Maria Matadora escrita por Marinyah Moonlight


Capítulo 2
Coronel Raimundo


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Finalmente, consegui arrumar tempo e postar o segundo capítulo agora. Então, boa leitura!



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Depois de ter voltado da cidade com o remédio para o seu pai, Maria Joaquina voltou para sua fazenda, onde foi recebida por Maria Antônia.

Enquanto entrava na sua casa, sua mãe se levantou da cadeira onde estava sentada na frente da entrada e perguntou para Maria Joaquina onde estava, que lhe respondeu que estava na cidade, roubando um remédio para o seu pai. A mãe reclamou como sempre fazia, sempre que sua filha saía para matar e roubar, pois não suportava a vida de cangaceira dela.

Maria Joaquina deu o remédio para o seu pai, que lhe agradeceu depois. Depois de sair do quarto, ela escutou os berros de sua mãe, brigando com Maria Antônia na cozinha e foi até lá. Ao ver a briga, viu que sua mãe estava com uma chinela em uma das mãos, enquanto batia com ela no bumbum de sua irmã que estava a mostra, enquanto esta chorava e gritava alto, a ponto de fazer com que seu pai também ouvisse.

– Da próxima vez, tu presta mais atenção aonde tu vai botar a água na mesa, viu!? - gritava a mãe, enquanto batia mais em Maria Antônia. Foi aí, que Maria Joaquina percebeu o pote e a água derramada no chão.

Depois que Maria Antônia apanhou por mais alguns minutos, a mão a castigou, dizendo que não ia mais jantar. A caçula da família correu para longe dela e entrou no seu quarto, chorando ainda mais. A mãe desviou o olhar para Maria Joaquina, ainda com raiva.

– Ta olhando o quê, menina? - perguntou a mãe de Maria Joaquina.

– Só to olhando, oxi - respondeu Maria Joaquina - Podia não?

A mãe de Maria Joaquina se levantou e se sentou no outro lado da mesa, já conseguindo se acalmar.

– Ande, vai chamar teu outro irmão para jantar - ordenou a mãe de Maria Joaquina para esta, que lhe respondeu com um "sim, senhora".

Depois de chamar seu outro irmão, Maria Joaquina se sentou com este e logo, a família rezou, antes de comer. Quando a mãe se distraiu com o gemido de seu marido de longe, a cangaceira aproveitou o momento e pegou uma coxa de galinha, que escondeu por entre sua saia.

Após o término do jantar, Maria Joaquina saiu da mesa e foi em direção ao quarto de Maria Antônia, que estava sentada na cama, olhando as estrelas pela janela. A irmã mais velha bateu na porta, que fez a mais nova se virar para esta e dar-lhe um pequeno sorriso.

– Eu te trouxe uma coisinha - afirmou Maria Joaquina, enquanto tirava a coxa de galinha de sua saia e mostra para sua irmã caçula, que ficou alegre ao ver e andou em sua direção para pegar.

Maria Antônia se sentou na cama novamente e Maria Joaquina também fez o mesmo ao seu lado.

– Maria Joaquina - chamou Maria Antônia. Maria Joaquina se virou para ela - Por que nós num temos tanto dinheiro e alimento?

Aquilo doeu forte no coração de Maria Joaquina, que então, suspirou e lhe contou tudo.

Em primeiro lugar, como o pai das duas estava doente e ficou, e ainda está de cama por inúmeros dias, não tinha mais condições de trabalhar e mesmo trabalhando, ganhava pouco do que as pessoas ricas do Nordeste. Além disso, o sertão estava um caos com a falta de emprego, alimento e cidadania. Muitas pessoas que moravam nessa área, morriam de fome e doença, nunca conseguiram emprego e se conseguissem, ganhavam pouco, e além da falta de dinheiro para comprar mais comida, o calor também atrapalhava essa situação, os rios secavam, as frutas, os legumes não se desenvolviam direito nas árvores e na terra; nem as próprias árvores, tanto aquelas que produziam frutos, quanto aquelas que não, se desenvolviam direito; e muitos animais morriam, devido a falta de nutrientes, que é a principal causa da vaca Queimada não conseguir mais produzir tanto leite.

Por isso que os cangaceiros atacavam a população da cidade. Eles não só simplesmente matavam e roubavam, eles vingavam os seus direitos e dos cidadãos do sertão, no entanto, também matavam algumas pessoas da área onde moravam, o sertão do Nordeste, principalmente seus próprios companheiros, quando estes não concordavam com o que os cangaceiros costumavam fazer, ou os traia, ou descumpriam algum trato. Mas, Maria Joaquina nunca mataria sua mãe, mesmo ela sendo contra o cangaço, pois a amava demais para isso.

– Isso é tão triste - comentou Maria Antônia, quase chorando. Maria Joaquina a abraçou, também prestes a chorar.

Depois de mais alguns minutos de conversa, as duas irmãs foram dormir.

Alguns dias depois, Maria Joaquina foi chamada por Lampião e seu bando para irem até a cidade, fazer o que todo cangaceiro sempre fazia, matar e roubar pessoas ricas, mas seu alvo principal de agora era Francisco Ferreira Araújo, que era considerado uma das pessoas mais ricas e importantes da cidade.

Alguns cangaceiros do bando de Lampião foram ordenados para atacarem outros cidadãos, principalmente ricos, enquanto este invadia a casa de Francisco. Maria Joaquina era um desses cangaceiros que estava por conta de matar os outros cidadãos da cidade e roubar vários pertences possíveis, até que ela sentiu um tiro, acertando o seu calcanhar direito.

Após ser acertada, Maria Joaquina caiu de peito no chão com todos os pertences que tinha roubado, que se espalharam pelo chão. Ela se virou para o atirador que estava montado em um cavalo, enquanto este ainda apontava um rifle para ela, mas sem voltar a atirar. A cangaceira nunca vira aquele homem na cidade.

– Q... - tentou falar Maria Joaquina, enquanto ainda tentava se erguer com o pé atirado - Quem...é você...?

– Eu sou o coronel Raimundo Pereira da Silva - respondeu o homem que atirara em Maria Joaquina - Me contrataram para matar todos os cangaceiros o quanto antes e devolver todos os pertences que vocês roubaram para os seus antigos donos, mas meu principal objetivo é matar você, Maria Matadora.

Maria Joaquina não teve escolha, pegou o rifle que estava pendurado em suas costas e soltou vários tiros contra o coronel, que desviava rapidamente, enquanto descia do cavalo e o mandava para longe. Ele também estava atirando contra a cangaceira, que também desviava.

No fim, as duas armas ficaram sem munição. Então, os dois começaram a se socarem, até que Maria Joaquina pegou o coronel Raimundo pelas costas e o colocou em sua frente, com as costas encostadas em seus seios. A cangaceira tirou um facão de sua bainha e apontou para o pescoço do coronel, ameaçando-lhe de morte, que por sua vez, tirou o facão da mão da cangaceira e a jogou contra a parede. Quando se aproximou dela, apontou o facão para ela, também lhe ameaçando de morte.

Logo, Lampião saiu da casa de Francisco e chamou todos os cangaceiros de seu bando, enquanto avisava que conseguiu matar a vítima principal e roubar muitos de seus pertences. Maria Joaquina conseguiu escutá-lo e então, chutou o joelho de Raimundo, que caiu no chão com o facão. Desde então, a cangaceira deixou pegou o seu facão e seu rifle sem munição de volta e cavalgou junto com os outros cangaceiros para o sertão.

Um outro coronel avistou Raimundo e o socorreu.

– Você está bem? - perguntou esse outro coronel, ajudando Raimundo a se levantar.

– Sim - respondeu Raimundo com um pouco de raiva. Agora, estava pensando em Maria Joaquina e em como matá-la de uma vez, além de ser o seu principal objetivo. Por quê? Porque Raimundo era considerado um coronel muito audaz e que conseguia matar várias pessoas ao mesmo tempo, e bem mais rápido que um coronel comum. Maria Joaquina também era assim, em relação aos outros cangaceiros. Mas, e quanto a Lampião, que era o mais famoso cangaceiro do Nordeste? Bem, isto ficava por conta de outros coronéis, mas isso não o impedia de também ajudá-los a tentar matá-lo.

Raimundo não conseguia parar de pensar em o que Maria Joaquina fez a ele. Um dia, eu ainda te pego, Maria Matadora pensou ele Pode apostar que sim e então, irei matar todos os outros cangaceiros possíveis e fazer com que aqueles que sobreviverem se rendessem, e devolver tudo o que vocês roubaram o quanto antes.


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Notas finais do capítulo

Então, galera, este foi o segundo capítulo, só é uma pena não ter gírias nordestinas, não é? Mas, aposto como o próximo vai ter ;) Até a próxima!



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