Mascarade escrita por Last Mafagafo


Capítulo 18
Capítulo 18 - Velhos hábitos


Notas iniciais do capítulo

Era para ter postado ontem, mas eu não tive tempo. Desculpe!!!



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Havia chegado o dia do baile de Ano Novo. A ópera abria as portas para convidados dos mais altos círculos sociais. Homens e mulheres ricos e aculturados estavam lá, exibindo as mais maravilhosas fantasias. Blanche e as meninas do ballet também estavam animadas com a festa e se arrumavam no camarim, utilizando as fantasias que Renée havia feito. O camarim estava apertado com todas as meninas tentando se trocar, o que estava irritando Blanche. Percebendo que Meg não estava lá, inferiu que teria ido ao camarim de Christine. Era uma boa ideia, já que os melhores acessórios e jóias estavam no baú de Carlotta. Blanche não resistiu à ideia de roubar alguns acessórios da outra e utilizar seu perfume. O de Soliére estava proibido desde aquele episódio.

Correu até o outro camarim e encontrou Meg entre as araras de roupas, escolhendo uma para si.

— Sabia que te encontraria aqui, Srta Giry! - gritou para assustar a outra.

— Blanche! Me assustou. Pensei que fosse minha mãe. Ou o Fantasma da ópera.

— E eu lá tenho cara de fantasma - riu.

— Não brinque com isso! - a loirinha a repreendeu e Blanche se calou. Ela nada sabia de Erik, então não entendia a graça. Certamente era melhor assim.

Meg ficou revirando as roupas da arara, até encontrar uma em especial.

— Este foi o vestido que Christine usou na sua grande estreia.

— Ele é lindo, não é? – Blanche passou a mão pelo vestido.

— Sinto tanta falta de Christine - lamentou Meg.

— Eu também - sorriu.

— Já imagino Christine misturando todos os figurinos e parecendo uma fada, mesmo com os trajes de Piangi – disse Meg e as duas riram.

— Ela tem tanta sorte! Talento, beleza... – disse Blanche, com certa inveja.

— Se casar com o Visconde de Chagny… - completou Meg.

— Eles ainda são noivos – acrescentou Blanche, lembrando-se de Erik.

— Mas o casamento já está confirmado. Eles voltarão para anunciar o noivado no baile de máscaras – Meg começou a devolver os vestidos nas araras.

Madame Giry entrou no camarim e repreendeu-as pela bagunça. Tiveram que arrumar tudo rápido sob a supervisão atenda da severa senhora. Meg acompanhou a mãe logo que acabaram. Mme Giry era mais dura com sua filha do que qualquer outra moça do ballet. Quando percebeu que estava sozinha, Blanche se atirou no baú de Carlotta, ansiosa por algum adereço. Nem percebeu que não estava realmente só no camarim.

— Ela está noiva? – Erik estava atrás dela, sua voz irritada - Há quanto tempo você sabia?

Blanche olhou para ele, assustada, recuando um pouco. Erik foi se aproximando devagar, não tinha como fugir.

— De que serviria lhe falar? - ela disse.

— De que serviria? – ele derrubou tudo o que havia sobre o aparador – O que acha? – Derrubou a arara também, se aproximando como uma fera.

Blanche sentiu seu corpo tremer, havia muito tempo que não o via assim. Mesmo assim tentou se manter forte.

— Christine ama Raoul, você mesmo viu. Eles saíram juntos do terraço naquele dia e não voltaram desde então. No fundo você sabia que eles estavam juntos. E não adiantaria nada eu confirmar isso, você não poderia fazer nada - disse.

— Sua pequena víbora! Mentirosa e...

— Você não tem direito de falar assim comigo!

— Insolente – ele agarrou seus braços, os olhos crispando de raiva, assustadores, demoníacos. Blanche teve medo, sentia que aquele homem que ela começava a conhecer já não estava mais lá. Era apenas o monstro, o Fantasma. Ainda assim, ela manteve seu olhar no dele, fixo, até que seus olhos começassem a nublar por causa das lágrimas. Ela evitava chorar, não queria demonstrar fraqueza diante dele, então ela fechou os olhos. Mesmo assim, uma lágrima desceu por seu rosto.

De repente a mão de Erik se afrouxou e seu olhar foi se tornando cada vez menos enfurecido e mais triste. Havia algo no sofrimento dela que o desestabilizou. Ela parecia tão frágil, tão delicada. Erik sentiu-se culpado ao vê-la daquele jeito e sua raiva dissipou-se. Curiosamente, Erik foi tomado pelo desejo de protegê-la. Ele se aproximou de Blanche, sua mão se estendendo timidamente para tocar seu rosto, mas Blanche abriu os olhos e o assustou, fazendo com que ele a largasse bruscamente.

— Não adianta me irritar com você - ele disse, virando-se em direção ao espelho. Sem perceber o que estava fazendo Blanche segurou sua mão enluvada.

— Deixe-os em paz, será melhor assim. Só os fará sofrer. Só trará mais sofrimento a você também.

Erik sentiu o toque quente da moça pelo tecido da luva, uma sensação estranha e acolhedora. Ainda assim ele a soltou, com certa delicadeza, sem coragem de olhá-la.

— Não interceda por eles.

Ele saiu, voltando para o espelho, e a deixou sozinha.

Naquele momento Mme Giry, que forçava a porta, conseguiu entrar. Estava sem ar, num estado que nunca visto antes. Ela olhava para a moça preocupada e parecia vasculhar todo o quarto.

— O que aconteceu aqui? – Madame Giry perguntou, com Meg atrás dela.

— Eu fui muito desastrada. Quis experimentar os figurinos, mas acabei bagunçando tudo. Eu já estou arrumando.

— Não pode ser isso. Você está tremendo... Está bem? – perguntou Meg.

— Estou sim – Blanche se afastou das duas, receosa, e saiu do camarim.

Meg tentou ir atrás dela, mas Mme Giry a deteu. Blanche correu pelos corredores, sozinha, magoada. Seu coração doía tão forte que lhe faltava o ar. Eric lhe tratara com agressividade e lançara o mesmo olhar frio e cruel de seus primeiros encontros. Blanche chorou de uma forma que não chorava desde a infância. Um choro sentido e triste.


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