Memory of the Future - Parte 2 escrita por chrissie lowe


Capítulo 24
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Desculpem a demora, mas aqui está o epílogo de Memory of the Future 2! Espero que gostem e obrigada a quem acompanhou a fic, especialmente ao Ghost, guerreiro que esperou até o final apesar de todos os encalços hehehehehe.



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Seis anos depois…

Claire estava com 55 anos. Ela vivia em um dos prédios remanescentes da Cidade Proibida, que fora aberta assim que Alec e os Cybermen caíram do poder. Eddie e Artie, agora um rapaz de 18 anos, e Alec, agora com 32 anos, vivam com ela. 

As instituições, como a polícia e o governo, ainda estavam em processo de reparação, mas os poucos realizavam suas funções. Claire voltara a trabalhar no governo e fazia o que estava a seu alcance para garantir que tudo funcionasse como deveria. Porém, logo no início, ela teve que enfrentar o impasse sobre o que fazer em relação a Alec. O sistema judiciário queriam condená-lo por crimes de guerra, e com razão. No entanto, a mulher sabia que todo o seu esforço para reatar com ele teria sido em vão se ele fosse preso. No fim, ela, com muita resistência por parte de todos, insistiu para que ele fosse condenado a prestar serviços comunitários e que ele fosse mantido sob sua supervisão. 

E assim ele o fez. Apesar da revolta das pessoas pelo resultado do julgamento, Alec trabalhava nas obras da cidade dia e noite e era rigidamente supervisionado por Claire e Eddie. Ela não podia negar que era, de fato, exaustivo para o rapaz, mas ela sabia que era necessário para mantê-lo na linha, além de que vê-lo trabalhando sofregamente parecia amenizar o ódio das pessoas. Por outro lado, Alec já pensara em desistir e fugir, e não foram poucas vezes que isso acontecera, mas, felizmente, ele sempre chegava a conclusão de que não valeria a pena.

As crianças da galeria seguiram o seu caminho. As mais novas permaneceram junto a Claire e Spencer, pois não tinham para onde ir, mas as mais velhas optaram por seguir o seu próprio rumo. Alguns seguiram Claire no caminho da política, outras permaneceram próximas a luta armada por meio do exército, ou tornando-se policiais ou bombeiros. Rhonda estudava medicina e estava cada vez mais próxima do sonho de ser médica, além de trabalhar como voluntária em hospitais para o tratamento das vítimas dos Cybermen. Vince se tornava um cozinheiro reconhecido e também lutava para reparar os estragos dos últimos anos, coordenando projetos de combate a fome e distribuição de alimentos para as áreas mais devastadas.

Fazia um sol fraco naquele dia, tanto que ainda assim era necessário sair de casa bem agasalhado. Eddie e Alec já haviam saído para mais uma obra e Artie já estava na escola, deixando Claire sozinha em casa. Ela teria mais um longo dia pela frente, mas isso não a incomodava tanto, pois agora ela sentia-se segura e respeitava os seus limites. 

Claire havia se dado o direito de tomar um café da manhã reforçado naquele dia, por isso ainda não havia saído para o trabalho. A mulher degustava uma xícara de chá de morango enquanto lia o jornal do dia, quando ela sentiu tudo em sua volta estremecer.

—  Mas o que… 

Ela pôs a xícara na mesa e desceu até a entrada do prédio ver o que poderia ter acontecido. Algumas pessoas encontravam-se no saguão, tão espantadas quanto Claire, mas não havia nada fora do normal, aparentemente, então todos retornaram aos seus afazeres e Claire se dirigiu de volta para o apartamento. 

No entanto, uma forte ventania abriu as portas de vidro e as árvores ao redor do edifício chacoalhavam, enquanto suas folhas voavam sem rumo pelo ar. Claire, com os olhos cerrados por causa da poeira levantada pelo vento, saiu novamente do edifício tentando entender o que se passava, apesar de estranhar a tranquilidade dos vizinhos. Era como se eles sequer percebessem o que acontecia. Do lado de fora, Claire procurava por algum sinal de anomalia. Aquilo nunca havia acontecido antes e, no fundo, ela suspeitava, e desejava, que o Doutor tivesse algo a ver com isso.

E ela estava certa.

Alguns segundos depois, algo começou a surgir na frente da mulher e ela ouviu aquele ruído que tanto conhecia e que há anos não ouvia.

— Minha nossa! – exclamou ela espantada e ansiosa.

Seu coração batia aceleradamente. Ela mal podia esperar para rever o Doutor rabugento, porém de bom coração e cabelos grisalhos e Clara. Ela tentava segurar o sorriso, mas não conseguia. 

No entanto, ela não reconheceu o homem que saiu da nave.

Era um rapaz alto, magro e com os cabelos curtos e castanho-escuro que formavam um topete na parte da frente. Ele aparentava ser bem jovem, até mais jovem do que Alec, porém, sua vestimenta parecia a de um homem velho, composto por um terno marrom de tweed, calças também marrom, camisa branca, suspensórios e uma gravata-borboleta vermelha que chamava mais atenção do que deveria.

— Oh, olá! – exclamou o homem alegremente. – Pode me dizer em que século estamos? Estou a procura do século 26, mas já errei duas vezes e não gostaria de ter errado novamente.

— Ãhn, não se preocupe, você… acertou dessa vez. – respondeu ela ainda perplexa. – Mas… mas… minha nossa! É você mesmo, Doutor? – perguntou ela olhando a TARDIS por trás do Doutor.

— Ué, como é que você sabe quem… oh! Já entendi. – interrompeu ele ao se dar conta de tudo. – Olá, Claire.

— Olá, Doutor. – respondeu ela comovida. – Então… seis anos dessa vez. Até que não demorou tanto.

— Seis? Como assim seis? – perguntou ele visivelmente confuso. – A última vez em que estive aqui você estava bem mais… jovem, perdoe-me em lhe dizer. Estava grávida e tudo mais. Não pode ter passado apenas seis anos. 

— Como assim, Doutor? Tem certeza do que diz? Não se lembra de quando…

Claire sentiu-se perdida de início, pois como ele poderia não se lembrar de tudo o que acontecera? “Será que ele perde a memória quando regenera?”, perguntou ela para si.

— Não me lembro do quê? – interrompeu ele. – Escute, aconteceu algo que eu deveria saber? – perguntou ele desconfiado.

Ele mantinha um semblante de incompreensão, levando Claire à conclusão de que ele realmente não tinha ideia do que acontecera há seis anos. Ela não sabia explicar como aquilo podia estar acontecendo e pensava em contar toda a história para ver se ele se lembrava de algo. No entanto, ela lembrou-se de Clara lhe mencionando que o Doutor que conhecera não era aquele dos cabelos grisalhos e sotaque escocês, e sim um outro de aparência bem mais jovem, e de como ela presenciara sua regeneração. 

“O Doutor que conheci pela primeira vez deve ter se regenerado neste rapaz, que provavelmente se regenerou no Doutor grisalho”,  raciocinou ela. “Logo, quer dizer que ele ainda não viveu os acontecimentos de seus anos atrás!”. 

— Acho que saquei. – murmurou ela para si.

— O que disse? – perguntou o Doutor. 

— Nada, não foi nada. – exclamou ela se lembrando do Doutor parado a sua frente.

O Doutor olhava desconfiado para Claire. Ele esperava que ela agisse de outra forma ao vê-lo, mas ela estava estranha e parecia não estar nem um pouco assustada com o fato dele não ser ter mais o corpo que ela conhecera quando nova. 

Claire agora se lembrava de quando o outro Doutor a acusara de mentir, dizendo que tudo estava bem, embora ela nunca houvesse dito aquilo para ele. Talvez… talvez ele estivesse se referindo a isso. Claire tentava raciocinar o mais rápido que podia e tentava encaixar os fatos na sua cabeça. A ruga do meio de sua testa estava cada vez mais funda. Se aquele Doutor parado em sua frente for mesmo a versão anterior do Doutor de seis anos atrás, então talvez seja melhor ele não saber o que havia se passado. Ela devia mentir. Mentir a fim de proteger a linha do tempo do Doutor e até a sua própria e garantir que tudo acontecesse de acordo, pois ele não poderia ajudar se sua versão passada intervisse antes do tempo.

— Claire, tem certeza que está bem? – interrompeu o Doutor, fazendo a mulher voltar a realidade. – Houve algum problema grande durante o tempo em que estive fora?

A mulher, agora ciente de aquela versão do Doutor ainda não havia vivenciado os acontecimentos envolvendo Alec e os Cybermen, respirou fundo e inventou uma desculpa.

— Não, tudo ocorreu perfeitamente bem. – disse ela disfarçando um sorriso e escondendo o braço esquerdo no bolso do casaco para que ele não notasse a prótese (sorte que ela decidira usar luvas naquele dia). – Minha vida não poderia ter sido melhor. – completou ela pousando as mãos nos ombros do Doutor. 

— Tem certeza? Quer dizer, não houve nenhum problema mesmo? Nenhuma outra invasão alienígena ou algo do tipo? – insistiu ele.

— Bom, todos nós temos dias ruins de vez em quando, mas nada que não possa ser resolvido. Estamos todos bem, eu juro.

— Bom, não sabe como estou feliz em ouvir isso! – disse ele então finalmente convencido. – Estou orgulhoso de você, Claire Brooksfield!

Então ele a abraçou. Claire sentia os olhos marejarem. Não queria ter que mentir para o Doutor daquele jeito, mas ela sentia que era o mais sensato a ser feito. 

— Mas e você, Doutor? O que tem feito nesses últimos anos? Ou seriam apenas alguns dias para você? – acrescentou ela rindo.

O Doutor soltou uma risada fraca e Claire imediatamente sentiu que havia algo errado.

E ele percebeu isso.

— Morrerei em breve. – disse ele abrindo o jogo. – Por isso, resolvi visitar alguns lugares e rever alguns amigos. 

— Morrendo? – perguntou ela sem entender. – O… o que houve? Há algo que eu possa fazer?

— Não. Já fiz tudo o que estava em meu alcance. O que me resta agora é aceitar o meu destino. 

Ele fitou os olhos de Claire e a envolveu em outro abraço.

— Mas veja só você, parece tão jovem! Poderia até ser meu filho! – dizia ela ainda mais comovida e passando as mãos cobertas pelas luvas de algodão no rosto jovem do Décimo Primeiro Doutor.

— Sim, mas por dentro continuo sendo apenas um velho que está vagando pelo Universo há tempo demais. – lamentou ele acariciando a mão direita de Claire (o que a fez suspirar de alivio, pois ele obviamente perceberia a prótese assim que tocasse nela).

— Não… não diga isso. – disse ela voltando a atenção para o Senhor do Tempo. – Todos nós envelhecemos um dia e, além disso, o Universo não seria o mesmo sem você. – consolou ela. 

Ele sorriu.

— Bom, ainda pretendo ver o Alinhamento de Exodor. – disse ele mudando de assunto. – Ela está em um campo de êxtase temporal, o que significa que tenho apenas uma chance de presenciá-lo! – disse ele já mais empolgado. – Mande lembranças a Eddie e todos os outros, está bem. E fique segura. – pediu ele.

— Adeus, Doutor. Mais uma vez. – respondeu ela. – Espero que possa voltar qualquer dia desses, estarei de braços abertos. E, por favor, tome cuidado!

— Pode deixar! – respondeu ele dando um beijo da testa da mulher. 

Por fim, ele despediu-se mais uma vez e entrou na TARDIS. Claire ficou parada observando a nave se desmaterializar, enquanto as árvores voltavam a chacoalhar e as folhas voltavam a voar sem destino certo.

— Gostaria que ele não tivesse voltado apenas para ver aquele pesadelo. – lamentou ela. – Mas… se não fosse por ele, talvez nem estaríamos aqui agora. Mas também não sei o que aconteceria caso ele soubesse das coisas agora… talvez tivesse nos poupado algum tempo… ah, essas coisas são tão complicadas! – conclui ela passando a mão pelos cabelos.

Nisso, ela olhou para o relógio e viu que estava mais do que atrasada, então ela correu de volta para o apartamento, mas não antes de olhar para trás para ver se ele retornaria, o que não aconteceu. Ela sentia-se extasiada com a visita inesperada do Doutor, apesar do comportamento estranho de sua parte e da preocupação para com o futuro do colega, embora ela soubesse que ele sairia dessa. Sua aparição lhe trouxera uma enorme sensação de confiança e esperança e isso percorria a sua alma, fazendo-a prometer que faria o possível para que tudo ocorresse bem.

E assim se seguiu a vida de Claire Brooksfield, a garota que derrotou os Daleks e a mulher que salvou a Terra mais vezes do que qualquer um poderia imaginar.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, é isso, espero que tenham gostado! Beijos e até a próxima o