Nos trilhos do Mundo escrita por 1FutureWriter, Nathy, Cinthia Feitoza, Gabyy, Miya, Lucca James, Najla Aliyev


Capítulo 5
1FutureWriter - Paula Granger - O louco de Surrey


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá, oláaa!
Para quem ainda não sabe, eu mudei meu nome no Nyah! Fanfiction. Agora é 1FutureWriter.
A todos que vierem aqui, sejam muito bem-vindos e espero que curtam as ones do desafio.
Beijos e boa leitura!



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Mais um dia de vida, e não era qualquer dia, era mais uma vez o dia trinta e um de agosto. Essa data sempre foi comum na minha vida, porém, isso mudou há alguns anos.

​Eu estava em Surrey, região metropolitana de Vancouver​, na estação de metrô com a minha esposa. Estávamos felizes, mais que felizes, estávamos estonteantes. Havíamos acabado de sair do consultório médico, depois de descobrir que havia um bebê a caminho, nosso primeiro filho.

Kate não parava de imaginar todas as coisas que faríamos naquela tarde. Eu estava cansado, mas mesmo assim, daria tudo para voltar àquele dia.

Alguns minutos depois, pouco antes do metrô aparecer, um homem corria por entre as pessoas. Sua aparência era horrível, a barba estava grande, seu cabelo despenteado, e sua roupa mais parecia um uniforme. Eu não o teria notado se não fosse o grande alvoroço que se formou em volta dele.

Seguranças e enfermeiros corriam por todos os lados a fim de pega-lo, entretanto, o homem parecia ser rápido e fugia de todos. Alguém em algum lugar disse que era um louco, outro que era um psicopata, outro que era um bandido, mas ninguém sabia ao certo quem ele era e o que estava acontecendo.

Kate estava nervosa, com medo de acontecer alguma coisa grave com alguém. Eu tentava tranquiliza-la, dizendo que tudo ficaria bem, mas não foi o que aconteceu.

O homem puxou uma arma da cintura e sem um motivo aparente começou a atirar para todos os lados. A última coisa que lembro foi uma bala me atingindo, e então eu apaguei.

Quando acordei novamente eu estava em uma cama de hospital. A enfermeira que estava no quarto correu para chamar o médico que chegou poucos minutos depois.

– Como se sente Arthur? - O médico perguntou.

– Estranho, eu acho.

– Bom, é normal nas circunstâncias em que se encontra.

– Que circunstâncias, doutor? - O homem respirou fundo e contou o que havia acontecido.

Eu havia sofrido uma grave lesão na coluna vertebral e por esse motivo acabei perdendo o movimento das pernas, e teria que permanecer em uma cadeira de rodas para sempre.

– E a Kate?

– Lamento senhor Arthur, mas sua esposa não sobreviveu, assim como alguns outros. - O homem explicou

[...]

O primeiro ano pareceu se arrastar. Adquiri uma depressão profunda, não queria comer, não queria que ninguém me ajudasse, tentava ao máximo me virar sozinho, mas quanto mais tempo passava, mais eu me certificava que era tudo em vão. A saudade de Kate era muito grande e a possível lembrança de uma família feliz já não fazia sentido pra mim.

Aos poucos eu fui voltando a minha rotina. Tive que me adaptar a minha nova condição, o que foi difícil e doloroso. No trabalho as pessoas me olhavam com pena, como se eu fosse um pobre coitado, o que me fez tomar a decisão de largar tudo aquilo. A principio pensei em desistir, pensei em dar fim ao meu sofrimento, mas então pensei nela e me dei conta de que não era isso o que Kate ia querer para mim. Procurei então tentar trabalhar por conta própria, o que funcionou. Já não precisava ter que me sentir incomodado com os olhares de soslaios, nem com os sussurros quando passava com a minha cadeira em algum corredor.

A partir do segundo ano, comecei a frequentar a estação de Surrey nos dias trinta e um de Agosto, não para lembrar-me de tudo o que aconteceu, mas para não deixar que a raiva e o desespero tomassem conta de mim. O homem que causou dor em muitos também sofria, e talvez fosse esse o motivo que me fizesse acreditar que a culpa não era totalmente dele. Seu nome era Charles e ele era de fato um louco. Acompanhei todo o caso pela TV. Ele não fora condenado justamente por ter um distúrbio mental, contudo, logo após o julgamento quando voltou ao hospício Charles se suicidou.

O caso do "Louco de Surrey", como ficou conhecido repercutiu por todo o país. As vítimas foram entrevistadas, e um documentário foi feito pelo jornal local.

Já era o sexto ano em que eu estava na estação naquela mesma data. Assim como as outras vezes, tudo parecia normal, exceto pelo fato de ver uma mesma moça chorando em todas as vezes que estive ali. Eu não a conhecia, mas seu rosto era familiar.

Suas lágrimas insistiam em cair silenciosamente e fiquei a me perguntar se ia até lá ou não. Por fim acabei seguindo a vontade do meu coração e empurrei a cadeira até o banco no qual ela estava sentada. A garota mal se mexeu quando eu a chamei, estava concentrada demais em sua própria tristeza, então chamei-a novamente. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, e a garota não fazia questão de esconder o choro.

– Desculpe-me, mas não pude deixar de notar o quanto a senhorita está triste. Posso ajuda-la em alguma coisa?

– Obrigada, mas o senhor não pode fazer nada, aliás, ninguém pode fazer nada. - Foi o que a moça me respondeu com sua voz embargada voltando a deixar as lágrimas caírem de seus olhos.

– Entendo. Bem, se lhe serve de consolo, eu estou aqui para lembrar do momento em que perdi o movimento das minhas belas pernas. - Disse, mostrando-lhe os membros sem vida depositados sobre a cadeira de rodas.

– Está comemorando o fato de ter ficado paralítico? - Questionou confusa.

Expliquei a ela sobre o que havia acontecido anos atrás e como acabei ficando naquele estado. Rachel como se chamava, ficou estática ao ouvir toda a história, entretanto, por uma infeliz coincidência do destino, ela estava ali pelo mesmo motivo que eu. Rachel também havia perdido alguém por culpa do “Louco de Surrey”, sua mãe que havia acabado de chegar de uma longa viagem.

– Fazia mais de um ano que eu não a via. - Ela disse em meio a soluços, arriando os ombros, exausta. Não sei se foi por instinto, mas eu a abracei com força. Rachel chorou por vários minutos em meu ombro até que suas lágrimas secaram finalmente secaram. - Desculpe chorar desse jeito, é que não consigo evitar.

– Tudo bem, é bom colocar as emoções para fora.

– Mas e você, sente muito a falta da sua esposa?

– Muito mais do achei que poderia suportar. Kate era o meu ar, a luz que me guiava pela escuridão, e quando a perdi achei que estava tudo acabado. Pensei realmente em acabar com a dor, mas então lembrei-me do seu sorriso, e de como ela se sentiria frustrada em saber o quanto eu havia sido fraco.

Rachel tinha um olhar mais suave, como o de alguém que entendia o que eu estava sentindo, talvez por ter vivido uma situação parecida. Compartilhávamos do mesmo sentimento, apenas com pessoas diferentes.

– Imagino como esteja se sentindo.

Podia parecer loucura da minha cabeça, mas naquele momento a minha vontade não era mais estar ali me afundando em angústias, e sim seguindo em frente com a nova vida que eu havia ganhado. Convidei Rachel para tomar um café e ela aceitou. Saímos da estação de Surrey e fomos até um café que ficava próximo dali.

Aquela foi à última vez em que eu me permiti sofrer pelo meu passado, afinal eu havia achado um novo motivo para sorrir.


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Notas finais do capítulo

Então é isso. Espero que tenham gostado, e se não gostarem comentem também hehe



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