Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 40
Crise 40 - Suspeitas




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Crise 40 - Suspeitas

  Estávamos cada vez mais perto de descobrir a verdade sobre os casos de buracos de minhoca ligando nossa cidade a várias partes do universo. Kevin, o agente da CICE infiltrado em nossa classe, tinha a hipótese de que a origem deles estava em nosso colégio. Morgan, o mouseano (que para nós parece muito com um rato), enquanto se escondia em nossa escola, havia percebido que nosso monitor de informática da tarde, Paulo, era um robô disfarçado. As peças estavam começando a se encaixar.

— Bom, acho que teremos que investigar esse Paulo - disse Kevin, com uma expressão pensativa - Tudo que sabemos é que se trata de um robô, já que não conseguimos detectá-lo normalmente. Mas que tipo de robô? Bom, gente, é melhor vocês deixarem comigo daqui para frente. Não sei até que ponto as coisas podem ficar perigosas.

— Por mim tudo bem - falei - Vou indo para casa, tá?

— Espere - disse Estrela - Eu também vou investigar. Afinal, saber o que está acontecendo também é minha missão. 

— Eu também quero ver - disse Mabi - Afinal, agora estou muito curiosa para saber como essa história vai acabar.

— Sério mesmo? - lamentei.

— Se a Mabi for, também irei - disse Eduardo - Também quero ver as respostas para todas essas perguntas de antemão. Só você vai embora mesmo, Vitor?

 Olhei para todos. Eu não queria me envolver em confusão, mas também não queria ficar nervoso em casa, achando que aconteceu alguma coisa. Tudo bem. Meu estilo de vida é tentar enxergar o lado positivo de tudo (mesmo que na maioria das vezes seja difícil) e tínhamos Estrela juntamente com Kevin, um agente treinado, para nos defender. Talvez as coisas não dessem tão errado assim. E já que entrei de cabeça nessa história, era melhor ir até o fim logo.

— T-Tá bom. Se todo mundo vai, acho que também vou.

— Aê! Sabia que você não ia recusar essa aventura - disse Mabi animada - Não deve ser pior do que aquele jogo esquisito.

— Que jogo? - perguntou Kevin.

— Longa história - falou Estrela - Bem, vamos lá. Mas antes, preciso mandar o mouseano de volta para o planeta dele.

— Espera! - gritou Morgan, que esse tempo todo continuava sendo segurado pela cauda por Estrela - Err...também vi outra coisa esquisita.

— Que coisa? - indagou Kevin.

— Bem, posso contar, mas... - Morgan olhou para baixo, meio que com um tom cínico (se é que podemos perceber isso em uma criatura tão parecida com um rato) - ...não sei se devo.

— O que você quer, afinal? - perguntou Kevin.

— O que eu não quero, na verdade - disse Morgan - Não quero continuar sofrendo aqui na Terra, mas também não quero voltar para o meu planeta e enfrentar todos os meus credores. Será que...não tem como me deixar na Terra, mas em algum lugar mais seguro, onde eu possa viver em paz.

— É difícil - disse Eduardo - Poderíamos soltá-lo em uma floresta, mas ratos possuem vida curta, independente do lugar onde vivam.

— Mas eu não sou um rato, sou um mouseano! Tenho inteligência suficiente para superar qualquer rato - argumentou ele - Qualquer lugar mais tranquilo estaria ótimo!

— Deixar uma criatura como você solta por aí pode causar problemas ecológicos ao planeta - disse Estrela - Sinto muito, terei que mandá-lo de volta.

— Não, espera - disse Kevin - Você pode ser útil para a CICE. Quanto mais informações juntarmos sobre ambientes extraterrestres melhor! Podemos te deixar morando na nossa base se prometer nos contar mais sobre seu planeta e o que acontece por lá.

— Mesmo? - disse Morgan, feliz da vida - Promete? Jura juradinho?

— Claro - continuou o agente - Aliás, a informação que você nos deu sobre esse professor já merece uma ótima recompensa.

— Hah! - comemorou Morgan, logo em seguida voltando a palavra para Estrela - Tá vendo? É assim que se faz, menina! Esse cara sim é gente boa!

— Que seja - falou Estrela, soltando Morgan de repente, fazendo o próprio coitado quase se esborrachar no chão - Agora conte logo o que mais você sabe.

— Ai, ai - reclamou o pobre Morgan - Com essa delicadeza toda, como não...escutem, eu achei estranho esse cara com partes robóticas, quer dizer, essa tecnologia não parece combinar com um planeta desses. Além dele ser um robô, um cyborg ou o que for, ele parece ter outros segredos...

— Qual a diferença entre um robô e um cyborg? - perguntou Mabi.

— Basicamente, robô é um termo genérico para máquinas autômatas que conseguem realizar tarefas complexas, mas poderíamos entender um cyborg como um humano que acoplou partes robóticas ao seu próprio corpo - explicou Eduardo - Mas mesmo que fosse o caso de um cyborg, a Terra ainda não consegue desenvolver partes robóticas capazes de simular órgãos humanos com tanta perfeição. Ninguém diria que o monitor Paulo tem peças mecânicas.

— Podemos voltar para o segredo? - reclamou Estrela.

— Na verdade - continuou Morgan - Eu fiquei curioso e resolvi segui-lo, depois que ele saiu da sala. Eu o vi entrando numa sala com uma placa "Diretor" na frente.

— Diretor? - repeti - Então o diretor da escola tem algo a ver com isso?

— Isso não prova nada - disse Eduardo - Mesmo como monitor, não tem nada de suspeito no fato dele falar com o diretor.

— Mas antes de entrar ele olhou para trás várias vezes - disse Morgan - E ao bater na porta ele deu três batidinhas rápidas e uma lenta, em um jeito ritmado. Não é muito comum fazer isso. Fora que, quando o diretor abriu a porta, ele mesmo voltou a olhar para os lados do corredor, querendo evitar ao máximo que alguém visse tudo aquilo. Isso tudo me pareceu bem suspeito.

— Se estavam com tantas precauções, é...há a possibilidade do diretor e o tal monitor de informática estarem tramando alguma coisa - disse Kevin - Vamos ter que investigar os dois.

— Vamos começar pelo monitor - disse Estrela - Ele trabalha hoje, não?

— Sim - falou Eduardo - Costuma chegar por volta da uma e meia da tarde.

— Ótimo. Estamos no horário - disse Kevin - Vamos ver o que esse cara tem de tão suspeito. Morgan, você vem com a gente.

— E-Eu? - estranhou o mouseano.

— Sim, você pode nos mostrar como é o comportamento do Paulo quando ele está agindo de modo suspeito - disse Kevin - Entre na minha mochila. As pessoas não gostam muito de ver ratos andando por aí. 

— Já falei que não sou um rato, mas...tudo bem, vai - disse ele - Ai, não vai ser muito confortável.

 E foi o que aconteceu. Voltamos a entrar no colégio e aguardamos nas proximidades do corredor que levava à sala de informática. Finalmente, Paulo havia chegado. Era mesmo difícil acreditar que era um robô. Parecia um cara jovem e estudioso comum, aproveitando um bico de monitoria em uma escola para pagar a faculdade. Aliás, ele sempre me ajudou com vários trabalhos de informática. Ele nos cumprimentou normalmente, mas pena que sabendo de tudo isso, não consegui agir de forma natural.

— Boa tarde, gente - disse ele, ao nos ver.

— B-B-Boa t-tarde - gaguejei, meio tremendo.

— Você está bem? - ele me perguntou.

— Claro! Por que não estaria? Não é que eu esteja nervoso ou algo assim, por achar que estou correndo perigo..ou..

— Estamos bem - disse Eduardo - Estamos apenas aguardando um outro professor para tirarmos uma dúvida da matéria.

— Ah, sim. Bons estudos, então - disse ele, me olhando meio estranho.

— Depois sou eu quem não sei disfarçar, não é? - disse Estrela.

— O que posso fazer? - respondi - É difícil fingir que não sabemos de nada sobre ele.

— Bom, até agora o jeito dele parece normal - falou Morgan, colocando a cabeça para fora da mochila - Caraca, tá escuro demais aqui dentro. Não dá mesmo pra sair, não?

— Não - disse Mabi - O tio da limpeza iria querer te exterminar a vassouradas na hora.

— Esse planeta é perigoso demais - reclamou Morgan.

— Posso mandá-lo de volta para sua terra natal quando quiser - falou Estrela.

— Já parei, já parei - falou Morgan, desesperadamente - Puxa vida. Eu só queria viver em paz.

— Vamos ficar de olho nele, gente - disse Kevin - Mas mantenham silêncio e a discrição. Ninguém pode saber que estamos investigando o monitor.

 Tudo bem. Nos movemos lentamente para as proximidades da sala de informática e ficamos atentos, escondidos atrás da parede antes da entrada que levava à sala. Ninguém iria nos descobrir se não chamássemos a atenção.

— E aí, galera?! - disse Veterano Caio, chegando perto da gente, falando mais alto do que de costume - Por que estão todos aí escondidos e juntos como se estivessem espionando ou investigando alguém?!

— Quem é esse cara? - perguntou Kevin.

— Essa voz...ai, eu lembro de você - disse Morgan, colocando a cara para fora da mochila de novo - Você também tava naquela casa antes.

— Ah, você é o rato daquele dia. Da hora! - falou Veterano, meio que feliz em ver Morgan de novo.

— Não sou um rato... - lamentou Morgan.

— E aí? Tão brincando do quê? - Caio continuava falando alto.

— Quieto! - reclamou Mabi - Estamos lidando com um problema perigoso aqui!

— Perigoso? - disse o Veterano - Mas o que tem de perigoso na escola?

 No momento, muita coisa. Mas não tínhamos muita escolha a não ser incluir o Veterano na nossa pequena investigação.

— Apenas fique quieto e observe - disse Kevin - Não podemos deixar que nos peguem.

— Legal - disse Veterano Caio - Sempre quis ser um espião.

— Ficou até mais tarde na escola hoje, Veterano? - perguntei.

— Sim. Resolvi almoçar na escola. Eles estavam servindo macarrão alho e óleo no almoço de hoje. Achei melhor do que almoçar em casa. Meu tio iria fazer miojo de novo - falou ele.

 Trocar miojo por macarrão alho e óleo não parece um negócio tão lucrativo. De qualquer maneira, enquanto falávamos, houve uma movimentação na sala. De repente, o monitor veio na direção da porta.

— Ah, ele tá vindo - disse Kevin, tentando não falar alto. Pena que o Veterano não seguiu o exemplo.

— Ah, ele tá vindo! - gritou ele - E agora? Perdemos? Ele vai nos pegar?

Não, não é um jogo! Enquanto Estrela tapava a boca do veterano, Paulo saiu da sala e nos viu aglomerados ali.

— O que houve, meninos? - perguntou ele.

— Não é nada mesmo - disse Mabi - Err...a sala de informática vai ficar liberada quando?

— Estou instalando algumas coisas importantes - disse ele - Devo liberá-la só mais tarde. Falaram com o professor?

— Estávamos indo para lá - disse Eduardo - Aliás, precisamos ir, não é, gente?

 Todos fizemos que sim com a cabeça. Paulo sorriu e continuou andando. No entanto, ele olhou para trás, antes de virar o corredor.

— Ah, esse olhar - disse Morgan, colocando a cara para fora da mochila de novo - É o mesmo jeito que ele fez antes. Esse cara tá aprontando alguma! Certeza!

— Então ele deve estar indo para a sala do diretor, quem sabe? - falou Mabi.

— Tem um jeito de saber - disse Estrela - Vamos atrás dele. E dependendo do que encontrarmos lá, as coisas vão se esclarecer!

 A hora da verdade estava chegando. O que o monitor estaria armando juntamente com o diretor da nossa escola?


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, entenderemos finalmente o que está havendo. Até lá! :)