Eu de Letras, ela de Irônicas escrita por Sr Devaneio


Capítulo 8
Capítulo 08 - Convidado


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos!
Aqui a continuação da história, com o começo de algo bacana. Podemos dizer que começa a ficar interessante aqui hehehehe
Espero que gostem! ;)
Boa leitura.



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O fim de semana acabou rápido e a segunda semana de aula começou.

Entreguei os meus trabalhos que tinha terminado no domingo, já que sábado voltei um pouco tarde do meu passeio com Anna, e fora isso, tudo ocorreu bem.

Minha mãe acabou ficando curiosa para saber quem era a “tal de Anna, que primeiro havia roubado seu filho, depois simplesmente começou a ser boazinha com ele”. Expliquei que havíamos acabado de nos conhecer para evitar que ela já começasse a imaginar coisas fora da realidade, mas não sei se ela entendeu de fato.

Na quarta feira eu estava no trabalho, como estive em todas as tardes, e o expediente estava agradável. Quando estava guardando os livros deixados nos locais errados pelos clientes, ouço uma voz atrás de mim:

— Oi, com licença! Estamos procurando um livro.

— Olá — digo, enfiando o último livro na estante. — Pode me dizer o títu...

Quando viro o corpo, Anna me olha e sorri. Ao seu lado está Anabeth (uma de suas amigas inseparáveis. Esta é branca e tem sardinhas no nariz, tem o cabelo castanho como Anna, mas bem mais longo.).

Ambas vestem shorts jeans e blusas estampadas. Anna está com o cabelo preso em marias-chiquinhas, o que lhe conferem um ar um tanto infantil, que de certa forma completa muito bem o visual.

— Oi, Andrew! — diz Anabeth, acenando com a mão livre (ela e Anna estavam com um dos braços entrelaçados).

— Ah, e aí moço! — diz Anna, sorrindo ao me ver.

— Oi, meninas. Tudo certo com vocês?

— Estou bem — respondeu Anabeth.

— De boa também — disse Anna. — É aqui que você trabalha?! Que louco! Realmente gosta de livros — ela acrescentou, rindo divertida.

— Sim — respondi com um meio sorriso. — Vocês disseram que estavam procurando por um título, não?

— Estamos. É “Cinquenta Tons de Cinza” — Anna respondeu me olhando nos olhos com um sorrisinho discreto.

Anabeth a olhou, espantada:

— Não era “A garota que eu quero”? — perguntou, com os olhos arregalados, para Anna.

— Mudei de ideia assim que vi esse carinha — ela respondeu olhando para mim.

“Não perde uma oportunidade, heim?” — pensei.

Mas eu é que não ia deixa-la fazer mais uma gracinha sem sair impune.

— O livro é para maiores. Vocês têm mais de 18 anos?! — perguntei desafiador.

— Ah... Sim... — respondeu Anabeth, perdida e com um tom de obviedade.

— O que você acha? — perguntou Anna, decidindo continuar com o jogo.

— Acho que preciso ver a sua identidade antes, moça — respondi.

— O.k., definitivamente tem algo rolando aqui. Eu vou ali dar uma olhada naquela estante bonita porque não tenho nada a ver com isso — disse Anabeth, percebendo a situação.

Dito isto, ela soltou seu braço do de Anna e se afastou.

— Eu precisava de um motivo para afastá-la — disse Anna.

— Ah — respondi, entendendo parte da situação de repente. Porém, afastar para quê? — Mas ainda preciso da sua identidade, se for levar o livro.

Ela levantou uma sobrancelha para mim e cruzando os braços:

— Sério isso?! Quantos anos acha que tenho?

— Cronológica ou mentalmente? Porque, se for o segundo caso, eu te dou uns quatorze — respondi.

Anna torceu a boca e disse:

— Tudo bem. Eu levo “Tudo o que eu quero fazer é ilegal” mesmo.

— Isso foi uma piada? — pergunto, olhando bem para ela.

— Talvez. Mas eu gostaria de ver o livro, sim.

— Certo então... Venha comigo, por favor — falei, virando-me em direção ao computador mais próximo. Para falar a verdade, nem sabia da existência de tal livro.

Pesquisei o título no catálogo eletrônico e não o encontrei.

— Desculpe, não o temos em estoque. Aliás, pelo que vejo aqui, o nosso estoque nunca nem ouviu falar nesse livro — disse a ela.

— Ah... que pena então. O título me pareceu tão atrativo... — ela respondeu com um ar um tanto desapontado.

Observei bem o bico que ela fez. Estava engraçado.

— O que? — ela perguntou, desfazendo-o naturalmente.

— Nada. Só estava observando seu biquinho de chateação.

— Para! Eu não tenho como controlar isso — ela respondeu, sendo pega de surpresa.

— Desculpe. Foi até... Bonitinho, perfeito para alguém com catorze anos mentais — respondi fingindo uma expressão pensativa.

Ela me deu um soco no braço de brincadeira (ou será que não?).

– Mas é sério que você se interessou pelo título? – perguntei, ainda descrente daquela história um tanto maluca.

Então, quando ia responder, ouvimos uma voz aguda bem perto:

— Andrew! Que saudade!

Mal tive tempo de virar o rosto e um vulto branco e loiro se agarrou em mim, apertando meu abdome e dificultando minha respiração.

— Rashley?! — droga! — Ah, oi... tudo... bem? — respondi evitando falar muito para não perder o resto de ar que me restava e morrer, pois além de estar sem ar, seu perfume tinha conseguido se espalhar ao redor de minha cabeça, me impedindo de obter ar puro onde quer que eu movesse o rosto.

Droga!

Rashley finalmente se desgrudou. O cheiro de perfume diminuiu o suficiente para eu poder respirar sem sentir o gosto de álcool na boca. A marca que usava era bem forte.

Anna observava a cena intrigada, com uma sobrancelha erguida e a outra franzida.

— Eu estou ótima! E você? Como foram as férias? Nossa, agora que vejo esses olhos azuis novamente eu percebo que sentia mais sua falta do que achei que estava sentindo!

“E eu achei que você fosse morrer falando uma frase tão grande sem parar para respirar!” — pensei.

Era uma das habilidades de Rashley: falar sem parar nem para respirar. Eu realmente não sei como conseguia...

— Foram ótimas. E as suas? — tentei ser o mais objetivo possível para ver se ela saía logo dali.

— Foram incríveis! Você acredita que o Brasil nem é tão ruim assim? Tipo, faz um calor insuportável que nem aqui no verão, mas as praias são maravilhosas e tinha cada gato... Hã? Oi, posso ajudar? — disse ela, sendo interrompida no meio de sua narrativa por uma Anna que não parecia estar nada contente.

— Oi. Desculpa interromper, querida, mas eu estava conversando com ele primeiro. Estou procurando um livro e ele estava me ajudando, sabe?! — disse Anna, com um tom um tanto antipático disfarçado.

— Ai, desculpa linda! É que nós somos amigos e eu realmente precisava contar as novidades para ele. Estou indo embora já, já e não tenho muito tempo... — respondeu Rashley.

— Vocês são amigos?! Que coisa... Está parecendo que ele não está suportando ouvir sua voz, fofa — rebateu Anna atrevidamente e no mesmo tom de voz.

Rashley ficou rosa.

— Amada, desculpe, mas quem é você mesmo? Eu não te conheço, também não faço questão, e dá licença que o meu assunto é mais importante. Você com certeza não tem nada mais para fazer à tarde e vai poder procurar quantos livros quiser — triplicou Rashley, já num tom abusado.

Pigarreei.

— A propósito, Anna essa é a Rashley, a minha... patroa. Rashley essa é Anna. Uma colega da universidade.

As duas me olharam feio. Rashley porque, sem sombra de dúvidas, apresentei como patroa, deixando-a bem longe de uma posição íntima minha; Anna porque... bem, eu não sabia, para ser sincero, porque Anna me olhava daquela forma.

Anna voltou-se para Rashley e disse por educação, mas contrariada:

— Prazer em conhecê-la.

— O prazer é todo seu — respondeu a loira, sem nem olhar para Anna. — Patroa, Andrew?! Achei que... Argh! — ela bufou. Estava realmente irritada. — Tudo bem, então. Até mais.

Dito isto, simplesmente virou as costas e saiu pisando duro.

— Que sujeitinha mal-educada! E aquela infantilidade? — comentou Anna, depois que Rashley sumiu de vista dentro da loja.

— Ela é... difícil, em certos aspectos. Principalmente quando a mantenho distante assim — respondi.

— Que seja! — ela se voltou para mim. — “Colega da universidade”?! Sério?! — perguntou com um tom bastante irônico na voz.

— O que você queria que eu dissesse? Acabamos de nos conhecer!

Anna inspirou pesadamente, fez um instante de silêncio e acrescentou ainda irritada:

— Tá, tanto faz. Olha... Podemos pegar logo o livro? Preciso resolver umas coisas depois daqui.

— Claro. “A garota que eu quero”, então?! — perguntei, mudando de assunto.

— É.

— Certo.

Pesquisei mais uma vez no catálogo e achei a seção em que o livro se encontrava.

— Venha comigo novamente, por favor — pedi, indo em direção à estante em que o monitor confirmou o livro.

— Aqui está — entreguei o livro de Markus Zusak em suas mãos.

— Dois, por favor. Anabeth também está querendo — ela pediu.

Nesse momento, Anabeth surgiu com um livro de capa amarela nas mãos:

— Anna do céu, olha o que eu achei!

Ela entregou um exemplar de “Como sair da friendzone” nas mãos da amiga, acrescentando:

— Acho que vou dar um exemplar desses para o Bratt, porque ele só pode ser tapado para perceber que está se auto enfiando na friendzone. Mando cada indireta pro cara e ele simplesmente não se toca!

Anna olhou para mim quando Anabeth disse a última frase.

— É... Tem vários desses tipos por aí — falou, disfarçando o olhar para a amiga. Depois acrescentou — Vai ver ele é gay.

Fiquei sem entender se aquele olhar fora algum tipo de indireta ou era apenas mais uma tentativa de zoar comigo. Aquela garota era muito confusa!

— Hum... será?! Ai, eu vou ficar bem triste se estiver dando mole pra uma amiga! — disse Anabeth, com um ar frustrado. — O que você acha Andrew? Vamos supor que nós nos conhecemos nas férias de verão, descobrimos que íamos para a mesma universidade e tudo o mais, além de ter rolado e estar mais que claro que tem um clima rolando entre a gente... Você ia ficar enrolando mais ainda, ou vinha para cima? — ela perguntou, olhando para mim.

Confesso que a pergunta me pegou de surpresa.

— Eu?! Ah, bem... Você é linda e bastante atraente. Além de me parecer uma morena bastante inteligente. Desculpe a sinceridade, mas creio que não ficaria enrolando não, se tivéssemos alguma química — respondi com sinceridade.

Ela sorriu:

— Jura? Obrigada! E sério que me acha atraente?

Afirmei com a cabeça.

Em seguida ela voltou-se para Anna com um tom cansado:

— Ai, droga! Aquele idiota está detonando minha autoestima, também. Desculpe — Anabeth tornou a olhar para mim —, e obrigada pelo elogio! Bratt é um idiota! — comentou, por fim, com ninguém em particular.

— Amiga relaxa! Vamos levar esse livro, sim. Junto com o que nós queremos. Depois, vamos afogar as mágoas num sundae divino — desde que você não conte isso para as outras – e finalmente mais tarde, descobrir se o tal Bratt é gay na festa de hoje — afirmou Anna.

— Ok... Preciso mesmo de algo gelado para esfriar a cabeça. A propósito, você ficou sabendo da festa de hoje, Andrew? — Anabeth me perguntou.

— Não...

— Ah, é! Era o que eu iria falar com você antes daquela chata da sua “patroa” aparecer. Enfim, vai rolar uma festa hoje na Beladona Prime. Todos os convidados podem chamar um convidado, desde que este seja uma pessoa bacana. Vamos? — Anna convidou.

— Eu não sei... Que horas é? — perguntei um tanto desanimado. Não era muito fã de festas e agito.

— Começa às 19h30.

— Hum... Tenho que pensar um pouco. Se eu for, vou acabar não podendo ir à academia hoje... — comentei.

– Afe! Pare de fazer doce. Detesto gente que faz doce. E olha: você não vai murchar se deixar de ir à academia por um dia, querido — ela me lançou um olhar de sobrancelhas franzidas.

— É... Até porque já tem bastante resultado aí, gato! — comentou Anabeth, me dando uma piscadinha.

Sorri por educação.

— Espera... Doce? — perguntei para Anna, confuso.

— Doce? Onde? — ela perguntou de volta.

— Você disse isso. “Detesto gente que faz doce.” Ou entendi errado? — perguntei novamente.

— Ih... — falou Anabeth. — Andrew, querido, vai por mim: esqueça. É gíria de brasileiro.

— Ah – respondi simplesmente.

Fiquei confuso. Como Anna não respondeu nem fez nada além de me encarar resolvi deixar para lá e esquecer o assunto.

— Certo, então. Talvez eu apareça por lá... Na festa, quero dizer — respondi.

— Vamos ficar em um lugar visível, então — disse Anabeth, sendo puxada por Anna.

— Nos vemos lá, moço. Tchau! — disse Anna, levando consigo a amiga e os livros até o caixa.


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Notas finais do capítulo

Neste encerramento, é justo que eu avise que não poderei mais postar com um intervalo tão pequeno de tempo (2/3 dias). Aconteceram umas coisas comigo que me permitirão postar apenas nos finais de semana agora. :
Desculpem por isso; agradeço a compreensão de todos! :)
Tentarei compensar a demora com capítulos mais divertidos e "agitados".