Mascarade escrita por Last Mafagafo


Capítulo 23
Capítulo 23 - Na Sala dos Súplícios




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As duas horas já haviam se passado e não havia notícia dos dois. Blanche não pensou duas vezes e se atirou no alçapão, assim como eles haviam feito. Caiu de forma atrapalhada, sem nenhuma graça ou maestria. Estava em uma sala hexagonal, com paredes paredes de espelho. Estava quente lá dentro, um calor infernal. Naquele momento, Raoul segurava sua arma contra a cabeça e o Persa começava a amarrar um laço no pescoço, ambos determinados a morrer. Alarmada, ela puxou a arma das mãos de Raoul, que disparou contra um espelho e arrancou o laço do pescoço do Persa. Os dois a olharam exaustos, arfando, voltando a si lentamente.

— Menina, está mesmo aqui? - foi o Persa que falou.

— Estou sim. O que vocês estavam fazendo?

— Estavámos a ponto de nos matar - o Persa disse como se fosse algo natural - Foi muita sorte que tenha aparecido a tempo de nos impedir.

— Raoul não prestava atenção neles, estava quase desmaiando, vendo alucinações ao longe e chamando por Christine.

— É a sala dos Suplicios - o Persa explicou e colocou a mão no ombro de Blanche de modo carinhoso - Precisamos procurar o mecanismo que abre esta porta. Procure por algo que não deveria estar aqui. Uma fenda, um prego, qualquer coisa.

Ela não entendia bem o que ele estava falando, o Persa falava cansado, ofegante, mas começou a tatear os espelhos e apertar qualquer coisa que parecia estranha. O calor era insuportável. Ao menos a fantasia tinha o colo a mostra, apesar de ser preta. A saia também era aberta até metade da coxa e permitia certo frescor infinitamente maior que os trajes masculinos. Tateando por entre os vidros dos espelhos encontrou um prego e pressionou, abrindo um alçapão no chão em que o Persa e Raoul se atiraram. Blanche os seguiu e foi aparada pelo Persa em sua queda.

Raoul estava tentando abrir um barril de madeira e o Persa se juntou para ajudá-lo enquanto a moça sustentava uma lanterna. De repente o Persa deu um tapa em sua mão e Blanche derrubou a lanterna no chão, que se quebrou. Estava pronta para reclamar, quando Raoul justificou.

— É pólvora. Estão todos cheios de pólvora. Ele vai explodir a ópera se Christine não escolher ficar com ele.

— Não é possível! - disse a moça.

— Ela deve escolher. Ele lhe mostrou duas caixas, uma com um escorpião, que ela deveria girar se escolhesse ficar com ele, e outra com um gafanhoto, se recusasse. Se ela girar o gafanhoto explodirá toda a ópera! - disse Raoul, em agonia.

Os três voltaram para a sala dos espelhos, que já não estava mais tão quente. Provavelmente Erik imaginou que os cavalheiros estavam mortos. Ele ainda não sabia da presença de Blanche entre eles. Raoul chamou por Christine, que parecia estar na sala ao lado. Ela respondeu, preocupada e ele lhe contou sobre o plano do Fantasma. Não demorou muito para Erik aparecer também, ameaçando Christine. Segundo ele já eram 11 horas e Christine deveria escolher.

O Persa tentou negociar, mas em vão, Erik não lhes deu outra saída. Ele planejava aquilo havia tempo demais. No fim ela escolheu pelo escorpião, selando seu destino. Os três que estavam no quarto dos suplícios se sentaram no chão, aliviados. Blanche olhou para Raoul. Ele parecia em conflito entre o alívio de escapar da explosão e a tristeza pelo destino da amada. Ela também sentia uma tristeza apertar-lhe o peito. De qualquer forma não havia como vencer.

Ouviram, então, o barulho de água. Uma corrente de água começou a surgir do fundo do alçapão e, para a alegria e comemoração de Raoul, do Persa e de Blanche, ela encharcava a pólvora e chegava até eles para refrescá-los. Eles beberam a água com tamanha urgência! Blanche aproveitou cada momento em que sentiu a água gelar sua garganta e umedecer seus lábios. Não se importou que se molhava inteira no processo. Estavam sedentos e fadigados. No entanto, a água não parava de subir, alagando o chão da sala de espelhos, enchendo aos poucos o ambiente, como uma banheira. Não havia por onde a água sair e a cada momento crescia o pavor dos três. Gritaram diversas vezes, mas Christine e Erik já haviam saído. Quando não havia mais como buscar ar, Blanche perdeu seus sentidos e deixou-se afogar.


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