Black Angel escrita por summer


Capítulo 28
O Fim da Noite


Notas iniciais do capítulo

... E quando chega a noite
E eu não consigo dormir...



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LIS

Ele ficou quieto até chegarmos na casa dos Lane, quando começou a fingir para eles que estava tudo bem. Comuniquei o atentado à Maria por SMS e ganhei a promessa de que fariam uma limpeza na mansão Wayne. Depois disso, me esforcei para manter a concentração no almoço.

– Bom, eu tenho algo para dizer. - Suzi se levantou da cadeira

Senti o nervosismo dela e peguei a mão de Dick.

– Hm, eu esperei até hoje para que vocês pudessem conhecer melhor o Dave, e...

– Anda logo, Suzi! - Lucy estava ansiosa

Agora, os Lane sabiam que eu tinha um irmão e isso já era novidade de mais para um dia só.

– É que... Dave e eu... Nós... - Ela começou a gaguejar.

– Suzana! - Mike berrou

Eu tô grávida!– Ela berrou de volta

As expressões nos rostos em volta da mesa foram congeladas. Dave colocou a mão sobre o ombro de Suzi.

– Minha filha... - Martha choramingou

– Vocês mal se conhecem! - Lucy se pronunciou - Você não mede as consequências dos seus atos?

Ninguém a impediu de falar, todos estavam chocados. Geralmente, Mike defendia a irmã mais velha e implicava com a mais nova, mas, dessa vez, ficou calado e olhando de Suzi para Dave.

– E você? - Lucy apontou para Dave - Tem noção do que fez? Ela é jovem de mais, tinha um futuro inteiro pela frente! Você ainda tem! Acho que é de família prejudicar os outros! - Ela berrou, olhando para mim.

– Lucy! - Mike repreendeu

– Lucy! Não diga isso! Peça desculpas, ande. - Theo mandou

– Eu disse o que todos vocês estavam pensando sobre ele. - Ela apontou para Dave

Lucy se levantou da mesa bruscamente, ouvi um garfo tilintar no chão antes de vê-la sair da cozinha, em direção às escadas.

– Sinto muito por isso, cara... - Mike olhou para Dave

– Não me importo com o que ela disse de mim. Vou ter um filho com a sua irmã, quer ela aprove ou não.

Suas palavras serviam como ameaça para as possíveis futuras palavras dos outros. Martha se levantou e caminhou até Suzi, ela tinha a expressão dura e fria, tive medo do que podia acontecer. Ela tocou os ombros de Suzi e depois a abraçou. Elas ficaram abraçadas por tempo suficiente para Mike abraçar Dave.

Os momentos tensos do almoço dissolveram-se aos poucos. Comemos o mousse de chocolate de sobremesa na sala. Theo, Mike, Dave e Dick saíram da casa e tiveram uma dose de "papo de homem", enquanto Martha e Suzi falavam de coisas como enxoval e eu ouvia.

O carro estava silencioso, Dick havia passado todo o dia assim. Uma ponta de ansiedade cutucava meu peito para saber o que havia de errado, mas respeitei seu silêncio. A noite estava perto de cair e vi ele desviando do caminho da minha casa. Eu confiava plenamente em Dick para me levar para qualquer lugar, então não me pronunciei.

Ele parou o carro em frente à um Café, próximo da minha casa. Olhei para ele, esperando qualquer explicação.

– Vamos? - Ele perguntou e não esperou resposta

Dick saiu do carro e deu a volta, parando apenas para abrir a porta do carro para mim. Notei que Dick não colocou o carro na vaga, deixou-o na rua, então ele não pretendia demorar. Esperei que ele se aproximasse e pegasse minha mão, mas ele não o fez. Olhei para ele, procurando algum sinal para decidir se devia fazer isso ou não, mas ele olhava apenas para frente, nenhum sinal.

O Café tinha um pequeno estacionamento, daqueles com o chão forrado de pedrinhas. Desviei do caminho da entrada quando algo chamou minha atenção. Meus pés faziam barulho a cada passo, enquanto se chocavam com as pedrinhas. Logo, ouvi os passos dele atrás de mim. No meio do estacionamento, um brilho vermelho se destacava nas pedrinhas. Me abaixei para tocar e descobri um brinco vermelho e redondo.

– Alguém perdeu um brinco. - Levantei a mão, mostrando minha descoberta.

Ele forçou um sorriso fraco.

– Certo. Já chega. Qual é o problema? - Perguntei

– Vamos conversar - Ele apontou a mão para a entrada do Café

– Certo, vamos conversar. - Bati o pé

– Aqui?

– Agora.

– Como quiser. - Ele passou a mão no cabelo - Bom... Nós não podemos mais... Ficar juntos.

As palavras foram processadas lentamente pelo meu cérebro.

– O quê? Aconteceu alguma coisa? -

– Minha voz vacilou

Vi Dick hesitar, seus olhos, nos meus olhos, pareciam incertos.

– Não. - Ele desviou o olhar - Eu não posso mais... Eu não quero mais. - Ficamos em silêncio - Foi divertido enquanto durou.

– Divertido? Era só isso? Diversão? - Berrei com a voz cheia de mágoa

– Ande, não torne isso difícil.

– Para você é muito fácil, Dick! Era fácil no Colégio também! Foi fácil me envolver, foi fácil me deixar! - Empurrei-o com raiva

– Lis... - Ele não protestou, apenas sussurrou

– Não me chame assim outra vez. - Virei de costas, na direção da entrada do Café

– Espera, não precisa ser assim! - Ele chamou, mas não me convenceu

– Se quiser sair da minha vida, saia de uma vez.

Caminhei para o Café enquanto ouvia seus passos se afastarem e entrei no estabelecimento.

Passei alguns minutos no café, olhando através das janelas. Se era apenas diversão, então nada havia sido real. Foi fingimento ou nada teve significado para ele?

– Senhorita? - O dono do Café chamou

– Sim?

– Nós estamos fechando. - Ele coçou a barba branca

Claro. A guerra. Os bandidos. O toque de recolher. Talvez eu tenha passado mais do que alguns minutos olhando através das janelas. Saí do Café em passos lentos.

As ruas estavam escuras e vazias. Uma moto dobrou a esquina e senti um vento frio percorrer meu corpo. Era minha oportunidade de desestressar. A moto parou ao meu lado com dois homens sobre ela.

– Acho que você não sabe que já passou da hora de dormir, não? - Um deles perguntou

– Da sua também. - Dei um soco no nariz do passegeiro

– Bravinha? Ótimo. - O piloto deu um sorriso

Ambos desceram da moto e eu dei um sorriso. Cada soco que eu acertava, sentia como se estivesse batendo em uma lembrança. Isso explica o motivo de eu ter deixado ambos caídos e sem consciência.

– Levanta! - Mandei, mas o cara nem se mexeu.

Mais duas motos viraram a esquina, numa velocidade mais alta. Abri mais um sorriso.

Já era tarde quando entrei em minha casa. Havia sangue no meu rosto e nas minhas roupas e, mesmo assim, um sentimento ruim no meu peito. Arranquei aquelas roupas e me enfiei de baixo da água do chuveiro. Ainda havia uma camisa de Dick sobre a minha cômoda, ele havia dito que ficava bem em mim e decidiu deixá-la. Quando saí do quarto, uma sombra rápida chamou minha atenção, voando pelo chão da sala. Asa Noturna estava lá mais uma vez. Aproveitei o frio daquela noite e peguei um cobertor no quarto e, enquanto caminhava para a sala, lembrei do pote de doce sobre a mesa da cozinha.

O fim da minha noite se resumiu a ver TV enquanto comia doce de abóbora com coco enrolada num cobertor.


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Notas finais do capítulo

Fiquei arrasada de verdade escrevendo esse capítulo!



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