CAT

Eu, mais do que ninguém, amo uma treta. Mas essa treta tá muito tensa. Sério. Hoje eu tive que tomar café no dormitório porque a Isa e a Jullie estavam espalhando tanto ódio que meu leite azedou.

—Ok, isso já foi longe demais! - Elena reclamou, batendo a porta do quarto com força.

Tomei um gole do meu chá.

—Isso todo mundo já percebeu.

Ela me fulminou com o olhar.

—Temos que fazer alguma coisa.

—Por quê? A treta é delas, se quiserem resolver, melhor pra gente. Caso não, posso me acostumar a tomar café aqui.

Bebi mais um pouco. Elena pulou e tomou o chá da minha mão. OH NO, SHE DIDN'T!

—Elena. Devolva o meu chá.

—Vai ajudar?

—Elena, juro pelo Anjo que se não devolver meu chá eu vou jogar seu travesseiro favorito na privada.

Elena revirou os olhos e devolveu meu precioso. Ela se sentou na cama dela.

—Não consigo entender. Por que elas brigaram?

—E eu que sei?

Lena olhou feio pra mim.

—Você não está ajudando.

—Ei, ainda são sete e meia da madrugada, você não pode exigir muito de mim uma hora dessas.

Lena revirou os olhos.

—Gostaria de saber como elas se conheceram e por que viraram parabatai.

—Podemos falar com elas... -Elena sugeriu. -Eu falo com a Isa, você fala com a Jullie, pode ser?

—Posso dormir antes?

—Por que raios você acordou sete e meia da manhã em um sábado?

—Não acordei. Na verdade ainda não fui dormir.

—Por quê?

—Maratona Senhor dos Anéis.

Elena revirou os olhos.

—Por que você acordou tão cedo?

—Não sei se você percebeu, mas a Isa se mudou pra cá desde a briga. E a Isa é sonâmbula!

Olhei para o chão e vi um saco de dormir e uma mala.

—Desde quando isso tá aí?

—Desde ontem.

—Ah. Ok, agora eu realmente vejo um problema. Assim que eu acordar vamos cuidar disso.

Assim que eu deitei, Isa chutou a porta.

—Aquela idiota metida, não acredito que aceitei ser parabatai dela!

Ela continuou insultando Jullie. Alto. Muito alto

—Isa?

—Quem ela pensa que é pra...

—Isadora?

—Tomara que acabe sendo digerida lentamente por...

—ISADORA FOXHEART! EU ESTOU COM MUITO SONO E EU JURO QUE SE VOCÊ NÃO CALAR A BOCA E ME DEIXAR DORMIR EU VOU LEVANTAR DAQUI E TE ESPANCAR ATÉ A INCONSCIENCIA, OUVIU?

—Eu... vou dar uma volta. - Isa disse, parecendo um pouco assustada.

—Obrigada.

Ela saiu e eu finalmente fui dormir.

* * *

—Cat...

—Mais três horas...

—Cat.

—To ocupada, volta mais tarde.

—CATHERINE!

—QUE FOI?

Jullie sorriu.

—Ah, você está acordada. Que bom.

Fulminei-a com os olhos.

—O que você quer?

—Você pode pegar uma coisa em cima do meu armário pra mim? Eu não consigo alcançar.

—Pega uma cadeira.

—É muito alto.

—Pega uma escada.

—Sabe quanto tempo e trabalho eu vou ter pra achar uma escada e levar para o meu quarto?

—Não ligo. - O que? Ninguém mandou me acordar, agora aguenta o mau humor.

—Por favor!

—Pede pra Lena.

—Ela não vai alcançar!

—Astrid.

—Não faço ideia de onde ela está.

—Seu namorado?

—Os garotos estão em um treino extra.

—Ah. Bom, então faz as pazes com a Isa e pede pra ela.

Ela fechou a cara.

—Não vou fazer as pazes com ela.

—Então vai ficar sem seja lá o que você quer que eu pegue. Boa noite.

—Só vou te deixar dormir depois que pegar pra mim.

Por que me odeias, vida?

Levantei, troquei de roupa e fui para o quarto da Jullie.

—O que quer que eu pegue?

Jullie apontou para uma caixa azul em cima do armário. Era realmente alto, quase chegava ao teto. Subi em uma cadeira e peguei a caixa. Abri (me acordaram pra vir aqui, eu tenho direito de fuçar) e vi um álbum de fotos. Abri o álbum e vi várias fotos da Isa e da Jullie.

Jullie pegou o álbum da minha mão e pegou a estela.

—O que você...

—Vou queimar isso.

Ah, essa não.

—Olha, você não pode fazer isso. Vai querer de volta quando vocês duas fizerem as pazes.

—Nunca vou fazer as pazes com aquela vaca!

Tomei o álbum e joguei em cima do armário de novo.

Jullie me fulminou com o olhar.

—Posso queimar quando achar a Astrid.

Cruzei os braços. Olha, eu não gosto de me meter na briga alheia (prefiro observar e comer pipoca), mas quando a treta alheia se mete comigo a coisa muda.

—Cansei dessa palhaçada. Senta aí!

Jullie sentou na cama.

—Por que você e a Isa brigaram?

—Porque eu odeio aquela vadia.

Revirei os olhos.

—Então por que vocês viraram parabatai?

—É uma longa história.

Sentei na cama da Isa.

—Resume.

Jullie suspirou.

—Bom, a gente se conhecia desde sempre. Sabe como é, pais do mesmo conclave. Um dia, nós duas tivemos que ir atrás de um vampiro juntas, aconteceram várias tretas, ela meio que salvou minha vida, nós viramos melhores amigas e acabamos virando parabatai também. Feliz?

—Até que você resumiu bem.

Jullie começou a olhar as fotos com uma expressão estranha. Segundos depois ela se levantou e saiu correndo chamando a Isa. Eu fui andando atrás, porque eu não corro sem necessidade.

Isa apareceu correndo e chamando a Jullie. As duas trombaram uma na outra e caíram.

—Ai.

— Jullie! Eu queria pedir desculpa...

—Tudo bem. Também te devo desculpas...

—Então, parabatai de novo?

—Parabatai pra sempre.

Elena apareceu no corredor e bufou.

—Até parece que elas podem deixar de ser parabatai.

Dei de ombros e fui para o meu quarto voltar a dormir.