Esperando o Amanhecer: DON'T CALL ME escrita por Jack Allan Poe


Capítulo 2
Capítulo 1 - A Rota 66 e O Hotel - Chris


Notas iniciais do capítulo

Espero que curtam =D



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Finalmente na estrada. Ashley está revezando comigo o volante da nossa van, compramos ela num ferro-velho e a reformamos, e por sorte, está aguentando bem a viagem. Começamos nosso trajeto em Chicago, passamos por Springfield, St. Louis, Tulsa e Oklahoma, estamos agora em algum lugar entre Amarillo e Tucumcari no Texas.

–Well if you ever plan to motor west – Ashley e eu começamos a cantar, ela esta dirigindo, e eu estou no banco ao lado.

–Just take my way that's the highway that's the best – Mike e Sam que estão sentados logo atrás, continuam.

–Get your kicks on Route 66 – Todos cantamos.

–Se for para estragar a música, é melhor não cantar. – Diz Emily enquanto vira os olhos. Por que trouxe ela mesmo...?

–Relaxa Emily, não começa não em! – Diz Mike num tom descontraído.

–Começar o que? – Ela responde com sarcasmo na voz.

–Gente, já chega ai atrás! – Ashley odeia brigas na van.

–E como é que você vai, Josh? Tudo certo irmão? – Pergunto, ainda não conversei falei com ele, e estamos no meio da viagem... Josh e eu costumávamos ser como irmãos, ele era ou ainda é meu melhor amigo. Mas depois do que ele fez ano retrasado na montanha... Isso nos afastou um pouco.

–Bem, na verdade levando, esses remédios me dão uma dor de cabeça desgraçada. – Ele e da uma leve risada, Realmente ficou com uns parafusos a menos depois da morte da irmã, mas está tentando voltar a ser o cara alegre de antes. Tenho que ajuda-lo com isso.

Sam faz um carinho no rosto de Josh, ele está junto com Emily no banco na frente do qual Mike e Sam estão, Samanta com certeza foi a pessoa que mais ajudou o Josh em relação aos problemas, eu admiro isso nela.

–Gente, não sei vocês, mas eu estou morrendo de sono. E também estou ligado que se eu dormir, vocês vão morrer de tédio, eu sei que sou muito engraçado, demais, lindo e... – Antes de acabar minha frase cheia de realidade e humildade, Sam me interrompe falando por cima...

–Sei, muito “humilde” também ahahahaha - Ela diz rindo.

–Eu também estou com sono amor. – Ashley responde passando a mão em minha perna.

–Vocês não acham melhor dar uma parada para descansar? Vi uma placa á uns cem metros daqui dizendo que tem um hotel aqui perto... – Digo olhando a lua que brilha entre as nuvens, a estrada está escura e macabra lá fora, o som da van é o único que quebra o silencio total.

–Não mesmo, gente, um hotel isolado no meio do nada... Vocês não ficaram com trauma de lugares como este depois do ano retrasado? – Sam pergunta, ela tem certa razão, mas estou com muito sono para dar atenção.

–Relaxa Sam, deve ser só um hotel comum.

–Aquela montanha também era um lugar comum, e olha no que deu. – Emily diz olhando para as pernas que nunca mais sentiria.

–Mas lá não tínhamos saída, Emily. Aqui, é só sair e pegar a estrada novamente. – Respondo olhando-a no retrovisor.

–Decidido então, vamos passar a noite nesse hotel, amanha voltamos para a estrada logo cedo. – Ashley fala encerrando a discussão.

Mais á frente, finalmente chegamos numa saída á direita da estrada, que deduzimos levar para o hotel, ele está no meio do nada mesmo, mas está ótimo para passar a noite.

O caminho até lá é bem acidentado, está claro que faz algum tempo que nenhum carro passa por lá. Não tinha asfalto, apenas terra e buracos, mais á frente, vimos vários veículos que parecem abandonados, alguns á mais tempo que outros, e todos em fileira num campo aberto. Passamos por algumas arvores, isso não é comum na região, mas havia muitas lá. E finalmente, depois de uns vinte e cinco minutos, chegamos ao hotel, ele é bem antigo, mas parece aconchegante por fora, tem certa beleza nele também. É maior do que pensei, dever ter ao menos uns 5 ou 6 andares ai dentro, e é bem largo, parece uma mansão.

–É maior do que pensei... – Diz Ashley.

–Sim, e também deve ser bem caro...

–Não custa nada entrarmos e perguntarmos o preço. – Mike responde olhando para mim.

–Tudo bem... Mas vamos logo, estou dormindo em pé.

Caminhamos por um caminho nada chamativo até o grande “Hotel/Mansão” do qual ainda não sabemos o nome, ao lado esquerdo ha uma espécie de celeiro, ao direito, um local para estacionar os carros, assim como vimos lá trás, tem alguns que parecem estarem lá já faz algum tempo. O hotel tem uma torre principal no centro e outras duas nas outras extremidades, percebi algumas janelas da torre leste bloqueadas por tábuas e pregos, e isso não foi nem um pouco chamativo. Uma tinta escura e bem gasta domina todas as paredes externas do lugar, mas mesmo assim, ele tinha seu charme. Não é um sonho de hotel para passar as noites, mas parece bom o suficiente para mim.

–As damas primeiro. Mike, já pode entrar. – Digo enquanto abro a enorme porta que leva-nos até o salão principal, ela range igual uma porca velha.

–Cala a boca idiota. – Ele responde me dando um empurrão.

Sam é a primeira a entrar, seguida por Josh, depois Mike, Ashley e eu que levo a cadeira de rodas onde a Emily está. Já no lado de dentro, o lugar me agradou bastante, mesmo sendo velho, é muito bonito. O salão principal é constituído de uma enorme lareira, e contornando-a existe duas escadarias. Um elevador de portas vermelhas á direita, com dois corredores ao lado, e á esquerda, outros corredores. Ao lado da porta por onde entramos, existe um balcão vazio, e um sininho em cima dele.

–Não estou achando esse lugar nada agradável. Muito silencioso para o meu gosto. – Sam diz preocupada. O que ela tem na cabeça? Talvez seja trauma do ano retrasado...

Toco o sininho e o som ecoa por todo o salão principal. Passa um minuto de total silencio, até que finalmente, ouvimos barulhos de passos que parecem estar cada vez mais próximos. Eles estão vindo da escadaria, e é então que consigo ver uma figura velha e corcunda que desce lentamente...

–Ca-ra-lho, múmia velha igual essa, nem no museu tem.

–Cala a boca Chris! Ele vai ouvir... – Ashley me avisa dando um ponta pé.

–Já deve fazer um bom tempo que esse cara não consegue ouvir mais nada... – Diz Mike.

O velho finalmente chega perto o suficiente.

–Boa noite. O que desejam? – Sua voz é fraca e rouca.

–três quartos senhor, tem algum disponível? – Sam pergunta.

–O que você acha? Esse lugar é realmente muito lotado. – Ele responde sarcasticamente.

–Ok, mas deve ser um pouco caro, eu e meus amigos não temos tanto dinheiro conosco. Se pudermos chegar num acordo... – Ela continua.

–Sem acordo, vinte e cinco dólares por noite é o que eu quero.

–O que? VINTE E CINCO? Vamos ficar nos piores quartos ou o que?

–Na verdade, os melhores quartos estão disponíveis para os jovens rapazes.

–Mas por que tão barato? – Ashley pergunta confusa.

–Vocês já devem ter percebido que não aparecem muitos visitantes por aqui, o que faz o preço cair bastante. Pra falar a verdade, esse hotel vai morrer junto comigo, vocês estão prestigiando os ultimo ano de vida útil dele.

Percebo ao fundo, algo que não tinha visto antes, parece uma senhora também muito velha, sentada em uma cadeira de rodas, ela está de costas para nós, e parece olhar fixamente para a parede, sem fazer nenhum movimento, apenas olhando como se estivesse conversando com alguém. Não consegui ver seu rosto, mas ela me da calafrios.

–E... Quem é ela? – Aponto para a senhora ao fundo.

–Não cheguem perto dela! É a nossa única regra. Ela é minha esposa, e não pode ser tocada por ninguém. Entenderam?!

–S...sim. – Todos respondem.

Depois de acertarmos tudo com o aparente dono do lugar, finalmente vamos para nossos quartos. Eu e Ashley ficamos no quarto ao lado de onde Sam e Emily estão. Nós estamos na torre Oeste. E na torre central, estão Josh em um quarto e Mike em outro, eles preferiram ficar separados.

Sam e Ashley estão conversando no quarto onde estou hospedado com Ashy, Sam deixou Emily sozinha por alguns instantes para passar um tempo com sua melhor amiga que é minha namorada. Eu arrumo a cama onde eu e Ashy dormiremos, já que ficaremos apenas uma noite, pegamos apenas o necessário na van.

–Vocês não acharam estranho, aquela senhora na cadeira de rodas? Ela não movia nenhum musculo, só olhava para a parede... – Sam nos pergunta.

–Ela só é velha. Deve ter alguma doença ou sei lá o que.

–Chris! Coitada, não fala assim dela. – Ashley me da um sermão.

–Desculpa... Mas nossa, eu realmente estou morrendo de sono, pena que não posso dormir... – Jogo a indireta no ar.

– Ok, já entendi Chris – Sam percebe que está atrapalhando meu sono da beleza – estou saindo, boa noite para os dois pombinhos. – Ela responde.

– Boa noite Sam! – Ashley e eu falamos enquanto Samanta volta para o quarto onde Emily está.

Mas quando ela tenta abrir a porta, percebe que a mesma esta trancada.

–Estranho, a porta está trancada... – Ela diz chamando minha atenção.

– O que? Só deve estar emperrada, o hotel é velho, isso deve ser normal. – Digo enquanto vou até a porta para tentar abri-la, mas mesmo assim a porta não abre – Merda, acho que está trancada mesmo.

Um antigo telefone que está na cômoda ao lado da cama começa a tocar, foi como em um filme de terror, e por um momento, todos no quarto olhamos para ele. Sinto como se o meu sangue não estivesse mais em circulação, tudo o que aconteceu no ano retrasado, passou por minha cabeça. Rezei para que fosse apenas o dono do lugar ligando para nos avisar das portas que estão emperrando...

–Ninguém vai atender? - Conseguia ver o claro "cagaço" de Ashley.

A luz falha por alguns segundos, sinto um frio na espinha terrível, as batidas do meu coração que estão cada vez mais fortes, aquele frio na nuca... Olho para os olhos de Sam que estão cheios de preocupação, ela quebra nossa troca de olhares olhando para Ashley, que depois olha para mim, todos estão procurando alguém corajoso o bastante para ir atender. Mesmo sabendo que é só um telefone, aquilo está muito macabro, e depois do que aconteceu ano retrasado, eu estou com trauma de coisas assim...

Sam toma a iniciativa e caminha em direção ao telefone para enfim atende-lo, percebo a apreensão em seus passos, todos nós estamos assim na verdade, mas ninguém teve a coragem de admitir.

Ela finalmente atende, e uma expressão pálida e fúnebre toma conta de seu rosto nos primeiros segundos da chamada.


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Notas finais do capítulo

Comentem =D



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