Mascarade escrita por Last Mafagafo


Capítulo 24
Capítulo 24 - Feito um cachorrinho, mas coroada como uma rainha


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo!!!!



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A moça acordou numa cama com lençol escarlate. A caixinha de música tocava docemente ao fundo. Ainda estava no esconderijo de Érik e Christine estava ao seu lado, vigiando seu sono.

— Pensei que não resistiria. Estou tão feliz que esteja bem - ela disse, mas não sorria.

— Onde estão os outros? - A voz de Blanche era um fio. Tentou se levantar mas não conseguiu.

Estão todos bem agora - disse Christine apontando para o lado e lá estavam Raoul e o Persa também deitados. Raoul parecia frágil e debilitado. O Persa também, apesar de aparentar estar melhor que Raoul. Viu que Erik também havia se aproximado e chegava ao seu lado.

— Eles estão vivos? - perguntou para ele, buscando seus olhos.

— Estão - Erik respondeu.

— Obrigada - ela disse e sorriu, desmaiando de novo.

Quando acordou novamente, Christine já não estava ao seu lado. Erik ocupava o lugar de Christine e parecia dormir de modo desconfortável em uma cadeira. Ele parecia estar ali por dias. Blanche olhou para o outro lado e não viu nem o Persa e nem Raoul, o que a fez se levantar assustada. Erik também acordou e se aproximou de Blanche, segurando-a com delicadeza e forçando-a a se deitar novamente.

— Onde eles estão? -  ela perguntou, se debatendo.

— Eles já se foram - respondeu.

— Você os matou? - Blanche parou e olhou para Erik assustada.

— Claro que não! É só isso que pensa de mim? - ele questionou, magoado.

— Onde eles estão?

— Levei o Persa para sua casa, lá seu servo cuidará melhor dele. Raoul também se foi com Christine.

— Christine? Você a libertou? - disse, surpresa.

— Ela me beijou sem tremer, sem sentir nojo. Ela fez porque quis, eu não a obriguei. Isso foi o suficiente para mim. Eu a deixei ser feliz com seu soldadinho.

— É verdade? - ele assentiu e Blanche sorriu, com um pouco de ciúmes, mas orgulhosa dele. 

— Mas o que você fazia aqui? Por que estava com eles na sala dos suplícios? Eu poderia ter te matado, sabia?

— Teria feito diferença se você soubesse que eu estava lá? - ela perguntou.

Ele deu de ombros, desviando o olhar. Erik pensou que se ele soubesse, talvez não teria chegado tão longe. Talvez não tentasse afogá-los. Blanche tossiu, aninhando-se na cama. Erik voltou a olhá-la, com certo carinho. Apesar de tudo, Blanche se importava com ele, afinal. Perceber isso o deixou desconfortavelmente alegre.

— Blanche, eu vou morrer.

O coração da moça deu um salto e ela sentiu sua mente nublar.

— O que?

— Devo terminar minha vida agora, quando consegui um pouco da afeição de Christine. Esperarei que melhore e vá para a superfície, mas esta será nossa despedida. Disse o mesmo para o Daroga há poucas horas.

— O que você está dizendo? Você não fala sério, não é? - ela perguntou, segurando sua mão com força.

— Obrigado, minha amiga - ele afagou seu rosto com a outra mão, que ela também agarrou. Lágrimas apareceram nos seus olhos. Por mais que Blanche sofresse por causa do Fantasma, não podia se imaginar vivendo sem ele.

— Não se vá, por favor.

Ele sorriu e se soltou do seu aperto, mas a moça colocou uma de suas mãos em seu rosto e o fez olhar para ela. Blanche não queria que ele se afastasse, não queria que ele desaparecesse para sempre de sua vida.

— Eu preciso de você - ela disse - Não faz isso, por favor.

— Eu cheguei ao momento mais sublime da minha vida - ele disse - Não posso pedir mais que isso.

— Por favor… eu prometo que te deixo em paz a partir de agora. Prometo que farei o que quiser, mas não morra, por favor - ela pediu, entre lágrimas.

Apesar de sensibilizado, ele não mudou de ideia. Sabia que jamais seria tão estimado quanto naquele terno beijo com Christine. Ele nunca fora retribuído em seu amor e jamais poderia ser querido mais que aquilo.

— Eu te amo! - Blanche disse, olhando em seus olhos.

Erik, surpreso, se deixou ficar. Ele a olhou profundamente. Parecia não entender o que dizia. Ela não fazia sentido para ele. Ela não parecia falar a verdade.

— Eu te amo - disse novamente, afagando seu rosto e retirando sua máscara com delicadeza.

— Você deve estar louca! - ele sussurrou, tentando cobrir sua face.

Blanche segurou sua mão e beijou o rosto sob a máscara, sobre a feiura que tanto o envergonhava. Ele parecia paralizado, com medo. Erik não conseguia entender o que estava acontecendo, como se não fosse ele alí. Blanche colocou as mãos em seu rosto e beijou seus lábios com doçura. Deixou uma das mãos ficar e sorriu.

— Eu não entendo - ele sussurrou - O que fez? Por que?

— Por que eu te amo. Amo de verdade. Amo apesar da sua feiura, apesar de saber que há sangue nas suas mãos. Eu só te amo, e meu coração dói quando penso que você quer morrer.

— Eu sou um assassino. Eu quase te matei. Como pode você me amar? Logo você, que conheçe o pior de mim.

— Mas você também esteve comigo quando eu precisei. Você me salvou de Jared, dançou comigo no camarim e ficou ao meu lado quando dormi no terraço.

— Eu não te amo - ele disse, desviando o rosto.

— Então me mate. Tenha piedade de mim e me mate antes de matar a si mesmo - ela agarrou sua mão e a colocou na própria garganta, fechando os dedos dele em volta do pescoço - Por favor.

Erik suspirou e apertou seu pescoço, assim como fez quando se conheceram. Ela parecia tranquila e não se agitava como da primeira vez. Blanche não fez nada e, fechando os olhos, apenas deixou-se sufocar. Antes que ela desmaiasse, os dedos se soltaram e Erik a abraçou, apoiando a cabeça da moça em seu peito.

— Você é louca? Por que não tenta se soltar?

— Talvez você goste um pouco de mim - ela sorriu.

— Você realmente me ama? - ele perguntou, ainda sem acreditar.

— Eu estive no quarto dos Suplícios. Por que eu mentiria para você - ela sorriu, se aninhando em seus braços.

Erik olhou para a garota frágil que deitava-se sobre ele sem medo. A pequena bailarina que não tinha medo dele. Aquela que disse que o amava. Ele passou seus braços pelo corpo delgado e a olhou com carinho. Blanche fechou os olhos, sentindo-se protegida.

— E você, pode me amar? - ela perguntou, quase num sussurro.

Erik olhou para ela, o coração aquecido, um sorriso sutil no rosto. O que sentia por Blanche não era o que sentia por Christine. Era algo menos excitante, menos sonhador. Ainda assim havia algo dentro dele que se importava com a garota. Algo que a queria por perto. Algo que gostava de seu sorriso e precisava vê-la viva e feliz.

— Quando acordar, estarei aqui - ele disse, beijando sua testa, observando a reação da moça. Blanche sorriu.

 


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Notas finais do capítulo

Acabamos, pessoal! Obrigada a todos que acompanharam essa história.
Um agradecimento especial para lua dourada, que me fez voltar a escrever e finalizar essa história. Muito obrigada!
Espero que tenham gostado e que Blanche não tenha decepcionado. Ela não está nem no livro, nem no teatro e nem no filme, mas com certeza fez parte da história.
O que acharam? Comentem!!!
PS: O título deste capítulo e de alguns outros são referências especiais a livros e filmes nem sempre relacionados ao Fantasma. Conseguem adivinhar?



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