The Next Queen - Interativa escrita por Lu au Andromedus


Capítulo 16
Capítulo 14 - A Onda


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá, amores!! Sei que disse que o capítulo poderia atrasar, mas acabei conseguindo termina-lo a tempo. Minhas provas foram hoje a tarde e para meu enorme alívio não foram difíceis. Agora resta esperar pelo resultado!!

Já aviso que esse capítulo promete fortes emoções, mas espero que seja envolvente e que você gostem.

Boa leitura!!!



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Capítulo 14

A Onda

 

Selecionada Anastácia Peberton

Tinha que continuar correndo, não podia parar.

Os pés descalços de Anastácia batiam contra o chão de mármore conforme dava um passo atrás do outro.

Sem descanso, sem pausa, sem escolha.

Sua camisola se enroscou em uma pilastra e ela caiu de joelhos, mas se levantou o mais rápido que podia e voltou a se mover. Não sabia para onde estava indo. Os corredores do palácio eram confusos demais. Mas sabia que tinha que continuar correndo. Era a isso que seu mundo se resumia: correr, correr e correr. As paredes passavam como borrões ao seu lado e o alarme ressoava em seus ouvidos, tão alto que ela não conseguia ouvir o barulho de seus próprios passos.

Anastácia acordara naquela noite com um guarda real a sacudindo violentamente. E logo depois os terríveis sons a invadiram. Os gritos, os choros, os tiros. Havia ficado tão assustada que por um momento não conseguiu se mover, por mais que o guarda ficasse gritando que os rebeldes tinham invadido o palácio. Por fim ele a pôs em pé com um puxão, lhe entregou seu roupão e a empurrou em direção a porta, dizendo-a para ir até o abrigo. E foi o que Anastácia tentou fazer, mas não sabia onde ele ficava e não havia ninguém para quem perguntar. Todos estavam ocupados demais tentando salvar suas próprias vidas para ajudá-la a fazer o mesmo com a dela.

Lágrimas invadiram seus olhos quando abriu uma porta e se deparou com o corpo de uma criada jogado no chão, seu peito vazando sangue onde a bala o havia perfurado. Anastácia saiu de lá desamparada. Tinha que achar um lugar para se esconder. A questão era onde? Talvez um cômodo pelo qual os rebeldes já houvessem passado, mas duvidava que eles verificassem o mesmo ambiente apenas uma vez. Então continuou correndo.

Anastácia caiu novamente de joelhos quando sentiu uma pontada de dor nos pés. E ao apoiar as mãos no chão, a dor as invadiu também. Cacos de vidro estavam por toda parte, destroços dos grandes espelhos da Sala de Música. Não havia para onde se mover, a garota estava em um verdadeiro campo minado. Pontadas de agonia se espalhavam por todo seu corpo enquanto o vidro perfurava sua pele, e foi nesse momento que começou a chorar. Se sentia tão perdida, tão sozinha...

Braços fortes a erguendo tiraram a garota de seu desespero. Ela abriu os olhos e se deparou com um homem vestido com o uniforme da Guarda Real.

— Fique calada senhorita. Ou eles vão ouvir – ele disse.

Anastácia se aninhou nos braços do homem como uma criança no colo da mãe, e se deixou conduzir até uma poltrona encostada numa das paredes do corredor.

— Vou leva-la até o abrigo real, mas antes é melhor tirarmos esses cacos de vidro de suas mãos e pés antes que eles causem mais danos.

Ele pegou sua mão direita e a posicionou com a palma virada para cima. O sangue dificultava ver onde o vidro a havia perfurado, mas o homem jogou um pouco da água que achou no fundo de um vaso de orquídeas nelas, diluindo o tom de vermelho para um rosa escuro e revelando as pequenas formas transparentes. Cada vez que puxava um caco, Anastácia soltava um gemido de dor e tentava instintivamente puxar a mão, porém era impedida pelo forte aperto do guarda. Quando ele passou para a esquerda, a agonia já não era tanta. Ela se sentia quase anestesiada, como se tudo que a estivesse cercando fosse se dissolver em névoa a qualquer momento.

Foi transportada de volta para o mundo por um alto estalido que soou centímetros a sua frente, e no segundo seguinte um líquido quente e viscoso atingiu seu rosto, tapando sua visão. Anastácia limpou-se com o tecido de sua camisola e ao olhar para si, se viu coberta do sangue do guarda que a ajudava, a cabeça dele transpassado por uma bala e pendendo do braço da poltrona em que a garota estava sentada. Um grito escapou de sua boca, mas sabia que não tinha tempo para ficar ali lamentando a morte do amigo recém feito. Os rebeldes estavam vindo atrás dela.

Voltou a correr, dessa vez bem mais lentamente do que antes já que cada vez que encostava o pé no chão os cacos alojados ali se aprofundavam mais em sua carne. Doía tanto que Anastácia estava com dificuldade para respirar. Deixava pegadas sangrentas enquanto se movia, mas não ousava parar. Podia ouvir os rebeldes a perseguindo. Eles usavam uniformes totalmente preto, com exceção do uma onda bordada em vermelho no peito. Seus rostos estavam cobertos por um capacete e de suas mãos pendiam metralhadoras, mas eles não atiraram em Anastácia. Deviam saber que ela era uma selecionada e queriam que sua morte fosse mais lenta. Esse pensamento só a fez correr mais rápido, tornando a dor em seus pés quase insuportável.

Anastácia abriu a primeira porta que viu e entrou em um cômodo, para depois pegar uma cadeira e posiciona-la sobre a maçaneta, como vira os atores fazerem em filmes. Sabia que isso não seguraria os rebeldes, mas lhe daria algum tempo. O lugar em que estava tinha uma janela que dava para os jardins do fundo do palácio. Foi para lá que ela se dirigiu. Felizmente estava no primeiro andar, então a queda foi mínima, mas devido ao estado de seus pés, ainda assim doeu.

O lugar onde queria chegar era a floresta que cercava a propriedade. Lá haveria onde pudesse se esconder, mas antes que pudesse atingir a metade do comprimento dos jardins, ouviu alguém a chamar. “Anastácia! ”, a tal pessoa gritou. Era uma voz masculina, e ela lhe parecia tão familiar que a garota ficou tentada a parar, mas não o fez. Continuou correndo até que uma mão segurou sua camisola e a puxou para trás. Quando seus olhos pousaram na roupa de rebelde do homem, Anastácia abriu a boca para gritar, mas ele a tapou e puxou a selecionada para um arbusto. Ela lutava para se libertar, tentando acerta-lo com as mãos, os pés, qualquer coisa, porém qualquer traço de resistência escapou de seu corpo quando ele tirou o capacete.

— Joshua! – Anastácia gritou e envolveu o pescoço do irmão com seus braços.

Naquele momento ela esqueceu que estava em meio a um ataque rebelde. Esqueceu da dor em seus pés e em suas mãos. Esqueceu que Joshua a havia abandonado com um pai agressivo. Esqueceu de tudo menos da sensação de ter o irmão em seus braços de novo. Começou a chorar, pela primeira vez naquela noite um choro de alegria, e não de desespero.

— Anne, você está ferida? – perguntou Joshua, seu tom de voz preocupado conforme seus olhos se fixavam no sangue na camisola da irmã.

— O sangue não é meu. Quer dizer, a maior parte não – esclareceu Anastácia, se lembrando do gentil guarda que a ajudara e cujo corpo estava naquele momento provavelmente estirado no chão.

Joshua pareceu um pouco mais aliviado, mas sua expressão ainda estava séria.

— Anne, você não pode ficar aqui. Está me entendendo? Você tem que achar algum lugar seguro. E seja como for, não entre no palácio, ele está lotado de revolucionários – ele notou o olhar confuso da irmã e explicou – Revolucionários é o nome que usamos para nos denominar. Rebeldes é meio ofensivo. Mas é sério Anne, você tem que achar um lugar seguro. Vá para a floresta.

— É para lá que eu estava indo. Mas aí você me chamou....

Joshua deu um sorrisinho orgulhoso diante da esperteza da irmã e a puxou para ficar em pé.

— Eu te escolto até lá então. Mas temos que correr.

— Não posso – murmurou Anastácia – Meus pés.

Joshua olhou para baixo em direção aos pés de Anne e ao vislumbrar o tanto de sangue que saía deles, assentiu com a cabeça. Pendurou a metralhadora no ombro e carregou a irmã em seus braços. Enquanto corria até a floresta, os olhos de Anastácia estavam fixos em seu rosto. Ele não mudara muito durante os quatro anos em que havia ficado longe. Continuava bonito, com cabelos escuros e olhos doces capazes de encantar qualquer garota. Mas estava mais musculoso. Quando estava com Anne, seu corpo tinha uma magreza impressionante já que a comida sempre fora escassa para eles. Agora seus braços estavam grossos, e ele parecia saudável e bem alimentado. Ela tinha que admitir que ficou feliz em vê-lo assim.

— Joshua!

Uma voz soou atrás deles, fazendo o irmão da selecionada parar imediatamente de se mover. Ele virou o corpo e se deparou com um rebelde apontando uma arma diretamente para sua cabeça.

— Joshua, Joshua, Joshua. O que é que você está fazendo?

O rebelde que estava falando tirou seu capacete e Anastácia se deparou com as feições de um jovem que não devia ter mais que vinte e cinco anos. Ele estava acompanhado por outros dois homens, todos com a onda vermelha bordada no peito.

— Noah.... – Joshua começou a dizer, mas o rebelde o interrompeu.

— Nada disso. Coloque a garota no chão. Agora.

Joshua fez o que lhe foi dito. Os batimentos de Anastácia começavam a acelerar e ela olhava em volta de si procurando desesperadamente um lugar por onde pudesse fugir. Não achou nenhum.

— Então essa é a selecionada que é sua irmã? – Noah perguntou – Ela é bonita.

Joshua se moveu para que seu corpo ficasse em frente ao da garota e cerrou os punhos.

— Fique longe dela.

Noah deu um sorriso. Para surpresa de Anastácia, ele parecia estar genuinamente se divertindo com a situação.

— Ora, o que é isso Joshua? Está esquecendo onde sua lealdade pousa?

— De forma alguma. Mas fique longe dela.

Noah deu um passo à frente, o que fez Anastácia dar um passo cambaleante para trás.

— Por que você a está protegendo, Joshua? Ela não vai sair daqui e você sabe muito bem disso. Estamos em três, e vocês em dois, e ela não tem arma. Você pode ser habilidoso, mas não é tanto assim – o tom de voz de Noah estava calmo, mas sua postura lembrava a Anastácia a de uma cobra pronta para dar o bote - O líder não vai gostar de saber que você anda a protegendo, Joshua. Com certeza vai te fazer sofrer a punição nível cinco.

Um arrepio de medo percorreu o corpo de Joshua.

— Punição nível cinco?

Noah sorriu.

— Isso mesmo. Mas ele não precisa saber de nada disso. Você tem minha palavra e a de meus companheiros que não vamos contar nada. Certo, rapazes? – ele olhou para trás em direção aos rebeldes que o acompanhavam e quando ambos acenaram com a cabeça, ele voltou o olhar para frente de novo – Viu só? Não vamos contar nada. Mas com uma condição. Você vai ter que matá-la.

Anastácia olhou apavorada para o irmão. Ele não seria capaz de fazer isso, seria? Antigamente não, mas ele mudara. Havia passado tanto tempo longe que ela duvidava que fosse capaz de saber o que se passava por sua cabeça.

— Não posso fazer isso – ele disse.

— Você tem. Ela vai morrer de qualquer jeito, mas você não tem que acompanha-la até o túmulo – Noah disse, com naturalidade na voz como se estivesse tratando de um assunto trivial, e não da possível morte de duas pessoas.

Um longo silêncio reinou. “Ela vai morrer de qualquer jeito”, essa frase ecoava incessantemente pela mente de Anastácia. Seria verdade? Olhou nos olhos de Noah e ao ver a centelha de insanidade presente neles, soube que era.

— Eu não quero que você morra, Joshua.

Joshua fixou seus olhos nos de Anastácia e assim permaneceu por longos segundos. A garota sorriu para ele, um sorriso radiante, e fechou os olhos, acenando com a cabeça para lhe indicar sua decisão. Não se importaria de morrer agora, não se isso fosse fazer com que seu irmão continuasse vivo. Estava em paz com essa resolução.

— Eu te amo – murmurou Joshua, o que fez o sorriso de Anastácia aumentar ainda mais,

Uma chuva de pensamentos passou por sua mente: a delicadeza das mãos de sua mãe, o aroma de bolo de laranja saindo direto do forno, os conselhos sábios de seu tio, os passeios pelos parques de sua província, até os poucos momentos bons com seu pai. O último som que ouviu foi o de Joshua engatilhando a arma.


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Notas finais do capítulo

Tcham, tcham, tcham!!!!

Esse capítulo felizmente não atrasou mas eu tenho prova nas próximas muitas semanas, então isso ainda pode acontecer. Mas eu vou tentar postar em dia, amores.

Kisses e até os comentários!!



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