Stay With Me escrita por Queen Of Peace


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

não tive tempo pra corrigir, então perdoem os erros :(((



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/646191/chapter/4


A enfermeira apareceu poucos minuto minutos. Ela me encontrou praticamente debruçado sobre Katniss, enquanto eu chorava e pedia pra que ela ficasse comigo.

— Vamos, rapaz. Você não pode mais ficar aqui.

Então ela gentilmente me arrastou pra fora do quarto onde minha namorada continuava de olhos fechados.

Eu estava desesperado. Ninguém me dizia o que Katniss tinha. Eu continuei perambulando pelo corredor só pra ver se sua mãe apareceria, mas ela não voltou. Finalmente minha enfermeira apareceu ali, parecendo muito zanganda por me encontrar descalço e fora do meu quarto.

— Já vi que você vai me causar problemas — ela resmungou, e com mais gentileza do que eu esperava, ela me pegou pelo braço e me levou de volta até o meu quarto.

De má vontade eu subi na cama e me deitei. Eu me sentia cansado de tanto ficar deitado. Nunca pensei que diria isso, mas eu realmente estava. Só de recostar a cabeça no travesseiro eu me senti tonto e enjoado. Não queria mais ficar ali.

— Sei que as coisas estão meio complicadas agora — minha enfermeira começou a falar enquanto me espetava com uma agulha. — Mas tenha fé que tudo vai melhorar. Sua garota vai ficar bem. — Ela me deu um sorriso maternal e tocou meus cabelos. — Tenha fé, garoto. — E depois disso ela saiu da sala, cantarolando uma canção em espanhol que eu não conseguia entender.

Fé.

Essa única palavrinha ficou rodeando minha cabeça enquanto eu esperava a onda de sono me atingir. Katniss não era uma pessoa religiosa. Ela acreditava demais na ciência pra pensar que existia um Deus. Eu fui criado por pais católicos, e vez ou outra eu ia a missa, mas raramente pensava sobre esse tipo de coisa. Eu nunca pensava em religião ou Deus, ou questionava sua existência.

Mas Katniss sim.

Uma vez ela me disse que deixou de acreditar em toda essa "baboseira religiosa" depois que seu pai morreu. Ela me contou que na época, quando ele ainda estava no hospital, ela passou tanto tempo de joelhos rezando, que bolhas se formaram em seus joelhos, mas que seu pai não teve nenhuma melhora. Então ela se conformou com a não-existência de Deus e deixou de pedir qualquer coisa a Ele. "É mais fácil pedir algo pra alguém que você possa ver e sentir, Peeta", ela me dizia, dando um sorrisinho sério. "Se Deus existe, ele não está nem aí pra gente".

Isso me atormentava. Será que Deus realmente não estava nem aí pro que estava acontecendo com ela? Será que ele deixaria Katniss morrer dessa forma? Por que Ele me deixaria conquistar a garota dos meus sonhos pra depois tirá-la de mim desse jeito?

Talvez Katniss estivesse certa.

Talvez Deus não estivesse nem aí pra gente.

***

Acordei me sentindo cansado. Eu não aguentava mais ficar naquela cama. Minha cabeça doía, meu corpo doía, e eu simplesmente não queria mais ficar encarando aquele teto sem cor que pairava sobre mim. Eu precisava sair dali.

Dessa vez não haviam colocado fios em mim, então eu só precisei pular pra fora da cama, e encontrei um par de tênis próximo a minha cama. Eu os calcei enquanto observava minha mãe dormindo na poltrona. Parecia desconfortável. Queria acordá-la e pedir que fosse pra casa. Eu já me sentia perfeitamente bem, e ela não precisava mais ficar ali. Na verdade, eu nem sabia porque os médicos ainda me mantinham ali. Já poderiam ter me liberado daquele quarto, daquela camisola estúpida e da cama desconfortável.

Mas mesmo se me deixassem ir, eu não iria embora daquele hospital nem tão cedo. Eu não saíria dali sem Katniss.

Quando cheguei no corredor do quarto dela, encontrei sua mãe ali. Prim não estava com ela, e eu me perguntei se a menina estava no colégio. Na verdade eu nem sabia em que dia da semana nós estavámos. Também não fazia ideia do horário. É uma merda ser forçado a dormir por tanto tempo.

Lucy Everdeen levanta a cabeça ao notar que estou parado ali. Ela não parece muito contente ao me ver, e eu encolho os ombros, como se tentasse lhe dizer que eu não saíria dali, querendo ela ou não. Eu tinha tanto direito de ficar ao lado de Katniss quanto ela tinha.

O fato é que a Sra. Everdeen não tinha sido a melhor das mães desde que seu marido morreu. Eu me lembro dos comentários que meus pais faziam quando pensavam que eu não estava ouvindo. Eles se preocupavam com Katniss e Prim, que praticamente foram abandonadas pela mãe. Era Katniss quem cuidava da irmã mais nova e se esforçava pra que as coisas não ficassem piores do que já estavam. Sua mãe vivia fora de casa, aparecia bêbada muitas vezes e não se importava nem um pouco com suas filhas, ou com o que as pessoas diriam sobre seu comportamento.

Um tempo depois isso melhorou. Pra ser mais exato, as coisas melhoraram depois do episódio de Prim ficar enternada no hospital. Acho que isso foi um choque tão grande para a Sra. Everdeen que ela finalmente voltou a se comportar como uma mãe.

Mas seu relacionamento com Katniss nunca mais foi o mesmo. Prim a perdoou, é claro. A boa alma que era, sem jamais enxergar o mal nas pessoas. Amava a mãe de todo coração e nem parecia mais se lembrar dos tempos ruins que havia passado. Mas Kat não era assim. Ela tentou se esquecer de tudo aquilo e voltar a ter uma boa vida em família, mas ela não conseguia. Quantas vezes eu a vi chorar por causa da mãe? Quantas vezes eu a vi desesperada porque precisava se concentrar nas provas, mas ao mesmo tempo precisava cuidar da irmã mais nova e também ajudá-la a estudar? Ela tinha responsabilidades demais pra uma garota tão nova.

Eu me sentei ao lado de Lucy, apenas rezando pra que ela não iniciasse uma briga comigo. É óbvio que eu me sentia culpado por toda aquela situação, mas não precisava que ela jogasse isso na minha cara sempre que estivesse ao meu lado.

Eu engoli em seco quando ouvi sua voz dizendo um "Como você está?".

— Cansado — eu respondi, preferindo falar sobre meu estado físico do que emocional. Emocionalmente eu estava um caco. Tão machucado e ferido quanto estava por fora.

Lucy olhou pra mim, e eu tive um vislumbre de seus olhos que era vagamente parecidos com os de Katniss. Eles estavam vermelhos e inchados, um sinal claro de que ela passara as últimas horas chorando.

— E você parece cansado — ela constatou, com um sorriso cansado. — Não só isso. Você parece machucado. Quer dizer... — Ela balançou a cabeça levemente enquanto fechava os olhos. — Você está literalmente machucado.

E essa afirnação foi o despertar que eu precisava pra me lembrar de que ainda não havia encarado um espelho. Eu não tinha a menor ideia de como minha aparência estava.

Como se ela pudesse ler meus pensamentos, minha sogra tirou um espelho redondo e pequeno de sua bolsa, entregando-o para mim. Meus lábios se contorceram numa expressão desgostosa quando vi meu rosto. Manchas roxas cobriam grande parte da pele sob meus olhos, e havia curativo fino em minha testa, que parecia cobrir uma série de pontos. Meus lábios estavam rachados e arroxeados. A visão total daquilo não era nada agradável.

— Como eu disse... Você parece machucado — ela concluíu enquanto eu lhe entregava o espelho e ela o colocava de volta na bolsa. — Mas Katniss está ainda mais machucada do que você.

Eu apenas balancei a cabeça em concordância, sabendo que ela realmente estava certa e não havia nada que eu pudesse fazer a respeito.

— Me desculpe por tudo isso. Sinto como se a culpa de tudo fosse minha.

— Não diga bobagens, Peeta. — Ela deu um aperto forte no meu ombro. — Sei que me irritei no início, mas acho que é normal uma mãe pirar ao ver a filha do jeito que vi Katniss e... — Ela parou de falar, suspirando ruidosamente ao meu lado. — Eu quem deveria estar pedindo desculpas.

Não sei como chegamos naquela situação. Eu e Lucy nunca fomos de conversar muito, e eu sempre senti que ela me odiava. Não que ela já tivesse me dito ou feito algo pra provar isso, mas eu apenas sentia. Ela sempre me olhou de um jeito torto, como se me condenasse à morte por tirar dela sua filha mais velha.

Fiquei de pé, me sentindo um pouco desconfortável por estar ao seu lado. Eu estava prestes a dizer-lhe um "está tudo bem" quando ouviu um bip contínuo vindo do quarto de Katniss.

Quase que imadiatamente Lucy correu em direção a porta, ao mesmo tempo em que Alecsandra, a enfermeira que tomava conta de Kat, abria a porta pelo lado de dentro e gritava por ajuda.

Lucy entrou no quarto em seguida, seguindo Alecsandra e me deixando parado no corredor, com os olhos arregalados, sem entender muito bem o que estava acontecendo.

Com a porta do quarto aberta, o "bip" era ainda mais alto, e ele me parecia familiar. Como se eu já tivesse ouvido aquilo em algum lugar e não conseguisse me lembrar. Mas nem isso fez com que eu me movesse. Aliás, a única coisa que me tirou do lugar foi um homem muitos centímetros mais alto do que eu, que passou quase correndo ao meu lado, dando em esbarrão em mim antes de entrar no quarto de Katniss. Outras pessoas começavam a entrar lá, e logo empurravam Lucy pra fora enquanto ela chorava e agitava os braços e as pernas, tentando escapar do aperto dos braços do homem que a segurava e voltar pra dentro do quarto.

— Minha filha! — ela gritava em desespero, enquanto se debatia com força. — Ela é a minha filha!

O bip contiuanava e no fundo eu sabia o aquilo significava. Agora eu podia me lembrar de onde conhecia aquele barulho e o motivo dele parecer tão familiar pra mim. Quantas vezes eu não havia escutado aquele barulho enquanto assistia minha série preferida? Era uma série que se passava num hospital, e aquele barulho esteve presente em muitos dos episódios.

Era o som que indicava que o coração não estava mais batendo.

Era o som que me dizia que o coração de Katniss não estava mais batendo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stay With Me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.