The Next Queen - Interativa escrita por Lu au Andromedus


Capítulo 24
Capítulo 22 - Os rebeldes


Notas iniciais do capítulo

Hello, hello.
Bom, tenho que admitir que eu estou meio decepcionada com vocês. O capítulo passado teve apenas quatro comentários, sendo que dois foram de leitoras que nem tem selecionadas na história. Sério, isso é muito desestimulante. Ora gente, se tem algo que vocês não estão gostando na história vocês tem que falar! Não é com tratamento de silêncio que as coisas são resolvidas.

De qualquer forma espero que gostem desse capítulo. Boa leitura.



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Capítulo 22

Os rebeldes

 

Na madrugada de sexta-feira, debaixo de um mar de estrelas brilhando no céu, três membros da Onda eram transportados em carros blindados até a sede da Guarda Real em Angeles. Estavam algemados e amordaçados depois de matarem quatro homens em sua tentativa de escapar da prisão. Tentativa vã, porém, que só serviu para deixar um deles gravemente ferido.

Os rebeldes foram jogados em celas pequenas, com fechaduras eletrônicas e paredes de vidro, que permitiam a todos que passavam verem os três em sua situação miserável. Já os guardas estavam em êxtase. Nunca haviam capturado um rebelde vivo, portanto nunca tiveram a chance de interrogar um. Isso ia mudar naquele dia.

Foi com essa notícia que Nicholas acordou. Seu plano tinha dado certo, e logo um grande sorriso surgiu em seu rosto. Desceu para o café da manhã felicíssimo, e até chegou a dar um abraço em Katze, o gato de Mia, apesar de ele não parecer ter gostado muito. As selecionadas também aparentavam animação, e lhe lançaram sorrisinhos quando entrou no Salão de Jantar.

— Onde está o papai? – perguntou Nicholas para Alice, ao notar que o lugar de costume do rei, na cabeceira da mesa, estava desocupado – Não me diga que ele está na cama de ressaca.

— Não dessa vez – respondeu ela – Ele está na sede da Guarda Real, acompanhando enquanto os rebeldes são interrogados. Saiu não eram nem seis horas da manhã e disse que só voltaria mais tarde.

— Ele te falou isso?

Alice assentiu.

— Veio até o meu quarto me dar um beijo de despedida.

O rosto de Nicholas se contorceu em uma careta. Sabia que Robert era mais próximo a Alice do que a ele, e sabia que não tinha nenhum direito de ficar chateado. Via o jeito com que Katrina tratava a irmã, como se ela fosse uma constante desilusão apenas por existir, mas não conseguiu evitar sentir uma pontada de decepção. Suspirou. Teria que simplesmente diminuir suas expectativas.

Alice decifrou com maestria a expressão de Nicholas, e logo colocou a mão sobre a dele.

— Nicholas, eu....

— Não importa – interrompeu ele, se levantando de sua cadeira – Se papai está na sede da Guarda Real, é lá que eu tenho que estar também. Afinal, sou seu herdeiro.

Murmurou uma rápida despedida as selecionadas, as irmãs e a mãe, que não fez nenhum movimento para impedir o filho de ir. Conhecia-o muito bem e já devia saber que ele iria fazer algo assim.

Nicholas nem trocou de roupa, somente convocou alguns guardas para acompanha-lo e subiu num grande carro preto, ordenando-o ao motorista para leva-lo até os rebeldes. Batucava nervosamente na perna durante todo o percurso. Não sabia nada sobre como os integrantes da Onda eram ou como agiam, e odiava se sentir tão despreparado.

Ao pular do carro, uma série de jornalistas e fotógrafos antes parados a porta da sede da Guarda Real o cercaram. Flashes estouravam em seus olhos, e Nicholas não conseguia ver nada que estava a mais de dois metros à sua frente. Coube aos guardas conduzirem-no até o interior do edifício, uma construção baixa, feita de pedra cinzenta e sem nenhuma janela. Nada bonita arquitetonicamente falando, mas extremamente resistente, e era isso que importava para os guardas.

— Alteza – cumprimentou Cole, um dos generais de Robert, vindo ao encontro de Nicholas – Já antecipávamos a sua vinda. Encontrará seu pai no andar de baixo. Permita-me leva-lo lá.

Nicholas assentiu, e ele e Cole foram até um elevador estreito de metal, tão claustrofóbico que o garoto teve que respirar fundo diversas vezes para se controlar. Em seguida, passaram por um comprido corredor e desembocaram em uma grande sala de aspecto frio, cadeiras e sofás que aparentavam serem extremamente desconfortáveis aparecendo aqui e ali, sem nenhum padrão que Nicholas pudesse perceber. Robert estava sentado em um deles, mas se levantou quando viu o filho chegar.

— Sua mãe estava certa. Bem que ela disse que você não ia aguentar acompanhar tudo de dentro do palácio, apesar de essa ser a coisa mais sensata a se fazer – murmurou Robert, parecendo um tanto quanto irritado.

— Sou seu herdeiro. Não posso acompanhar tudo por trás dos panos, não se quero adquirir experiência – respondeu Nicholas, cruzando os braços.

— Experiência é supervalorizada. Só Deus sabe o que eu daria para voltar a ter sua idade e não ter experiência nenhuma. De qualquer forma, espero que tenha aproveitado sua viagem de carro, porque daqui para frente sua vinda terá sido inútil. Os rebeldes não falam nada.

— Por que não?

— Ora, eu não sei. Não acabei de dizer que eles não falam nada?

— Bom quero vê-los de qualquer jeito.

Robert soltou um gargalhada, percorrendo o corpo do filho de cima a baixo.

— Está ansioso para ver seu inimigo cara-a-cara pela primeira vez, não é? Era bem como você em minha juventude. Só que levava uma pistola também, para a primeira vez ser também a última – Robert riu de novo, como se matar pessoas com pistolas fosse a coisa mais engraçada do mundo.

— Então você vai me levar até lá ou não?

Robert suspirou e fez um gesto de mão para o filho o seguir. Juntos, passaram por grossas portas de aço e emergiram em um largo corredor, no qual dos dois lados se viam celas com paredes de vidro enfileiradas uma ao lado da outra. Nem todas estavam ocupadas, mas as que estavam continham pessoas cujos olhos expressavam uma desolação tão grande que fez Nicholas estremecer. Era inquietante vê-los assim tão expostos, como se fossem experiências em um laboratório. Rebaixados a nada mais do que cobaias. Pai e filho pararam diante de uma cela cercada por cinco guardas e que continha um homem grande vestido com farrapos, um filete de sangue escorrendo de sua testa e as mãos algemadas atrás das costas. Robert se aproximou e deu uma batidinha na parede da cela.

— As paredes são feitas de vidro a prova de bala. Nós conseguimos ver tudo através dela, mas os prisioneiros só conseguem nos ver se nós permitimos. Tecnologia de ponta – Robert sorriu com orgulho, como se fosse ele próprio a tê-la projetado, o que com certeza não fora.  

— Quer que ele consiga vê-los, Majestade? – perguntou um dos guardas, indicando o homem sentado dentro da cela. Robert olhou para Nicholas, como se esperasse que ele respondesse, e o príncipe concordou.

— Quero conversar com ele. Quem sabe consigo fazê-lo falar.

— Boa sorte com isso— disse Robert, mas fez um gesto para o guarda, indicando a ele para obedecer.

Foi perceptível o momento que o homem passou a enxerga-los. Ele levantou a cabeça, seus olhos passaram por Robert e se focaram em Nicholas. Parecia surpreso de vê-lo ali, sua boca se escancarou devido ao choque, mas nenhum som escapou dela.

— Soube que não está querendo falar. Muito inconveniente da sua parte – falou Nicholas, tentando empregar o mesmo tom de voz que ouvia a mãe falar com os empregados. Um tom autoritário, que os desafiava a desobedece-la e arcar com as consequências de tal ato – Mais cedo ou mais tarde, você vai acabar falando. Sabe disso, não sabe? Temos meios de convencê-lo a abrir a boca.

A palavra não foi dita, mas pelo súbito desconforto no ambiente, todos pareceram entende-la muito bem. Tortura. Essa prática era na verdade proibida em Illéa, Nicholas só torcia para que o homem não soubesse disso. Ele não disse nada, mas o príncipe achou ter visto por um segundo seus lábios tremerem levemente.

— Seus companheiros estão bem, caso você esteja se perguntando – continuou Nicholas – E a permanência deles assim só depende de você e da sua cooperação. Então por favor, abra a boca. Não é possível que sua lealdade a Onda seja forte o suficiente para valer a sua vida e a de seus companheiros.

Seguiu-se um longo silencio, em que o homem não fez nada a não ser encarar Nicholas, diretamente nos olhos. Seu olhar era duro, duro como pedra e o príncipe ficou seriamente tentado a desviar o dele, mas achou que isso mostraria fraqueza, então não o fez. Por fim, o rebelde balançou a cabeça e disse, pela primeira vez:

— Acredito piamente nos ideais da Onda, garoto. Não há uma coisa que eles façam com a qual eu não concorde. Estamos perseguindo algo grande, algo que sabemos que não pode ser conquistado com autopreservação. Então você me pergunta se eu estou disposto a morrer? É claro que estou. E tenho certeza que os dois homens que foram capturados comigo também estão – ele deu um sorriso triste – Porém, a natureza humana é fraca, e não estou disposto a correr riscos.

O homem se calou, e poucos segundos depois, lágrimas começaram a cair de seus olhos, enquanto urros de dor escapavam de sua boca fechada.

— O que está acontecendo? – exclamou Nicholas, alarmado – Abram a porta. Abram a porta agora.

Os guardas se moveram para fazer o que lhes foi ordenado, parecendo, também, bastante surpresos. Nicholas entrou na cela a passos rápidos e se aproximou do rebelde. Ele agora soluçava, seu rosto todo marcado de lágrimas, mas subitamente se calou, e abriu a boca. Algo grande e vermelho escapou de dentro dela, caindo com um baque no chão.

— O que é isso? – perguntou Nicholas.

— A língua dele – murmurou um guarda.   

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Depois que interrogar o primeiro rebelde se tornou inútil, não tardou para que o segundo se tornasse também. Num lapso de atenção dos guardas, ele bateu a cabeça contra a parede, tantas vezes e tão forte que teve um traumatismo craniano e morreu. Já o terceiro ainda estava se recuperando da cirurgia feita devido aos ferimentos que tivera lutando contra os guardas, e logo se tornou a única fonte de esperança de descobrir alguma coisa sobre A Onda. Era vigiado constantemente, e um único movimento brusco já deixava os guardas alarmados. 

Porém Nicholas não permaneceu para acompanhar nada disso. Saiu correndo da sede no momento em que o primeiro rebelde arrancou a própria língua, sem uma olhadela para trás. No almoço daquele mesmo dia, ele não desceu para o Salão de Jantar e não comeu nada. Se sentia um tanto quanto enojado e desconcertado. Como uma pessoa teria coragem de fazer uma coisa dessas? Como teria forças para suportar a dor excruciante que tal ato impunha?

Tudo que Nicholas mais queria era ficar no quarto pelo resto do dia, tentando apagar essa imagem da mente. Porém, era um príncipe e tinha compromissos a cumprir, de forma que, no final da tarde, descia as escadas e percorria os corredores que levavam até o Salão das Mulheres.

Respirou fundo, uma, duas, três vezes, em seguida deu um sorrisinho, que ele esperava que não fosse tão vazio quanto estava se sentindo, e abriu levemente a porta.

— Mãe, posso entrar? – perguntou para Katrina, que estava sentada bebericando um copo de suco enquanto uma criada lixava suas unhas. Ela levantou a cabeça e sorriu.

— É claro – disse Katrina, e se virou para as selecionadas que estavam espalhadas em grupos pelo ambiente – Caso vocês não saibam. Todo homem que tiver intenção de entrar no Salão das Mulheres deve pedir permissão a rainha. Nada acontece nesse lugar sem que eu não saiba. Pensem nisso antes de trazer um rapaz aqui para fazer o que quer que seja.

Nicholas levantou uma sobrancelha para a mãe, mas não disse nada relativo a fala dela. Invés disso, entrou no Salão e imediatamente todas as selecionadas ajeitaram a postura e levantaram as mãos para arrumar o cabelo. Nicholas não conseguiu deixar de reparar em como era engraçado o modo como ficavam visivelmente nervosas perto dele.

— Boa tarde, senhoritas. Não estou aqui para falar sobre os rebeldes capturados e o que aconteceu com eles. Imagino que Kate já as tenha informado sobre isso. Meus motivos aqui são bem diferentes. Primeiro um ruim. Queria deixar-lhes ciente de que irei eliminar uma de vocês esta noite. Segundo um bom. Gostaria de convidar uma garota para um encontro.

Caminhou até um grupo de quatro selecionadas sentadas ao redor de uma mesinha e parou diante de uma delas.

— Senhorita Elisabeth, gostaria de sair comigo?

Elisabeth levantou a cabeça e o encarou, chocada.

— Mas... eu achei que... no baile... – balançou a cabeça, e por fim assentiu – Claro. Devo ir ao meu quarto trocar de roupa?

— Não há necessidade. Você está perfeita desse jeito – respondeu Nicholas, indicando o vestido amarelo que ela usava. Estendeu a mão para Elisabeth, que a pegou, e os dois saíram de braços dados pelas portas do Salão das Mulheres, acompanhados por olhares de inveja por parte de algumas selecionadas.

Nicholas conduziu Elisabeth pelos corredores do palácio até as portas que levavam para o jardim. Passaram por elas e começaram a caminhar pela grama macia. As árvores projetavam sombras escuras no chão, que os protegiam momentaneamente do sol quente de Angeles. Estavam no meio do outono, mas, como os locais diziam, não havia estação fria nessa província, só uma menos quente que a outra. Durante todo o percurso, nem Nicholas nem Elisabeth disseram nada, até que a garota por fim quebrou o silêncio.

— Por que está fazendo isso?

— Como é? – Nicholas soltou o braço do dela e se virou, de forma que ficassem cara-a-cara.

— Durante o baile você ficou bravo comigo, eu sei que ficou. Não gostou do que eu disse. E então você anunciou no Salão das Mulheres que iria eliminar alguém, e eu jurei que seria eu. Já estava me despedindo mentalmente do palácio quando você vem e me convida para um encontro. Está brincando comigo, Nicholas?

— É claro que não – ele franziu a testa – Acha mesmo que eu faria isso?

Elisabeth cruzou os braços.

— Não sei. Não te conheço muito bem.

— Isso é verdade. E nem eu a você. Mas sei que você tem uma visão bem otimista do mundo, o que é de certa forma fascinante para mim. Por isso que queria conversar com você.

— Então não vai me eliminar?

Nicholas deu um sorriso torto.

— Hoje não.

— Bom, isso é um alívio – Elisabeth sorriu.

— Por que? Não queria se ver longe de mim? – perguntou Nicholas, num tom brincalhão.

— Na verdade é mais por causa do dinheiro.

Nicholas levou a mão ao peito, como se ela estivesse acabado de apunhala-lo.

— Isso doeu.

Elisabeth riu.

— Não preferiria que eu mentisse, preferiria?

— É uma defensora da verdade a qualquer custo, senhorita Elisabeth?

— Ummm não. Já perdei a conta de quantas vezes menti para minha família.

Nicholas arqueou as sobrancelhas.

— Que tipo de mentiras?

— Mentiras boas. Como nas vezes que eu trazia uma quantidade minúscula de comida para casa, dava tudo para meus irmãos e quando eles perguntavam para minha mãe e eu se nós não estávamos com fome, respondíamos que não, mesmo que estivéssemos.

Nicholas arregalou os olhos e olhou para o chão, antes de levantar novamente a cabeça.

— Desculpe. Não devia ter tocado nesse assunto.

— Não se preocupe – Elisabeth deu de ombros – Não é como se não falar do meu passado fosse fazer ele desaparecer. Além de que as coisas estão melhores agora, com o dinheiro que eu estou ganhando com a seleção.

— Fico feliz em ouvir isso – disse Nicholas, que em seguida abriu um sorriso envergonhado - Tenho que admitir que não preparei nada para esse encontro, Elisabeth. Achei que já teria me dado as costas e saído daqui enraivecida a essa altura.

— Não seja bobo. Um passeio pelo jardim já é mais do que suficiente para mim. Inclusive, eu gostaria muito mais de algo assim do que se você me levasse para comer.

— Ah é?

Elisabeth concordou com a cabeça.

— Aham. O jantar é daqui a pouco, e como poderia aproveitar a comida se nós fôssemos fazer um lanche agora?

Nicholas riu e mirou os olhos esverdeados de Elisabeth. Eles eram bonitos, assim como ela.

— Bom, o sol já está se pondo e considerando que ainda tem de se preparar, vou deixa-la ir. Não teria a audácia de priva-la do jantar.

— Certo. Então até mais tarde, Nicholas – Elisabeth lhe deu as costas e começou a andar em direção as portas do jardim, porém antes de atravessa-las parou e disse - Obrigada pelo passeio.

Nicholas assentiu, com um sorriso no rosto.


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Notas finais do capítulo

Me perdoem pelo título extremamente pouco criativo do capítulo kkk. Não consegui pensar em nada melhor. Espero vê-las nos comentários!!