Maria Matadora escrita por Marinyah Moonlight


Capítulo 3
Um dia terrível


Notas iniciais do capítulo

Oi, galera, aqui vai mais um outro capítulo e bem, eu sei que apostei que neste teria gírias nordestinas, mas acabou não dando certo :( Enfim, espero que tenham uma boa leitura ^^



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Os cangaceiros de Lampião, incluindo este, tomaram seus próprios caminhos para casa. Maria Joaquina chegou em sua casa de tarde, quase anoitecendo. Foi recebida pela mãe, levando mais uma bronca dela e entrou

No dia seguinte, Maria Joaquina acordou cedo, como sempre, já que sempre tinha que acordar cedo para trabalhar. A cadela da família, Chiquinha, estava latindo sem parar perto de seu quarto. Qual é o problema dessa cachorra? pensou. Ela percebeu que Maria Antônia não estava mais na cama ao lado da sua, já que ambas compartilhavam o mesmo quarto e a caçula da família não era de acordar cedo.

Maria Joaquina se levantou de sua cama para procurar Maria Antônia. Ela se virou para Chiquinha que ainda continuava a latir mais e mais. A cadela estava fora de casa, bem em frente a entrada da casa e latia de frente, mesmo não tendo nada e nem ninguém a sua frente para estar latindo daquele jeito. Daqui a pouco, eu vou dar uma chibata nesta cachorra para ela parar de latir pensou. Então, ela voltou-se para frente e andou em direção ao quarto de seu pai.

Enquanto se aproximava, Maria Joaquina escutava choros dentro do quarto de seu pai, mas não fazia ideia do que estava acontecendo, só temia e estava com muito medo do que pensava agora.

Quando ficou de frente a entrada do quarto, Maria Joaquina viu sua mãe e seus dois irmãos ajoelhados ao lado da cama de seu pai, enquanto este continuava deitado com os olhos fechados. Ela tocou no ombro de sua mãe, que a fez se virar para ela com o rosto choroso.

– O que aconteceu, mãe? - perguntou Maria Joaquina, com medo da resposta - Por que está chorando?

A mãe, soluçando, não respondera e a abraçou forte, enquanto chorava mais e mais, com o rosto encostado no ombro de sua filha. Maria Joaquina a abraçou de volta, mesmo que ainda não entendera o que estava acontecendo de verdade.

– O teu pai morreu, Maria Joaquina - respondeu, enfim, a mãe de Maria Joaquina. A cangaceira arregalou os olhos por causa da notícia. Logo, começou a escorrer lágrimas em seus olhos e assim, pôs-se a chorar junto com a família, enquanto abraçava sua mãe com força.

Depois de alguns minutos, a família inteira de Maria Joaquina e todos os seus conhecidos, e um padre veio visitar sua casa para rezar pelo corpo de seu pai, e enterrá-lo na terra da fazendo com uma cruz feita de dois grandes gravetos. Muitos deles, traziam flores que pegara de suas próprias residências no sertão; muitas delas, até estavam quase murchas; já que não tinham tanto dinheiro para comprar flores na cidade.

Enquanto o padre falava as orações, todos que estavam ali presentes choravam sem parar. Alguns deixavam suas lágrimas caírem na terra seca. A cadela Chiquinha estava deitada com a cabeça no chão, com uma expressão tristonha.

Depois de um tempo, todos se afastaram da área onde o pai de Maria Joaquina fora enterrado e seguiram seus caminhos para casa. Todos, menos a cangaceira da família, que ainda estava de frente à área do enterro. Sua mãe a chamou, que lhe respondeu que iria ficar por mais algum tempo. Então, a mãe concordou e deixou ela ali sozinha.

Maria Joaquina ajoelhou-se de frente à área do enterro e encostou a mão por cima, deixando escapar mais uma lágrima.

– Ai, meu senhor... - sussurrou Maria Joaquina - Por que nós tínhamos que viver assim? Por que não podíamos ser felizes e saudáveis? Por que tínhamos que viver com esse calor que mata a todos? Por que não poderíamos ser iguais as pessoas da cidade, que vivem todos protegidos, todos saudáveis com comida e tudo o mais, mas principalmente, por que não poderíamos viver em paz? Por que essa discriminação toda contra nós?

Então, Maria Joaquina abaixou a cabeça e começou a chorar mais, deixando as lágrimas caírem na terra seca. Chiquinha se levantou e ficou de lado da cangaceira, dando um gemido triste e lambendo seu braço. Maria Joaquina acariciou sua cabeça, enquanto ainda chorava.

O que Maria Joaquina queria dizer com tudo o que disse antes, era que seu pai não morrera apenas por doença, mas também, por toda a negligência que a burguesia tinha contra o sertão. Se não existisse toda essa discriminação, seu pai já teria um médico para cuidá-lo e talvez, podia até ter melhorado e todas as pessoas do sertão teriam seus direitos que mereciam.

Maria Joaquina se levantou do chão e foi-se para casa com Chiquinha atrás.

De noite, Maria Joaquina ficou olhando a vista pela janela de seu quarto e principalmente, aonde seu pai fora enterrado. Estava recordando de tudo que passou com ele, enquanto ainda estava vivo, e também pensava em se vingar da burguesia da região do Nordeste, como todo cangaceiro sempre fazia, mas também pensava em morrer logo, pois já não aguentava mais toda essa miséria.

A mãe de Maria Joaquina a avistou e se aproximou dela, colocando a mão em seu ombro. A cangaceira se virou por um tempo para ela e logo, voltou-se para frente, admirando o nada.

– Ele era um bom homem - comentou a mãe de Maria Joaquina, depois de dar um suspiro de tristeza. A cangaceira cruzou os braços pela janela e abaixou a cabeça em cima, voltando-se a chorar. Sua mãe a convidou para abraçar e então, Maria Joaquina a abraçou, enquanto ainda chorava. A mãe também começou a chorar.

Os irmãos de Maria Joaquina, que estavam de passagem e avistaram as duas abraçadas, se aproximaram delas e as abraçaram também, mas sem deixar escorrer uma lágrima sequer, estavam apenas com expressões tristonhas.

Depois de um tempo, a mãe chamou todos para jantar. Desde então, eles foram em direção a cozinha. Enquanto andava, Maria Joaquina acidentalmente pisou na cauda de Chiquinha que latiu forte e correu para fora de casa.

– Desculpa, Chiquinha - desculpou-se Maria Joaquina e assim, ela foi para cozinha para jantar.

Na janta, todos estavam sem ânimo para comer, mais comiam mesmo assim. A mãe pensava em como ficaria os negócios da fazenda e da família, mesmo que fora convidada para viver na fazenda de um de seus parentes, mas também pensava em como os animais de lá viveriam sem eles por perto. Claro que tinham que vender alguns, mas com toda essa miserabilidade do sertão, não daria em um bom negócio, então, tinham que deixar que esses alguns morressem.

Eles já sabiam que esse dia chegaria a qualquer momento de suas vidas e mesmo vivendo em uma outra fazenda, eles nunca irão conseguir o que todos do sertão queriam, viver de uma forma mais saudável, mas por causa de toda essa discriminação das pessoas da cidade, principalmente dos ricos, não podiam.

Depois do jantar, todos foram dormir, mas dormiram de forma totalmente arrasadora.


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Notas finais do capítulo

Então, a história fica por aqui, por enquanto. Até a próxima!



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