The Next Queen - Interativa escrita por Lu au Andromedus


Capítulo 21
Capítulo 19 - A Noite do Baile: Parte Um


Notas iniciais do capítulo

Sabem aquela frase que diz: quem é vivo sempre aparece? Então, estou me sentindo encarnando-a agora, e não de um modo muito positivo. Acho que essa foi minha maior demora, e eu estou me sentindo um lixo por isso. Sinto muito gente. Argh, estou com nojo de mim mesma. Podem me xingar nos comentários, eu aguento.

Mas enfim, eu dividi o baile em dois capítulos porque achei que ficaria muito grande deixa-lo em um só. O outro já está na metade, então eu acho que consigo posta-lo no prazo. Esse não foi, na minha opinião, meu melhor capítulo mas de qualquer jeito espero que gostem.

Beijos e boa leitura!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/647039/chapter/21

Capítulo 19

A Noite do Baile: Parte Um

 

Selecionada Marina Volpe

Por favor, não caia. Por favor, não caia. Por favor, não caia. Era nisso que Marina pensava enquanto descia as escadas do palácio até o primeiro andar, olhando para seus sapatos de salto alto a cada poucos segundos e torcendo para eles permanecerem bem firmes no chão. Nunca fora muito graciosa, e o nervosismo que sentia parecia piorar a situação ainda mais. A pouco metros dali um grande baile acontecia, com câmeras capitando os melhores momentos, nobres exibindo suas joias finas e a família real transitando por entre os convidados. Ela teria que ser perfeita se não quisesse ser mandada de volta para casa, e realmente não queria. Era a selecionada de menor casta e precisava do dinheiro, mas seus motivos iam além disso. Toda a seleção era uma experiência única, e Marina odiaria sentir que a tinha desperdiçado por ir embora muito cedo.

Ao chegar ao pé da escada, Marina teve que se controlar para não se abaixar e beijar o chão, mas de qualquer forma, tinha certeza que o alívio era evidente em seu rosto. A pior parte já tinha passado, agora não havia nada mais do que retas em seu caminho até o Salão de Bailes. Fácil. Com isso em mente, Marina começou a andar, porém no meio do corredor sentiu seu sapato se prender no pé de uma poltrona, e a próxima coisa que registrou foi a textura do tapete contra sua bochecha. Ela levantou o mais rápido possível, amaldiçoando seu jeito atrapalhado com todos os palavrões que conhecia. Sentia seu rosto quente, mas tentava ao máximo disfarçar. Não queria, de jeito nenhum, chamar atenção. Se tinha uma coisa que odiava era isso.

— Não está acostumada a usar saltos, senhorita Marina?

O sangue de Marina gelou, e lentamente ela se virou em direção a voz, apesar de já ter reconhecido de quem ela vinha. Princesa Kate. Ela estava bonita, mais bonita do que Marina jamais a vira, usando um vestido preto e dourado e com os cabelos presos em um penteado elegante. Porém, não usava coroa, apesar de seu status como irmã do rei lhe permitir.

— É tão óbvio assim? – perguntou Marina, fitando o chão. Estava envergonhada demais para olha-la nos olhos.

 - Sim. Você anda como se seus pés pesassem cem quilos. Além de que a poucos segundos você estava com o rosto colado ao tapete.

O rosto da garota ficou ainda mais vermelho. Por que, de todos que viviam no palácio, tinha que encontrar justamente Kate, a pessoa que supostamente a estava ensinando a ser uma dama? Nem se tivesse dado de cara com o príncipe se sentiria tão desconfortável, pois pelo menos teria uma desculpa para falar com ele, coisa que não tinha feito até agora por nem dez minutos. A primeira vez em que os dois conversaram fora no dia seguinte ao que chegou ao palácio, na ocasião em que Nicholas passou cinco minutos com cada selecionada. Já a segunda ocorreu na noite do ataque da Onda, e daquela vez tinha sido Marina a tomar a iniciativa. Talvez não tivesse sido a coisa certa a se fazer, afinal não era como se Nicholas tivesse a intenção de falar com ela, mas não conseguiu se conter. Ele parecia tão perturbada que tudo que ela queria fazer era segurar sua mão e consola-lo.

Marina balançou a cabeça rapidamente. Tinha feito de novo. Tinha viajado para dentro de sua própria mente e esquecido totalmente o mundo ao seu redor. E agora Kate a olhava com as sobrancelhas erguidas, fazendo Marina imaginar por quanto tempo tinha ficado fora do ar.

— Ahnn.... Qual foi a pergunta?

Kate riu, uma verdadeira risada, coisa que Marina nunca a tinha visto fazer. Sua boca se abriu em um O, o que fez Kate rir ainda mais.

— Sempre apreciei a capacidade de certas pessoas de se perder em sua própria mente – comentou Kate, ainda com um sorrisinho no rosto – Eu nunca consegui fazer isso, sempre fui focada, o que nem sempre é bom – ela apontou para os saltos de Marina – Se você for ficar tropeçando o baile inteiro, é melhor trocar esses sapatos.

Marina olhou para seus próprios pés.

— Mas são sapatos tão bonitos....

— Sim. E se você ficar com eles todo mundo vai poder admira-los quando cair de cara no chão. Qual é a altura desses saltos? 13 centímetros?

— 15 e meio – respondeu Marina, fazendo Kate lhe lançar um olhar de reprovação. 

— Vá até seu quarto e troque esses sapatos. Vista algo com não mais de dez centímetros. É uma ordem.

Marina sorriu. Talvez essa não tivesse sido a melhor hora para fazer isso, mas Kate a lembrou tanto sua mãe que foi impossível evitar.

— Sim, senhora – foi então que se lembrou que Kate não era de fato sua mãe e se corrigiu – Quer dizer, alteza.

Kate assentiu e apontou para o andar de cima num claro sinal de . Foi o que Marina fez, e assim que pôs o pé no primeiro degrau, ouviu Kate dizendo: 

— Leve os sapatos na mão, pelo amor de Deus. Uma coisa é cair no tapete, outra na escada.

O sorriso de Marina aumentou ainda mais e ela foi saltitando até seu quarto. Encontrar uma figura materna em Kate era algo que não esperava, mas foi uma surpresa muito bem-vinda.

******************************************************

Selecionada Elisabeth Clark Lewis

O Salão de Bailes parecia esculpido em ouro naquela noite. A cor dourada estava em toda parte, desde a gravata dos garçons até o forro das mesas. Delicados pingentes de cristais iam dos majestosos lustres até as paredes, formando um padrão que lembrava a Elisabeth intrincadas teias. Só que nessas teias não haviam aranhas. Haviam passarinhos, dourados e prateados, nas mais variadas posições. Alguns parecendo estar prestes a levantar voo, outros com as asas recolhidos como se tivessem acabado de pousar. Eram tão estonteantes que Elisabeth ficou tentada a pegar um e leva-lo para casa, para os braços de Katerine, sua irmã mais nova. Podia imaginar a expressão de felicidade no rosto da irmãzinha quando visse a pequena estatueta, tanto pela beleza contida nela quanto pelo fato de poder admira-la como qualquer outra pessoa faria, independente de seus ouvidos inúteis, independente de sua mudez.

Elisabeth andava pensando muito na irmã, principalmente após o ataque da Onda. Anastácia, pelo que soubera, não tinha irmãos e seu pai tinha um emprego fixo, e por mais triste que sua morte pudesse ser, esse fato por si só já era um pequeno consolo. Lisa odiaria pensar que ela deixou para trás familiares que precisavam dela, como seria o caso se ela própria morresse, pois mesmo que sua mãe trabalhasse, a renda familiar provinha especialmente dela, ainda mais com os cheques ganhos por sua permanência na seleção. A ideia de Lisa vir a falecer e deixar Katerine e a família para trás, mal tendo como se sustentar, a apavorava.

Um garçom parou ao seu lado, oferecendo-lhe uma bandeja de canapés de presunto e tomate seco. Ela pegou um, olhando-o com certa curiosidade. Como cozinheira de uma família da casta dois exigente, já cozinhara os mais variados e exuberantes pratos, mas nunca teve a oportunidade de realmente comer um. Ou pelo menos um que não fosse sobra e que já não estivesse velho. Devorou o canapé com duas mordidas, sorrindo diante do maravilhoso gosto que invadiu sua boca.

Sentiu, mais do que viu, que alguém a encarava. Elisabeth levantou a cabeça rapidamente e seus olhos esverdeados se encontraram com os azuis de Nicholas. Ele estava do lado oposto do Salão de Bailes, carregando uma taça cheia de algo que Elisabeth imaginava ser champanhe. Vestia preto dos pés ao pescoço, com sapatos, terno, colete e gravata dessa cor, mas era só olhar para sua cabeça que toda essa negritude desaparecia. Uma bela coroa dourada repousava em seus cabelos, destacando-o da multidão como um feixe de luz em meio a escuridão e deixando-o mais alto que a maioria dos convidados. Enquanto Elisabeth o encarava, ele começou a andar em direção a ela, as pessoas desviando para deixa-lo passar.

O coração da garota acelerou, e ela imediatamente se repreendeu por isso. Nicholas era só um ser humano, assim como ela. Um ser humano bem alto – tendo mais de 1,80 de altura - extremamente bonito, e com poder suficiente para condena-la a morte ali mesmo caso o desagradasse.

— Senhorita Elisabeth – cumprimentou Nicholas.

— Alteza – Lisa curvou o corpo em uma leve reverência. Cruze as pernas uma sobre a outra e se abaixe, mantendo a coluna reta e a cabeça curvada, ouviu a voz de Kate dizendo – Umm.... Não sei se seria desrespeitoso perguntar isso, mas você decorou o nome de todas as suas 25 selecionadas?

Nicholas deu um sorriso torto.

— Não seria desrespeitoso não. Na verdade, eu odeio formalidades excessivas, então pode me tratar como trataria, não sei, um amigo.

— E quanto a parte do alteza? – Lisa ergueu as sobrancelhas - Ela pode ser dispensada também?

— Ah com certeza. Me chame apenas de Nicholas. E respondendo sua pergunta, eu decorei sim o nome de todas as selecionadas. Ajuda se você associa-lo a uma característica marcante da garota. Por exemplo – ele apontou para uma garota usando um vestido azul que deixava quantidade considerável de pele a mostra – Virginia tem os lábios mais cheios de todas vocês – indicou outra garota – Julieta é a única das ruivas a ter franja – virou-se de novo para Elisabeth – E seus cabelos são os mais curtos.

Elisabeth levou a mão até uma de suas mechas, que batiam na altura dos ombros, e sorriu.

— Costumavam ser mais compridos, mas eu cortei assim que cheguei ao palácio. O cabelereiro disse que assim destacaria mais meus olhos – ela deu de ombros.

— Bom, isso eu já não sei, mas gostei do resultado.

Outro garçom parou ao lado dos dois, dessa vez oferendo rolinhos de massa folhada. Elisabeth recusou, assim como Nicholas, que lançou um olhar interrogativo a moça.

— Não vai aceitar? Estão deliciosos, e se você gostou dos canapés com certeza vai gostar dos rolinhos.

Os olhos de Lisa se arregalaram.

— Você conseguiu perceber isso do outro lado do Salão? Uau, quanta discrição da minha parte – ela riu levemente.

— Não acho discrição nesses casos uma coisa tão boa assim – Nicholas sorriu – Isso pode soar estranho, mas é de certa forma agradável ver pessoas de castas baixas comendo. Elas saboreiam os alimentos com um deleite impressionante, e os valorizam como ninguém mais por não os terem com tanta fartura.

Elisabeth olhou para o príncipe com descrença e uma pontada de irritação.

— Que bom que podemos servir de entretenimento para você.

— Eu a ofendi? – ele estava, pelo que parecia, genuinamente surpreso – Não tive a intenção.

— Não me ofendeu – Elisabeth se calou por um momento. Não queria falar o que não devia e dar-lhe motivos para expulsa-la, mas também não podia simplesmente deixar a conversa por aquilo mesmo, não depois do comentário ácido que fizera – É só que castas baixas não deviam ter que valorizar a comida mais do que as de castas altas. Enquanto nós estamos aqui saboreando essas coisas sofisticadas, tem gente morrendo de fome por aí. Não devia ser assim. Todas as pessoas deviam ter acesso igual a alimentos.

Nicholas deu um sorriso tão triste que Elisabeth se arrependeu de ter aberto a boca.

— A igualdade pode ser um direito, mas não há poder sobre a Terra capaz de torna-la um fato.

Elisabeth balançou a cabeça.

— Não é só por que uma coisa é difícil que ninguém deveria tentar concretiza-la.  

— Não é difícil, é impossível – a voz de Nicholas se elevou e ele se calou por um momento para tentar se acalmar. Foi nesse momento que a câmera que rondava pelo Salão focalizou nos dois, pegando Lisa de surpresa. O rosto do príncipe mudou por inteiro, se tornando completamente inexpressivo. Pegando gentilmente a cintura de Elisabeth, ele a girou, fazendo com que seu rosto ficasse oculto a câmera – Acredite, muitos já tentaram – continuou Nicholas, seu tom de voz neutro – Mas os ricos não vão simplesmente desistir de seus ganhos para oferecer uma melhor condição de vida aos pobres. Os fracassados regimes socialistas estão aí para provar isso.

— Talvez só seja considerado impossível por ninguém ter tentado o suficiente.

Nicholas a olhou com incredulidade e, ela se surpreendeu ao notar, certa admiração.

— Você realmente acredita nisso? - Ela concordou com a cabeça – Uau. Gostaria de ter seu otimismo, mas acho que vi coisas demais para isso.

Elisabeth segurou a mão de Nicholas. Um gesto ousado, mas queria deixar claro que não estava irritada e que também não queria irrita-lo. Sua intenção era apenas fazê-lo pensar.

— Não acho que tenha visto, Nicholas. Fotos, vídeos e casos esparsos, talvez. Mas nunca realmente se sabe como é essa desigualdade até vive-la, até lutar para que seus irmãos mais novos não tenham mais as costelas visíveis contra a pele, até sofrer com os dias frios por precisar ver sua família tremer dentro de roupas não muito adequadas.

Nicholas a encarou por um bom tempo, calado. Elisabeth não podia dizer se ele estava irritado, triste, nada. Seus olhos não transpareciam nada. Por fim ele suspirou e disse:

— Você está certa, eu nunca realmente vivi essa realidade. Mas isso não quer dizer que eu seja alienado. Sei como é a realidade do meu país. Que tipo de monarca eu seria se não soubesse? E se engana quem acha que não me sinto incomodado por tudo isso.

— Se isso realmente te incomoda, por que você, sei lá, não faz algo para mudar?

— Porque eu não tenho poder! – Nicholas falou, sua voz se elevando novamente e fazendo alguns olhares dos convidados se voltarem em direção a eles.

— Como assim não tem poder? Você é o príncipe.

— Exatamente. Eu sou o príncipe, não são o rei, nem a rainha. São eles que governam Illéa, principalmente a rainha. Tudo que eu posso fazer é sugerir, e nada garante que minhas sugestões vão ser acatadas.

— Mas quando você for rei....

— Sim, quando eu for rei. Mas quem garante que Illéa não vai estar devastada até lá? - Nicholas passou a mão pelos cabelos num claro gesto de nervosismo, tendo o cuidado de não derrubar sua coroa – É tão frustrante – ele se calou por um momento, usando-o para se recompor. Ajeitou o terno, a coroa e sua expressão voltou a ficar neutra, fazendo Elisabeth ter vontade de gritar. Por que os nobres tinham que ser tão inexpressivos, tão frios? Qual era o problema de sorrir, de mostrar suas emoções?

— Vou deixa-la sozinha – continuou Nicholas - Não quero aborrece-la com meus problemas, apesar de você fazer questão de me lembrar deles.

— Eu não.... – começou a dizer Elisabeth, mas Nicholas já tinha virado de costas e se afastava dela a passos rápidos. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então o que acharam? Me digam com total e completa honestidade.

Esse capítulo tem quatro links, que são para as roupas do baile. As que eu fiz foram as da Kate e do Nicholas, a dela usando o polyvore e o dele o photoshop. A da Marina veio prontinha para mim por meio da autora (obrigada flor!) e a da Elisabeth eu juntei as imagens que ela mandou usando photoshop também. Gostaram do resultado? Eu particularmente achei fofinho, principalmente as que eu usei photoshop. Mas que da um trabalhinho da kkk.

Enfim, obrigada por lerem e até mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Next Queen - Interativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.