Mascarade escrita por Last Mafagafo
Notas iniciais do capítulo
Um pouco mais da interação destes dois!
O Persa remava no barquinho sobre o rio subterrâneo a procura do Fantasma. Daquela vez ele havia ido longe demais e Nadir estava disposto a pará-lo de uma vez por todas. Era seu dever encontrá-lo e tentar incutir um pouco de sanidade em sua mente perturbada. Enquanto remava no escuro, ouviu uma doce melodia. O Persa se colocou em alerta, assustado, procurando pelo som. Olhava para todos os lados, mas nada via. Não havia nenhum outro movimento na água que não o seu. Ele inclinou-se para baixo, para onde o som parecia vir e sentiu duas mãos lhe agarrarem o pescoço e puxá-lo para baixo.
— Espere! Sou eu… - ele disse, assustado, lutando para não cair do barco. As mãos o soltaram e logo um homem surgiu das águas e se levantou, entrando no barquinho junto com o Persa e sentando-se com ele.
— Eu já disse para não vir aqui, Daroga. Desta vez quase te matei - o Persa não via nada, mas pelo tom de voz do homem ele estava se divertindo com a situação. O remo foi puxado de sua mão e o outro começou a mover o barquinho até que finalmente Nadir conseguiu ver o rosto do Fantasma.
— Desta vez você foi longe demais, Erik.
— Achei que me controlei bem. Afinal eu não lhe matei, Daroga. Não é o suficiente? - ele sorria, zombeteiro.
— Estou me referindo ao lustre. Você sabia que uma mulher morreu? Uma mulher inocente.
— Ninguém é inocente naquela ópera. Todos eles, sem excessão, merecem ser punidos - havia um brilho assustador no olhar do Fantasma que assustou o Persa.
— Por que está tão irritado? - ele perguntou, conhecendo o Fantasma.
— Não importa - respondeu o homem, saindo do barco e largando os remos na margem do pequeno lago.
— Como pode dizer algo assim, Érik? Será que não enxerga as consequen… - Nadir, que havia saído d barco, percebeu pela primeira vez que havia uma sombra atrás da cortina da cama de Erik. temendo que o homem havia raptado novamente Christine, ele se aproximou e puxou a cortina o suficiente para ver o corpo de Blanche e o lençol originalmente champanhe ensanguentado sob sua cabeça.
— O que você fez com essa menina, Erik? - o Persa correu para o outro, segurando-o pelo colarinho.
— Não ultrapasse seus limites, meu caro. Você está na minha casa - Erik se soltou e inverteu a situação, segurando o Persa pelo pescoço.
— Você a matou? - ele perguntou e Erik o soltou, empurrando-o em direção à cama.
— Veja por si mesmo.
O Persa ajeitou seu casaco como uma afronta a Erik e se aproximou de Blanche. Colocando dois dedos em sua jugular, sentiu o pulso fraco da garota e suspirou aliviado. Ela estava apenas dormindo.
— Não me diga que gosta da menina, meu velho - Erik riu, zombando.
— Não seja estúpido, Erik. Essa menina podia muito bem ser minha filha - o Persa pensou em falar que era Erik quem nutria paixões doentias por jovenzinhas, mas calou-se.
— Ainda não esqueceu Goli, não é mesmo?
— Eu sempre a amarei, você sabe.
— Lamento que ela não tenha te seguido quando deixou a Pérsia.
— Não seria justo - Nadir não gostava de falar de seus tempos na Pérsia e muito menos de seu exílio. Ele se aproximou de Blanche, mudando de assunto - O que pretende fazer com ela, então? Não vai matá-la, vai?
— Claro que não, Daroga. Se a quisesse morta ela já estaria, você sabe disso.
— Sei. Mas o que fazer com a pobre menina? Ela vai surtar quando perceber que está aqui. Ela estava aterrorizada com você.
— Aterrorizada? Ela não me pareceu assim quando me enfrentou lá em cima.
— Ela te enfrentou? - o Persa riu. Não era qualquer um que podia enfrentar Erik e sair com vida.
— Qual a graça? - perguntou Erik.
— Essa garota tem coragem… Por que a trouxe aqui?
— Eu posso ter me excedido ao discutir com ela e por acidente ela se machucou. Não quis deixá-la lá, sangrando até morrer.
— E porque não?
Erik realmente não sabia responder. Ele geralmente teria deixado a moça lá sem pestanejar. O que era uma vida a mais ou uma vida a menos entre aqueles hipócritas do teatro?
— De que lado está afinal, Daroga? Se pensa que a matei me ameaça, se digo que a trouxe para cá, pergunta porque não a matei.
O Persa nada disse, mas ficou curioso sobre a ação de Érik. Ele não era o tipo de pessoa que se preocupava com a vida de alguém. Já presenciara Erik matar brutalmente mais de cem homens, enquanto clamavam por piedade, sem mostrar um único sinal de dúvida ou arrependimento.
— Precisamos limpar suas feridas - o Persa comentou.
— Estava prestes a fazer isso quando invadiu meu esconderijo.
— Eu só vim aqui por conta daquela loucura que você fez lá em cima - disse Nadir, se lembrando finalmente do motivo que o levara à morada do Fantasma da ópera - O que estava pensando? Você havia me prometido, Erik, que não mataria mais ninguém. Eu só o deixei em paz até agora por conta disso.
— Eu não matei ninguém, eu apenas tirei a voz daquela pavoa, momentaneamente eu lhe asseguro, e apressei um pouco a queda daquele lustre. Ele iria cair sozinho a qualquer momento, a corda já estava se partindo - Erik deu de ombros.
— Pode ser, mas você não deveria ter feito isso no meio do espetáculo, sobre uma platéia lotada.
— Acidentes acontecem, meu caro. E se já disse o que viera dizer, pode se retirar.
O Persa não quis discutir mais. Sabia que se Erik quisesse, o retiraria de lá a força. Se se irritasse talvez o mataria e só descartaria o corpo depois. Erik não era um homem nem razoável, nem paciente. Era hora de ir.
— E quanto à bailarina?
— Eu cuido dela. Quando acordar deixarei que ela volte ao teatro sã e salva. É uma promessa.
O Persa assentiu e saiu do esconderijo de Erik. Já conhecia a saída, uma das várias, e conseguiu encontrar seu caminho para longe do esconderijo. Só esperava que a menina ficasse bem e Erik cumprisse sua palavra.
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