Stay With Me escrita por Queen Of Peace


Capítulo 3
Capítulo 3




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Eu não consigo me lembrar muito bem de como eu vim parar no meu quarto, mas quando eu abro meus olhos, percebo que estou novamente na desconfortável cama e o "bip-bip-bip" irritante está de volta. Presumo que alguém provavelmente me encontrou no banheiro e me forçou a voltar para o quarto. E pelo jeito que estou sonolento, também devem ter me feito tomar meus remédios.

Dessa vez, quando fui abrir os olhos, eu fiz tudo bem devagar, sabendo que minha cabeça provavelmente doeria e que a claridade machucaria meus olhos. Mas o quarto está escuro e a única luz que posso ver vem do monitor cardíaco, mas ela é fraca demais para iluminar o quarto. Eu agradeço por isso. O escuro é confortante e eu sinto vontade de fechar meus olhos e voltar a dormir, mas eu me lembro de Katniss e do motivo de estarmos naquele maldito hospital e perco o sono.

Meu coração fica acelerado e eu preciso me esforçar para mantê-lo calmo, porque posso apostar que alguma enfermeira poderia aparecer caso visse a atividade do meu monitor cardíaco. Assim que consigo me acalmar um pouco, eu começo a me livrar de todos os fios que novamente colocaram em mim. Um deles estava preso por uma ponta numa agulha que perfurava meu antebraço, injetando soro ali. Também me livrei disso rapidamente e caminhei pra fora do quarto.

Diferente do meu quarto que estava praticamente escuro, o corredor ainda estava completamente claro, mas não havia ninguém por ali, o que só podia significar que já era noite. E eu não precisei correr pois já sabia onde ficava o quarto de Katniss e também não havia ninguém ali pra que eu precisasse correr para não ser pego. Eu caminhei devagar até o elevador e subi até o andar onde Katniss estava. Não vi sinal de Prim ou de sua mãe em frente ao quarto, e só podia presumir que as duas deveriam ter ido pra casa.

Minha mão tremia quando eu segurei a maçaneta da porta, e novamente meu coração se acelerou. Abri a porta e a primeira coisa que notei era que o quarto estava todo iluminado, bem diferente do meu que estava todo às escuras quando eu acordei. Ao olhar pro relógio redondo na parede do quarto, vi que já passava das três da manhã.

Eu evitava olhar para o que era mais importante naquele quarto. Meus olhos percorriam todo o cômodo, e capturavam detalhes da decoração. Tudo era muito claro. Muito branco, creme, azul. Eu não sabia se aquelas cores eram escolhidas para acalmar e fazer com que os pacientes se sentissem bem e calmos, ou se aquele padrão de cores era mais genérico e barato. Mas ele não estava me deixando calmo, e muito menos confortável. Eu continuava nervoso e meu coração continuava acelerado sob meu peito.

Eu não podia mais continuar com aquilo. Fechei a porta atrás de mim e finalmente olhei pro canto do quarto onde Katniss estava. Se antes meu coração estava acelerado, agora ele mal batia. Aquilo parecia uma cena de filme. Katniss estava na cama, com os olhos fechados, e seu peito mal se movia enquanto ela respirava.

Tentei me aproximar de sua cama, mas meus pés pareciam ter criado raízes no chão. Forcei minhas pernas a se moverem e logo eu estava ao lado da cama, e minha mão automaticamente buscou pela mão dela, e eu estremeci ao sentir como sua mão estava gelada. Isso me fez lembrar das guerras de bola de neve que costumávamos fazer e de como ela sempre ficava morrendo de frio depois, e de como suas mãos ficavam muito geladas, mais do que o normal. Eu costumava chamá-la de "mãos de gelo" porque ela tinha mãos geladas demais (e pés também).

— Oi, mãos de gelo — eu arrisco dizer, ouvindo minha voz rouca ecoando pelo quarto.

Eu ainda não havia me olhado no espelho, mas eu podia apostar que estava com uma aparência bem melhor do que a dela. Katniss estava horrível. Seu rosto estava todo inchado e com pontos no nariz, na boca e em cima de uma sobrancelha. Sua cabeça estava enfaixada, mas havia um pontinho vermelho de sangue que manchava a faixa branca, e isso só me fazia imaginar como estaria sua cabeça por baixo de tudo aquilo.

— O que aconteceu com você, meu amor? — Soltei sua mão e toquei seu rosto com cuidado e gentileza. Ela estava tão machucada, mas ainda assim eu tinha medo de tocá-la e machucá-la ainda mais.

Num acesso de curiosidade mórbida e medo, eu abaixei sua camisola de hospital, expondo a região do seu peito. Ela estava toda roxa ali. A mancha roxa se mesclava com outras cores. Em algumas partes haviam pequenas manchas amareladas, e outras numa tonalidade mais esverdeada. Mas a maioria era só um roxo e preto que dominava todo o seu peito e seios. Eu a toquei ali, ainda temendo machucá-la mesmo que ela nem estivesse acordada para sentir ou reclamar.

— Eu pensaria que você é algum tipo de pervertido que tem uma tara por meninas inconscientes se não soubesse que você é o namorado dela. — Eu me assustei ao ouvir a voz e me afastei de Katniss por impulso.

Só então eu percebi o que estava fazendo. Eu estava tocando o peito de Katniss - seu peito, não os seios - mas qualquer um poderia pensar que eu estava me aproveitando dela.

— Como você sabe que sou o namorado dela? — perguntei enquanto me aproximava novamente da cama e ajeitava a camisola de Katniss, cobrindo seus seios e peito.

— Ah, eu já estava aqui quando vocês chegaram. E minha amiga confirmou que vocês namoram. Ela é a enfermeira responsável por cuidar de você.

Lembrei-me da enfermeira que havia insistido em me fazer tomar meus remédios quando acordei e de como ela havia saído do quarto resmungando em espanhol quando eu tive meu acesso de fúria. Ela tinha os cabelos tingidos de loiro, mas suas raízes já estavam pretas. Isso era tudo o que eu conseguia lembrar dela.

A enfermeira se aproximou da cama de Katniss e eu dei alguns passos para trás, afastando-me delas. Essa enfermeira era baixinha, não deveria ter mais do que 1,60m de altura, e diferente de sua amiga, ela tinha cabelos loiros naturais que estavam presos num coque apertado. Ela também tinha olhos verdes, e manchas escuras sob os olhos. Olheiras. Ela estava visivelmente cansada, mas mesmo assim tinha um ar gentil e simpático, e conversava com Katniss enquanto verificava seus sinais vitais e ajustava o fluxo de soro que lhe era injetado no antebraço.

— Ela pode ouvir? — pergunto de um jeito meio idiota, mas eu não consigo evitar. Ela conversa com Katniss como se a qualquer momento ela fosse abrir os olhos e responder.

— Eu não posso ter certeza, mas gosto de conversar com eles. Nunca se sabe. E se eles puderem ouvir? Não seria reconfortante ouvir as vozes das pessoas que nos amam e se importam com a gente? — Ela acaricia o braço de Katniss e dá um sorriso maternal. Isso me faz gostar dela. — Não vai fazer mal algum conversar com ela, sabe? Faça com que ela tenha certeza de que é querida e amada. Faça com que ela tenha certeza de que você precisa dela aqui.

Ela se afastou de mim e eu pude ver seu nome no crachá que usava. Alecsandra. Um nome diferente. Eu nunca havia conhecido uma pessoa com esse nome. Alecsandra passou por mim e tocou meu ombro com delicadeza.

— Eu vou te dar alguns minutos pra ficar à sós com ela. Converse um pouco com sua garota. Mas depois eu vou precisar que você volte para o seu quarto e descanse. Eu poderia perder meu emprego por deixá-lo ficar aqui, então não faça com que eu me arrependa. — Ela solta meu ombro e sorri pra mim. — Se você me ajudar, eu vou te ajudar, okay? — E então ela finalmente sai do quarto.

Quando me vejo sozinho com Katniss tudo o que sinto vontade de fazer é chorar. Eu caminho rapidamente até a sua cama e agarro sua mão, segurando-a com a maior gentileza possível. Ainda tenho medo de machucá-la. Fico pensando em coisas pra dizer, mas sempre que abro a boca eu sinto um nó se formar na minha garganta e meus olhos se enchem de lágrimas.

Eu tento reprimir as insistentes lágrimas, mas quando me dou conta eu já estou chorando e não é um choro bonito. É um choro desesperado que é interrompido por soluços que ecoam pelo quarto. Eu aperto os dedos de Katniss com um pouquinho de força a mais, esperando que ela sinta meu toque.

— Eu não sei se você consegue me ouvir — eu começo a dizer entre as lágrimas. — Mas... Eu te amo, Katniss. Eu te amo demais. Eu preciso de você. Você não pode me deixar. Não pode. Eu não vou te deixar, Kat. Eu não posso ficar sem você.


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Notas finais do capítulo

comentem, por favoooooooor



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