Mascarade escrita por Last Mafagafo


Capítulo 11
Capítulo 11 - Um drink (ou mais) no camarim




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/646787/chapter/11

Depois de alguns dias descansando, Blanche finalmente saiu do quarto e retomou os ensaios. Além dela, de Meg e de Colette, que viviam na Maison, estavam Camille, cuja mãe jamais deixaria faltar a um ensaio, Gertrude, Pierre e Jared. Um petit comitê, apenas com aqueles que haviam sobrado depois do escândalo na ópera. Mme Giry conduzia o ensaio como sempre, apesar do reduzido corpo de baile. Ao menos ela os deixava sair mais cedo, já que não estavam preparando nada em especial. Só mantiveram os ensaios, na verdade, pois Giry insistira com os diretores que era necessário exercitar-se todo o dia para manter a forma e a perfeição. Eles estavam tão preocupados em reconstruir o teatro que nem se preocuparam em discutir e deixaram Mme. Giry agir como preferisse.

Os ensaios acabavam por volta das 11hs, para que todos pudessem almoçar. Naquele dia Blanche, Renée, Camille e Colette iriam almoçar na ópera. Renée não havia comparecido a nenhum ensaio desde a queda do lustre e Camille quase sempre saia logo depois dos ensaios, então já fazia uns dias que não se reuniam. Renée se encontrou com as outras no camarim, um vestido de coquete e duas garrafas de champagne escondidas na bolsa.

— Brindamos ao nosso reencontro! - ela disse, fechando a porta e sentando-se com as outras.

— Céus, só você mesmo! Estávamos sóbrias até agora - disse Colette, pegando uma das garrafas da mão da moça e abrindo. Tomou o primeiro gole e passou para a próxima.

— Então a vida de vocês estava muito chata. De nada - respondeu, rindo.

— Foi por isso que quis nos encontrar aqui, para bebermos? - perguntou Blanche, depois de tomar seu gole.

— Digamos que sim. Lá fora sou uma mulher de respeito - riu.

— De respeito? Essa é nova! O que tem feito, então? - perguntou Camille.

— Um pouco de tudo, sabe como é. Mas tenho costurado um pouco para me garantir. Pelo menos até a ópera abrir de novo.

— Costurado? Nem sabia que você costura - disse Colette, depois de um longo gole no champagne.

— Uma coisa aqui e outra alí, sabe como é - ela deu de ombros e girou, mostrando seu vestido.

— Então foi você quem fez? - perguntou Camille - Você poderia nos fazer fantasias para o baile de máscaras!

— Baile? Que baile? - perguntou Renée, depois de terminar a primeira garrafa.

— Não soube? Farão um baile quando o lustre ficar pronto. Para comemorar a reabertura da ópera - disse Blanche.

— Não acredito! Eles são loucos ou o que? E o Fantasma? - perguntou Renée.

— Bom, ele tem estado quieto ultimamente. Depois daquela noite não tivemos mais nenhum acidente - respondeu Camille.

— Falando em acidentes do Fantasma, alguém sabe de Carlotta? - perguntou Colette.

— Me disseram que ainda não recuperou a voz. Mas talvez ainda esteja com vergonha depois do vexame - respondeu Renée.

— Céus! Que loucura! Quem diria que tudo isso iria acontecer por causa do Fantasma? E pensar que faz o que? Três anos que o Fantasma chegou? - disse Camille.

— Três anos? - se aproximou Blanche, curiosa - Mas que eu me lembre ele sempre esteve por aqui. Bom, talvez não derrubando lustres, mas ele sempre teve o camarote 5 reservado.

— Se engana você - disse Camille - Quando eu era uma ratinha, ninguém sabia do Fantasma. Um dia o antigo dono da ópera recebeu uma carta estranha, assinada como o Fantasma da Ópera. Ele se apresentava como o espírito do teatro e demandava o camarote 5 para assistir aos shows.

— Sim, mas não quiseram acreditar. Nem Mme. Giry acreditou na época. Acharam que era alguma brincadeira de mal gosto e continuaram a vender ingressos para o camarote - complementou Renée.

— E então? - perguntou Colette, que também não conhecia a história.

— Uma noite uma matrona que estava no camarote 5 atrapalhou o espetáculo dizendo que ele estava assombrado. Disse que ouvia vozes falando ao seu ouvido, mas dentro do camarote não havia mais ninguém - disse Camille.

— Uma vez quase morreu alguém - disse Renée e as outras se aproximaram - Um senhor que não quero revelar o nome e sua esposa estavam no camarote 5, junto com um amigo da família. Parece que o casal se sentou na frente e o amigo sentou-se atrás, algo assim. Mas o amigo e a esposa mantinham certos contatos durante a apresentação. O Fantasma sussurrou para o marido, que pegou os dois no flagra e saiu no braço com o amigo. Dizem que foi um bafafá.

— Céus! - disse Colette - Eu não sabia dessas coisas. Quando cheguei me disseram apenas para tomar cuidado com o Fantasma, mas eu só sabia que ele ficava no camarote 5.

— Foi pouco antes de você chegar e um alguns meses antes de Blanche. Reservaram o camarote e o deixaram em paz desde então. E ninguém ousava falar muito sobre isso - disse Renée.

— E outra, vocês entraram como ratinhas. As ratinhas estavam alheias aos problemas da ópera na época. Só aquelas que tinham vivido sabiam, mas eram proibidas de falar para as outras - disse Camille.

— Renée gargalhou.

— Lembro de você ratinha, Blanche! Era a mais velha de todas. Acho até que tinha a idade de Christine, mas era toda desengonçada.

— Ei! Não era assim! Primeiro que eu tinha a idade de Meg. E outra, eu tinha jeito! Mme Giry disse que eu tinha potencial se me esforçasse e olha como sou hoje - Blanche deu um giro e quase caiu, atraindo a gargalhada das outras. Já estava desequilibrada por causa do champanhe.

— Agora, falando serio. Você vai nos fazer vestidos para o baile? - perguntou Blanche, tentando afastar a conversa de si.

— Depende. Vocês vão me pagar? - perguntou Renée.

— Só pensa em dinheiro? E a amizade? - perguntou Colette.

— Amizade não alimenta! E vocês tem dinheiro! Vocês ganham bem aqui e não tem despesas com comida - disse apontando para Blanche e Colette - e você tem sua família - disse para Camille.

— Nem vem! Sabe como foi difícil convencer minha mãe a trocar minha sapatilha?

— Um suplicio, imagino - zombou Colette e as outras riram, exceto Camille, que atirou uma sapatilha na amiga.

— Certo, fazemos assim. Eu cobro mais barato para vocês, pode ser?

— Todas assentiram.

— Então considerem feito - Renée disse, sorrindo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

OBS: “Ratinha” é o nome que se dá às meninas que frequentam os cursos de dança na ópera



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mascarade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.