Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 63
Crise 63 - Plano de Fuga




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E era isso. Estávamos ali, em uma cela bem mais suja do que no planeta das máquinas, prisioneiros da terrível pirata espacial Coração Negro, sem nenhuma ideia de como escapar dali. Era um local apertado, escuro, fedorento e velho, com algo parecido com palha logo atrás (o que é muito estranho, considerando que estamos dentro de uma nave gigante).

 

— Preso..de novo! - lamentei, agarrando as grades com as mãos e em tom triste - Estamos perdidos! O que vão fazer com a gente?

 

— Provavelmente irão nos deixar presos aqui e negociar algo com a Terra - disse Estrela, mais calma do que eu esperava - Não esperava que aquela pirata fosse tão boa em lutas...agora estamos sem meu Portal Gun.

 

— É verdade! Eles estão com o Portal Gun! E se resolverem usá-lo? - exclamei, em tom de desespero.

 

— Não se preocupe com isso - falou Estrela - Meu Portal Gun tem um sistema de segurança bastante poderoso para caso de furto ou roubo. Kaldi teria tecnologia para usá-lo, mas esses piratas atrasados...duvido muito que consigam fazer qualquer coisa com ele.

 

— Mas não podem jogá-lo fora? - indaguei.

 

— Pelo jeito que ela falou, ainda irão examiná-lo mais um pouco - disse ela - Mesmo assim, precisamos sair daqui o quanto antes.

 

— Sair daqui..como? Não acho que alguém de fora virá nos ajudar como da outra vez - falei, lembrando que no planeta das máquinas fomos resgatados por um dos robôs que desobedecia Kaldi.

 

— Bem, precisamos de um plano - comentou Estrela, mostrando uma expressão pensativa. Enquanto ela pensava, olhei em volta e vi Veterano Caio, nosso outro companheiro de cela, mexendo no monte de palha que comentei há pouco.

 

— E aí, gente? Fico bem assim? - disse ele, fazendo um tipo de barba com a palha.

 

— Não é hora de brincar - falei.

 

— Isso é um tipo de material que usam como cola. Vai ser difícil tirar isso da sua cara - falou Estrela - Acho que devem usar essa prisão como depósito de coisas velhas também. 

 

— Como? E agora? - disse, com um ar preocupado, mas o veterano não via do mesmo jeito.

 

— Que demais! Sempre quis ter uma barba! - falou Veterano Caio. Pelo visto, eu era o único preocupado. Ou não? É verdade, ainda havia outro companheiro de cela: Kevin. 

 

— Será que dá para vocês ficarem quietos? - disse ele, enquanto fazia algo com a fechadura - Estou tentando nos tirar daqui.

 

— Você pode nos tirar daqui? - perguntei.

 

— Meu equipamento não é tão bom quanto o da Estrela, mas ele tem uma função de canivete suíço que talvez nos ajude a arrombar essa fechadura - disse Kevin - Eles deviam ter me revistado melhor.

 

— Parando pra pensar - comentei - Eles nem deixaram guarda nenhum por aqui, não é?

 

— E também não tem câmeras - percebeu Estrela - Parece que a segurança deles é bem atrasada.

 

 Kevin tentou por mais alguns instantes, mas não obteve sucesso.

 

— Parece que não funciona - disse ele - Arrombar uma fechadura é mais difícil do que eu pensava!

 

— Espere um pouco - Estrela tomou o equipamento de Kevin (que parecia mais uma caneta do que um telefone celular) e tentou ela mesma fazer o serviço.

 

— Não adianta. Já tentei de todos os jeitos. Essa porcaria não abre - reclamou Kevin.

 

— Pronto. Consegui - disse Estrela, assim que Kevin encerrou suas palavras.

 

— Mas, como? - Kevin estava espantado.

 

— Apenas mudei para uma outra forma de chave - disse Estrela - Pelo visto, você não tentou todos os jeitos.

 

— Incrível! - comemorei.

 

— Deixe as comemorações para depois - falou Estrela - Agora é hora de sairmos daqui.

 

— Veterano Caio. Vamos! - falei.

 

— Agora que eu tirar uma soneca? - disse ele.

 

— Saindo daqui vamos comer - retruquei (é, já estava me acostumando ao jeito dele pensar).

 

— Ah, então aí sim - falou o veterano, já se levantando.

 

 Seguimos por um grande corredor e nos deparamos com uma porta. Ao abri-la, nos vimos diante de vários caminhos.

 

— Alguém tem alguma ideia de onde devemos ir? - perguntei.

 

— Não fale muito alto - reclamou Kevin - Pode atrair piratas para cá.

 

— Talvez...pelo tubo de ventilação - comentou Estrela, apontando para cima.

 

— É seguro? - perguntei.

 

— Já vi tubulações assim antes. É perfeitamente seguro. Uma tecnologia bem atrasada, por sinal...e deve estar quebrada, nem dá para sentir ar nenhum - disse ela, desdenhosa como de costume.

 

— Atrasada ou não, é o que temos - disse Kevin - Rápido. Subam aí. Logo, logo, algum pirata pode aparecer.

 

 Estrela usou a função laser da arma de Kevin para abrir a entrada de tubulação, deu um salto, entrou na passagem e ofereceu a mão para nos puxar para cima.

 

— É, está desativada mesmo. Vamos por aqui - disse ela.

 

— Rápido. Estou ouvindo alguém cantarolando - disse Kevin.

 

 De fato, um pirata estava chegando. Estrela me puxou, depois puxamos Veterano Caio e, por fim, Kevin. Ele fechou rapidamente a entrada da tubulação com a tampa que Estrela tinha arrancado usando o laser e agora estávamos ali, sem saber para onde ir.

 

— Já pode devolver meu equipamento, não pode, Estrela? - perguntou Kevin.

 

— Estou sem meu Portal Gun. Então preciso dele - disse ela - Não se preocupe. Já mostrei que sei mexer nisso bem melhor do que você.

 

— Ei, olha o respeito comigo - reclamou ele.

 

— Falem mais baixo. E se os piratas nos ouvirem? - lembrei.

 

 A passagem era bem apertada, mas estávamos ali, seguindo Estrela, quase rastejando pela tubulação. Veterano Caio estava bem atrás de mim e a barba de palha cola dele fazia um pouco de cócegas. Eu estava me forçando para não rir. Dessa vez, Kevin tomou a palavra com uma voz baixa.

 

— E para onde vamos, afinal? - perguntou ele.

 

— A resposta é óbvia - disse Estrela - Pegar meu Portal Gun. Vamos ver onde a pirata está. Pego meu Portal Gun de volta e caímos fora daqui.

 

— Mas precisamos levar todos esses piratas para as autoridades - lembrou Kevin.

 

— Isso não é problema meu - respondeu Estrela.

 

— Gente, falem baixo, por favor - e, nisso, foi Estrela quem tapou minha boca, ao apontar para baixo. Era isso. Estávamos bem acima de um salão cheio de piratas bebendo. Sim, eram muitos, muitos mesmo. E a capitã Coração Negro estava bem ali, na ponta da maior mesa, pronta para fazer um discurso.

 

— Atenção - exclamou ela. Os piratas continuavam a rir e gritar alto. Coração Negro pegou um tipo de bazuca que estava abaixo da mesa e atirou para cima. O tiro foi apenas barulho e não explodiu nada (não sabia que existia bazuca de festim), mas os piratas olharam todos assustados para ela. Com um sorriso, ela prosseguiu - Agora sim, obrigada. Bem, estamos aqui reunidos para comemorar nossa sorte de encontrar prisioneiros de um planeta com ótimos recursos naturais. Iremos entrar em contato com essa tal...essa...

 

— Terra, capitã - disse Malvrik, com voz baixa logo ao lado.

 

— Isso! Terra! Iremos entrar em contato com eles, logo. Peguei esse aparelho de um deles, mas até agora não descobri como funciona. Algum de vocês tem conhecimento de engenharia? - perguntou ela. Os piratas apenas se entreolharam.

 

— Ah, é claro - disse Coração Negro - Se fossem engenheiros, não teriam se tornado piratas. Que cabeça a minha. Precisamos arranjar alguém para explicar como essa coisa funciona.

 

— É o Portal Gun - disse Estrela, baixinho - Precisamos atacar com um efeito surpresa.

 

— A-Atacar - gaguejei.

 

— Sim. Na hora certa - disse Estrela, determinada a pegar seu Portal Gun de volta. Será que ela conseguiria vencer a capitã dessa vez? De qualquer forma, a pirata continuava seu discurso.

 

— Ah, sim. Nossa festa também serve como despedida de nosso amigo Grover - disse ela, apresentando Grover todo amarrado em uma cadeira.

 

— Por favor, não dá para reconsiderar? - disse ele.

 

— Sua traição é imperdoável, Grover - disse Coração Negro - Diga a todos esses piratas que você deixou sem pão se merece ser perdoado?

 

— Grover, se canalha! - gritou um deles.

 

— Não temos pão nessa festa por sua culpa - gritou outro.

 

— Então...estou mesmo expulso? - lamentou ele.

 

— Sim - disse Coração Negro - E você sabe muito bem o que queremos dizer com expulso.

 

— Vamos jogá-lo no espaço! - gritaram todos.

 

 É, os piratas do nosso planeta jogavam seus inimigos aos tubarões. Como não tinha tubarões no espaço, mas ser jogado sem proteção no espaço sideral é tão mortífero quanto, daria na mesma. Grover parecia triste, mas ele olhou para cima e seu olhar se encontrou com o de Estrela. Se ele fosse inteligente e tivesse controle de suas emoções, evitaria falar alto. Mas, como não era o caso, Grover simplesmente sorriu ao olhar para cima e exclamou:

 

— Ah,vocês vieram! - gritou ele. Foi o suficiente para todos os piratas nos olharem.

 

— O quê?! Os prisioneiros fugiram! - gritou Coração Negro, apontando para nós.

 

— E lá se vai nosso efeito surpresa - disse Estrela.

 

— E agora? - indaguei.

 

— Bem, só nos resta enfrentar o destino - disse ela. Mas como vamos enfrentar todos aqueles bandidos? É, agora a coisa complicou!


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, as confusões continuam. Até lá! :)