Maria Matadora escrita por Marinyah Moonlight


Capítulo 4
De volta para batalha




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No dia seguinte, a família de Maria Joaquina já estava a caminho para nova fazenda, onde iriam morar a partir de agora. Todos, menos Maria Joaquina, estavam em uma carroça; na qual, era comandada por um dos homens que trabalhava na fazenda, onde eles estavam indo; com alguns de seus pertences e a cadela Chiquinha, enquanto a cangaceira da família estava montada no seu cavalo Branquelo, seguindo a carroça.

A vaca Queimada também estava indo para essa nova fazenda, sendo carregada com uma corda em volta de seu focinho e a outra parte presa na carroça. No entanto, ela acabou desmaiando no meio da estrada, fazendo a carroça parar brutalmente e o jumento que carregava ela desse um forte gemido.

Todos se aproximaram da vaca e perceberam que ela agora estava morta. Desde então, eles não tinham escolha, enterraram o corpo em uma terra qualquer e foram embora.

O sol já estava se pondo quando a família de Maria Joaquina chegou na nova fazenda. Foram recebidos pelos donos de lá e assim, entraram em seu novo lar.

De noite, muitos adultos estavam conversando e bebendo, sentados na entrada da casa, enquanto Maria Joaquina estava em seu novo quarto, apreciando mais uma vez o nada pela janela. Maria Antônia novamente dividia o quarto com ela e estava sentada em uma das camas, cantando uma música religiosa.

Depois de terminar de cantar, Maria Antônia se virou para sua irmã mais velha e se aproximou dela, abraçando-a por trás. Maria Joaquina virou a cabeça para ela e acariciou seu cabelo.

– Quando tu vai voltar a roubar e matar, Maria Joaquina? - perguntou Maria Antônia por curiosidade, que apesar dela, assim como sua mãe, achar a vida de cangaceiro ruim e errada, apoiava a irmã com todas as suas forças nisso.

– Bem, daqui há sete dias, vou ter que ir de novo com o bando de Lampião fazer esse mesmo processo, Maria Antônia - respondeu Maria Joaquina.

– Maria Joaquina - chamou Maria Antônia.

– Sim? - respondeu Maria Joaquina, ficando de frente para irmã caçula, que segurou suas duas mãos para seu rosto.

– Faça isso pelo nosso pai - concluiu Maria Antônia - E faça isso também por todas as pessoas do sertão.

Apesar de Maria Antônia ser apenas uma criança, ela entendia muito bem sobre a situação do sertão, mas principalmente, sobre o cangaço, por isso mesmo ela apoiava o lado cangaceiro de Maria Joaquina com todas as suas forças.

Maria Joaquina deu um leve sorriso para a irmã e deu-lhe um beijo estalado em sua testa.

– Obrigada, Maria Antônia - agradeceu Maria Joaquina. Maria Antônia sorriu emocionada para ela, sentindo o calor de suas lágrimas, mas não deixou escorrer uma sequer.

Sete dias se passaram e o bando de Lampião mais uma vez atacou as pessoas da cidade. O coronel Raimundo estava atirando contra todos os cangaceiros, até que foi atingido pela cabeça com a parte mais grossa de um rifle e caiu de seu cavalo, que por sua vez, saiu correndo pela multidão.

Quando Raimundo abriu os olhos, viu a cangaceira que mais odiava e que tinha mais vontade de matá-la o mais rápido possível; além de ser o seu objetivo principal; Maria Joaquina, que era mais conhecida como Maria Matadora, que estava com seu rifle apontado para o coronel.

– Maria Matadora - grunhiu Raimundo.

– Isso mermo, coronel Raimundo - respondeu Maria Joaquina - E se tu der mais um passo, eu atiro em tu.

O coronel Raimundo deu um riso baixo de forma irônica e então, concordou com a cangaceira que estava a sua frente, mas acabou se movendo rápido, fazendo com que Maria Joaquina atirasse, mais acertasse o chão, pois o coronel tinha desviado.

Raimundo derrubou Maria Joaquina de seu cavalo e tomou seu rifle. Logo, ele se aproximou dela e puxou seu cabelo pela trança com força, apontando o rifle em sua cabeça, mas um outro cangaceiro atirou várias vezes nele, fazendo o cair no chão brutalmente e soltasse o cabelo da cangaceira.

Maria Joaquina subiu no cavalo do cangaceiro que a salvou e os dois se afastaram de Raimundo, que ainda estava deitado no chão, gemendo de dor.

Raimundo foi socorrido por outros coronéis, enquanto outros atiravam contra os cangaceiros e mais alguns outros cortavam as gargantas de alguns de seus inimigos. Muitos, morrendo imediatamente.

Alguns cangaceiros aproveitavam a oportunidade de alguns coronéis que estavam feridos e os matavam imediatamente, da mesma forma que alguns coronéis faziam o mesmo com alguns cangaceiros feridos.

Naquele dia, os cangaceiros conseguiram roubar e matar mais do que antes. Tinha vários corpos por todos os lados e algumas outras pessoas estavam feridas e deitadas no chão, pedindo por ajuda. Tecnicamente, a cidade estava como um mar de sangue.

Depois de mais alguns minutos de luta, os cangaceiros cavalgaram novamente até o sertão. Os coronéis observaram a paisagem de agora preocupados e até ajudavam algumas pessoas que estavam feridas.

O coronel Raimundo que estava com o corpo ainda muito afetado e perdendo muito sangue, estava deitado em uma cama da casa de seu chefe, João Antônio, enquanto recebia medicamentos de alguns outros moradores da casa.

João Antônio entrou em sua casa para ver Raimundo e se sentou ao seu lado com uma expressão preocupada. O coronel gravemente ferido se virou para ele com os olhos arregalados.

– Coronel João Antônio... - gemeu Raimundo - Eu...

– Não precisa dizer nada, coronel Raimundo - respondeu João Antônio - Tu foi muito valente hoje - João Antônio deixou escapar um sorriso emocionado - Estou orgulhoso de tu.

Raimundo também lhe deu um sorriso emocionado e foi fechando os olhos lentamente. Depois de mais alguns minutos na cama, ele morreu, pois não resistiu mais aos ferimentos.

No dia seguinte, foi feito um velório na igreja da cidade para o coronel Raimundo e todas as outras pessoas e coronéis da cidade que morreram naquela batalha. A igreja estava lotada por familiares, amigos e colegas. Muitos deles choravam sem parar, enquanto estes e o padre fazia suas orações.

Neste mesmo dia, Maria Joaquina recebeu a notícia sobre a morte de coronel Raimundo através de seu atual chefe do cangaço, Lampião. A cangaceira ficou loucamente alegre e até tinha dado algumas comemorações, pois já sabia que o objetivo principal de Raimundo era matá-la, no entanto, ela e todos os outros cangaceiros temiam dos outros coronéis que ainda estavam vivos, como sempre, mesmo que alguns destes tivessem algum objetivo principal, cujo era matar um determinado cangaceiro, como o coronel Raimundo tinha em relação a Maria Joaquina.

As pessoas da cidade estavam temendo mais ainda dos cangaceiros, depois daquele dia que foi considerado o mais violento de todos. Alguns até se preveniam de ataques inesperados por eles, preparando seus objetos cortantes; geralmente, facas de cozinha e mais alguns outros objetos cortantes domésticos da época; e mais alguns outros que também podia matar, como um cabo de vassoura, pois muitos da população já não aguentavam mais ficar apenas observando as lutas entre os cangaceiros e os coronéis, e ver milhares de pessoas sendo mortas e ter vários de seus pertences roubados, no entanto, eles e nem mesmo os coronéis e os cangaceiros não esperavam que algo supreendentemente impressionante iria acontecer algumas semanas depois.


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Notas finais do capítulo

Oi, galera! Infelizmente, vou ter que avisar que este é o último capítulo, mas não se preocupem não, porque ainda vai ter um epílogo, mas enquanto ainda não preparo, a história termina por aqui, por enquanto. Beijos e até a próxima!



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