The Next Queen - Interativa escrita por Lu au Andromedus


Capítulo 22
Capítulo 20 - A Noite do Baile: Parte Dois


Notas iniciais do capítulo

Olá leitoras!! Voltei com a última parte do baile. Esse capítulo ficou grande, bem maior do que eu achei que ficaria, o que me fez perceber que sou péssima com previsões. Tanto é que disse no capítulo passado que conseguiria postar no prazo e não consegui. Péssimo, péssimo, péssimo. Mas superamos.
Espero que gostem e boa leitura!



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Capítulo 20

A Noite do Baile: Parte Dois

 

Rainha Katrina Schreave

Os saltos de Katrina estalavam no chão de pedra enquanto ela andava em direção a Robert, que estava concentrado demais passando as mãos pela bunda de uma garota que não devia ter mais do que vinte anos de idade para notar sua aproximação. O baile havia começado a pouco mais de uma hora, e nesse meio tempo, os dois monarcas não trocaram uma palavra sequer. Já haviam ultrapassado, e muito, a fase de tentar manter as aparências de que eram um casal feliz, e agora preferiam simplesmente ficar em lados opostos do ambiente, cada um na sua. Mas isso não queria dizer que Katrina iria permitir que ele ficasse se engraçando com garotas em público, enquanto todos os convidados assistiam e lançavam olhares de pena em direção a ela, sua pobre esposa corna.

— Saia – disse Katrina para a garota e sentiu um prazer imenso ao ver seus olhos arregalarem de pavor. Ela fez o que lhe foi ordenado com uma rapidez impressionante. Robert a deixou ir embora, lançando a esposa um olhar de irritação.

— O que foi isso, mulher? Ciúme? Quer dizer, sei que sou muito atraente, mas achei que já tinha me superado.  

— Querido Robert, não há nada em você que me atraia. Absolutamente nada – ela apontou para si mesma - Você pode dizer o mesmo sobre mim?

A expressão de Robert se fechou, rugas aparecendo em sua testa e cheiro de álcool exalando do seu hálito.

— Atração? Sua personalidade é pior que a de uma cobra. Quase consigo ver o veneno pingando.

Um sorriso se espalhou pelo rosto da rainha, como o de uma criança que havia sido pega fazendo algo errado, mas que não se arrependia nem um pouco, pelo contrário, estava orgulhosa.

— Talvez. Mas me referia a outro tipo de atração, e você sabe muito bem disso. Fugindo da pergunta, querido?

Os olhos de Robert percorreram as pernas longas da esposa, passando por sua cintura marcada pelo vestido e por seu decote, que deixava a parte de cima dos seios à mostra, parando em seus olhos delineados por uma sombra preta e dourada. Ele não disse nada e o sorriso de Katrina aumentou. 

— Foi o que eu pensei. E você é um tolo se acha que aquela garota estava com você por se sentir atraída por ... bom – ela fez um gesto de mão, percorrendo Robert dos pés à cabeça – tudo isso.  Ou quem sabe ela estivesse sim atraída, mas pelo prestígio e pelos presentes que ganharia caso se tornasse sua amante regular.

— Que seja – Robert deu de ombros – Ela pode ter segundas intenções, mas não é como se eu estivesse apaixonado por ela também. Então ela me usa e eu a uso. Agora, que direito você acha que tem de se meter nas minhas aventuras amorosas? Eu sou o rei, e você é só a rainha, então está subordinada a mim.

Katrina estreitou os olhos, que eram de um tom entre o castanho e o verde, fazendo-a parecer um felino espreitando sua presa.

— Você perdeu o direito de me ter como subordinada no momento em que decidiu que foder garotas e se afogar em bebidas eram mais importantes para você do que do que governar esse país. Devia ser grato por me ter para assumir essa função.

Robert riu, e o momento era tão inapropriado para isso que Katrina ficou com vontade de dar-lhe um tapa. Só não o fez pois poderia quebrar as unhas na cara gorda do marido.

— Você governa Illéa? – disse ele - Que azar o seu, já que, considerando os ataques rebeldes que vem acontecendo e que inclusive aconteceram bem aqui nesse palácio exatamente uma semana atrás, você não está fazendo um trabalho muito bom. 

— Não vou brigar com você aqui – Katrina falou, se concentrando para manter o tom de voz baixo – Estamos em público e seria deselegante. Mas não pense nem por um segundo que ganharia caso eu decidisse retrucar.

Robert abriu os braços, o sorriso ainda no rosto.

— Se você diz....

Ele deu as costas a esposa e caminhou em direção à mesa reservada a família real, que ficava alguns centímetros acima de todas as outras, num estrado de pedra. Katrina ficou para trás, irritada por não ter sido ela a dar a última palavra e por ter deixado o marido levar a melhor.

Um garçom passou ao seu lado, carregando copos de uísque. Ela pegou um, entornando-o de uma vez. Ora, por que tinha que ficar sóbria quando Robert cambaleava de bêbado? Por que tinha que manter uma aparência de classe e perfeição quando ele não fazia nenhuma questão?

— Lieber Mensch, was passieren würde, wenn ich sie in die See werfen, um das Schloss? Ich wette, sie versinken würde wie ein Stein. Mit so viel Fett Es konnte nicht anders sein – murmurou Katrina em alemão, enquanto bebia mais um copo de uísque. O líquido desceu queimando por sua garganta, mas ela não se importou. Não é como se estivesse bebendo pelo sabor, afinal de contas.

Uma risadinha chamou sua atenção, e Katrina virou em direção a uma garota ruiva, que estava encostada na parede leste do Salão de Bailes, um copo de refrigerante na mão e um sorriso no rosto. A rainha se aproximou dela, que levantou a cabeça quando a viu, claramente apreensiva.

— Do que está rindo? – perguntou a rainha, seu tom de voz seco. Porém, a garota não se deixou abalar. Pelo contrário, levantou a cabeça e disse com uma voz firme e polida:

— Do que Sua Majestade disse. Desculpe se pareci indelicada.

Katrina ergueu uma de suas sobrancelhas perfeitamente desenhadas.

— Você entende alemão?

— Sim, Majestade.

— Interessante – examinou a garota com mais atenção. Ela parecia ter entre os dezessete e os vinte anos, seus cabelos eram ruivos e usava um vestido azul, que destacava seus olhos cinzentos. Não era nenhuma nobre ou filha de nobres, senão Katrina se lembraria dela, de modo que só podia ser mais uma das intermináveis selecionadas de Nicholas – De que casta você veio?

A garota pareceu ligeiramente surpresa com a pergunta pouco discreta, mas de qualquer forma respondeu:

— Quatro, Majestade.

Isso foi um tanto quanto surpreendente para Katrina. No pouco tempo que passou examinando a garota, ela exibiu gestos delicados, porte esbelto e uma voz forte que a rainha normalmente associaria a castas altas ou a nobreza. A garota não era uma coisa nem outra. Além disso, alemão era uma língua difícil, e não era qualquer idiota que conseguia domina-la.

— Ah é? – disse Katrina – Nem todas as selecionadas de casta baixa tem um educação inferior até a da Mia então. Bom saber.

— Sua Majestade, a educação é uma coisa admirável – o tom de voz da garota permanecia inalterado - Mas acho que nada do que valha a pena realmente saber pode ser ensinado.

Katrina franziu a testa. Odiava ser contrariada, mesmo que de um jeito tão indireto quanto o usado pela garota. Mas sentia a cabeça enevoada por causa da bebida e não tinha nenhuma disposição para brigar, de forma que a única coisa que disse antes de se virar e ir embora foi:

— Eu discordo.                 

Lunara, a garota com a qual Katrina estava conversando, mas cujo nome nem se preocupou em perguntar, observou a rainha se afastar. A reprovação que sentia disfarçada por trás de uma expressão neutra que ninguém conseguia fazer melhor do que ela.

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Princesa Alice Schreave

Pelas portas do Salão de Bailes, Alice conseguia ver uma coruja voando por entre as árvores do jardim, seus olhos brilhando como dois faróis em meio a escuridão da noite. Ela passou rasante através as roseiras, desviando habilmente dos espinhos, e Alice não conseguiu evitar abrir um sorriso de admiração. Mas então a princesa captou o olhar de uma criança que a encarava como se fosse um animal de zoológico e seu sorriso sumiu. Provavelmente era nova na corte e nunca tinha visto alguém albina. A curiosidade era natural, Alice sabia muito bem disso, mas ainda assim situações como essa a faziam se sentir uma aberração.

Alice desviou os olhos rapidamente em direção ao chão. Por que negar? Ela era de fato uma aberração. Uma anormalidade dentre um mar de nobres que eram, mais do que ninguém, mestres em julgar todos aqueles que não se adequassem ao padrão considerado por eles como ideal. Por isso é que a princesa odiava bailes, odiava festas e odiava aparecer em público.

Alice percorreu os olhos pelo salão a procura de seu irmão, que era, sem dúvida, a pessoa da qual era mais próxima dentre todas daquele baile. Conversar com ele ajudaria o tempo a passar mais rápido. Porém quando o encontrou, ele estava imerso em sua própria conversa, sorrindo para uma selecionada que parecia se segurar para não derreter. Percebendo que estava sendo observado, Nicholas virou a cabeça, rapidamente encontrando o olhar de Alice. Ele arqueou uma sobrancelha e apontou discretamente para uma mesa próxima, na qual três garotas estavam sentadas. Um claro sinal de vá falar com elas. Alice negou, Nicholas apontou com mais veemência, ela negou de novo e ele juntou as duas palmas da mão em um pedido de por favor. Alice respirou fundo, lançou um olhar irritado para o irmão e caminhou em direção à mesa. As garotas pararam de falar no segundo que notaram que a princesa se aproximava, o que só serviu para aumentar ainda mais sua apreensão. Não queria, de forma alguma, deixa-las desconfortáveis.

— Olá garotas. Posso me juntar a vocês? – perguntou Alice, indicando uma cadeira vazia ao lado delas.

— Claro, Alteza – respondeu uma delas, usando um vestido vermelho rendado.

— Obrigada – Alice se sentou graciosamente, tomando alguns segundos para examinar atentamente cada uma das garotas. Eram todas bonitas e todas muito diferentes umas da outra, então não podiam ser da mesma família. Também não podiam ser nobres, ou estariam rondando pelo salão socializando com outros nobres a procura de conexões, casamentos vantajosos ou uma aliança política, de forma que só podiam ser uma coisa.  – Vocês são selecionadas, certo?

— Somos – respondeu a que usava um vestido azul claro – Eu sou Melissa e essas são Serena e Luna. E você é a princesa Alice. Impossível de não reconhecer.

— Suponho que seja mesmo impossível. Não há muitas pessoas albinas por aí, afinal – respondeu Alice, tentando esconder sua infelicidade atrás de um tom de voz neutro.

Melissa pareceu surpresa com a resposta e rapidamente a corrigiu.

— Na verdade estava falando da tiara – apontou para o alto da cabeça de Alice, na qual uma tiara prateada de pérolas repousava. Em seguida sorriu – Não sei se sou eu, mas lá na minha província não costumo ver gente usando tiaras, então é um critério muito eficiente para reconhecer a monarquia. Ainda mais porque não são acessórios nada discretos.

— E nem são feitos para serem discretos – disse Serena, com um sorrisinho - Acho que se você tem porte, poder e status o suficiente para usar uma tiara então não deveria escondê-la, mas sim deixa-la bem em evidência.

— Isso é verdade – concordou Luna— Ainda mais essa, que é maravilhosa – se aproximou para examinar mais de perto a tiara de Alice e seus olhos se arregalaram - Isso são diamantes?

Alice sorriu diante do choque da garota.

— São. A tiara foi um presente do meu pai quando fiz dezesseis anos. É minha favorita.

— E vocês tem muitas outras? – exclamou Luna – Uau, esse cotidiano da monarquia é muito surreal.

— Vai ser o cotidiano de uma de vocês quando se casarem com meu irmão.

Serena balançou a cabeça.

— É tão estranho pensar nisso. Que um dia eu possa estar à frente de todo um país, com minhas decisões capazes de influenciar a vida de milhões de pessoas – ela olhou para Alice – Só imagino quanta pressão você deve ter que aguentar por ser da monarquia.

Alice deu um sorriso triste.

— Bastante pressão. Mas não fique desestimulada. Também há o lado bom.

— Como o fato de poder usar uma tiara sem parecer uma idiota – comentou Melissa, fazendo as três rirem.

— Vocês tiveram um gostinho disso com todas essas joias que o palácio disponibilizou. Mesmo não sendo tiaras e mesmo sendo falsas.

— Essas coisas são falsas? – Luna olhou para o anel que usava com espanto.

Alice assentiu afirmativamente.

— São tão bem-feitas! – disse Serena – Mas pensando bem faz sentido que sejam falsas. Afinal são dezoito garotas. A realeza gastaria rios se dinheiro se fosse dar joias para cada uma e ainda numa variedade suficiente para combinar com seja qual vestido a garota escolher.  

— De qualquer forma não me importo – disse Luna – Falsas ou não, elas são lindas.

Alice riu, e olhou com encanto para as três garotas sentadas diante dela. Considerada antissocial por grande parcela da população, Alice quase nunca saia do palácio. E devido a isso tinha pouquíssimos amigos, a maioria sendo funcionários. Não era tola a ponto de achar que as selecionadas mudariam isso, que elas poderiam vir a se tornar próximas. Mas não contava com o fato de que elas seriam tão gentis, tão divertidas e tão diferentes das garotas nobres com quem conversava e que viviam julgando-a. Uma surpresa, mas uma excelente surpresa.

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Selecionada Harriet Aurora Jackson Alyn

Sentada numa mesa sozinha, com o vento noturno de Angeles batendo em suas costas, calafrios subindo por seus braços nus, e observando o príncipe dançar com uma garota que não era ela, Harriet se sentia feliz, talvez o mais feliz que já estivera desde que o começo da seleção. A sua frente estava uma fatia de bolo de chocolate pela metade, os resquícios de uma torta de figo, um mousse de café e amêndoa e o melhor de todas, uma massa folhada com amoras tão maduras que estalavam em sua boca.

Harriet adorava doces. Talvez fosse o açúcar, mas eles sempre a deixavam de bom humor, então toda vez que tinha oportunidade de se empanturrar deles, era o que fazia. Isso, infelizmente, não acontecia com muita frequência. Em casa, era obrigada pelo pai e a avó a seguir uma dieta rígida, afinal caso engordasse suas chances de encontrar um bom partido com o qual pudesse se casar diminuiriam. Era para esse objetivo que Harriet era preparada desde que sua mãe morrera, conquistar um homem rico, casar-se com ele e morar em uma imensa casa protegida por seguranças, sem nunca sair de lá. De acordo com seu pai, essa era o único modo de a filha ficar segura, ele não suportaria que ela fosse assassinada como acreditava que a esposa fora. Sim, acreditava, porque ninguém tinha realmente certeza.

Mas Harriet não queria pensar nisso, não ali, não agora. Queria simplesmente aproveitar a variedade de doces oferecidas no baile, sem deixar a mente vagar para assuntos que só serviriam para entristecê-la. Porém era tarde demais. Seus olhos estavam se enchendo de lágrimas, enquanto diferentes imagens da mãe passavam como flashes. Ela sorrindo enquanto Harriet lhe mostrava mais um dos 10 que tirara na escola. Ela dando um abraço de despedida no marido antes de ele ir para o trabalho. Ela passando as mãos pelas teclas do piano do hotel da família. E por último, ela deitada no caixão, com todo o brilho que sempre parecia rodeá-la em vida, apagado. 

Harriet levantou de um salto, andando o mais rápido que podia em direção a primeira porta que encontrou. Não iria chorar ali, no meio de todas aquelas pessoas. Logo se viu na entrada do majestoso jardim sul do palácio, que refulgia em tons de prata em contato com a luz da lua. Harriet caminhou mais em direção a seu interior até a fonte de pedra que o decorava, seus saltos afundando na grama macia.

— Se soubesse que aqui era o ponto de encontro para quem quisesse se afastar daquela festa, teria escolhido outro lugar – murmurou uma voz de garota e Harriet soltou um gritinho devido ao susto. Nas sombras lançadas pela fonte estava Virginia, seu vestido azul sujo da grama sobre a qual se sentava e seus sapatos de salto jogados displicentemente para o lado. Ela arqueou as sobrancelhas para Harriet, que sentiu vontade de se encolher. Mesmo suja, descalça e descabelada Virginia era intimidante. Praticamente exalava confiança por todos os seus poros e era tão bonita que Harriet não fazia ideia de como podia competir pelo príncipe com alguém como ela.

— Desculpa. Não tinha te visto – falou Harriet, disfarçando seu desconforto com um sorrisinho.

— Bom, isso é incomum. Eu normalmente chamo muita atenção – Virginia riu e levou uma garrafa contendo um líquido alaranjado a boca, bebendo-a com gosto. Harriet, mesmo a mais de um metro de distância, sentiu o cheiro de álcool que exalava dela.

— Humm Virginia.... O que é que você está bebendo?

Virginia encarou a garrafa e bebeu mais um longo gole antes de finalmente responder.

— Licor. O garçom estanhou bastante quando quis a garrafa inteira. Mas acabou me obedecendo, é claro. Sou uma selecionada, ele tinha que me obedecer.

— Entendi – disse Harriet calmamente, apesar de que estava muito fora da sua zona de conforto. Não sabia como lidar com gente bêbada – E por que é que está aqui fora?

Virginia olhou para a garota como se ela não pudesse ter perguntado algo mais idiota.

— Não podia me embebedar lá dentro – apontou com suas unhas incrivelmente comprida para as portas abertas do Salão de Bailes – Seria indiscreto, e não são por motivos assim que quero chamar atenção.

— Se embebedar? Por que você iria fazer isso? – exclamou Harriet, genuinamente curiosa. Não gostava do sabor de bebidas alcoólicas, e a possibilidade de ficar bêbada a ponto de não ter total controle sobre seu corpo não a atraia nem um pouco.

Virginia deu de ombros.

— Por que não? O baile está quase acabando, nenhuma câmera vem até aqui, e não é como se essa fosse uma noite da qual eu faço questão de me lembrar.

— Eu não gostaria de me esquecer de nenhuma noite. A vida é muito curta para deixarmos momentos passarem em branco. Você não acha? 

— Não. Por que é que você gostaria de se lembrar dos seus erros, dos seus fracassos, das suas decepções?

— Porque é lembrando dos nossos erros que podemos evitar de comete-los de novo – respondeu Harriet, que não conseguiu evitar lançar um olhar em direção ao Salão de Bailes e, mais especificamente, para Lira, que estava usando seu vestido branco recém costurado depois de ele ter aparecido cortado no dia anterior. Virginia percebeu, e seus lábios se abriram em um sorriso irônico.

— Você está pensando no vestido da Lira, não é? Tenho uma novidade para você, querida. Não fui eu. Não fui eu que retalhei o vestido dela.

Harriet franziu as sobrancelhas. Todas as selecionadas sabiam e aceitavam o fato de que a culpada era de fato Virginia. Além de que, no final das contas, Harriet não conseguia pensar em mais ninguém que pudesse ter feito isso.

— Se não foi você, então quem foi?

Virginia levantou, deixando sua garrafa de lado e se virou de frente para Harriet.

— Essa é a questão, eu não sei. Vocês são todas umas boazinhas sem sal. Seria tão mais fácil se eu tivesse alguém plausível para culpar.... – os olhos de Virginia subitamente se arregalaram e ela agarrou os dois pulsos de Harriet com as mãos – É isso que a vadiazinha que realmente cortou o vestido fez! Me incriminou porque eu era a mais plausível!

— Ela não te incriminou – respondeu Harriet, tentando se desvencilhar das mãos de Virginia, que, por fim, a soltou. Não gostava de contato físico com pessoas que não conhecia muito bem – A Lira simplesmente deduziu que havia sido você.

— Você não sabe da história toda. Sabe o que eu encontrei na gaveta do meu quarto naquela mesma manhã? Uma tesoura. A tesoura. A vadia estava tentando criar provas contra mim para que o príncipe me expulsasse.

— E o que você fez? – perguntou Harriet, baixinho.

— Me livrei da tesoura. A desmontei, joguei no fogo, dobrei as partes e arremessei elas no lago. O único motivo de eu ainda estar aqui é a falta de provas. O que acha que aconteceria se me pegassem com algo assim? Acha que alguém acreditaria que eu sou inocente? – Virginia balançou a cabeça - Tão injusto.

Naquele momento, fogos de artifício começaram a estourar no céu, iluminando-o em tons de vermelho, verde, azul e amarelo.

— Os fogos marcam o fim do baile, não é? – perguntou Virginia – Vá em frente, então. Aproveite essa visão ao lado de Nicholas. Segure a mão de nosso príncipe encantado e finja que ele se importa com você mais do que com as outras dezessete garotas que ainda estão na competição – Virginia voltou a se sentar e bebeu mais um gole de licor. Seu rosto transparecia, e Harriet ficou chocada ao notar, mágoa.

Harriet pensou no pai, que disse a filha no dia em que ela embarcou para o palácio para não criar laços com as outras selecionadas, com suas concorrentes. Pensou no fato de que tudo que ele fazia era pelo bem dela, no tanto que ele havia sacrificado por ela e no quanto seria egoísta desobedece-lo. Mas então olhou para o rosto de Virginia, que parecia lutar para não chorar, e sentiu sua resolução fraquejar. Harriet soltou um suspiro, levantou a saia do vestido e se sentou ao lado da garota, que a olhou com evidente surpresa. 

— Não acredito em príncipes encantados – disse Harriet, e se virou para ver os fogos na companhia dela.


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Notas finais do capítulo

Tradução da frase em alemão dita pela Katrina: Querido marido, o que será que aconteceria se eu te jogasse no lago que cerca o palácio? Aposto que você afundaria igual uma pedra. Com tanta gordura não poderia ser diferente.

E então, o que acharam? Esse capítulo foi difícil de escrever porque eu queria arranjar um jeito de incluir todas as selecionadas cujas autoras mandaram vestidos, mas não queria que ficasse só um monte de nomes soltos.
E eu estava me perguntando, quando eu coloco nomes de selecionadas vocês conseguem se lembrar de quem é? Conseguem se lembrar de outros momentos que a garota tenha aparecido? Ou não e ela é meio que totalmente nova pra você? Mas enfim, é só uma curiosidade minha mesmo.

Obrigada por lerem e até a próxima.



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