Cheguei ao castelo, três e quinze da madrugada. Fui para a sala dos imperadores, Paulo tinha apagado qualquer vestígio daquela missão e foi ver como estava os conselheiros restantes que estavam sendo distraídos por Daniel.

–Pai? – eu gritei quando entrei na sala, em uma sala qualquer, pois o castelo tinha varias, porem tinha três que meus pais mais ficavam.

–Luna! Graças a deus. – disse Helias vindo na minha direção e mamãe estava com ele – Olha ai, ela esta bem! Filha onde você estava? Sua mãe estava preocupada.

–Eu estava... com... – eu pensei em uma desculpa notando a expressão de desespero de meu pai.

–Não me diga que estava com a Cecília, pois eu já falei com ela e você não estava com ela! – disse Laila nervosa com o olhar de reprovação que toda mãe faz.

–Não mãe, eu estava com o Paulo! Estávamos treinando! – eu disse para ela, pois ela não sabia do plano e a cara que meu pai fazia era de “não conte, por favor.”

– Até três e meia da madrugada? – disse Laila cruzando os braços e lançando um olhar com os olhos cerrados.

–Mãe eu acordava as quatro da madrugada para lutar e lutava até as onze horas da noite! Eu só tinha quatro horas de descanso! É normal eu lutar essas horas.

–Mas era quando o retardado do seu pai fazia seus horários de treino! – ela disse braba e olhou rapidamente incrédula para Helias – Depois que eu vim morar aqui no castelo passou a ser das 6hrs da manhã até as 10hrs da noite! Você passou a ter 8hrs de sono! Sendo que na manhã mandei o Daniel lhe ensinar disciplinas básicas, ler e escrever!

–Desculpa mamãe. – falei para Laila – Eu perdi a hora. Estou muito focada nos treinos.

–Tudo bem. – ela me abraçou deixando sua expressão básica de lado e ficando doce e gentil – Agora tome um banho você está imunda!

Eu tomei banho, pois realmente tinha terra até no coro cabeludo, e minha mãe me colocou na cama, mas tarde Helias foi ao meu quarto, ele deve ter esperado a mamãe dormir.

–E ai? Deu certo? - perguntou animada sentando na ponta da cama.

–Não muito. – Eu contei cada detalhe para ele e dei os arquivos de minha armadura de projeções em um pen drive para ele, depois fui descansar.

Acordei cedo, eu tinha que ver a Lisa, pois a festa iria ser hoje à noite e não ensaiei nada da dança com ela, e o estilista já tinha minhas medidas e já tinha feito o vestido só faltava os detalhes, então eu teria que ver ele. Uma coisa que eu não gostava muito de fazer.

Hoje na mesa do café da manhã estava eu, mamãe, papai, Daniel, Paulo, Benezeu e Roxane.

–Que milagre, ultimamente meus conselheiros turistas estão virando exemplares e me visitando todo o dia. – disse Helias sorrindo ironicamente.

–Vim por causa da festa. – diz Roxane que sempre estava em épocas de comemoração.

–Eu sempre estou aqui. – disse Benezeu ofendido com a fala do Imperador.

–Vim para comer, já que sua filha acabou com meu estoque de comida – disse Paulo rindo discretamente.

– Você come galinhas demais Paulo! – eu falei rindo.

–Temos que comer logo – disse Daniel – Tem muitas coisas para fazer para a festa da Deusa.

–Luna, eu vou com você no ensaio e no estilista – disse Laila para mim.

Terminamos de comer e ninguém ainda tocou no assunto dos arquivos que conseguimos pegar dos Preminger’s, então eu fui ver a Lisa com a mamãe.

–Luna! Olha o que eu achei, foi a Cecília que me indicou. – disse Lisa me mostrando um livro muito grosso.

–O que é isso? – eu li o titulo e estava escrito “Da origem ao fim”

– É tudo que se sabe da fênix nesse mundo! – disse Lisa sorrindo.

–Que interessante, não sabia que a Cecília lia isso. – falou Laila sem questionar o fato do tema do livro.

–Provavelmente é da mãe dela esse livro! – eu falei rindo.

–Exato! – confirmou Lisa.

–Depois eu vou ver ela e agradecer! – eu disse para as meninas.

Treinamos a dança mil vezes era um pouco complicada e eu fiquei com as partes de salto, a agente fazia uns passos de reverencia no começo, depois a Lisa dançava com umas penas na mão que representavam as penas da fênix, então eu dava quatro saltos em volta dela enquanto eu rodava um para frente, outro para trás e dois para o lado.

Depois almoçamos juntas e fomos ver o estilista eu, mamãe e Lisa. O estilista fez os detalhes finais e disse que entregaria duas horas antes da festa. Mamãe disse que iríamos ter o dia de beleza hoje, arrumar o cabelo, fazer a unhas, massagear o corpo, hidratar a pele, e todas essas outras coisas.

–Adoro me arrumar – disse Lisa.

–Eu gosto também, só que não todo dia – eu falei para Lisa.

–Isso é porque você é linda minha filha, não tem que se arrumar todo dia pra manter a beleza, mas tem que se cuidar! – disse mamãe molhando os pés na água.

–Minha mãe parece a sua Luna! – disse a Lisa.

–Sua mãe é braba? – eu falei rindo para a Laila que fez uma careta.

–Muito! – disse Lisa.

–Vamos ser mães assim também? – eu perguntei.

–Vai ser legal! – Lisa riu.

–Só daqui uns 100 anos para você luna! – disse minha mãe.

–Como se eu fosse viver isso tudo, o meu ciclo atual é... – eu parei de falar e eu e minha mãe olhamos para Lisa.

–Do que está falando luna! Já lhe disse que você não vai morrer nas lutas de seu treino – disse Laila dando uma risada forcada tentando disfarçar a minha fala.

–Ah, entendo – disse a Lisa –Você tem medo da luta? Mas você é forte! O que tem haver com ciclo?

–Eu tenho um pouco de medo da luta de imperatriz - falei pensativa - de meu pai não medir suas forças e acabar me matando. – falei.

–Serio? – disse Laila seria, ela levantou o tronco de impulso para me olhar.

–Não, quer dizer, não é assim, eu sei que ele não me machucaria. É um ciclo natural nascer, viver, morrer e ressuscitar. - falei nervosa tentando justificar minha fala novamente.

–Eu sei que toda família tem seus segredos. – disse Lisa escorando na cadeira e fechando os olhos – Não precisam ficar sem graça. – ela sorriu.

Chegou à hora, estávamos vestidas e arrumadas e esperando os pais de Lisa, nos chamar, eles estavam fazendo a reza inicial e as preces, pelo que eu podia ver a floresta estava toda enfeitada luzes nas arvores grossas e no teto de folhas, tinha muitos dragões estava lotado, como as arvores eram distantes umas das outras, entre elas tinha as cadeiras e as ilhas de comida e bebida (era tudo de graça, pois era uma festa religiosa) Tinha muitos dragões com roupas tradicionais, o traje que eu usava era tradicional.

–Vamos luna! – disse Lisa e entramos no altar da apresentação que ficava no meio da floresta. Era no altar da Deusa Fênix.

E dançamos lindamente.

–Vocês estavam maravilhosas. – disse Daniel para nos duas, mas eu sei que era mais para a Lisa.

–A Lisa estava realmente muito linda! – eu disse provocando o Daniel – Sorte do dragão que casar com ela!

–Sorte do dragão que irá casar com você também luna, você é linda e corajosa. – disse Daniel com um sorriso no rosto que me fez corar.

–Bobo! – falei e mandei língua para ele, então ele começou a rir.

–Vocês são cômicos – disse Lisa.

–Onde está meu pai? – perguntei.

–Está com a mamãe andando por ai. – disse Daniel.

–Pois então eu vou andar também, fique com a Lisa! – eu disse e fui passear pela floresta.

O barulho estava alto na floresta pela musica e pelas pessoas que conversavam, mas quando mais longe eu ia o som se tornava nada. Eu não li o livro que a Cecília recomendou-me, mas Lisa disse que era tudo o que ela me contou só que mais detalhado.

Deusa fênix.

Existem vários deuses e a fênix é a deusa principal dos dragões, pois tem outros deuses pequenos também. Mas a fênix é a mais idolatrada, pois ela gera vida. Lembro de meu sonho, matar o meu oponente, no caso Helias, e ele ressuscitará.

–Deve ser loucura. – eu falei para mim mesma, pois estava sozinha, eu falava muito sozinha. – E se eu perguntar para alguém vai que a pessoa não acredita, ou pior, vai que acredita e manda-me matar meu pai. – eu caminhava entre as arvores – As únicas pessoas que eu acho que poderiam me ajudar seria Daniel e Paulo, mas Paulo está cuidando dos arquivos que reunimos, Daniel está apaixonado, não que isso vai fazer eles não me ajudarem, mas pode atrapalhar eles um pouco.

Tinha um pássaro preto azulado na minha frente, o pássaro me encarava. Eu levantei a mão e joguei fogo nele.

–Porque fiz isso? – eu falei assustada, eu queimei um pássaro inocente!

Das cinzas do pássaro saiu um pássaro igual ao que tinha sido queimado, ou melhor, era o mesmo pássaro, e eu fiquei olhando ele sair andando para dentro da floresta.

–Mas... mas... – eu não estava acreditando, o pássaro reviveu das cinzas – Deusa fênix? – esse era o poder dela, ela ressuscitou o pássaro, os dragões não ressuscitam na hora, ele nascem do útero de uma dragão de novo, não assim, é a mesma regra para os animais – Como?

Sai correndo de volta para a festa e equipei Meterom, a minha terceira armadura Oni, a armadura de ouro.

– HELIAS! – eu gritei bem forte e subi em cima do altar da fênix – EU TE DESAFIO!

Todos me olharam perplexos, com uma cara de “Ela é louca? Tinha que ser agora?”

–Luna? - disse Laila que estava do lado de Helias.

–Isso não é o momento! – disse Daniel brabo – Desça daí e tire esse oni! Você é louca? Tem muitos dragões aqui.

Todos começaram a estranhar a presença do oni, por mais que eu tinha selos, minha magia revelava quem eu era.

–LUTE COMIGO! – eu disse e meus olhos ficaram na cor vermelha clara.

–Desafio aceito! – respondeu Helias.

–Aqui é sagrado! – disse Lisa – Por favor, lutem fora daqui pelo menos – Helias não deu ouvidos para Lisa e correu para cima de mim, me atirando para a parte que não tinha muitas luzes, assim ele poderia virar dragão sem problemas de ficar preso em algo.

– Dessa vez você vai apanhar! – disse Helias – Me desafiar em um festival religioso! – ele falou bravo, eu corri para onde ele estava, dei um soco no queixo dele e abaixei dei uma rasteira, pulei para trás e dei um chute no ar para acertar a cabeça, tudo isso em uma velocidade incrível, depois coloquei as mãos na cabeça dele e a armadura de ouro queimou nas sua orelhas, Helias me chutou na barriga puxou meu braço e me tacou no chão e se afastou.

–Luna? Você está com sanidade? – perguntou Helias, ele ficou confuso com minha agressividade, os dragões estavam em volta de nos, eles correram para cá e me olhavam com medo.

Uma bola de ouro se formou e minha mão direita, a bola girava em uma velocidade anormal e eu a atirei no Helias, ele se transformou e jogou fogo para retardar o giro, mas a bola explodiu e se expandiu e ouro fervente grudou em todo corpo de Helias, ele sentiu dor, deu para notar pela cara que ele fez, mesmo um couro de dragão sofre com temperaturas muito altas.

–Agora você morre. – eu disse e pulei para cima, equipei minha armadura de espada mutável, o que espada ficava de qualquer tamanho e mirei no pescoço de Helias, mas ele foi rápido e fugiu com o copo todo cheio de ouro, depois ele se transformou em humano, sua aparência estava horrível e ele estava com ódio no olhar, ele fez um bola preta de fogo na mão.

–Se afastem! – gritou Laila para os dragões, a minha mãe parecia desnorteada.

Helias atirou a bola preta de fogo em mim, e eu equipei a armadura de posição ou teletransporte, e mudei o alvo da bola para de volta para o Helias.

Uma forte explosão atirou todo mundo para os lados, e a parte da floresta foi destruída parando bem aonde o altar começava, eu cai no altar pela pressão do ar que me tacou lá.

–Meu deus, esta todo mundo bem? – eu gritei e os dragões se levantavam, todos assustados, vi Cecília chorando.

–O que você fez? – Laila disse aos prantos chorando.

–Eu virei imperadora! – disse sorrindo – Legitimada pelo sangue e tradição!

Caminhei até onde era para o corpo de Helias estar, e lá estava morto. Seu corpo deformado pelos ferimentos que causei. E sem nenhuma vida em seu corpo, nada, só morte.

–Você matou meu pai! – disse Daniel chorando e Lisa tentava conforta-ló.

–É Lei! – disse Roxane aparecendo – Assim é a tradição! Ela é imperadora e ela mereceu, fez varias coisas para o povo. – Alguns começaram a concordar com a Roxane e aceitar que eu merecia ser imperatriz.

–Mas ela nem é um dragão! – disse Benezeu. Os dragões ficaram em silencio.

–Ela é um dragão sim! – disse Paulo – Ela tem o sangue, forma e poder! Acontece que ela é também, um demônio e uma humana! – os dragões que escutavam não sabiam o que dizer.

–Vocês me aceitariam como imperadora? – eu ajoelhei e coloquei o corpo de Helias nas minhas pernas, os dragões me olhavam – Porque a deusa fênix já me aceitou. – Uma chama branca envolveu Helias e seu coração bateu. Se corpo voltou a ser como era antes.

Os dragões ficaram perplexos, e Helias acordou.

–Lunally? – ele disse confuso olhando para os lados – Eu morri?

–Sim. – eu disse chorando – Mas a deusa fênix te trouxe de volta.

Laila e Daniel vieram abraçar Helias e eu me levantei.

– Eu sou a mais forte! Eu nasci para ser a mais forte, a deusa fênix me disse que iria trazer meu pai de volta, somente por esta certeza que eu o matei! – eu olhei para meu pai – Do contrario eu nunca faria isso, pois ele é minha família e eu o amo. Sou imperatriz por lei e pela Deusa, e por vocês? Eu sou a imperadora dos dragões?

Os dragões começaram a gritar “imperadora Luna” e se aproximaram de mim, muitos disseram que não importava minha natureza, eu seria uma boa líder.

Eu não chorei. Não era preciso, a alegria estava em volta de mim, bastava senti-lá!