~Pov Draco

Algumas horas depois que Hermione saiu, Blás, Pan e Theo chegaram. Nós estávamos conversando quando Pansy resolveu mais uma vez tocar no assunto:

—Herms me disse que você a convenceu a ir ao baile.

—É eu a convenci, mas isso não significa nada, não sei por que está com esse sorrisinho.

—Talvez por causa do “e nós quase nos beijamos” que ela demorou vinte minutos pra falar. –Isso foi o suficiente para os dois se virarem com as sobrancelhas arqueadas e eu soltar o ar entediado.

—Isso não significa nada. –Repeti.

—Lógico que significa!

—Por que não me deixa seguir em frente? –Briguei cruzando os braços.

—Que comece a guerra. –Blás disse baixo.

—Eu é que não vou passar por isso sem beber alguma coisa. –Theo falou se levantando e pegando a garrafa de Whisky.

—Não me use como desculpa quando eu sei que você também não quer seguir em frente.

—Se não quisesse mesmo eu não estaria pensando em procurar outra garota.

—Você é um imã de vadias interesseiras, sabe que não vai conseguir alguém decente, ainda mais com a péssima fama que tem desde Hogwarts.

—Obrigado pela sinceridade.

—Disponha. –Ela sorriu abraçando Blás e beijando-lhe o rosto. –Amanhã vou falar com Hermione, Gina me ligou e nós vamos juntas comprar os vestidos. E você... –Ela apontou pra mim e eu peguei o copo de Theo, que resmungou se levantando e indo buscar outro. –Não me interessa quantas vezes tenha que convencê-la, Hermione vai a esse baile okay?

Ignorando o que ela disse voltei a minha bebida. Eu estava irritado, não só porque todos achavam que eu deveria fazer algo para que eu e Hermione ficássemos juntos de novo, mas também porque Pansy Zabini me conhecia muito bem. Era o tipo de pessoa que só pelo meu tom de voz poderia dizer como eu estava me sentindo, o que arruinava todas as minhas tentativas de fingir que não me importava.

—Então Draco, como se sente sabendo que mesmo dormindo com outro é com você que ela sonha?

—Cala a boca Theo. –Mandei revirando os olhos enquanto ele ria. Dando uma breve olhada no relógio eu me levantei. –Preciso ir, tenho que ver o Scorp, vamos?

*-*

Bati na porta e o Weasley abriu revirando os olhos ao me ver, mas eu não me importei, simplesmente ignorei o ato. Não era como se eu quisesse vê-lo também.

—Meu filho e a mãe dele estão aí?

—O que quer com a minha esposa?

—Honestamente muitas coisas. –Falei sorrindo divertido e aquilo foi o suficiente para suas orelhas começarem a ficar vermelhas como seus cabelos e ele dar um passo a frente, me olhando com ódio.

Pansy bufou me dando uma cotovelada e me puxou para trás, colocando-se na minha frente. Ela sabia que se começássemos uma briga Theo e Blás não se importariam de entrar nela. Os dois queriam dar uma lição naquele idiota tanto quanto eu.

—Sinto muito Weasley, ele bebeu um pouco. Podemos entrar? –A contragosto ele saiu da frente, nos dando licença e nós entramos. –Obrigada. Scorp está...?

—No quarto. –Balancei a cabeça e subi as escadas procurando por ele, mas ao abrir uma das portas eu encontrei Hermione.

Ela tinha os cabelos soltos e molhados, usava um suéter cinza cheio de detalhes nas cores azul e vermelho e também uma calça jeans. Me encostei na porta para olhar melhor e por um momento eu me peguei admirando sua beleza.

E mesmo que todos os meus instintos me dissessem que o melhor a fazer era fechar a porta e fingir que não aconteceu, eu não consegui. Quando eu olhava pra ela assim, tão distraída, era como se tudo de ruim que eu já havia passado sumisse.

—Oh meu Merlin Draco! –A morena disse assustada ao perceber a minha presença. –O que está fazendo?

—Eu estava procurando o quarto do Scorp e...

—Seguindo o corredor, primeira porta a esquerda. –Balancei a cabeça e me virei para ir em direção à porta, mas a voz dela me fez parar. –Obrigada por vir.

Fiquei parado ali encarando a porta por alguns segundos, decidindo se deveria ou não falar com ela o que estava preso em minha garganta desde que ela deixou minha casa. Dizer que eu não sentia muito por quase beijá-la, que aquilo era tudo o que eu mais queria desde o momento em que a vi e que por mais que eu odiasse toda aquela situação em que nos encontramos eu não conseguia odiá-la, que tentar não amá-la só me fazia amá-la mais.

Mas optei pelo silêncio. O motivo? Talvez eu estivesse cansado demais de tudo isso, talvez eu fosse orgulhoso demais, ou quem sabe um pouco das duas coisas. Tudo o que eu sabia é que aquilo estava acabando comigo.

Respirei fundo e continuei o caminho sentindo seus lindos olhos castanhos me acompanhando enquanto eu fechava a porta. Segui pelo corredor e virei à esquerda como ela havia dito, encontrei a porta do quarto de Scorp e a abri devagar.

Encontrei-o sentado na cama de costas para mim, em suas mãos o anel que eu costumava usar em meus tempos de Hogwarts que ele olhava atento.

—Achei que tinha perdido. –Falei e ele se virou rápido escondendo-o, o que me fez rir.

—PAI! –Scorp gritou se levantando e pulando em mim. –Achei que não viria mais...

—Eu sei, sinto muito. Prometo que não vou sumir assim novamente. –Ele sorriu e eu o coloquei na cama de novo, me sentando ao seu lado. –Então, onde achou isto?

—Mamãe guarda suas coisas em uma caixa grande no quarto dela.  Ela não gosta muito de mexer lá então eu pedi para ficar com o anel, mas já que você voltou... –O pequeno me entregou e eu neguei, devolvendo-o.

—Não, é seu.

—Sério? –Scorp perguntou arregalando os olhos surpreso e eu balancei a cabeça assentindo. –Obrigado!

—Então... Sobre o marido da sua mãe... –Comecei e ele riu.

—Você gosta dela.

—Não comece você também. –Suspirei. –Ele é legal com você?

—Sabia que perguntaria isso. –Murmurou revirando os olhos.

—Scorpius Malfoy não me esconda nada.

—Às vezes sim, às vezes não. –Disse dando de ombros.

—O que quer dizer?

—Antes de você voltar ele me culpava por fazer a mamãe se lembrar, agora me culpa por ser o motivo que o traz aqui sempre.

—Ele disse isso? –Perguntei incrédulo.

—Não. –Respondeu simplesmente. –Mas antes eu também me culpava por fazer a mamãe se lembrar então ficou mais fácil entendê-lo.

—Por que se culpava?

—Porque eu tinha medo que ela ficasse mal de novo. –Eu o olhei confuso. –Só não queria que ela ficasse como quando contaram a ela que você havia morrido.

—O que se lembra? –Scorp olhou nos meus olhos e respirou fundo, como se fosse realmente difícil contar aquela história. Eu queria saber o que havia acontecido, assim como também queria abraçá-lo e dizer que eu estava aqui agora, que ele não precisava se preocupar.

—Sabia que antes de dormir, em vez de histórias ficávamos conversando sobre como seria quando você voltasse? –Eu balancei a cabeça negando e ele abaixou a cabeça. –Não foi nada como imaginávamos se quer saber.

—E o que vocês imaginavam?

—Que seríamos uma família. – Eu não sabia como responder, mesmo abrindo a boca algumas vezes não emitia nenhum som. Então ele continuou... –Um dia tio Harry veio nos visitar e trouxe uma carta, pediu que ela chamasse meus tios, que achava melhor que ela não fizesse isso sozinha e que todos decidissem como falariam com a vovó.

“Mamãe foi a primeira a ler, mas ela não disse nada. Então quando tio Blás perguntou o que dizia ela olhou pra mim e começou a chorar, saindo correndo para o quarto e jogando a carta no chão. Ela não abriu a porta quando eu chamei e ninguém queria me dizer o que estava acontecendo. A tia Pan também começou a chorar e eu fiquei na casa do tio Theo por um tempo ‘até tudo se acalmar’, como eles disseram. Demorou um pouco, mas ela e o Rony vieram me buscar.” Ele respirou fundo abaixando os olhos para o anel mais uma vez. “Eu não sei o que ele disse para convencê-la a sair, mas ela ainda não conseguia olhar pra mim ou falar comigo por muito tempo sem chorar.”

—E como ela voltou ao normal?

—Depois que o cabeça de cenoura percebeu o que estava acontecendo ele se mudou pra cá para cuidar de nós, então aos poucos ela foi melhorando.

—Ele morou aqui por muito tempo?

—Alguns meses até se mudar de vez por causa do casamento.

Foi quando eu entendi, Hermione não havia se casado por gostar dele, se casou por sentir que tinha uma dívida a pagar e assim tentaria encontrar maneiras de superar. Eu o abracei apertado e beijei seus cabelos, fazendo-o dar um pequeno sorriso.

—Eu sinto muito por tudo o que houve com você e sua mãe.

—Pai ela gosta de você.

—Olha pra mim filho... –Pedi e ele levantou os olhos. –Não vai dar certo.

—Mas vocês nem tentaram! Por favor, tentem conversar!

—Eu sinto muito, mas não, eu não posso. –Falei me levantando vendo que seus olhos se enchiam de lágrimas, mas ele não chorou. –É melhor assim Scorp. –Murmurei saindo rapidamente do quarto.

Passei pela sala e não olhei para ninguém, tudo o que eu queria era ir embora, ficar sozinho, pensar... Quando já estava do lado de fora a porta se abriu revelando uma Hermione com um olhar preocupado.

Não, ela era a última pessoa que eu queria ver agora.

Meus olhos se encontraram com os dela e então eu aparatei.

~Pov Hermione

Fiquei lá fora por alguns minutos tentando entender o que aconteceu, mas eu não conseguia encontrar nenhuma explicação, e isso me deixou preocupada. Não demorou para que Pansy, Blásio e Theodore viessem ver o que estava acontecendo.

A castanha se despediu, prometendo que iria perguntar o que havia acontecido a ele, se estava tudo bem, e logo todos foram embora. Soltei um suspiro e entrei novamente em casa. Rony estava sentado no sofá com cara de poucos amigos... Não, mais uma briga não.

Passei pela sala, mas ele não falou nada, apenas colocou os olhos em mim e foi como se ele conseguisse ver com clareza tudo o que eu sentia.

—Ainda não acabou não é? –Ele começou. –Você e o Malfoy.

—Rony eu só...

—Você foi atrás dele Mione. –O ruivo se levantou, andando na minha direção. –Tudo isso só faz com que eu sinta que estou atrapalhando vocês a ficar juntos!

—Não é nada disso, eu só fiquei preocupada...

—É a hora de escolher Hermione Granger, você quer ficar comigo ou com ele?

Granger... Há muito tempo ninguém me chamava assim.

—Ronald eu estou me cansando dessa conversa. –Cruzei os braços.

—Então acabe logo com tudo! Meu amor, eu fico com ciúmes e isso só nos faz brigar! Eu estou cansado de sentir que Draco Malfoy é uma ameaça, isso me mata!

—Ele não é uma ameaça.

—É sim Hermione, você sabe que é! –Rony disse segurando meu rosto. –Apenas pense se ficar comigo e colocar um ponto final na história de vocês é realmente o que quer.

Tentar não te amar, só é possível até certo ponto
Tentar não precisar de você, está me partindo ao meio
Não consigo ver um lado bom, caído aqui no chão
E eu apenas continuo tentando, mas não sei para quê
Porque tentar não te amar
Só me faz te amar mais