Estava indo para a escola, quando me encontro com uma colega de classe. Se me lembro bem, seu nome era Amane. Ela vivia confrontando os professores,não tinha amigos e sempre ia vestida contra o regulamento da escola. Não seria bom começar a andar com ela agora.
– Oi Kuryo ! - ela diz, avançando atrás de mim.
– Oi.
– Tá tudo bem com você? - começo a lembrar da noite passada.
– Eu tô ÓTIMA, e você ?
– Mais ou menos... - ela responde de cabeça baixa.
– Por quê ?
–É dificil de explicar.
– Como assim ? - começo a ficar interessada.
– Sabe o professor de matemática? - ela parece ter mudado de assunto.
– O senhor Shirazu ?
– Sim, ele mesmo...
– O que tem ele ?
– Lembra que a senhora Midori me expulsou da sala após eu dizer que as aulas dela eram entediantes ?
– Sim, e 8 minutos depois você voltou. Alías, por quê você voltou ?
– Foi por causa dele. - ela respira fundo - Ele falou para a senhora Midori que eu era uma ótima aluna, e que ela não tinha direito de me tirar da sala por ter dito a verdade. Ela ficou com muita raiva, e entrou na sala batendo o pé. Depois ele disse pra eu não dar a miníma pra ela, e me perguntou se eu iria pra algum lugar no sábado.
– Não! Você tá mesmo falando sério ?
– Tô !?
– Você sabe que a Eliza é louca por ele, se lembra ? Não pode sair com ele.
– Claro que posso, ela não é nada minha, e eu nunca iria recusar um convite desses.
– No que você está pensando Amane ? - digo, já sabendo da resposta.
– Você é inocente demais pra saber o que estou pensando.
– Atá, isso por que você não sabe o que aconteceu ontem.
– O que aconteceu ontem ? - eu e minha boca grande.
– Nada.
Fomos andando adiante. Ela foi se encontrar com alguns colegas, e eu fui até o banheiro. O dia estava quente, então decidi ir lavar o rosto. Entro em um dos cubículos e pego meu celular. 6 chamadas perdidas. 4 de Naki e 2 de Uta. Naki ligou várias vezes depois que falei que iria fazer a máscara pra ele , ele até me parece muito desesperado pra que eu a faça logo. Mas Uta... Porquê ele estava me ligando ? Escuto passos para dentro do banheiro. Abro uma pequena brecha da porta e vejo que são 3 garotas. Elas começam a falar algumas bobagens, e um nome conhecido entra na conversa.
– Sabe o Shirazu ? - diz uma garota loira, que estava passando lápis no olho.
– Você quis dizer o professor de matemática? - fala uma garota de cabelo azul.
– Sim.
– Não devemos chama-lo pelo primeiro nome, é desrespeito.
– E todos o chamam de Senhor Shirazu, Professor, eu não vou o chamar como os outros.
– Tá, mas continue...
– Ele pediu pra sair comigo.
– Sério ? E você aceitou ?
– Claro que aceitei, ele é lindo, quem não aceitaria ?
– Yo! ( espanhol) - diz a terceira garota, que era a irmã gêmea da loira.
– Foi uma pergunta retórica Hakaze...
Será que ela está falando a verdade? Essas garotas tem fama de fofoqueiras, mas é melhor eu contar pra Amane, ela precisa saber disso. Abro devagar a porta do cubículo pra que elas não me vejam, o que não adianta muito, pois tem um espelho bem na frente dos cubículos. Ando como se tivesse acontecido nada, e vou até a parte de fora do banheiro.
– Sã e salva. - quando digo isso, uma mão puxa a gola da minha camisa e me joga contra a parede. Uma garota de cabelo liso verde com uma mecha roxa , que eu nunca tinha visto na escola , estava na minha frente.
– Você ouviu ? - ela diz um pouco tensa.
– O quê?! - começo a suar frio. Ela por acaso é amiga daquelas três garotas ?
– O que as galinhas falaram lá dentro, você ouviu ? - agora que olhei bem para ela, ela era um pouco diferente das garotas que já vi. - Me responda, assim você se livra de uma encrenca.
– Eu... Quem é você ? - tento fazer a situação ficar menos tensa.
– Meu nome é Niyan, e você está em zona perigosa. Sorte sua não terem te visto saindo do cubículo. Mas eu vi ...
– Você não vai contar a elas, vai?
– Não,eu serei prejudicado se contar a elas.
– Prejudicado ?
– Isso. Eu não me dou muito bem com elas. - ela solta a gola da minha camisa e cruza os braços. - e você ?
– Não as conheço. Mais a de cabelo azul é da minha classe,é a única coisa que sei delas.
– Acho melhor sairmos daqui. Elas podem sair a qualquer momento. Vamos aos armários. - ela olha para o corredor que ia em direção aos armários. - Quer saber ? Mudei de idéia. Vamos para perto do banheiro masculino !
– Hã? Como assim ?
Andamos até o banheiro masculino.
– Argh... Você fica aqui ? Tenho que fazer uma coisa lá dentro !
– O que vai fazer no banheiro masculino ?! - ela é maluca ?
– Não se preocupe. Eu vou ficar bem, só não saia daí, certo ? - ela diz com uma cara sorridente.
– Tá...
– Obrigado ! - obrigado ? Espero alguns instantes embaixo de uma ávore. Pego o celular. Mais 4 chamadas perdidas. Todas são de Uta, mas o que será que aconteceu ? Ligo para o número dele. Quem atende é uma mulher.
* ligação ON *
Mulher : Oi !
Miza : Oi ? Quem está falando ?
Mulher : Ah, aqui é a ....
* ligação OFF *
A chamada caiu. Quem era aquela mulher ? Duas mãos cobrem meus olhos.
– Adivinha quem é ?
– Hummm, não sei.
– Tenta lembrar . - Aquela voz. Eu reconhecia aquela voz de algum lugar. Imagens se passavam por minha cabeça, eu ainda me lembro dessa voz. Quando eu morava com meus pais, eu tinha um amigo. Ele se chamava Takino, e ele era meu melhor amigo. Quando me mudei pra casa de Uta, não o vi mais. Desde então, não nos falamos. Como era mesmo seu sobrenome ? Era ...
– Takino Niyan ?! - falo surpresa.
– Isso ! - ele tira suas mãos dos meus olhos e me abraça. - Por onde você andou ?
– Andei por lugares que você em pensou em chegar perto. - mas espere... - estava vestido de garota ?
– Shiuu... Não fale tão alto. E, sim , eu estava.
– Porquê ?
– Disfarce anti-bullyng. Os garotos observam mais os silicones, e não o que está por baixo dele.
– Genial ! - Takino sempre sofreu bullyng, e também adorava disfarces.Foi a cara dele fazer isso.
– Não é ? Eu que fiz a peruca. E, de fato, não achei que ia ficar tão boa.
– Né ! Parece que é cabelo de verdade.
– Obrigado. - o sinal toca. - Você tem que ir pra sua sala agora, depois a gente conversa .
– Certo, tchau !
Foi legal rever o Takino de novo. Mas, será que ele soube o que houve com meus pais ? Bem, eu dou um jeito de saber isso depois, agora tenho que dar o melhor de mim nos estudos.
#2horase30minutosdepois
Impossível ! Não acredito...
– Kuryo ?
– Presente !
– Venha pegar sua avaliação.
Minhas notas aumentaram irracionalmente . Semana passada fiz um teste de Matemática, e eu tirei 4,5. Pensei que por mais que eu estuda-se, eu não iria conseguir tirar uma nota alta. Hoje, no primeiro horário, fizemos a prova de matemática. E no quinto, a entregaram. Tirei 9,0.
– Como você pode ter tirado um nota tão alta numa matéria que odeia ? - diz Amane.
– Bem, eu não a odeio, só não temos laços um com o outro.
– Como você fez pra tirar essa nota ?
– Eu só pensei em meu pai, ele se esforçou tanto me ajudando a estudar. - aquilo não era mentira, fiquei a prova toda pensando no Uta. Mesmo cheio de pedidos, ele fazia questão de tirar todas as minhas dúvidas. E também pensei na noite de ontem, está chegando a me perturbar... O sinal tocou, hora do intervalo.
– Amane, preciso falar com você - falo tudo o que aconteceu sobre a três garotas, tirando a parte do Takino.
– A Yumi vai me pagar por falar isso do senhor Shirazu. Ele nunca sairia com ... ELA!
– Eu sei,eu sei.
– Álias, que garota era aquela que você estava falando ? Uma novata ?
– Não, uma velha amiga. - é melhor eu não falar sobre isso por enquanto.
Andamos um pouco pela escola, até que Takino corre em minha direção com o rosto coberto de sangue segura meu pulso e me puxa para a saída da escola.
– Takino, o que houve ? - digo,mais do que surpresa.
– Eles estão aqui !!!! - ele grita, ainda me puxando para fora.
– Quem?!
– Os pombos! - pombos? Eu já ouvi essa mesma frase uma vez. De novo...
– Kuryo, os pombos estão atrás de você. - Takino fala. Agora me toquei, pombos,investigadores...
– Como sabe disso? - falo.
– Eles disseram, eles vão te ver se continuar aqui.
– Porque você está coberto de sangue ?
– Eles acabarão de atacar dois garotos , e eu estava ao lado deles dois. Eles chamaram seu nome um pouco depois de sair do local. Eles estão matando todos os ghouls dessa escola. - entramos no porão da escola. - Eles querem te matar ! - ele continua puxando meu pulso.
– Espere! - puxo o meu pulso, que já estava começando a doer. - Eu não posso estar sendo caçada. Não por eles !
– Me responda com sinceridade,só posso ouvir de você : você é um ghoul ?
– NÃO! Do que está falando ? - eu estou realmente confusa,sério.
– Eu sei o que aconteceu naquele dia, não precisa esconder mais de mim.
– Esconder o quê ?
– Eu sei que você é um ghoul ! Eu aceito. Você é minha amiga, não importa se você é um deles.
– Eu não sou um ghoul, era o que eu mais queria, mas eu não sou.
– Está falando sério ? - ele olha emburrado para mim. Quando fala isso, a porta do porão abre num estrondo. - Venha cá !
Fomos para trás de algumas caixas, e nos encolhemos.
– Misa-sannn !!! - diz um garoto de cabelos brancos . Eu conheço ele. Ligo o celular e procuro o número do Uta.Coloco o celular perto da orelha. O garoto estava entretido derrubando as coisas que estavam no outro lado do porão, longe de nóis.
*ligação ON*
Uta : Miza ! Onde você está ? - ele diz nervoso.
Miza: Estou no porão da escola, tem um garoto aqui com uma arma que está me procurando.
Uta: O QUÊ ...
*ligação OFF*
– Te achei !!!! - o meu celular estava na ponta da arma do garoto,enfiado. - Quanto tempo Miza-chan ... - Takino estava subindo as escadas do porão quando o garoto esquisito o viu. - Ei! Para onde você vai ? - Takino agora corre, tropeçando nos degraus. - Seu amigo, é medroso.
– Sim. - eu já vi esse garoto, em algum lugar.
– Oh. Não se lembra mais de mim ? - ele diz um pouco triste.
– Não.
– Hum, acho que não sou alguém tão esquecível assim, certo ? Quem se esqueceria de um garoto cheio de costuras no corpo, não ? - quando fala isso , dá um sorriso, e estende a mão - Juuzou Suzuya.
– Kuryo Mizani . - aperto a mão estendida.
– Agora, chega de apresentações. Tenho que te matar.
– Hã ? - sério, esse garotinho vai mesmo me matar? Ele aposenta sua arma parecida com um machado ( mais ou menos), e pega facas. - O que vai fazer com isso ?
– Vou descansar elas em você. - ele dá outro sorriso.
– Não tinha algo mais brega pra dizer agora ? - digo, não acreditando que uma menininha iria me matar.
– Você não vai se sentir assim, quando elas estiverem em contato com sua pele. - ele atira as facas em minha direção . - Doí, não é ?
– Não dói como pensei que fosse ... doer. - as facas me acertaram, mesmo que eu tenha tentado desviar. - Mas eu tenho uma coisa a dizer.
– E o que é ? - ele fala, sem expressão alguma.
– Vai doer mais em você ! - puxo uma das facas que entraram em minha perna , e a jogo contra ele com força. Ele desvia. A dor é terrível, é pior do que com a faca. Guardo tudo pra mim.
– Então ? Mudou de idéia ?
– Sobre o quê ? - digo, irritada.
– Sobre doer.- ele pega a arma anterior, e começa a brincar com ela. - Não irá doer, quando você estiver morta. - ele move a arma para perto de meu queixo, e começa a afundar a lâmina nele. - Não se lembra mesmo de mim ? - ele vira levemente a cabeça.
– Não. Não lembro.
– Que pena. Se ao menos se lembra-se, morreria feliz. - ele puxa uma faca, que estava em minha barriga, e eu caio no chão de dor. - Ghouls são imprestáveis. - ele cochicha em meu ouvido e sobe nas escadas. - Até mais, Miza-san .
Ghouls são imprestáveis, ghouls são imprestáveis, ghouls são imprestáveis, ghouls... Lembro de quando , já com 13 anos, no caminho da escola, eu passava na frente de uma loja de doces, e um garoto sempre estava dentro dela, nesse mesmo horário. O garoto tinha costuras vermelhas por todo corpo, em forma de X. Vestia uma blusa social com as mangas dobradas, e uma calça social também dobrada. Tinha um cabelo até os ombros, usava grampos vermelhos e cruzados formando um X, igual as costuras de seu corpo. Quando o homem da loja lhe entregava o saco cheio de doces, um lindo sorriso surgia em seu rosto e a aparência que para os outros era grotesca, parecia mais comum que todas as outras. Vi esse garoto por dias, virou uma rotina, encontrar ele sentado na calçada que tinha na frente da loja, comendo os doces que tinha no saco. Uma vez, ele me ofereceu alguns doces de seu saco. Isso também virou rotina, assim como os cumprimentos que se seguiram. Quando me mudei para a casa de Uta, não o vi mais, nunca mais passei sequer pela frente da loja de doces.
– Ghouls são imprestáveis ... - tento me levantar, já mancando. Caio no chão, fazendo com que uma das facas entre ainda mais no meu corpo, dessa vez não suporto, e grito o mais rápido que posso. Engatinho desajeitadamente até as escadas, me sento, e arranco as facas de meu corpo, uma por uma. - Isso realmente dói ?
Volto a subir a escadas, já me arrastando, e consigo chegar até a porta. Não havia ninguém lá fora. Tento me levantar novamente, e me arrasto pelas paredes. Não tinha ninguém na escola, olho para cima. Todos estavam em suas salas. Mas... Como ? Deveriam isolar a escola, certo ? Será que eles sequer perceberam o que houve ? Não importa. Saio da escola, e vou diretamente a um orelhão.
*ligação ON*
Naki: Alô ?
Miza: Naki, podemos nos encontrar em outro lugar hoje ?
Naki: PORQUE? De última hora?
Miza: Eu sei que é ridículo, mas houve um imprevisto, e não irei poder ir aonde combinamos.
Naki: Hum, pode ser. Mas não chegue atrasada.
*ligação OFF*
Tomara que ele encontre o lugar que disse para ele ir. Me encosto no orelhão, e volto a teclar.
*ligação ON*
Miza: Uta ?
Uta : Oi miza.
Miza: Você pode vim me buscar ?
Uta: O que houve ?
Miza: Venha rápido, por favor.
Uta: Certo, já estou indo.
*ligação OFF*
O Suzy não mudou nem um pouco,ele continua o mesmo.