Memory of the Future - Parte 2 escrita por chrissie lowe


Capítulo 17
The Doubt


Notas iniciais do capítulo

Capítulo mais introspectivo hehe ~e curto também~. Espero que gostem!



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Alec observava a fila de pessoas prestes a serem atualizadas. Os guardas guiavam os prisioneiros um a um até às câmaras de atualização. Os gritos de desespero das pessoas ecoavam pelos ares e elas se debatiam freneticamente para tentar escapar dos guardas, sem sucesso.

Enquanto isso, dois Cybermen, um em cada lado de Alec, miravam o olhar sem vida para o braço ferido do rapaz. Ele notou seus olhares fixos e escondeu o braço atrás das costas.

— Sei o que estão pensando. Ainda não é o momento certo. – disse ele ríspido.

— O mestre está danificado. O mestre deve ser atualizado. – bradou o Cyberman.

— Eu disse que ainda não é o momento! – insistiu Alec. 

Ele estava tenso. Não era a primeira vez que algum Cyberman tentava contrariar alguma ordem sua. Na realidade, aquilo se tornava cada vez mais frequente. Ele temia que os Cybermen tivessem planos diferentes do dele.

Mas enfim, Alec voltou a pensar no que o Doutor lhe dissera. Tinha que admitir, ele realmente temia passar pela atualização. Ele ouvia os gritos das pessoas, os choros, às súplicas… por mais certeza que ele tivesse, presenciar aquilo lhe causava um grande incômodo.

Além disso, outro pensamento passara a rondar a mente de Alec. Depois da invasão do Doutor ao seus laboratórios, o rapaz percebeu que era a primeira vez que seus pais agiam por sua causa. E isso mexia com ele de alguma forma.

O rapaz fechou os olhos e sua mente o levou até uma cena de seu passado. 

Estava na escola, na sala do diretor para ser mais exato. Tinha oito anos e havia acabado de se meter em uma briga com um dos colegas de sala. Sua mãe havia sido chamada e agora ele esperava, cabisbaixo e com um olho prestes a inchar, por ela. 

O menino ouviu o som dos sapatos da mãe no fundo do corredor. Não era a primeira vez que ela tinha que vir até lá por causa de brigas. Poucos segundos depois, ele viu a mãe passar por ele. Ela o encarou, como se estivesse cansada, e em seguida entrou na sala do diretor. Ele não pôde ouvir a conversa que os dois adultos tiveram, mas Claire saiu da sala cerca de dez minutos depois, foi até ele e disse:

— Só prometa que não fazer isso de novo. 

— Tá bom, mamãe. – respondeu ele.

Então, ela beijou os cabelos escuros do menino, iguais aos do pai, e os dois foram embora, sem tocar no assunto novamente, assim como vários outros assuntos que nunca mais eram tocados.

De volta à realidade, Alec pensava nos seus sentimentos em relação a Claire e Eddie. Ele sempre tivera certeza de que tinha raiva deles. Raiva por se mostrarem tão ignorantes quanto aos seus ideais.

Mas será que era raiva mesmo?

Essa perguntava brotara na cabeça do rapaz depois a invasão ao seus laboratórios e martelava ali desde então. Por mais que odiasse admitir isso, saber que os pais foram até ali tentar sabotá-lo o fazia sentir como se finalmente recebesse a atenção que gostaria por parte dos dois. Era como se ele sentisse que, desta vez, esse assunto não seria apenas deixado de lado como tantos outros.

Alec bufou e passou as mãos pelos cabelos, incerto sobre os sentimentos que nutria pelos pais. Talvez fosse hora de admitir que não sentia tanta raiva assim como pensava.

Ele, então, voltou seu olhar à fila de prisioneiros. Todos com expressões de sofrimento e medo, e, depois de muitos anos, se questionou se aquilo era o melhor a se fazer.

—  Não. Eu… não posso. – murmurou ele para si, entretanto.

Nisso, ele chacoalhou a cabeça a fim de dissipar aqueles devaneios de sua mente. Seu plano estava em seu maior patamar, não podia desistir agora. Não podia sequer pensar em desistir. Os Cybermen o ajudariam a conquistar o resto do planeta e, por fim, todos obteriam a vida perfeita.

E, além disso, era tarde demais para se redimir com seus pais.


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