Mascarade escrita por Last Mafagafo


Capítulo 12
Capítulo 12 - Jared, o sedutor




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Blanche estava observando o movimento das ruas de uma das janelas do teatro. Nenhuma de suas amigas estava na ópera naquele momento, então ela estava entediada e sozinha. Quando não tinha nada para fazer, gostava de subir ao andar superior da ópera e ver as pessoas passarem na rua de uma das janelas. Sentava-se em um banco alto e  encostava-se no balcão vazio, apenas observando a vida alheia.

— Está sozinha? - era uma voz masculina. Virou-se e viu Jared se aproximar. Ele tinha os cabelos loiros desalinhados e vestia ainda suas roupas para o ensaio, a camisa de algodão aberta na frente e a calça apertada.

— Você me assustou - ela respondeu, irritada. Pensou por um segundo que poderia ser o Fantasma. Não sabia se estava aliviada ou decepcionada por ser Jared.

— O que faz aqui? - ele perguntou, se aproximando.

— Estou só observando as pessoas. E você? - ela perguntou, voltando sua atenção para a rua.

— Também estou só observando - havia um tom de malícia em sua voz que não passou despercebido por Blanche. Ele se aproximou até ficar atrás dela.

— Viu algo interessante - sussurrou em seu ouvido e Blanche sentiu um arrepio. Ele era sedutor, isso não havia como negar.

— Não. Acho que já me cansei desta atividade - ela se levantou e ele a seguiu, sorrindo - Mas acho que deveria ficar aqui. Vai que aparece alguém interessante - ela sorriu e saiu.

— Mas já achei alguém interessante - ele disse, indo atrás dela e segurando seu pulso - ele subiu sua mão por todo o braço lentamente, alcançando o pescoço de Blanche - Cherie… - a voz saiu rouca, sussurrada no ouvido. Blanche gostou do contato e sentiu-se atraída por ele. Se Jared a beijasse, ela não teria objeções naquele momento.

— Blanche, olha isso! - era Colette que se aproximava, o que fez com que Jared a largasse instantaneamente - Oh! Você está aqui? - ela perguntava para Jared.

— Vi você chegar pela janela e estava lhe esperando, cherie - ele sorriu.

— Ela se aproximou e o beijou em frente a Blanche, que ficou constrangida e irritada ao mesmo tempo. Jared era realmente um cafajeste. Mal a seduzia em um segundo e no outro beijava Colette, como se nada houvesse acontecido.

— Não conte nada a Mme. Giry, por favor - Colette pediu e Blanche assentiu, sorrindo.

— E então, cherie, o que trouxe para mostrar à Srta. Blanche?

— É uma sapatilha nova. Chegou hoje mesmo da Rússia. Dizem que é a mesma que as bailarinas do ballet russo usam. Não é incrível? - ela estava toda doce ao lado de Jared. Nem lembrava sua personalidade forte quando estava com as amigas.

— Podemos falar depois sobre sua sapatilha depois, Colette. ODEIO - e Blanche enfatizou esta palavra, olhando diretamente para Jared - ser a estraga prazeres que interrompe um casal - ela sorriu e saiu da sala.

— Blanche marchou até o camarim, irritada. Jared era mesmo um canalha. Como tinha coragem de ficar com sua amiga e flertar com ela ao mesmo tempo? Flertar? Aquilo era bem mais que flertar. Mas porque ela estava irritada? Ela sabia o tipo de homem que ele era e do que ele era capaz. Entrou no camarim e fechou a porta com um estrondo. Mas então, viu uma sombra no espelho e percebeu que não estava sozinha. Ela praticamente saltou, assustada.

— O que faz aqui? - ela encostou as costas na porta, ficando o mais longe possível da figura do Fantasma. Ainda tinha medo dele.

Erik estava no camarim a procura de informações de Christine. Havia muito tempo desde que não a via no teatro e suspeitava que ela havia fugido com Raoul, talvez até se casado. Ele amaldiçoou o dia em que aquele janota engomadinho aparecera na Ópera e enfeitiçara Christine para longe dele. Se soubesse onde os dois estavam, iria vê-los e mataria o garoto, recuperando sua musa apenas para ele. O Daroga certamente não diria uma palavra, mesmo se soubesse, então Erik recorria à fonte mais confiável do teatro, a fofoca das bailarinas.

— Por que está irritada? - ele perguntou.

— Nada - ela respondeu, sem querer contar ao Fantasma sobre Jared.

— Foi por causa do bailarino? - ele disse, despretensiosamente.

— Como sabe? - ela perguntou, desencostando da porta.

— Eu sei de tudo por aqui. Eu vejo tudo - na verdade Erik havia visto os dois  juntos enquanto se deslocava ao camarim, mas não prestou atenção.

— Como ousa! Você estava me observando? Você não tem o direito de saber o que eu faço e deixo de fazer. Imagine se… - Blanche pensou na possibilidade do Fantasma presenciar algo a mais entre ela e Jared - Ora, seu! - ela gritou, se aproximando dele. Todo o medo desaparecendo em um instante.

O Fantasma se surpreendeu. Não esperava que ela o enfrentasse novamente. O que havia com aquela mulher?

— Eu me deslocava para cá quando aquele rapaz apareceu. Eu saí logo depois, seus relacionamentos não me interessam.

— O que você quer? - ela estava enojada e indignada.

Erik pensou em lhe perguntar sobre Christine, mas imaginou que ela não responderia.  Ela era amiga de Christine e certamente não revelaria o paradeiro dela. Mas então uma curiosidade apareceu em sua cabeça. Desde que Christine vira sua face e desmaiara com o susto ele se questionava se ela não teria desaparecido com o janota por causa de sua face horrenda. Talvez Blanche pudesse lhe ajudar com a questão.

— Você ama aquele rapaz? - ele perguntou, olhando diretamente para ela.

— Você está de brincadeira, não é? - ela gritou, para a surpresa de Erik. Ela percebeu que ele estava perguntando sinceramente - Não, não amo.

— Por que não? - ele perguntou, se recompondo.

— Porque ele é o pior dos homens. Um idiota que brinca com o coração das pessoas.

— Mas ele é bonito - ele disse, surpreso pela resposta dela.

— É claro que é! - ela riu - Mas estes são os piores! - ela se sentou em frente ao espelho, olhando para Érik, que também se sentou em um divã - Ele te usa. Você pensa que tem sorte que um cara lindo como ele tenha te notado e então se entrega. É aí que ele se cansa e vai atrás de outra, e você… fica sozinha e se sentindo uma idiota traída.

— O soldadinho é assim? - ele perguntou.

— Soldadinho? Que soldadinho? - Blanche demorou para relacionar o termo, naquele momento pejorativo, à figura de Raoul de Chagny.

— Raoul? Você ainda está pensando nisso? - ela perguntou, compadecendo-se do Fantasma.

— Responda.

— Não. Ele é um homem doce e inocente. Jamais usaria uma mulher daquele jeito - ela sorriu.

O Fantasma cerrou o punho, irritado. Ele esperava que ela dissesse algo que poderia renovar suas esperanças de que ele abandonaria Christine para que ela voltasse para ele. Em seus pensamentos ela voltava triste e magoada, procurando por seu consolo, enquanto ele matava o soldado com suas próprias mãos, saboreando cada momento.

— Você não deveria pensar sobre isso. Acho até que deveria esquecer Christine. Ela está feliz com ele e ele a ama também. Isso não basta? - ela perguntou.

— O que faz uma mulher amar alguém?

— Alguém com que ela possa conversar, que a respeite e que esteja ao seu lado quando ela precise. Algo assim…

— Não me venha com estas mentiras - ele disse, se levantando, prestes a sumir.

— É verdade!

— E a beleza? Vai me dizer que não estava atraída por aquele bailarino lá fora. Aposto que se ele não fosse bonito, ele não estaria te seduzindo daquele jeito.

— Certo, é verdade. Mas não é a beleza em si, é o comportamento. Jared sabe o que dizer e fazer. Ele sabe se aproximar. Mas nem isso basta para o amor.

— Obrigado - ele disse, desaparecendo por entre as roupas da arara e Blanche sabia que estava sozinha no camarim. Sabia também que o Fantasma não agradecia com sinceridade.

Ela tinha sido deixada com questionamentos e dúvidas sobre Erik. Porque ele estava lá e porque fora perguntar justo para ela sobre aquilo. Aliás, será que havia dado uma consultoria ao Fantasma sobre relacionamento? E por que ela? Nada daquilo fazia sentido.


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