Hades p.d.v

Estava mais do que divertido torturar o verme do Mekah. As amarras em seus pulsos estavam ligadas à cordas que estavam presas em grandes rodas de pedra que giravam sem dó nem piedade. A corda ia se enrrolando cada vez mais nas rodas fazendo com que os braços do verme estivessem sendo fortementemente puxados pelas laterais. A mesma coisa estava ocorrendo com suas pernas. Um método lento e eficaz de desmembramento.

Enquanto isso, eu estava começando a botar fogo em algumas partes de seu corpo. Decidi começar por seus dedos. Mekah gritava o máximo que podia e eu gargalhava até ficar sem ar. Como a vingança é doce. Um dos ombros de Mekah se deslocou e eu percebi que logo ele seria desmembrado, então eu comecei a queimá-lo mais rapidamente. Os dedos de sua mão esquerda estavam enegrecidos agora por causa da carne queimada. Comecei a queimar sua mão e seu pulso. Mekah gritou mais ainda, aumentando a minha diversão. Ele gritou até não suportar mais. Maldição! Ele realmente é um verme fraco! Eu olhava para o corpo inerte de Mekah com descrença. O vagabundo havia desmaido. Fraco, inútil, miserável. Parei as rodas de pedra e de queimar o seu corpo. Não havia graça em torturá-lo se ele não estava acordado para ver.

Quando eu parei com toda a barulheira eu percebi que algo estava errado. Eu não ouvia mais os gritos vindo de fora do castelo. Fui até a janela da torre e não avistei ninguém. Já estavam todos mortos? E eu que achei que eles iriam dar trabalho. Escutei um latido e depois um grunido forte. Olhei para o canto da sala e vi que Daemen havia acordado. Daemen é um cachorro do inferno útil apenas para aletar. Quando algo está errado, ele me avisa. Ele estava inquieto. Se levantou e foi até a porta da torre. Um rugido surgiu de sua garganta e seus dentes ficaram à mostra. Algo estava definitivamente errado. Me concetrei melhor e usei a minha audição para buscar por algo de diferente em meu castelo. E definitivamente havia algo errado. Haviam sete batimentos cardíacos em meu castelo, algo estranho para um local que deveria estar vazio. Eles estão aqui. Aqueles malditos estão aqui. Como eles conseguiram entrar? Por que os meus servos não os impediram? Isso é bem como a Nyx diz: Se quizer algo bem feito, tem que fazer você mesmo.

- Daemen, você vem comigo. – Eu pude ver em seu rosto deformado a alegria de estar participando de algo.

Daemen seria útil para me alertar sobre os mortos-vivos, já que eu não podia ir atrás deles através de seus batimentos cardíacos. Antes de fexar a porta maciça de ferro, eu dei uma última olhada em Perséfone e Mekah. Os dois estavam perfeitamente inconscientes. Ótimo, assim não precisarei me preocupar com eles.

Ian/Mekah p.d.v

Quando a porta de ferro de fechou, eu tratei de começar logo a me soltar. Aquele diabo havia caído direitinho. Ainda bem que ele foi burro o bastante para tirar aqueles “acessórios” que estavam nos meus olhos, facilitou bastante a minha atuação. Eu recuperei as minhas forças de vampiro e isso facilitou bastante as coisas. Tanto para me soltar, quanto para me sicatrizar. Meu ombro estava no lugar e as queimaduras haviam sumido. Desci da mesa de pedra em que eu estava apoiado e fui até Perséfone. Sua pele estava começando a sicatrizar. Tirei a mordaça de couro de sua boca e comecei a tentar acordá-la.

- Perséfone, amor acorde. Vamos lá querida, precisamos sair daqui e rápido! – Eu dei leves tapas em seu rosto em uma tentativa desesperada de acordá-la.  Para a minha sorte, funcionou.

- Mekah...

- Sim, sou eu querida. Olhe, o Hades acabou de sair. Algo chamou a atenção dele, a gente tem que aproveitar para fugir e encontrar com os outros. Temos que ser rápidos Perséfone, ele pode voltar a qualquer momento.

- Tudo bem, me ajude a me soltar... oops! Acho que recuperei as minhas forças. – Perséfone havia puxado o pulso direito com uma certa força fazendo com que a amarra se soltasse. Enquanto ela soltava o outro pulso, eu comecei a soltar o que cobria a parte de cima de seu corpo. O único problema era que eu havia me esquecido o estado em que ela se encontrava embaixo disso.

- WOW! Desculpa... eu não tive a intenção...

- Me poupe né Mekah? Não é como se você nunca tivesse me visto nesse estado. Talvez sem os cortes, mas mesmo assim. Não há nenhuma novidade aqui, eu lhe garanto. – Eu refleti sobre isso por um estante e vi que ela tinha razão. Não havia motivos para me sentir constrangido, afinal, eu conhecia cada centímetro daquele corpo.

Depois que ela finalmente se soltou, ela olhou em volta procurando por algo. Eu não consegui tirar os olhos dela nem por um segundo. Eu sei que era insano pensar nisso em uma hora dessas, mas era quase que impossível não pensar com uma mulher dessas na sua frente. Os cortes estavam leves agora, eram apenas riscos. Ela foi até uma mesa que estava  no fundo da sala, retirou as coisas que estavam em cima dela e pegou o forro vermelho da mesa. Ela o enrrolou em seu corpo e depois deu alguns nós em algumas partes fazendo com que virasse um vestido esquisito. O mais incrível era que ela conseguiu ficar bonita nele.

- Acho que dá pro gasto.

- Você está linda.

- Até parece.

- Vamos logo, não temos tempo. – Logo que saímos da sala, avistamos uma escada de pedra em espiral. Começamos a descer o mais rápido e silenciosamente possível. Isso foi até fácil com as nossas habilidades.

Perséfone parou de repente e me puxou para um corredor e logo em seguida me jogou dentro de um dos cômodos. Era um quarto grande e com decoração do séc XIV.

- Qual o problema?

- Cães do inferno. Temos que nos esconder. – Avistamos um armário de madeira grande do outro lado do quarto. Corremos até lá e entramos nele. Era um guarda-roupa. Perséfone começou a nos cobrir com várias roupas que haviam  lá dentro.

- O que está fazendo?

- Camuflando o nosso cheiro. – A porta se abriu. Ouvimos um barulho baixo e abafado que estava se aproximando. Olhei pela fresta da porta e vi um animal monstruoso, com dentes longos e pontudos que mal cabiam em sua boca se aproximar. Ele tinha apenas um olho amarelo, no lugar do outro havia um buraco e uma grande sicatriz que ocupava metade de seu rosto. Ele vinha sorrateirmanete em nossa direção. O nervosismo era tanto que começamos a segurar a respiração. O seu nariz, pelo menos eu acho que aqueles dois buracos são um nariz, estava dilatando e encolhendo. Ele estava capitando o nosso cheiro. Um rugido pode ser ouvido e eu percebi que vinha da criatura. O seu rosto estava franzido e, por estar muito perto, eu tinha uma perfeita vizão das duas fileiras de dentes longos e pontudos, manchados de snague, que ele tinha.

Quando eu achei que ele estava prestes a nos descobrir, alguém abre a porta e fala algo em grego com o cachorro. Estranhamente, eu entendi. Era uma mulher, e ela dizia: Saia do meu quarto! E pelo seu tom de voz, ela estava bastante nervosa. O cachorro rosnou em protesto, mas se retirou. Eu pude ver a mulher se aproximando do armário. Ela era alta, extramamente branca com olhos exageradamente azuis. Ela estava usando roupas pretas que eu indentificaria como sendo de um estilo gótico. Ela parou em frente ao armário e o abriu.

- Saiam! – Eu e Perséfone nos olhamos e depois a obedecemos. Nós não tínhamos muita escolha.

- Nyx, escute...

- Não, Perséfone, escute você. Você precisa de ajuda e você sabe que eu posso te ajudar.-  Perséfone olhou para ela desconfiada e depois continuou.

- Você? Quer me ajudar?

- É pegar ou largar.

- O que você ganha em troca?

- Digamos que eu estou mais me ajudando do que te ajudando.

- Entendo.

- Temos um trato, então? – A tal de Nyx esticou a mão e, depois de analisá-la, Perséfone a apertou.

- Sim, nós temos.