The Next Queen - Interativa escrita por Lu au Andromedus


Capítulo 17
Capítulo 15 - Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier


Notas iniciais do capítulo

Olá amores. Eu sinto muito, muito mesmo pelo meu atraso de uma semana e dois dias com o capítulo. Sério, essas provas estão ferrando com toda minha programação para essa fanfic. Mil desculpas e espero que me perdoem.

Esse capítulo se passa ao mesmo tempo que o anterior só que do ponto do vista do Nicholas. Me digam com sinceridade o que acharam.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/647039/chapter/17

Capítulo 15

Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier

 

Um estalido metálico soava cada vez que Nicholas punha o pé em um dos degraus. Ele se esforçava ao máximo para se concentrar nesse som e não nos gritos e tiros que vinham do andar de cima. Felizmente, o príncipe sabia que assim que as portas do abrigo fossem fechadas, todos os sons do exterior seriam abafados e nada, nem mesmo o mais potente dos explosivos, conseguiria trespassar seus três metros de espessura. A segurança estava só a alguns degraus abaixo dele, tudo que tinha que fazer era continuar andando. E por um lado, era o que Nicholas ansiava por fazer. Ansiava por sentir a tranquilidade no seu coração sabendo que os rebeldes não conseguiram atingi-lo. Mas ao mesmo tempo, não conseguia abandonar o pensamento de que ele deveria estar junto dos guardas. Devia estar com uma arma pendurada no ombro e brigando diretamente contra aqueles que ameaçavam sua família. Afinal, como poderia pedir para os Guardas Reais lutarem em seu nome quando ele próprio não faria o mesmo por eles? Como podia pedir para eles o protegerem se ele não fazia nada para protege-los?

Nicholas acordara naquela noite com o barulho do alarme soando em seus ouvidos. Queria ter dito que havia sido pego de surpresa pela invasão dos rebeldes, mas a verdade era outra. Eles nunca os deixavam em paz por muito tempo, e considerando que fazia mais de um mês desde o último ataque, era só uma questão de tempo.

Uma mão pressionando suas costas e o incitando a ir mais rápido o tirou de seus pensamentos. Nicholas virou-se e se deparou com Alice, seus cabelos quase brancos despenteados devido ao fato de ter saído da cama há meros minutos.

— Anda irmão. Nós temos que ir.

E sem esperar por ele, ela saiu em disparada pelas escadas, tocando ora o braço, ora as costas das pessoas para apressá-las. Aparentava calma, com seu rosto neutro e seus gestos firmes. Parecia quase uma rainha. A percepção disso assustou Nicholas e trouxe uma expressão de surpresa para seu rosto. A verdade era que ele nunca havia pensado na irmã como uma monarca, mesmo que fosse isso o que ela teria sido caso não fosse albina. Era o que ela teria sido se não fosse por Katrina, que em sua mente quase perversa imaginou que alguém “doente” não teria credibilidade o suficiente para se sentar no trono. Um de seus piores erros, Nicholas não tinha dúvida. Alice teria ocupado o cargo com maestria.

Será que se fosse ela a herdeira, os rebeldes ainda estariam, naquele momento, invadindo o palácio? Nicholas não pôde deixar de pensar nisso, mas logo balançou a cabeça para afastar a ideia. O próximo rei, ao contrário do rei atuante, não tinha praticamente nenhum poder. Isso normalmente o frustrava, porém naquela ocasião foi praticamente um alívio. Afinal, isso lhe permitia ter a consciência limpa de que pouco daquilo que estava acontecendo era culpa dele. Um pensamento um tanto quanto egoísta, tinha que admitir.

As portas de aço do abrigo real assomaram diante de Nicholas e assim que ele passou por elas, sua atenção foi captada pelo monte de garotas espalhadas pelo local. Por um breve momento, tinha esquecido completamente da seleção, e demorou alguns segundos para identificá-las como sendo selecionadas. Suas selecionadas. Imediatamente, preocupação invadiu o semblante do príncipe, pois tinha certeza que ali não estavam todas as vinte que ainda estavam na competição.

Katrina parou a sua frente, tampando a luz que escapava de uma das várias lâmpadas penduradas no teto. Nicholas levantou a cabeça e seus olhos se encontraram com os dela. Tentou manter uma expressão fria no rosto, mas era difícil considerando o quão aliviado estava por vê-la são e salva.

— Você está bem? – perguntou Katrina.

— Na medida do possível – respondeu ele, se esforçando para não manter nenhum traço de emoção na voz.

Os lábios de Katrina se curvaram em um sorriso cínico.

— Você ainda está bravo comigo.

— O garoto tem motivos – disse Robert, se aproximando dos dois e se intrometendo na conversa – Ou você esqueceu que manipulou o sorteio das selecionadas dele?

Katrina fuzilou o marido com os olhos.

— Querido Robert, com seu apreço pela moral, com seu compromisso de agir sempre com justiça, com sua dedicação ao seu cargo, ao se povo e acima de tudo a sua família – ela fez uma pausa e levou um dedo aos lábios teatralmente - Ou seria o contrário? Afinal não é você que aprecia mais a companhia de suas vadias e de suas bebidas do que a de seus filhos? Pense nisso antes de achar que tem moral o suficiente para me repreender por meus atos.

— Diga-me Nicholas, você está ouvindo alguma coisa? – os olhos de Robert se desviaram para o filho - Para mim soa apenas como uma cobra sibilando.

Katrina revirou os olhos.

— Uau. Insulto digno de uma criança. A Mia poderia ter pensado numa coisa dessas. Você é incompetente até para inventar insultos, não é, querido?

Foi a ver de Nicholas revirar os olhos. Aquela discussão tinha um teor extremamente infantil, e o fato de ambos estarem vestindo pijamas também não ajudava a trazer mais seriedade a coisa. A camisola de Katrina pelo menos era elegante, feita de renda e seda. Já o traje de Robert estava claramente pequeno para ele, e um pedaço da sua barriga era visível por baixo da blusa.

Um guarda que não devia ter mais do que dezoito anos caminhou até os três e parou, parecendo acanhado de interromper a discussão. Nicholas, querendo lhe dar o impulso necessário para começar a falar, perguntou:

— Pois não?

O guarda lhe lançou um olhar de gratidão e disse:

— O general Collins pediu para que as portas do abrigo fossem fechadas. Vocês autorizam, majestades?

— Todas as selecionadas já estão aqui? – perguntou Nicholas.

O guarda se calou, e assim permaneceu por longos segundos. Quando o príncipe estava a ponto de sacudi-lo para que ele falasse, ele finalmente disse, em um sussurro:

— Quase todas.

O coração de Nicholas disparou.

Quase?

— Três não estão aqui.

E onde elas estão?!— perguntou, praticamente gritando.

O guarda desviou o olhar para o chão.

— Isso não é motivo para pânico. Elas podem estar em alguns dos abrigos utilizados pelos criados – pontuou Katrina.

Nicholas assentiu com a cabeça. Todas as suas esperanças estavam depositadas nessa possibilidade. Mas e se não fosse o caso? E se os rebeldes as houvessem capturado? As garotas eram responsabilidade dele, e pensar nisso fez sua ansiedade atingir níveis exorbitantes.

— Quem são essas três garotas que não estão aqui?

— A senhorita Piper, a senhorita Lysana e a senhorita Anastácia – disse o guarda, num tom de voz tão baixo que Nicholas teve que se inclinar para ouvi-lo.

— Sempre soube que os guardas eram incompetentes, mas não a esse ponto – Katrina falou - É bom essas garotas estarem seguras ou a responsabilidade vai recair sobre vocês. Entendeu bem?

O guarda assentiu freneticamente.

— Posso fechar a portas do abrigo então, majestade? – ele dirigiu a pergunta diretamente para Katrina. Podia ser novo em seu emprego, mas ninguém demorava para perceber que mesmo que fosse Robert quem sentasse no trono, a real governante era a rainha. Só o povo não sabia disso, o que para Katrina era ótimo. Afinal sendo esse o caso, como alguém poderia culpa-la pelo que estava acontecendo?

— É claro, idiota – o tom de voz de Katrina era ríspido - Ou você acha que alguma das três selecionadas vão conseguir chegar até aqui com aquele tanto de rebeldes lá em cima?

O guarda se contraiu de medo, o que fez Nicholas ter vontade de abraça-lo. Todos os empregados sabiam como Katrina podia ser cruel. Uma única palavra mal colocada podia lhes trazer não só a demissão como também desgraça para o nome de sua família. Nicholas também sabia disso, e já tentara conversar com a mãe, mas ela sabia ser inflexível quando queria.

Com preocupação estampando suas feições, Nicholas foi até um dos cantos do abrigo e se sentou encostado contra a parede. Sabia que em algum momento teria que ir falar com as selecionadas para verificar como elas estavam, mas agora não. Agora ele só queria um momento de total e completa inatividade.

O abrigo real era gigantesco, com mais de 400 metros quadrados. Mas a distância do teto até o chão não chegava a dois metros e dez, o que sempre o fazia sentir certa claustrofobia quando entrava lá, e dessa vez não foi diferente. Já começando a sentir uma leve falta de ar, Nicholas fechou os olhos e tentou se imaginar em um grande campo verdejante cercado de árvores majestosas, com o cheiro de flores invadindo seu nariz. Foi interrompido de sua fantasia por uma voz feminina perguntado:

— Está tudo bem? - Nicholas abriu os olhos a tempo de ver uma garota de cabelos castanhos e ondulados se sentar ao seu lado – Você não parece muito bem...

— Não é nada. Só estou cansado – respondeu o príncipe, enquanto vasculhava a mente para descobrir o nome da garota. “Marina”, lembrou de repente.

— Ah meu Deus! Como sou tonta! Estou atrapalhando seu sono! – com as bochechas vermelhas, ela começou a se levantar mas Nicholas segurou seu braço.

— Não! Não quero que você vá embora – ele esperou que ela voltasse a se sentar e disse – Não estou realmente cansado. Quer dizer, eu estou. Mas não é por isso que estou de olhos fechados. É por causa do teto. Ele está aflorando minha claustrofobia.

Marina fez que sim com a cabeça.

— Entendi. Realmente é bem baixo. Principalmente quando se compara com os de pé direito de quatro metros do andar de cima.

Ela tinha um sorrisinho no rosto, o que de certa forma fascinou Nicholas. Afinal, como ela conseguia sorrir com um ataque rebelde acontecendo naquele exato momento?

— Você não está assustada? – ele não pôde deixar de perguntar.

Marina olhou para ele surpresa.

— Eu não pareço assustada? - Nicholas negou com a cabeça – Então deve ser porque eu não estou mesmo. Quando não estou bem, dificilmente consigo disfarçar.

— Como você pode não estar assustada? – perguntou o príncipe, genuinamente curioso.

Marina deu de ombros, como se isso não fosse nada de mais.

— Sou muito boa em me distrair com minha própria mente. Posso me transportar para um mundo totalmente diferente em que nada disso está acontecendo simplesmente fechando os olhos. E quanto mais extrema a situação mais fácil é. E esse é bem extrema. Acho que fico com mais medo em situações normais do que nas extremas – Marina riu – Isso não faz nenhum sentido, né?

Nicholas sorriu, seu primeiro sorriso da noite.

— Na verdade faz mais sentido do que você imagina.

— Que bom! Não queria que você me achasse uma louca já na nossa segunda conversa. Acho que vou deixa-lo dormir agora. Nos sonhos você esquece do quão baixo esse teto é.

Nicholas acompanhou a silhueta da garota enquanto ela ia embora. Ficou tentado a chama-la de novo, mas realmente dormira por menos de duas horas naquela noite e ela também deveria estar cansada, de forma que a deixou ir. Dizendo a si mesmo que só cochilaria por uns trinta minutos, Nicholas encostou a cabeça na parede e fechou os olhos.

Acordou com os músculos dormentes e a cabeça doendo, o que não foi uma surpresa considerando que dormira sobre o chão de concreto. Levantou cambaleando e teve que encostar na parede para não cair. Olhando em volta, Nicholas percebeu que todas as camas estavam ocupadas e que podia contar em uma mão as pessoas que ainda estavam acordadas. Certamente seu cochilo não tinha sido de apenas meia hora, pensou o príncipe e se xingou mentalmente. Deveria ter conversado pessoalmente com cada uma de suas selecionadas para verificar como elas estavam, mas pelo que podia ver só uma não dormia e ela parecia tão perdida em pensamentos que Nicholas ficou com receio de interrompe-la.

Caminhou até um guarda postado ao lado da porta e perguntou:

— Que horas são?

— Já passa das cinco, alteza – ele respondeu – O sol está nascendo.

— E quanto aos rebeldes?

— Os guardas conseguiram conte-los. Os que sobraram foram embora a algumas horas.

— Então imagino que já possa sair daqui - Nicholas disse, se sentindo consideravelmente mais aliviado.

— Alteza, os criados mal começaram a limpar o palácio. Ainda há corpos, sujeira e sangue lá em cima.

— Melhor assim. Eu quero ver a real extensão dos danos que os rebeldes causaram na minha casa.

O guarda pareceu subitamente nervoso.

— Alteza...

— É uma ordem – disse o príncipe, com impaciência. Por que o guarda estava sendo tão insistente? Se os rebeldes já tinham ido embora ele não corria nenhum perigo – Abra a porta, por favor. E devagar. Não quero acordar ninguém.

O guarda fez o que lhe foi dito, e assim que houve uma greta suficiente pela qual Nicholas pudesse passar, ele saiu daquilo abrigo claustrofóbico. As escadas pareciam intactas, o que queria dizer que os rebeldes não chegaram a ir até ali. Infelizmente, o mesmo não podia ser dito do primeiro andar. Cacos de vidro estavam por toda parte, resquícios dos antes grandiosos lustres que adornavam o teto. Mobílias quebradas também eram uma visão constante, assim como o estofado de almofadas e de sofás espalhados pelo chão. Nicholas ficou surpreso diante de tanta destruição. Qual era a finalidade disso? Se o objetivo dos rebeldes era matar a família real, para quê atacar a decoração também?

Ao virar o corredor que ia para a cozinha, Nicholas deu de cara com uma grande onda estampada em vermelho na parede. "Certamente A Onda não quer deixar dúvidas quanto a autoria do ataque", pensou Nicholas, com amargura.

— Há várias dessas imagens espalhadas pelo palácio, Alteza – comentou o guarda, assustando Nicholas. Ele não havia se dado conta de que ele o estava seguindo até aquele momento.

O príncipe deu as costas a cena e continuou andando. Sua próxima parada foi do lado de fora das portas que levavam a sala de jantar, e foi ali que viu o primeiro corpo. Pertencia a uma criada que não parecia ter mais do que dezesseis anos, seu rosto contorcido em uma expressão de puro horror. A garganta de Nicholas se apertou. A garota era inocente. Não havia feito nada, seu único "crime" fora trabalhar no palácio, sendo que ela provavelmente nem tivera escolha quanto a isso.

— Certifique-se que ela tenha um enterro digno. Entendeu? – disse Nicholas para o guarda.

— Sim, alteza.

Quando o príncipe entrou no corredor que saia no hall, o guarda segurou seu braço.

— Eu não o aconselharia a ir lá, alteza.

— Por que não?

O guarda não respondeu, o que aumentou ainda mais o nível de impaciência de Nicholas. Ele puxou o braço para se soltar, ignorou o conselho e seguiu pelo corredor. Ao entrar no hall, a primeira coisa que o atingiu foi o cheiro. O cheiro acre, metálico e inconfundível de sangue. Foi então que olhou para baixo e percebeu o rastro vermelho que levava até as portas fechadas da sala do trono. O coração de Nicholas acelerou e, intrigado e temeroso, ele girou a maçaneta.

O que viu foi como um golpe aplicado diretamente contra seus pulmões, tirando-lhe todo o ar. Anastácia, a bela garota de cabelos curtos, estava sentada no trono do rei, com uma das amadas coroas incrustadas de pedras preciosas da rainha sobre a cabeça. Tinha um buraco de bala no meio da testa e sangue manchava toda a sua camisola antes branca. Seus olhos estavam abertos, mas terrivelmente vazios. Atrás dela, escritas com uma grosseira tinta vermelha escura, mais provavelmente sangue, estavam as palavras: "o povo não será enganado pela seleção". 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Não respondi os comentários do capítulo anterior ainda mas vou logo, logo, ok amores? E novamente desculpa pela demora.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Next Queen - Interativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.