Memory of the Future - Parte 2 escrita por chrissie lowe


Capítulo 15
The Big Deal


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Bom, eu realmente sinto muito por ter sumido mais uma vez. Travei real com a história e já estava prestes a desistir dela, mas enfim, resolvi não fazer isso, pois faltava muito pouco para terminá-la e não podia fazer isso com vcs. Aliás, quero agradecer muito pela recomendação, eu adorei de coração! Enfim, espero que gostem.



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Alec fitava a paisagem a sua frente. A vidraça destruída por Claire já havia sido consertada. Todavia, as escoriações em seu braço causadas pelos estilhaços da vidraça ainda estavam longe de se cicatrizarem. 

Ele sentia-se estranho desde então. Tinha dificuldades em focar-se no trabalho. Ele não conseguia parar de pensar no que o Doutor lhe dissera.

O Doutor. Alec se lembrava do que Claire lhe contava sobre o Senhor do Tempo e de como ele a ajudara a salvar o planeta dos temidos Daleks. Ele, felizmente, não conhecia essas tais criaturas, mas ele via a tensão dos mais velhos toda vez que alguém os mencionava. Alec admirava o Doutor quando era pequeno e ele sempre torcia para que algum dia ele aparecesse. Mas isso nunca acontecia. Ele olhava dia e noite na janela do quarto em busca da caixa de madeira azul, mas ela nunca aparecia. 

Mas agora ele resolvera aparecer. E para atrapalhar seus planos. Alec já soubera do estrago que ele e a mãe haviam provocado na madrugada anterior e seus nervos subiam a flor da pele só de lembrar da burrice de sua parte por não ter ativado todos os guardas.

Alec agora olhava as escoriações em seus braços. Alguns cortes ainda avermelhados e hematomas esverdeados se espalhavam pelo braço pálido do rapaz e se misturavam ao esverdeado de suas veias saltadas. Ele sentia um forte incômodo, mas não por causa dos ferimentos, mas sim por causa dela. De Claire.

O rapaz passara os últimos anos acumulando um sentimento de raiva pela mãe. Sentia raiva por ela ter preferido o trabalho a ele. Sentia raiva por ela não entendê-lo. E ele também sentia raiva de seu pai que nunca o apoiava. Eddie se mantinha recluso e parecia sempre desaprovar suas atitudes. Na verdade, ninguém nunca parecia compreender ou aprovar suas ações. No início, ele se sentia um tolo por não conseguir se encaixar nos padrões, mas depois acabou por concluir que os outros é que eram tolos por não compreendê-lo. Depois que conheceu a ideologia ciborgue por meio de seus professores do colégio, Alec percebeu que ele era superior aos outros e não o contrário. 

Por isso, ele decidiu estudar o máximo que podia sobre os ciborgues. E foi durante esses estudos que ele se deu conta de que essa ideologia poderia suprimir a tristeza e a angústia que ele sentia. Ciborgues não precisavam de emoções para viver. Eles simplesmente se utilizavam da lógica em sua melhor forma e não tinham que conviver com sensações ruins. Quanto mais ele estudava, mais ele via o quanto as emoções prejudicavam o desempenho humano. A raiva e o orgulho exacerbado levavam à guerras, mortes… O medo e a tristeza levavam à inibição do desenvolvimento humano… Foi a partir daí que ele passou a acreditar que a atualização seria a respostas para os problemas do mundo. 

Mas como convencer os outros disso?

Alec tinha certeza da verdade, mas os outros não. Eram cegos demais para aceitar que a atualização traria a salvação do planeta. Com a atualização, ninguém teria que temer os tais Daleks pelo resto da eternidade. Além disso, ele era apenas um adolescente de 16 anos. Ninguém o levaria sério.

Alec, então, resolveu convencer os outros por conta própria. Treinou sua fala, publicou artigos acadêmicos e procurou contatos que pudessem favorecê-lo. E funcionou. Dois anos depois, Alec era um dos jovens mais influentes do país, senão do mundo. Suas ideias se espalharam como vento por todos os cantos do planeta e muitos o admiravam. 

Exceto seus pais.

Alec tinha um pingo de esperança de que seus pais passassem a admirá-lo depois de tudo o que fizera, mas o que ele recebeu em resposta foi apenas o temor dos dois. Claire e Eddie achavam seus ideais perigosos e pediam para que ele parasse e repensasse no que estava fazendo. No entanto, isso só fez com o que o garoto perdesse o resto de expectativa que tinha sobre eles. E isso o motivou a ir ainda mais longe.

Com suas teorias já espalhadas pela população, Alec seguiu para a política, por incentivo de seus professores. No começo, ele aceitara a proposta apenas para provocar a mãe, mas no fim acabou tomando gosto pela coisa. Ele gostava de manipular os outros a aderirem a suas ideias, e a política era um terreno fértil para isso. Começou apenas como um deputado, mas conseguiu ascender rapidamente, até que, pouco antes de completar 19 anos, já era um dos favoritos para a corrida presidencial. Claire tentara impedir que ele se tornasse candidato, utilizando-se de sua idade como argumento, mas as pessoas acreditavam tanto no potencial do rapaz, que ela ficara de mãos atadas.

No entanto, o governo passava por uma séria crise após o fracasso da Lei de Manutenção. Muitos pararam de apoiar os avanços dos cientistas e se rebelaram, inclusive os seus pais. Claire e Eddie haviam reativado a antiga Resistência e agora lutavam pela queda do governo. E parecia que eles obteriam êxito nisso.

Alec, sentindo que o governo não conseguiria resistir à pressão popular, o descartou e passou a agir sozinho. Somente ele era capaz de apaziguar as coisas.  E, para isso, ele criaria a cidade perfeita. Uma cidade sem conflitos, sem nenhum tipo de desorganização… Ele tomaria o controle e traria a paz para todos.

Para isso, ele se utilizou da imagem que tinha e convenceu parte da população a apoiá-lo, dizendo que ele era o único capaz de consertar os erros do governo. E muitos acreditaram nisso. 

Exceto seus pais.

Claire e Eddie ainda permaneciam contra as atitudes do filho e imploravam cada vez mais para que parasse. Mas agora já era tarde. Nada o impediria de construir a civilização perfeita. 

Com o governo cada vez mais enfraquecido, ficara fácil para Alec simplesmente chegar e tomar o poder das mãos daqueles velhos inúteis. E foi o que ele fez. Alec, apoiado por uma grande massa popular, invadiu a Câmara, dominou todos os ciborgues que serviam aos políticos e expulsou todos que estavam ali. Ele roubara a arma de sua mãe durante a madrugada e agora ele a apontava para a cabeça do presidente. Se não saíssem por bem, sairiam por mal.

E foi assim que eles entregaram o poder à Alec.

Mais tarde, contudo, ele percebeu que não havia recursos o suficiente para uma atualização em massa. Para resolver o problema, Alec, então, convocou todos os engenheiros e cientistas disponíveis para trabalhar para ele, incluindo seu tio Robert. Mas isso não era o suficiente. Alec se sentiu frustrado. Parecia que seu plano não se concretizaria tão cedo.

Todavia, um acontecimento mudaria tudo isso.

Era tarde da noite. Alec já havia isolado a parte da cidade que se tornaria a Cidade Proibida e havia conquistado os ciborgues já existentes, transformando-os em seus guardas. Ele já atualizara algumas pessoas capturadas pelos guardas, mas ainda estava longe de alcançar o seu ideal. Ele ainda se sentia frustrado com isso e pensava em mil maneiras de conseguir o que queria. Ele observava a janela de seu escritório, quando uma luz prateada tomou o céu estrelado bem a sua frente. Alec cerrou os olhos e viu que se tratava de uma… nave? Ele lembrou-se da caixa azul das histórias da mãe, mas se surpreendeu ao ver que a nave não lembrava em nada uma cabine telefônica de madeira azul. Era uma nave larga e prateada, e aumentava de tamanho cada vez que se aproximava. Ele continuou a observar a nave, até que ela caiu a alguns metros do portal da cidade. 

— Mas o quê? – Exclamou ele ao ver o estrago que a nave causara.

O rapaz saiu do escritório, pegou sua moto e foi até o portal para verificar o quanto de estrago aquela nave desconhecida havia feito. Saía muita fumaça de lá, o que dificultava sua visão e a respiração. Em meio a tosse, Alec tentava encontrar os tripulantes da nave. 

— Olá? Tem alguém aí? – Perguntava ele tentando dissipar a fumaça com as mãos.

Ninguém respondia. No entanto, pouco tempo depois, uma porta começou a se abrir. Alec sentiu-se nervoso, pois não sabia o que poderia encontrar. Vagarosamente, a porta se abriu por completo, revelando uma forma de vida que Alec nunca vira antes na vida. Era uma espécie de robô. Grande, prateado e com olhos redondos e fundos. A criatura marchava em passos pesados para fora da nave e parecia analisar o local a sua volta. 

O rapaz apenas observava a criatura, assustado, porém um tanto maravilhado e curioso com o que via. 

— O que são vocês? – Perguntou ele enfim.

Os olhos da criatura pairou imediatamente em Alec. 

— Terra. 2530. – Disse a criatura com voz robótica e monótona. – Espécime humano. Requer atualização. 

Os olhos de Alec se arregalaram ao ouvir a palavra “atualização”. Quer dizer que aquela criatura também era adepta da atualização? A mente de Alec rapidamente pôs-se a elaborar um plano para utilizar aquela criatura de alguma forma, e também para salvar a sua pele, visto que ela parecia querer atualizá-lo imediatamente.

— Espere! – Disse ele. – Eu… eu estou guiando o processo de atualização aqui na Terra. Já temos vários atualizados, mas… não tenho recursos suficientes.

A criatura encarou Alec em silêncio por alguns instantes. Até que respondeu:

— Humanos são inferiores. Humanos não possuem tecnologia para se atualizarem. Somente os Cybermen possuem tecnologia para a atualização.

— Entendo. Bom, então o que acha de… unirmos nossas forças? – Propôs o rapaz. – Eu te dou as pessoas para a atualização e você, Cyberman, me dá a tecnologia necessária para tal. O que acha?

— Cybermen não se aliam à humanos.

— Sempre há uma primeira vez para tudo, não é? Então, o que me diz? Um planeta inteirinho para conquistar. Não deve ser muito ruim, não é? – Dizia ele estendendo a mão para o Cyberman. – Além disso, posso consertar a sua nave para você. Daí poderá converter os humanos de todas as partes do mundo também.

O Cyberman permaneceu calado por alguns segundos, até que ele se aproximou de Alec e o cumprimentou.

— Perfeito. – Sussurrou ele para si com um olhar cínico no rosto. 

Nisso, vários Cybermen saíram dos escombros da nave, deixando Alec maravilhado. Era isso. Agora ele poderia dar continuidade ao seu trabalho e finalmente construir sua cidade perfeita.


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