Sob minha pele escrita por Bruna


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Eu gostaria de agradecer as meninas que me acompanham aqui e que não deixam de deixar suas mensagens me encorajando a escrever mais.
Muito obrigada Laurapac e Monique Nunes! ♥



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Mel.

Eu e Julia estamos há muito tempo conversando, mas a todo instante meus olhos vão para John. Ele parece cansado, a todo momento ele passa as mãos pelo rosto em um claro sinal de frustração e cansaço. Minha vontade é de ir até lá e passar minhas mãos por seus cabelos e afastar o que quer que seja que esteja aborrecendo ele.

Ele trabalha muito. Eu já pude perceber isso.

— Você olha para ele como eu olho para um bolo de chocolate. – Diz Julia fazendo graça.

— Ele é o meu bolo de chocolate. – Pisco angelicalmente para ela.

— Ele é gostoso como um. Isso todo mundo já percebeu. – Faço cara feia para ela. Ela ri. - Quanta melação. – Ela revira os olhos. – Eles não vão embora nunca? – Ela pergunta enquanto aponta com o queixo em direção aos homens que estão junto de Mark e John.

— Eles estão demorando mesmo. – Eu digo. John não está me parecendo muito feliz. Ele parece irritado. Mark conversa com ele, mas ele parece não ouvir. – Eles estão trabalhando, e nós deveríamos fazer o mesmo.

Olhando em volta apenas restam umas três mesas ocupadas e uma delas é de John.

— Mãos a obra. - Diz Julia enquanto se levanta depressa.

Nós começamos por retirar todos os pratos e copos que estavam espalhados pelas mesas. Levamos tudo para a cozinha.

— Eu fico para arrumar tudo aqui na cozinha com a Ana, e você arruma as mesas lá fora. Pode ser? – Pergunto para Julia.

— Pode sim. – Julia afirma com a cabeça.

Julia pega um dos panos de limpeza encima do armário.

— E meu avô? – Pergunto para Ana.

Ela está separando o lixo.

— Ele já estava cansado, ele foi se deitar. – Acho que ela percebe minha preocupação. – Não se preocupe, ele estava bem, ele apenas estava cansado. – Alivio me invade.

Acho que eu nunca mais vou ficar tranquila. Vou sempre estar com um pé atrás de algum jeito, com medo dele estar me escondendo algo. E ele está! Afinal, ele não me contou ainda que esteve no médico.

— Ele tomou o remédio antes de dormir? – Pergunto.

— Sim, Mel. Não se preocupe tanto ou vai ficar velha antes do tempo. – Ela ri. - Seu avô é cabeça dura, mas ele sabe que não pode bobear com a saúde.

— Fácil falar, agora colocar em prática é outra coisa. – Digo num muxoxo.

Ela sorri para mim.

Começamos a colocar tudo na máquina de lavar louças, e os pratos mais gorduroso eu lavo na mão mesmo.

Estou com os braços atolados nas espumas enquanto Ana cantarola uma música baixinho.

Quando eu era menor eu adorava quando meu avô me deixava brincar com as espumas da pia. Uma bolha de sabão se forma no canto da pia. A estouro com o dedo.

— Lembra-se de quando nós juntávamos todo mundo para cantar no karaokê? – Pergunta Ana com um sorriso enorme no rosto. - Aquele sim era um tempo bom!

Meu deus. Isso tem tanto tempo. Eu ganhei um karaokê de presente do meu avô no meu aniversário de dez anos. Ele foi à diversão de toda a criançada da cidade durante uns dois meses. Depois nós simplesmente o esquecemos.

— Você cantava tão bem. – Ela continua. – Eu sempre achei que você devia ter apostado nisso. Você poderia ter sido uma grande cantora. – Posso sentir o quanto ela ainda é ressentida com isso.

Lembro-me que na época Ana queria me escrever em um show de calouros. E é óbvio que eu não queria ir, então eu bati o pé e não fui. Ela nunca superou isso.

Não consigo me enxergar em cima de um palco, cantando para um monte de gente.

Deus me livre!

Eu morro de vergonha. Meu chuveiro é único que não me deixa tímida.

Olho incrédula para ela.

— Você está brincando não é? – Pergunto achando graça de ela ainda se lembrar disso. – Você andou tomando batida de novo? – Pergunto rindo me referindo ao dia em que ela bebeu tanto que ficou de ressaca no outro dia, tirando claro, as palavras embaralhadas que ela pronunciava enquanto Julia a arrastava para o quarto.

— Engraçadinha. – Ela faz careta para mim. – Ai Mel, vamos brincar com ele um pouco! – Ela implora.

— Brincar? – Pergunto achando graça. – Há essa hora Ana?

Que escolha engraçada de palavra. Brincar!

Ela só pode estar fora do seu juízo, já são mais de dez horas da noite.

— Ah, sim, vamos, por favor – ela praticamente está dando pulinhos, e isso é hilário.

Julia estava vindo para cozinha quando de repente parou em seu caminho e franziu as sobrancelhas na direção de Ana.

—Perdi alguma coisa? – Ela pergunta. Seus olhos vão de mim para Ana.

Termino de lavar os pratos. Lavo minhas mãos e as enxáguo.

— Ana quer que eu pegue o karaokê. – Esclareço para Julia.

— Adorei a ideia. – Ela praticamente grita. Olho incrédula para ela. – Qual é Mel? Hoje é sexta feira, nós trabalhamos que nem loucas, nós merecemos uma folguinha.

Pensando por esse lado até que elas têm razão.

— A gente pode instalar na televisão de lá do restaurante. – Diz Ana sorrindo. – Eu estou louca para cantar aquelas músicas lindas do Enrique Iglesias. – Seus olhos brilham. Ana tem um pôster enorme desse cantor colado a parede de seu quarto.

— Mas, ainda tem gente no restaurante. – Digo me referindo a John e aos outros três.

— Não. – Diz Julia me contrariando. – Eles já foram embora. Só restam agora John e Mark, e John é praticamente da família já que vocês estão juntos – ruborizo – e Mark pelo o que parece é como um irmão para ele, o que é claro, o torna quase da família também. – Ela pisca para mim.

As duas me olham com seus olhos pidões e como eu posso negar?

De uma certa forma ela está certa. John e eu já passamos por tantas coisas juntos, coisas que nem se passavam por minha cabeça. E bom, Mark acabou me pegando em um momento de fúria, então seria idiotice se eu ficasse com vergonha dos dois agora.

— Tudo bem. – Digo finalmente vencida pela maioria. – Eu vou lá buscar. – Digo emburrada, mas no fundo até que eu gostei da ideia. Vai ser divertido. Tem tempo que não temos uma noite divertida.

Elas comemoram.

Saio da cozinha para ir em direção à escada. Acho que está guardado em meu guarda-roupa. Não tenho certeza, tem tanto tempo, eu nem sei se ainda funciona. Sinto os olhos de John me seguindo enquanto atravesso o grande salão do restaurante. É como se ele estivesse me chamando. Suplicando para que eu fosse até ele. Mostro dois dedos para ele sinalizando que em dois minutinhos eu vou ser toda dele. Ele deixa os braços caírem ao lado do corpo como se estivesse desanimado.

Ele está esquisito!

Subo as escadas e antes de entrar em meu quarto eu decido por dar uma olhadinha em meu avô. Abro a porta devagar para não acordá-lo, mesmo sabendo que é preciso muito mais para despertá-lo de seu sono. Meu avô tem um sono muito pesado. Minha avó vivia reclamando do quanto era difícil acordá-lo. Uma vez ela me contou que quando ela foi dar a luz a minha mãe, ela acordou sentindo muita dor à noite. Ela disse que tentou de tudo, mas que não sabia mais o que fazer até que ela finalmente se levantou e decidiu ir ao hospital sozinha, mas por incrível que pareça no momento em que ela estava na porta aparece meu avô apenas de samba canção coçando a cabeça e perguntando para ela onde ela iria.

Eles tiveram sorte. Meu avô costuma me dizer que não tem do que se queixar. Ele teve uma esposa que ele amava e que o amou com a mesma intensidade, ele teve uma filha – o fruto do amor dos dois – uma neta. Ele viveu intensamente. Teve todas as emoções que um homem sonha em ter durante a vida. Eu amo tanto meu avô.

Parando ao lado de sua cama, vejo que ele está dormindo pacificamente. E isso me traz uma paz muito grande. Sinto um aperto no peito ao ver que o lado esquerdo da cama, o lado onde minha avó dormia está vazio. Porém, eu sei que onde quer que ela esteja ela está olhando por nós dois.

Saio do quarto na ponta dos pés. Vou até meu quarto e abro o guarda-roupa à procura do tão esperado karaokê. Balanço minha cabeça em descrença.

Essa Ana!

Ana parece uma criança às vezes. Acho a caixa. Estava embaixo dos meus lençóis mais grossos, os que eu uso durante o inverno. Abro a caixa e eu não me lembrava de que tinha tantos cabos.

Seguro a caixa e desço até o restaurante. Estão todos sentados a mesa. John, Mark, Ana e Julia.

— Aleluia! – Diz Ana quando vem até mim. – Pensei que não fosse descer mais.

— Desculpa, eu dei uma passadinha no quarto do meu avô. Você sabe pra ver se ele estava realmente bem. – Dou de ombros não querendo prolongar o assunto.

— Se foi por isso então se considere perdoada. – Ela pisca para mim. - Espero que esteja funcionando. - Diz se referindo ao aparelho.

Vou até John que abre um sorriso enorme para mim. É como se eu fosse à luz dos seus olhos. Ele não sabe como meu coração se enche de mais, e mais amor quando ele me olha desse jeito, como se eu fosse à coisa mais importante no mundo para ele. Ele enlaça minha cintura me puxando para seu colo.

Coloco a caixa encima da mesa.

— Pensei que não fosse vir ficar comigo. – Ele diz se fazendo de triste, com um biquinho lindo. Deposito um beijo ali e suas mãos já vão até minha cintura me segurando com força. – Pensei que eu fosse sua prioridade.

Arqueio a sobrancelhas para ele.

Eu sou sua prioridade John?

— Você estava trabalhando, e eu também. – Ele apoia sua cabeça em meu ombro e eu faço cafuné em sua cabeça. - Por que está tão manhoso. - Pergunto baixinho encostando meus lábios no lóbulo da sua orelha.

— Isso é muito bom. – Ele diz baixinho. Seus olhos me encontram e é como se meu coração parasse com a intensidade de seu olhar. – Eu te amo tanto. – Ele sussurra. E o jeito como sua voz pronunciou essas palavras faz parecer que isso é tão forte que chega a machuca-lo. O deixando vulnerável.

Assim como eu sou por ele.

Fico surpresa com essa declaração. Ele nunca disse isso na frente de ninguém. Posso sentir um sorriso rasgando meu rosto. Posso sentir meu coração batendo rápido, feliz, como as asas de um beija-flor.

Todos estão nos olhando agora. Mark está com os olhos arregalados em surpresa. Isso me deixa feliz. Pelo menos eu acho que isso quer dizer que ele nunca viu John se declarando para outra mulher antes. Isso me deixa orgulhosa.

Ele ama só a mim!

Como eu consigo não querer mimá-lo e abraçá-lo até ele explodir quando ele está assim tão carente e precisando, querendo, suplicando por minha atenção? Por meu carinho.

É tudo seu John. Sempre!

Ana pega a caixa em cima da mesa e lança olhares entre John e Mark.

Nada sútil!

— Bom qual de vocês dois vão me ajudar com isso? – Ela pergunta, mas seus olhos estão fixados em Mark. Acho que sabemos quem vai ser.

— Tenho a leve impressão de que eu serei o escolhido para ajuda-la, e é claro que eu ajudo com o maior prazer. – Ele diz sorrindo. Ele toma mais um gole de sua cerveja antes de deixa-la sobre a mesa.

John parece estar se divertindo com a cena.

— De quem foi essa ideia? – Ele pergunta se dirigindo a mim.

— Não sei o que deu na cabeça da Ana, mas foi ideia dela. – Me retiro dessa. Ele ri. Enquanto me abraça forte. - Você está me apertando. - Digo rindo.

Ele ri. Gargalha. Como uma criança.

— Prontinho. – Diz Mark enquanto desce da escada. A televisão fica pendurada na parede. Mark teve que usar uma escada para alcança-la. - Agora só temos que ver se está tudo bem.

— Eu sou a primeira. – Diz Ana com uma animação além do normal já com o microfone em mãos.

[...]

Acho que Mark pegou gosto pelo karaokê, porque ele e Ana estão cantando juntos a mais de meia hora. Julia está apenas rindo enquanto observa os dois.

— Não sabia que Mark sabia cantar em espanhol. – Digo impressionada. Ele conhece a maioria das músicas. Eu devo estar de boca aberta agora. Bom, pelo menos deve ser assim que um espectador de fora está me vendo no momento. - Como uma pessoa sabe cantar espanhol, mas não sabe conversar em espanhol? - Pergunto confusa para John.

— Realmente não sei como te responder isso amor. Para entender o que se passa na cabeça dele é necessário um diploma de faculdade.– Diz John incrédulo. Eu não consigo parar de rir.– Nunca vi ele desse jeito. Esse é um lado dele que eu não conhecia.

— Você bem que podia ir lá cantar. - Digo o provocando.

Ele me lança um sorriso malicioso.

— Eu só canto para você, e no seu ouvido quando estivermos sozinhos. - Diz com a voz rouca. Os olhos cheios de luxúria.

Como ele faz essas coisas? Eu já estou aqui arfando. Ele tem alguma mágica, ele sabe exatamente o que dizer para me tirar do meu juízo.

[...]

Estou sentada em seu colo, com minhas costas colada em seu peito. Ele parece meio sonolento. Me preocupo. Viro-me e passo minha mão por seu rosto, e ele fecha os olhos. Sorrio e deposito um beijo em sua bochecha. Ele suspira. Arrasto meus lábios por seu queixo, sentindo a barba por fazer arranhar meus lábios. A mão de John vem até meu rosto e me puxa para sua boca.

— Opa! É melhor eu ir cantar também. – Diz Julia fazendo nós dois rirmos no meio do beijo.

Afasto meu rosto para encarar o seu, para encarar seus olhos. Eu poderia olha-lo por todo o dia.  Nunca me canso. Tenho medo do dia em que ele não vai mais estar por perto. No dia em que eu não poderei tocá-lo, nem beijá-lo.

— O que você tem? – Pergunto preocupada com ele. Ele é sempre tão cheio de vida, e agora ele parece tão murcho, como se alguma coisa o estivesse preocupando. Eu quero ajuda-lo. Se eu puder.

Acho que não é nada comigo, porque ele está carinhoso como sempre.

Pelo menos isso me tranquiliza.

— Acho que eu estou um pouco cansado. – Ele diz baixinho com a cabeça apoiada em meu ombro. Ele beija meu ombro. Beijo sua testa. – Estou precisando do seu carinho. – Essa frase aperta o meu coração. Seus lábios roçam minha pele e é como fogo. Ele me faz incendiar por completa.

Pra quem eu daria meu carinho se não fosse para ele?

Tem como ser mais fofo?

— Isso você já tem. O meu carinho e todo o meu amor. – Digo sorrindo para ele. – Mas não sei por que, mas eu tenho a impressão de que não é só isso. – Arqueio minha sobrancelha para ele.

Converse comigo.

— Você vai ir dormir comigo hoje? – Ele pergunta baixinho, prestando atenção para ninguém ouvir.

— Vou. – Respondo confusa.

— Então, depois nós conversamos. – Ele diz colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

— Por que não agora? – Pergunto achando estranho.

Eu sou uma pessoa muito curiosa. E não aguento quando uma pessoa quer me dizer uma coisa e depois me vem com: depois te falo!

Por que ele quer falar depois?

Por que não agora?

Não estou gostando nada disso. Minhas antenas já estão ligadas.

— Por que nós vamos conversar depois Mel. – Ele diz sorrindo como se fosse óbvio. Estreito meus olhos para ele, e isso o faz sorrir mais ainda. – Você fica linda com essa cara de brava. E você não me assusta, apenas me dá mais vontade de te agarrar. Eu sei que você não quer que eu faça isso agora! - Sua mão aperta minha coxa por debaixo da mesa.

Ele não está fazendo isso!

— Não faça isso. - Dou um tapa em sua mão. O que o faz jogar a cabeça para trás enquanto gargalha.

Tudo bem. Admito. Ele me dobrou.

Por enquanto.

— Mel! – Ana chama por mim. Sua voz soa até um pouco rouca depois de tanto cantar. – Vem. Sua vez. – Ela me chama.

Ah não. Não mesmo.

— Não obrigada. Eu estou bem. - Digo disfarçando me aconchegando mais a John.

Eu não vou cantar na frente de John. Eu odeio ser o centro das atenções.

— Para de ser boba, se eu tivesse a sua voz eu me a acabaria aqui. – Ela diz com as mãos na cintura.

John arqueia a sobrancelha para mim. Ela tinha que tocar nesse assunto. Eu o conheço bem o suficiente para saber que esta frase chamou sua atenção.

Olho para ele como se fosse um alerta: Não enfie seu nariz nisso senhor Ackes!

— Essa eu queria ver. – Ele diz contrariando meu aviso. Ele quer me provocar. Ele ama me provocar. Desde a primeira vez que me viu. Faço que não com a cabeça. – Vai, por favor, por mim. Vai me deixar curioso. – Ele faz biquinho.

Que droga.

— Eu tenho vergonha. – Sussurro para ele ruborizada. Ele se inclina e me beija com um sorriso lindo no rosto.

— Por quê? – Ele pergunta como se eu estivesse sendo uma boba. – Eu estou aqui, Ana, Julia. Se o problema for Mark, não se incomode. Ele está pagando mico desde a primeira música, sei que você não vai ser pior que ele. – Ele ri. - Pelo menos eu espero. - Diz fazendo cara de assustado.

Mark desafinou tanto em todas as músicas que ele cantou que era difícil segurar o riso. John não fazia nem questão de disfarçar seu divertimento.

— Muito obrigado amigão! – Diz Mark rindo. – Eu sei que você tem inveja da minha voz.

Dou um tapa em seu ombro.

— Ai. - Diz como se tivesse doído.

— Fracote. - Debocho dele.

— Fracote, né? - Ele pergunta com sua voz quente, tentadora... 

Sinto meu corpo se arrepiar.

Todos nós rimos.

— Tudo bem. – Digo ainda meio tímida.

Levanto-me do seu colo e vou até onde Ana me estende o microfone com um sorriso nos lábios.

— Você me paga. – Digo achando graça de seu entusiasmo.

Enquanto passo por todas as músicas, uma me chama a atenção. É uma musica que eu sempre amei. E eu a dancei com John no dia da festa, no dia em que demos nosso primeiro beijo. Sorrio feito uma boba apaixonada.

Pensando bem é o que eu sou.

Uma boba perdidamente apaixonada.

Sal de mi piel começa a tocar preenchendo o salão e eu tento manter meus olhos fixos na tela a minha frente. Se eu olhar para trás eu sei que eu vou sair correndo.

Ya no estás desde ayer

Llueve sal, sal de mi piel

Te miré junto a mí

Desperté supe que no estabas ahí

Trata de entender

Ana sorri enquanto me ouve cantar.

Eu disse que não iria olhar para trás, mas eu precisava olhar para ele. Ele estava sorrindo. Um sorriso bobo estampado no rosto. Os olhos brilhando em minha direção. Eu sei que ele não entendia a letra. Ele não sabia o quanto a letra era bonita. Porém eu sabia que uma parte pelo menos ele entenderia.

Y te amo.

Seu sorriso se abriu ainda mais. E eu sabia que ele tinha entendido.

Meu coração é todo seu John.

Quando a música se acaba todos estão me aplaudindo e eu procuro desesperadamente um lugar para me esconder. Sinto abraços enlaçarem minha cintura, e um nariz furtivamente encostar-se ao meu pescoço.

— Eu amo tanto você. – Ele diz com carinho transbordando de sua voz. – Não sabia que você cantava tão bem. Eu parecia um bobão te olhando, segundo o que Mark disse.

Não consigo segurar o riso.

— Você é a mulher da minha vida. – Ele sussurra com tanta força em sua voz. Com tanta certeza do que diz.

— E você é o homem da minha. – Digo enquanto me viro, encosto meu nariz ao seu, meus dedos brincam com seus cabelos castanhos claros.

— Para sempre. – Ele sussurra.

O que eu sinto nunca vai mudar, ou acabar...

E eu sei que isso é uma promessa.

Sempre.


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Notas finais do capítulo

Comentem!
Vocês não sabem o quanto eu fico feliz com os comentários! :)