Mascarade escrita por Last Mafagafo


Capítulo 13
Capítulo 13 - O Laço de Ponjab


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO: Contém violência!!!



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No dia seguinte e no outro Mme Giry ainda dava os ensaios pela manhã, apesar do corpo de baile não ter aumentado. Renée também não havia comparecido as ensaios, dizia estar costurando as fantasias. Estavam apenas Blanche, Meg, Camille e Colette. Aliás, a última havia se aproximado de Blanche e segredara para ela todo seu relacionamento com Jared. A pobre moça se fazia de coquete, mas Blanche já havia percebido que estava totalmente apaixonada. Mal sabia que Jared lançava olhares para Blanche em todos os ensaios, o que a irritava além do que podia transparecer.

Certa noite, entediada, Blanche resolveu treinar um pouco. Entre rodopios e piruetas sentiu uma mão em sua cintura e percebeu que alguém dançava com ela. Era Jared.

— O que está fazendo? - perguntou.

— Dançando, como você - ele respondeu. Sua mão agarrava a coxa da moça com mais força que o necessário, enquanto a outra mão subia até o seio de Blanche. Ela deixou escapar um gritinho de surpresa, o que ele encarou como um convite para continuar. Blanche, porém estava consciente das intenções de Jared, e decidida a não trair sua amiga. O afastando, ela deu um tapa em seu rosto que ecoou por todo palco.

— Seu idiota! - gritou.

Ele sorriu e se aproximou sem se importar. Parecia mais que o havia beijado do que estapeado.

— Não me venha com essa encenação, Blanche - ele disse sorrindo - nós dois sabemos  o que você quer.

— Você ainda não entendeu, Jared? Saia de perto de mim!

Ele sorriu e se aproximou.

— Onde está Colette? Vocês ainda estão juntos, não é mesmo? - perguntou, se afastando.

— Está com ciúmes? - ele estalou a língua no céu da boca.

— Não seja louco!

Ele a encurralou na barra de treino, beijando seu pescoço.

— Não se preocupe com ela, hoje eu quero você - ele sussurrou, sedutoramente.

Blanche o empurrou, mas ele não se moveu. Sem pensar duas vezes ela o acertou entre as pernas. Instantaneamente Jared a largou e caiu de dor. A moça deixou escapar uma risadinha e saiu de perto.

— Você mereceu -  disse, enquanto se afastava para o camarim.

Foi então que sentiu o rapaz agarrar seus pulsos atrás das suas costas e a prensar contra uma parede. Foi tão repentino que não conseguiu se defender. Ele forçava seu corpo contra o dela.

— Sua vadia! Você não vai continuar brincando comigo. Vamos! Eu sei que quer - ele dizia em seu ouvido. Todo seu charme desaparecera.

— Me deixe Jared - ela se debatia, sentindo seu hálito no pescoço. Jared tentava abrir seu corselet, enquanto enfiava sua outra mão sob o vestido da moça. Ela gritava e chorava, assustada e irritada.

De repente, ele a largou. Ela ouviu os gritos do rapaz e se virou, assustada. O Fantasma puxava uma corda, atada ao pescoço de Jared, enquanto o moço se debatia. Então ele parou e permaneceu suspenso, balançando nos céus. Jared estava morto e o Fantasma recuperava seu fôlego a alguns passos de Blanche. Os joelhos da moça cederam e ela foi ao chão. Segurando o corselet com força, para que não se abrisse, começou a chorar.

Erik observava a moça recolher-se no chão, soluçando. A cabeça abaixada e o corpo tremendo. Ela não emitia nenhum som. Ele não sabia o que fazer. Estava caminhando pelo teatro, atividade muito mais fácil quando o lugar está vazio, quando ouviu um barulho alto vindo do palco. Se esgueirando pelas sombras, viu o momento exato em que Blanche foi prensada na parede pelo rapaz. Por um segundo pensou que deveria sair. Ele não tinha interesse algum em bisbilhotar em seus assuntos. Pensou também que a moça era uma hipócrita, que dizia que beleza não era tudo, mas estava prestes a se deitar com o bailarino.

Mas, ouvindo os gritos da moça, percebeu que não fora algo consentido e que o rapaz a tomaria a força. Ele não racionalizou, apenas desceu de onde estava e passou o laço pelo pescoço de Jared, enforcando-o em frente bailarina. Quando o rapaz finalmente se aquietou e aceitou a morte, Erik pode olhar para Blanche e ver seu rosto assustado, enquanto recolhia-se sobre si mesma, como uma criança.

— Você o matou… - ela sussurrou.

— Não foi nada - ele disse, a voz grave.

Blanche nada disse. Parecia alheia a ele. Erik percebeu que a moça não estava bem e, sem saber o que fazer, estendeu seu braço para consolá-la. Ela se recolheu e ele puxou o braço novamente. Percebeu que ela segurava o corselet, para que não abrisse e, retirando sua capa, colocou sobre ela. Desta vez Blanche aceitou, mas não olhou para ele. Érik estava em uma situação estranha, em que não sabia como agir. Ela não queria ser tocada, nem levantava-se e ele precisava sair de lá antes que alguém aparecesse.

— Masquerade… Paper faces on parade . . . Masquerade!… Hide your face, so the world will never find you!  – Erik cantarolou baixo, apenas para ela.

— Foi tudo culpa minha - ela segredou, voltando a chorar e ele estendeu a mão novamente para tocá-la. Blanche agarrou sua mão enluvada, para a surpresa do Fantasma.

— Fique aqui, por favor… - ela pediu.

— Vamos, menina. Você precisa ir descansar - sua voz soou doce.

— E quanto a ele? - ela perguntou, olhando para o Fantasma pela primeira vez.

— Deixarei aqui.

— Não! Saberão que fui eu! - ela disse, tremendo.

— Não diga besteiras. Fui eu quem o matou e com todo o prazer. Você tinha razão sobre este rato.

— Ela voltou a chorar.

— Por favor, eles pensarão que fui eu.

Erik revirou os olhos.

— Eu me livro do corpo, fique tranquila. Mas levante-se, por favor.

Blanche se levantou e começou a retirar a capa que estava sobre si.

— Fique com ela. Volto depois para buscá-la.

Blanche assentiu e saiu aos poucos, passos lentos e demorados até o camarim. O Fantasma pegou o corpo do chão e jogou sobre o ombro. Caminhou até os subterrâneos da ópera, pretendia jogar o corpo nas fornalhas de calefação do teatro. Aquele desgraçado não merecia um enterro digno.


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