a falta que ele fazia. Cansada das brigas, cansada da mãe, cansada de sua vida, a selecionada se virou e subiu as escadas.

Assim que chegou a seu quarto Samantha esticou o braço em direção ao seu álbum de fotografia. A primeira foto era dela e do pai durante as férias na França. Só de ver o rosto dele seus olhos se encheram de lágrimas. Lucius era seu porto seguro, seu melhor amigo e sua morte foi um golpe duro para a garota.

— Estou com dificuldade para cumprir a promessa que fiz para você pai... – disse Samantha, baixinho.

As últimas palavras de Lucius para Samantha foram pedindo que ela fosse feliz. E ela prometeu que seria. Prometeu. Mas não estava sendo fácil cumprir essa promessa. Não quando se tinha uma mãe como a Stella. A possibilidade de descumprir a última vontade do pai começou a deixar Samantha tão aflita que ela estava prestes a começar a chorar. E foi nesse momento que um pensamento veio a sua cabeça. Dali a três dias sairia de casa e ficaria sem ver a mãe, Scott e Monique por várias semanas, talvez meses. Uma risada escapou de seus lábios. Nunca esteve tão ansiosa para ir para o palácio como agora. O tempo que passaria lá seriam férias muito bem-vindas da sua vida real.

Determinada a espantar a tristeza para longe, Samantha pegou seu livro favorito, Orgulho e Preconceito, e recomeçou a ler.

— Não é tarde para eu cumprir minha promessa feita a você, pai.

 

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Julieta Collins Dunne, casta 3, província Sumner

Aquele dia não tinha começado bem para Julieta. Primeiro ela tinha sido acordada as sete horas da manhã porque um funcionário do governo estava na porta procurando por ela. Seu primeiro pensamento foi “quem é que chega na casa dos outros as sete horas da manhã? ”. Mas não se importou muito pois esperava que o homem estivesse ali para lhe entregar um presente, ou para que ela provasse alguns vestidos, ou para qualquer outra coisa que fosse legal. Porém não demorou para que suas esperanças fossem para o ralo. Ele estava ali para repassar medidas de segurança, já que aparentemente Julieta agora tinha que se preocupar com possíveis ataques rebeldes no orfanato onde morava.

O orfanato era sua casa desde que ela tinha cinco anos e se algo acontecesse com as crianças e os funcionários de lá por causa dela, Julieta não ia se aguentar de culpa. Por isso passou o resto da manhã se sentindo preocupada. E como se não bastasse, quando Julieta se preocupa demais sua cabeça começa a latejar e ela é acometida por crises de enxaqueca bem fortes. Todas essas dores foram herdadas do acidente de carro que aconteceu anos atrás. Julieta tinha dois anos na época e estava no veículo com a mãe, o pai e a avó, mas de todos eles ela foi a única sobrevivente. Depois do ocorrido, Julieta ficou em coma por três longos anos e quando finalmente acordou, foi recebida com a notícia de que “papai e mamãe tinham ido para um lugar melhor, e infelizmente, a vovó também. ” E desde então fizera do orfanato sua casa, tratando os funcionários como seus pais, tios e avós e as crianças como seus irmãos e irmãs.

Por causa da incessante dor de cabeça, Julieta se sentou à mesa de almoço com um humor tão negro quanto o oceano numa noite de lua nova. Bastava as pessoas olharem para ela para serem vítimas de seus olhares assassinos. E teria continuado mal-humorada pelo resto do dia se não fosse por Alice. Ela era uma garota de sete anos, bastante magra e com adoráveis cachinhos castanhos e olhos verdes. Julieta era incapaz de ficar algumas horas com a pequena e não melhorar o humor. Naquele final de tarde as duas se encontravam deitadas sobre o quintal do orfanato, observando as nuvens e decidindo com que coisas elas pareciam. Era difícil dizer qual das duas falava coisas mais sem noção, mas sinceramente não se importavam. Estavam apenas aproveitando a companhia uma da outra enquanto ainda podiam, já que dali a poucos dias Julieta iria para o palácio e ficaria sem ver Alice por vários meses.

— Aquela nuvem ali se parece com o pingente que minha mãe costumava usar – disse Alice, seu tom de voz tristonho.

Alice tinha perdido os pais a pouco tempo, então a lembrança deles ainda estava vívida na sua cabeça. Por mais que não quisesse admitir, Julieta sentia um pouco de inveja. Sua família tinha morrido quando ela era tão pequena que não fazia ideia de como seus rostos eram, de como era sua casa ou de nada da sua vida com eles. A selecionada abraçou Alice e elas ficaram assim por alguns minutos até a pequena reclamar que estava sem ar e se afastar de Julieta rindo.

— Olha Julie! – Alice apontou para uma grande nuvem logo acima delas – Aquela ali se parece com um vestido de noiva, como o que você vai usar quando se casar com o príncipe.

— Se eu me casar com o príncipe – disse Julieta, enfatizando o “se”.

Alice olhou para a selecionada com uma expressão que exibia confusão.

— E por que você não se casaria? Você é legal e é linda. E aposto que vai ficar ainda mais linda usando um vestido de noiva.

Julieta riu.

— Eu sou tão branca que se usasse um vestido de noiva ninguém ia conseguir me distinguir dele. Eu ia ficar parecendo uma pilastra mais larga embaixo e com um tufo de cabelo ruivo em cima – Julieta odiava o fato de sua pele ser branquinha demais. Já tinha passado várias horas debaixo do sol para tentar reverter isso, mas não adiantada porque invés de ficar bronzeada, a garota ficava é muito vermelha.

Alice e Julieta ficaram observando o céu até o sol se pôr, e teriam ficado por mais tempo se a dona do orfanato, Diana, não tivesse as chamado para dentro reclamando que pegariam um resfriado. Julieta se sentou para jantar e logo um grande prato de bolo de chocolate com sorvete de baunilha foi colocado a sua frente por Diana. A garota olhou surpresa para a refeição e em seguida para a mulher.

— No palácio você não vai comer isso mais, então tem que aproveitar enquanto ainda está aqui – disse Diana, com um sorriso triste.

Julieta não quis nem discutir e já foi atacando o prato. Ela amava doces com todas as suas forças, e principalmente bolo com sorvete. Não demorou mais do que três minutos para terminar de comer, mas longe de estar satisfeita, Julieta levantou os olhos para Diana, lançando-lhe seu melhor olhar de cachorrinho pidão. A mulher soltou um longo suspiro e voltou a cozinha para pegar mais para a garota.

— Ninguém resiste ao meu olhar de cachorrinho pidão! – gritou Julieta para em seguida soltar uma risada diabólica.

— Só tome cuidado com seu peso quando estiver no palácio. Dizem que as comidas de lá são fabulosas – disse Diana, voltando da cozinha.

Julieta ia mesmo ter que ficar de olho. Era naturalmente gulosa e se não se controlasse podia ficar ainda maior que o rei. Só de se imaginar desse tamanho a garota não conseguiu se controlar e começou a gargalhar. Alguns funcionários e crianças mais velhas olharam para ela como se fosse louca. Afinal quem completamente sã iria começar a rir assim do nada? Mas Julieta não se importava. Talvez fosse mesmo meio louca afinal.

— Julieta – chamou Diana – Assim que terminar de comer venha ao meu escritório. Tem uma coisa que quero te dar.

Isso imediatamente acionou a curiosidade da garota, mas a sua “gulosisse” a superava. Julieta continuou a comer e só quando tinha limpado o prato se levantou e se dirigiu ao escritório de Diana. Tratava-se de uma sala pequeno com uma mesa de madeira no centro e várias fotos de crianças que já passaram pelo orfanato espalhadas pelas paredes. Havia inclusive uma foto de Julieta quando ela tinha uns seis anos, um sorriso banguela no rosto e os cabelos uma confusão ruiva. “Pelo visto é desde pequena que eu não tenho paciência para deixar meu cabelo todo certinho e arrumado”, pensou Julieta.

Diana estava sentada atrás da mesa com uma expressão séria no rosto. Um papel de aspecto velho situava-se na sua frente.

— O que é isso? – perguntou Julieta, indicando o papel.

— Bom... – Diana suspirou, claramente sem saber por onde começar sua fala – Vou ser direta. É uma reportagem retratando o acidente de carro que matou sua família. Eu a achei alguns dias atrás enquanto estava na biblioteca, e não sabia se deveria ou não te dar. Mas acabei concluindo que era seu direito tê-la.

Julieta olhou surpresa para o papel. Ali na sua frente estava a chance de saber mais sobre o que aconteceu com sua família do que ela jamais soube. Esticou avidamente a mão para a reportagem e passou rapidamente os olhos pelas palavras. Aparentemente, Julieta só havia sobrevivido ao acidente pois estava sem cinto de segurança e antes do carro cair no rio ela voou pelo para-brisa e aterrissou com força na estrada. Mas o que mais desestabilizou a garota não foi saber como ocorreu o acidente em si, e sim a foto no canto da reportagem. Nela estavam seus pais segurando um bebê gorducho que só podia ser ela.

Lágrimas começaram a correr pelas bochechas de Julieta. Diana, aflita por vê-la assim, correu para a cozinha para buscar um copo de água com açúcar. “É impressionante como eu ferrei com tudo na minha vida”, pensou Julieta. “Meu pai morreu, minha mãe morreu, minha avó morreu, ninguém me adotou e quando fizer dezoito anos vou ter que sair do orfanato”. Mas ainda tinha a seleção. Ela era sua chance de viver novas aventuras, fazer novas amizades, se apaixonar e talvez arranjar uma nova família. Só que nada disso aconteceria se ficasse choramingando e lamentando pelo que já aconteceu e não podia ser mudado. Com essa nova resolução na cabeça, Julieta enxugou as lágrimas e decidiu que deixaria o passado no passado.

 

******************************************************

Luna Amaya White, casta 2, província Clermont

Gotas de suor escorriam da testa de Luna conforme ela realizava rodopio atrás de rodopio. A música clássica reverberava nos seus ouvidos, embalando-a conforme ela dava o último salto e aterrissava suavemente no chão.

— Parabéns Luna – disse sua professora de ballet, uma mulher de meia idade com forte sotaque francês – Você está melhorando. Daqui a apenas algumas aulas estará executando o allégro com perfeição.

Luna agradeceu enquanto se sentava para tirar a sapatilha de ponta. Acabada a aula, a garota tomou um banho, deixando a água quente cair por seu corpo e amenizar as dores provocadas pela dança. Quando se sentiu limpa, Luna vestiu um vestidinho preto e passou o seu amado batom vermelho nos lábios, para em seguida sair pelas ruas de Clermont em direção a sua casa. Conforme andava, o sol batia em seu cabelo, fazendo-o refulgir em tons de chocolate. Só de pensar em chocolate, Luna sentiu uma pontada de fome. Ela era apaixonada por chocolate e quando estavam acompanhados por morangos era ainda melhor.

A distância da Academia de Dança até sua casa não era grande, e Luna agradecia por isso, já que seus pés estavam todos doloridos por causa das sapatilhas. Após abrir a porta da frente, a garota foi direto para o andar de cima, encontrando com sua madrasta no longo corredor que levava para os quartos. Rachel nem percebeu a aproximação de Luna, compenetrada em mandar uma mensagem pelo celular. A mulher nem olhava para onde andava, de forma que estava prestes a pisar na gatinha da selecionada com seus saltos de quinze centímetros. Apavorada com a possibilidade de isso acontecer, Luna soltou um grito agudo e Rachel, surpresa com o súbito barulho, cambaleou vários passos para trás.

— Olha por onde anda! – gritou Luna, correndo para pegar Ísis em seu colo. A garota era um tanto quanto sentimental quando se tratava de animais, principalmente seus animais. A gatinha ronronou, não parecendo nem de longe tão indignada quanto a dona.

— Ah é você – disse Rachel, lançando a garota um olhar de desprezo – Sua aula de balé já acabou? Mas que pena. Eu não me importaria se ela durasse o resto do dia.

— Não duvido disso. Mas ao contrário do que você acha, o mundo não está aí para satisfazer todas as suas vontades.

— Nem as suas né queridinha. Você fica aí dançando balé mas sabe que essa nunca poderá ser sua profissão.

Luna franziu a testa em sinal de desgosto. Infelizmente era verdade. Ela pertencia a casta dois e a única que podia fazer da dança sua profissão era a cinco. Rachel deu uma pausa para observar a reação da garota antes de continuar.

— Ah o balé! É uma coisa tão de castas inferiores praticar balé. Uma dois fazendo isso é uma coisa digna de risos.

Ela não entendia. É claro que ela não entendia. Era esnobe demais para entender. A paixão pela dança era uma coisa que Luna havia herdado da mãe. Quando praticava balé sentia que o mundo inteiro desaparecia e tudo se resumia a ela e suas sapatilhas. Se sentia mais bonita, mais poderosa e mais livre do que nunca. Era uma coisa que simplesmente amava fazer. E certamente não iria parar só porque isso era algo que Rachel desaprovava.

— Bom saber sua opinião. Eu aviso quando ela for de alguma importância para mim – Essa era uma resposta um tanto quanto ácida para os padrões de Luna. Normalmente ela era mais pacificadora, mas insultar o balé realmente a tirou do sério.

Rachel olhou surpresa para a garota, mas logo se recuperou e abriu um sorrisinho.

— Sabe Luna.... Eu mal posso esperar para você estar a vários quilômetros daqui. O dia em que você for para o palácio será, provavelmente, um dos melhores da minha vida. Estou pensando em até dar uma festa! E vou fazer questão de servir suas comidas favoritas para que todos as comam menos você.

Ísis começou a silvar e se contorcer no colo de Luna, ansiosa para deixar o rosto arrogante de Rachel em tiras sangrentas. E a garota estava prestes a deixar isso acontecer quando seu pai cruzou o corredor e veio em direção a elas.

— Aí estou minhas duas garotas! – disse Petter, para em seguida dar um beijo na cabeça de Luna e um selinho em Rachel. O rosto da mulher exibia um sorriso radiante, bem diferente da carranca de desprezo de minutos atrás – Então, sobre o que estavam falando?

— Eu só estava dizendo para a Luna como sentiria falta dela quando ela fosse para o palácio – disse Rachel com os olhos cheio de lágrimas. “Como alguém consegue ser tão falsa? ”, pensou Luna

— As palavras dela foram mesmo muito gentis. E pode ter certeza Rachel que tudo o que você deseja para mim eu desejo em dobro para você – disse Luna.

Rachel lançou um olhar de ódio para a garota que não foi percebido por Petter, mas que fez com que Ísis voltasse a silvar.

— Luna qual é o problema com essa gata? Ela parece meio atacada – perguntou Petter.

— Deve ser a minha presença. Eu nunca fiz nada com a Ísis mas ainda assim ela é agressiva comigo – disse Rachel, esticando os lábios em um beicinho. “Nada exceto quase pisar nela com seus saltos absurdamente altos”, pensou Luna.

Rachel esticou a mão para Ísis tentando acaricia-la, mas a gata reagiu violentamente e arranhou sua mão. A mulher soltou um berro e Luna não conseguiu se controlar e deu uma risada.

— Gata estúpida! – gritou Rachel para depois se virar de frente para Petter – Amor, você tem que se livrar dela. Olha o que ela fez na minha mão!

Luna olhou para o pai completamente temerosa que ele realmente a obrigasse a mandar Ísis embora. Petter retribuiu seu olhar e os dois ficaram se encarando por alguns segundos. Por fim ele soltou um longo suspiro e se virou para Rachel.

— Sinto muito, mas a gata é muito importante para a minha filha e eu não vou me livrar dela só porque ela arranhou sua mão. Daqui a algumas semanas o machucado vai estar completamente sarado e você não vai nem se lembrar do que aconteceu.

Rachel olhou descrente para Petter, chocada que ele não tivesse feito o que ela mandara. Aborrecida, ela se virou e seguiu pelo corredor a passos duros, mas não sem antes lançar um último olhar de ódio para Luna. Mas a garota estava feliz demais para se importar. Pelo visto o pai não tinha ido completamente para o “lado negro” ainda.

— Então aiko, o que vai fazer pelo resto do dia? – perguntou Petter para Luna.

Era estranho para a garota ouvir o pai a chamando pelo apelido que a mãe lhe dera. Ou que pelos menos diziam que a mãe lhe dera, já que Luna era pequena demais para se lembrar. Anne era apaixonada pela cultura do Japão e dês de que a filha nasceu sempre lhe deu apelidos que pertenciam a língua desse país. Aiko era um deles, e significava filha amada. Havia também sayo, que significava nascida a noite. Mas o favorito de Luna era amaya, que inclusive era um de seus sobrenomes, e significava chuva da noite.

— Acho que vou ligar para meus amigos – respondeu Luna. Estava mesmo precisando de uma palavra amiga depois da conversa com Rachel.

— Só não abuse do tempo no telefone hein. Eu posso ganhar bem, mas essas contas estão demais até para mim – disse Petter, em tom brincalhão.

— Pode deixar pai – disse Luna com um sorriso.

Durante as três horas seguintes, Luna se revezou para conversar no telefone ora com Olívia, ora com Camila, ora com Tony, enquanto sua gatinha brincava com seu cachorro aos pés da cama. E depois de ouvir a voz de seus três melhores amigos, depois de brincar com seus amados bichinhos de estimação, depois de ver o brilho nos olhos bondosos de seu pai, Luna percebeu que não estava tão ansiosa para ir para o palácio quanto Rachel estava para que ela fosse.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam?? Criadoras das selecionadas, vocês gostaram?? Me digam TUDO! Inclusive se vocês odiaram.



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