Pokémon Shining Soul - Derysh escrita por Virants


Capítulo 2
É aqui que inicio a caminhada


Notas iniciais do capítulo

Nossa protagonista alcança o Ginásio de Goldenrod a tempo de ainda encontrar Whitney, a Líder local, basicamente fechando as portas. Com as palavras certas, Whitney concorda com uma última batalha antes de poder ir para casa. Uma batalha entre dois prodígios do treinamento pokémon acontece.

[Imagens e músicas apresentadas ao longo desse capítulo e de todos os outros, não me pertencem e apenas as apresento sem fins lucrativos, evitando lesar o autor. Que isso fique claro ;D]



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Sexta. 2 de Maio de 2014. Goldenrod, em frente ao ginásio. 23:31.

Essa parte da cidade possuía uma floricultura muito grande, sendo, inclusive, o que deve ter dado nome pra essa área. “Jardim Amarelo”. Eram muitas flores amarelas que era possível se ver de várias ruas de distância e de vários ângulos. Era bonito sim, mas não me importava tanto. Serviu de base para chegar ao ginásio, já que era basicamente ao lado, e disso que eu queria saber, apenas.

— Ali está…

Observava a frente do ginásio surgir em meu campo de visão. Era bem tarde, mas ao que parecia, Whitney se atrasou para fechá-lo hoje. Eu estava com sorte. As portas estavam sendo fechadas e a mocinha de cabelo rosa estava de costas para minha posição, terminando de trancar o ginásio.

— Você ainda tem uma batalha antes de poder descansar, garota. — falo em tom alto conforme vou me aproximando. A distância, agora, não seria maior que 15 metros, e então eu parava.

Whitney virou-se de uma vez, já com a mão no suporte de pokébolas. Reflexo. Eu ainda estava de moletom e o capuz na cabeça, não ficaria surpresa se ela me considerasse bem suspeita. Então, tirei o capuz e dei meu melhor sorriso de desafio. Ela pareceu confiar mais e voltou a trancar a porta.

— Desculpe. Só amanhã, agora. Já passei do horário e…

— Vim de longe, Whitney, apenas pela sua insígnia. E para ver se você é realmente tudo que falam. Vai me desapontar?

— Eu realmente preciso ir, entende? Outros afazeres. — ela deixara a porta trancada e caminhava em minha direção, teria que passar por mim para ir embora.

— Apenas um pokémon. Desistência, inconsciência… Ou 10 minutos. Se o tempo acabar, é vitória sua. — falo enquanto bloqueio sua passagem.

Ela fica visivelmente irritada com meu bloqueio e minha insistência. Não me encara com muita simpatia. Ela faz jus ao título de mais jovem Gym Leader, se tiver 16 ou 17 anos, é exagero, mas se é uma Líder, é porque é habilidosa o suficiente para merecer o título, não é? Então é perfeito. Eu quebro seu título de prodígio ao mesmo tempo que checo o meu nível de habilidade.

— 10 minutos. Um pokémon. Desistência ou inconsciência. — falava sem muita disposição. Ela ia se afastando, indo até a porta do ginásio, talvez para destrancá-la.

— Godeph… — e lançava meu Marowak. O observava de forma séria. Ele devolvia o olhar, sabia o que isso quer dizer. — Essa batalha é um dos degraus para alcançarmos nosso objetivo. Dê o seu melhor.

— Mil Mil, vamos resolver isso logo, hein? — a menina lançaria uma Miltank que parecia estar muito disposta, e o melhor, em perfeito estado para o combate. Whitney pegaria o celular no bolso e o checaria rapidamente. — São 23:34. O celular vai alarmar às 23:44 e então encerramos…

— Então chega de enrolação, garota. Godeph, vai pra cima, prepare seu osso! — eu apontava a Miltank e falava com mais firmeza. Era uma ordem. Não apenas um pedido.

— Attract, Mil Mil, defenda-se com Body Slam!

A princípio não entendi. A feição da Miltank mudou drasticamente, parecendo mais… Convidativa…? Simpática? Havia algum ar sensual naquele olhar e em alguns de seus movimentos. Godeph estava perto dela, mas não havia atacado. O movimento de ataque havia parado com o osso perto da Miltank, mas não se completou.

— … Godeph… — eu notava algo diferente em seu olhar. A técnica da Miltank era simples, mas ligeiramente perigosa. Mas era apenas uma técnica.

Não tive escolha. A Miltank lançou-se de uma vez contra Godeph, chocando-se com força suficiente para meu amigo ser jogado para trás e rolar duas vezes antes de poder se levantar. Nenhuma ordem impediria o Marowak de ser atingido.

— Godeph… Eu não vou precisar falar, não é? Eu vi em seus olhos… E você sabe o que eu fiz sobre esse tipo de coisa…

— Mil Mil, Rollout e prepare Zen Headbutt para o caso de ser parada.

A Miltank começava a rolar sem sair do lugar e, do nada, saía em alta velocidade contra Godeph. A batalha seria um pouco mais difícil do que o imaginado. O olhar de Godeph ainda estava visivelmente afetado e ele teria dificuldades para agir.

— Feche os olhos, Godeph. Focus Energy e Rage. Apenas me escute.

Eu não queria que ele se machucasse muito nessa batalha, mas seria necessário caso quiséssemos a vitória dentro do tempo.

A musculatura de Godeph parecia um pouco mais evidente, conforme se concentrava. Ele rosnaria em fúria. A Miltank, no começo, fazia movimentos em zigue-zague, até que definiu uma reta contra Marowak.

— Headbutt em frente e já use Sequência Brutal!

Era um comando nosso, ele sabia o que fazer. Foi rápido e Whitney não reagiu, esperando o desfecho. O rolamento de Miltank era parado pela cabeçada de Godeph. A Miltank ficou atordoada um instante enquanto Godeph parecia tonto. Ainda sem abrir os olhos, ele seguiu a ordem, atacando em frente. Ergueu o osso e começou uma sequência de pancadas na Miltank misturado com socos. Seus olhos, mesmo fechados, exibiam um sutil brilho avermelhado. Os socos causavam mais dor do que as ossadas, eu podia ver pela expressão dela… E pelos grunhidos de dor. Whitney não parecia feliz. A sequência era rápida demais para que Miltank tivesse velocidade para defender. A vitória estava próxima.

— Mil Mil… Bide. Usar Bone Club, Brick Break e Rage foi esperto da sua parte. — a garotinha líder do ginásio comentava com calma. Não parecia assustada com a possibilidade de derrota.

Isso me irritava. A Miltank não reagia, apenas recebendo as pancadas sem a menor defesa. Repeti o comando e Godeph parecia em frenesi, atacando, socando, chutando, dando golpes com a cauda. O problema foi quando a Miltank, num único movimento fechou os olhos e deu uma cabeçada no tronco de Godeph. Fiquei surpresa pelo fato de ele ter sido jogado para 5 metros atrás e no momento do impacto, um estrondo altíssimo junto de uma liberação de uma lufada de ar quente. Era energia sendo dispersada.

— Acho que você perdeu. — Whitney falava calmamente, apontando para Godeph.

Olhei para Godeph. Estava deitado ao chão, sem reação. Um único golpe foi assim tão devastador para ele? Não… Godeph não era qualquer Marowak, não era qualquer pokémon. Ele aguentava mais do que aquilo. Fiquei em silêncio, apenas o observando.

— Marooo…. — Godeph se levantou, com bastante dificuldade. Os olhos ainda avermelhados pelo Rage. Ele arfava, estava machudado. Mas ainda queria continuar.

Whitney parecia confusa. Eu fiquei calada, não falei nada. Eu estava subestimando a Gym Leader. Mas isso não aconteceria mais. Essa é uma jornada em provação do meu poder e de meus pokémon, para alcançarmos um objetivo. Nem toda batalha seria fácil… E ninguém deveria ser subestimado. Eu aprendi a lição. Meu orgulho doía, ferido, mas a dor maior era em Godeph. Ele me olhou um segundo, demonstrando que já estava cansado, mas determinado a lutar.

— Ma, ma maroo! Wak! — falava em tom firme, me encarando. Ele sabia o que eu estava pensando. E eu agradecia imensamente por tê-lo comigo. Miltank estava tão acabada quanto ele. Não podíamos subestimá-la.

— Mil Mil, Milk Drink. Eu já disse, moça… Acabou a batalha. — Whitney voltava a ficar calma e confiante. A Miltank bebia um pouco do próprio leite e, por algum motivo que não sei, parecia mais vigorosa e capaz para a batalha.

— Ela se recuperou, Godeph… Feche os olhos e… — ele me encarou subitamente, recusando-se a fechar os olhos. Ele era capaz de continuar, mesmo sob efeito da primeira técnica da Miltank. — Vamos acabar isso logo, pra você descansar…

— Ela tá muito confiante, Mil Mil. Parece não saber de verdade quem somos, né? Chegou daquele jeito, como se achasse que fosse vencer. E agora está aí, prestes a perder. Vamos para casa após o próximo movimento… — a garota apontava para Godeph com bastante determinação, ela ia encerrar isso agora. — Rolamento Preciso, Mil Mil!

— Godeph… O seu melhor arremesso. O seu melhor salto. A sua fúria mais destruidora. A sua determinação focada em um golpe.

A batalha ia acabar agora. Eu tinha certeza. Mas estava calma. Godeph era o melhor, e Whitney concordaria amargamente com isso. Eu estava sorrindo. E isso a incomodou. Era um sorriso de quem sabia que já venceu.

As ordens dos dois foram acatadas… Miltank começou a rolar novamente, em zigue-zague ainda mais confuso que o anterior. Godeph arremessou seu osso, errando-a - de propósito -, dando a confiança para o atacarem e finalizarem a batalha. Miltank foi diretamente contra Godeph, mas antes de ficar em distância para o ataque, ela parou o rolamento e deu um impulso extra, saltando de uma vez. “Body Slam”, pensei. Godeph saltou diretamente contra ela, utilizando dos braços contra as costas da Miltank, escapando do golpe. O pokémon de Whitney avançou direto, caindo no chão e rolando, sem controle. O brilho vermelho nos olhos de Godeph, bem como o tônus de sua musculatura, se destacaram ainda mais. Em poucos passos, já estava atingindo Miltank com uma nova sequência brutal de socos. Alguns cortes se abriam no rosto, e sangue começava a sair da boca e nariz da Miltank.

— Bide! Bide! Saía daí, Gyro Ball! — Whitney estava assustada.

A Miltank, num movimento brusco, tentou um rápido giro impulsionando-se contra Godeph, que apenas desviou rapidamente, deixando que o osso que havia sido arremessado atingisse o rosto de Miltank, cancelando a técnica dela e, agora que ele estava do lado dela, mais um passo e deu um novo golpe. Causou certo estrondo, e fez a Miltank sair do chão, caindo mais para frente, rolando, batendo na porta do ginásio e a quebrando no ponto atingido. Eu olhava o relógio. 22:42.

— Mil… Mil… — Whitney parecia triste, talvez preocupada. Correu até seu pokémon. Estava desmaiada, havia sangue em todo seu rosto, assim como nos punhos de Godeph, que arfava, cansado, mas permanecia de pé, o osso em mãos, determinado.

— A insígnia, Whitney… — falo num tom sombrio, sem simpatia alguma. Estava pensativa e com pressa.

— Pega essa porcaria e some daqui! Não precisava disso tudo! Anda! Some daqui! Fique longe de mim e de Mil Mil! — ela gritava, muito furiosa. No fim das contas, ela era só uma garotinha mesmo. Mimada, e que se achava um deus. Jogou a insígnia na minha direção, batendo no chão algumas vezes. Caminhei até ela, a peguei, mas não olhei direito, só guardei num bolso da mochila.

Coloquei o capuz do moletom e saí andando com Godeph do lado. Caminhei até me afastar mais do ginásio, sentando na calçada junto do meu Marowak.

— … Você tá bem? — meu tom de voz alterava bastante.. Eu estava triste por tê-lo feito se machucar mais do que o esperado por mim e por ele.

— Wak. — respondia rapidamente, em tom neutro. Me olhava com alguma preocupação, e então o abracei forte. Ele devolveu o abraço.

— Desculpe. Eu subestimei ela. Ela é sim uma garotinha idiota, como imaginávamos, mas… Ela…

Godeph levantava a cabeça e me encarava. Era um dos jeitos dele me dizer que era pra eu calar a boca. Ele tinha razão. Eu estava ficando sentimental demais. Respirei fundo, olhei o céu. O céu na cidade grande era muito feio, mau conseguíamos ver uma dúzia de estrelas sem dificuldade.

— Maroo.. Wak? Waa. Wa. Maroooo.

Godeph apontava uma estrela. E ria. E me abraçava forte, se levantando logo depois.

— É, Godeph. Estamos longe de casa. E nossa jornada continua. Essa insígnia não tem o menor valor, mas… É uma demonstração de nossa superioridade, de nossa força. E precisamos de mais força antes de irmos atrás “daquilo”.

Me levantava, já pegando a pokébola de Godeph.

— Vamos. Unikon, Gerard, Frasty e nós dois precisamos comer e esticar um pouco as pernas. — eu retornava Godeph para a pokébola.

Iria para o centro pokémon, cuidar do estado dele, alimentar a todos e… Algo, lá no fundo (minha intuição é sobrenaturalmente aguçada), me dizia para evitar Olivine por algum tempo. Na verdade, eu sentia uma sensação bem sutil de sufocamento quando pensava no caminho para lá. Eu teria de passar por Ecruteak.

— Mudança nos planos, Lendara. Nós vamos para… Azalea? Sim. Azalea.


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Notas finais do capítulo

---------- Godeph, Marowak
https://goo.gl/e1QNKj
—--------- Whitney
http://goo.gl/pSX6ny
—-------- Tema de Batalha
https://goo.gl/rKTcdL