[N/a.: Link da Playlist no Spotify e da lista de personagens]

Na manhã do dia seguinte, Astória Grengrass e Draco Malfoy tomavam o desjejum em silêncio, mas não um silêncio incômodo. Não, ambos estavam confortáveis o suficiente com a presença um do outro, não havia a tentativa forçada de manter uma conversa. Ela estava feliz saboreando seu bolo enquanto ele lia atento as notícias no Profeta Diário daquela manhã.

Estavam tão à vontade naquela situação que era como se já tivessem feito aquilo milhões de vezes, embora na verdade fossem apenas duas. A loira levantou os olhos para ele e o observou fechar o jornal, dirigindo seu olhar acinzentado para ela.

—Qual o seu bolo favorito, Grengrass? –Perguntou com um sorriso para a mulher.

—Laranja. –Sorriu para a fatia que estava prestes a comer. Surpreendentemente era o sabor que ela mais gostava. –Você sabe mesmo como agradar uma mulher, Malfoy.

—Já lhe dei motivos para duvidar disso? –Ele arqueou as sobrancelhas e ela revirou os olhos, relanceando o relógio e se levantando apressada.

—Droga! Meu pai vai me matar!

—O que houve? –Malfoy se levantou seguindo-a de volta até o quarto principal.

Astória segurava o pedaço que estava comendo em uma das mãos enquanto tentava colocar sua blusa com a outra. Depois de lutar um pouco ela finalmente conseguiu, então comeu o resto de seu bolo e pegou sua calça preta, colocando-a.

—Infelizmente não vou poder ficar até mais tarde dessa vez. –Greengrass contou, indo até o banheiro. –Se importa se eu usar sua escova de dentes? –Ele balançou a cabeça negando, ainda estranhando o que estava acontecendo.

Quando Astória estava indo em direção a porta do banheiro, Draco parou na frente, impedindo-a de continuar e fazendo a mulher bufar.

—Está tudo bem?

—Não é nada demais, sério, Malfoy.

—Você é minha amiga e só sai daqui quando me contar o que está acontecendo. –Ele disse sorrindo e cruzando os braços. Estava falando sério, ela podia ver em seus olhos.

—Okay. –Ela soltou o ar, cansada e o empurrando, subindo na cama do loiro e sentando-se com as pernas cruzadas. –Daphne vai se casar com algum babaca rico de família tradicional. Ela encheu a cabeça do meu pai e ele quer que eu me case com o idiota do irmão mais novo do noivo dela. Vou conhecê-lo amanhã. –Deu de ombros, como se para mostrar que estava tudo bem e aquilo não era nada demais.

—O quê?! –Questionou, ainda sem acreditar.

Ela se levantou, indo até o canto do quarto e subindo em seus sapatos de salto, em seguida caminhou até ele e lhe deu um beijo que ele estava ocupado demais processando as recentes informações para corresponder.

—Meu pai está tentando me casar com um estranho e eu estou atrasada para encontrá-lo e ver o que ele decidiu. Te vejo depois. –Ela sorriu, dando um selinho de despedida nele e descendo as escadas. Draco apressou o passo, segurando-a pelo braço e impedindo-a de sair mais uma vez.

—Por que não me disse isso antes? Astória, tem algo que eu possa fazer para ajudar a impedir?

—Não teria mudado nada se eu tivesse dito antes e não, você não pode fazer nada.

—Como você está com isso? –Uma batida foi ouvida na porta, mas ele não pareceu se importar com quem quer que fosse. Estava preocupado com ela, pois se lembrava de como era quando seu pai começou com a ideia de casamento arranjado. Era um inferno.

—Eu estou bem, relaxa. –Greengrass sorriu, beijando-lhe uma última vez. –Ainda tenho algumas cartas para jogar antes de ser arrastada para o altar. Depois eu explico tudo, prometo.

Ela respondeu, abrindo a porta e batendo no homem que estava ali parado. Por pouco não caiu com tudo no chão, mas os braços fortes daquele moreno a seguraram. Ela levantou os olhos, encontrando os dele a olhando de forma curiosa e surpresa ao mesmo tempo.

—Deveria tomar mais cuidado, Greengrass, pode se machucar em uma dessas. –O homem avisou, soltando-a devagar.

—Eu conheço você? –Ela perguntou, fazendo-o arquear as sobrancelhas. –Ai, não importa, se me dão licença eu realmente preciso ir agora. –E saiu.

Theodore Nott a observou se afastar da casa o suficiente para poder aparatar e então se virou incrédulo para o amigo, entrando na casa.

—Como assim “eu conheço você”? Nós saímos por quase duas semanas antes de eu me formar! –Questionou incrédulo, tentando se lembrar se havia feito algo com a garota, embora tivesse certeza de que ela nem chegou a chamá-lo com apelidos e agir como se fossem um casal, obrigando-o a terminar tudo. Não, eles se divertiram bastante! Pensou nas vezes em que ela foi procurá-lo no meio da noite, levando-o para a sala precisa e deu um leve sorriso. Como assim ela não se lembrava?!

Draco Malfoy gargalhou ao ver a expressão no rosto do amigo. Já havia visto aquela cena acontecendo milhares de vezes, mas aquela era a primeira vez que Theodore Nott se encontrava naquela posição e não na do idiota com a memória ruim.

—Vai se foder, Malfoy. –Resmungou. –Escuta, isso é importante.

—O que houve?

—Acabei de encontrar o Potter. Ele me pediu para dizer que Evan Zender acordou e você precisa encontrá-lo no St. Mungus agora.

—Graças a Merlin, vamos!

—Não posso, só vim avisá-lo. Preciso passar na casa da minha mãe, ela disse que tem algo para contar e da última vez que isso aconteceu ela teve gêmeas, mas me mantenha informado.

—Tudo bem.

...

Draco chegou ao hospital e seguiu rapidamente na direção do quarto em que o auror estava. Encontrou Harry Potter parado na porta, acompanhado de vários outros aurores e também de Hermione. Ela parecia tensa e ele não a culpava por isso, ele também estava, mas havia algo mais do que ansiedade por finalmente ter respostas em seus lindos olhos castanhos.

Estranhou o fato de que o Weasley não estava ali, mas se os outros não se incomodavam com sua ausência não seria ele quem daria falta, embora os olhos inchados da morena indicando choro e as olheiras o deixasse ainda mais curioso para saber o que aconteceu.

—Vim correndo assim que soube. –Malfoy falou, se aproximando do menino que sobreviveu.

—Estão realizando os últimos exames. O médico disse que ele acordou durante a madrugada e está respondendo muito melhor as poções agora. –Potter atualizou.

—E quando podemos entrar?

—Eu vou entrar assim que o médico sair.

—O quê?

—Temos mais chances de conseguir respostas se você ficar aqui.

—Aquele imbecil acabou com a minha vida. –Draco o lembrou, não acreditando no que estava ouvindo.

—Exatamente. Se Zender se sentir pressionado e decidir não colaborar, nós voltamos a estaca zero.

—Harry está certo, é melhor você ficar. –Hermione falou sem nem ao menos olhar para o loiro ou se mexer. Algo estava errado.

Ele a encarou e por um segundo ela sentiu sua pele queimar, mas continuou ali. Não estava com cabeça para a discussão que, ela tinha certeza, não demoraria a começar. Ainda mais com uma solução tão simples, mesmo que não fosse do agrado de todos.

—Senhor Potter? – O doutor chamou, saindo do quarto e caminhando até o chefe dos aurores. –Está tudo pronto.

—Downing e Gibbs, venham comigo. –Ele mandou, entrando no quarto. Os outros aurores permaneceram em posição.

Draco se aproximou de Hermione, encostando-se na parede ao lado dela com os braços cruzados. Odiava esperar e ela sabia bem disso. Queria que Zender dissesse olhando em seus olhos o que realmente havia acontecido, mas aparentemente o Potter era contra essa ideia.

—Como você está? –Perguntou, olhando-a bem.

—Ansiosa. É a nossa primeira pista em muito tempo e eu não aguento mais não saber o que realmente aconteceu.

—Somos dois. –Respondeu, respirando fundo, embora não estivesse perguntando apenas sobre o caso. Ele tirou o pequeno frasco que ela havia lhe dado na noite passada do bolso e estendeu para a mulher, que o olhou pela primeira vez naquele dia e sorriu, pegando-o de volta. –Hermione, eu entendo. Entendo porque se casou, porque tomou todas as suas decisões.

—Obrigada Draco, significa muito pra mim. –Ela disse dando um leve sorriso.

Sem pensar ele se colocou na frente dela, segurando suas mãos e olhando bem no fundo daqueles lindos olhos castanhos, focando-se naquele olhar que ocupava seus pensamentos em todas as noites antes que ele finalmente conseguisse dormir.

—Eu entendo e eu te amo por isso. –Disse simplesmente. Tão fácil quanto como se estivesse comentando o clima ou dizendo banalidades. –E eu não quero que pense que estou dizendo isso porque quero que você deixe o Weasley ou... Eu não sei, eu estou dizendo porque é a verdade e eu estou cansado de mentir pra você e pra mim mesmo.

—Draco...

—Obrigado por tudo o que fez pelo Scorpius. Você é uma mãe maravilhosa, uma mulher maravilhosa e eu espero que você seja feliz. Se não comigo, com o Weasley. –Sorriu. Nunca havia sido tão sincero em toda a sua vida e ela podia ver bem isso.

Mas o momento foi interrompido quando Harry saiu do quarto, abrindo a porta bruscamente e seguindo pelo corredor. Ele não parecia nada bem e os dois logo se apressaram para seguí-lo.

—O que ele disse? –Hermione questionou, preocupada. –Harry, o que ele disse? –Perguntou mais uma vez e ele parou, se virando e encarando os dois.

—Ele realmente recebeu ordens para trocá-lo de cela, Malfoy. Estávamos certos.

—E ele disse de quem? –Draco perguntou.

—Fala, Harry! –Hermione pediu, curiosa.

—Foi o Rony, Mione.

Nós nunca acertamos
Repetindo conversas antigas
Pensando demais em cada palavra
E eu odeio isso
Porque esse não sou eu
E qual é a razão de esconder?
Todos sabem que temos assuntos inacabados
E eu me arrependeria se eu não dissesse
Que isso não é o que poderia ser
Você pode partir meu coração em dois
Mas quando sara, ele bate por você
Eu sei que é precipitado, mas é verdade