Questão de Química escrita por DrixySB


Capítulo 5
Capítulo 5: Física e Mentalmente Conectados


Notas iniciais do capítulo

O último antes do epílogo...

Importante ler a nota de rodapé ;)



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Era algo que ela nunca havia imaginado: o quarto de Fitz. Talvez porque também nunca tivesse imaginado que iria conhecê-lo um dia. A primeira coisa que lhe chamou atenção foi uma miniatura da Tardis na escrivaninha entre o abajur e o notebook desligado.

Ele acompanhou o olhar dela e, compreendendo o que havia capturado sua atenção, inclinou-se a fim de apanhar a pequenina réplica da Tardis e a estendeu para Jemma, aproximando-se.

— Isso é seu. Ainda não lhe dei um presente de namoro.

Ela tomou o objeto em suas mãos e o encarou, sorrindo docemente.

Fitz desviou um pouco o olhar e Simmons percebeu a súbita hesitação que perpassou seu rosto.

— O que foi? – Ela indagou.

— Nada – Fitz deu de ombros – Bem... Na verdade, eu gostaria que você me respondesse uma coisa com toda sinceridade...

Simmons arqueou as sobrancelhas em expectativa.

— Jemma, acha que estamos, sei lá... Indo rápido demais?

Ela não pode evitar rir um pouco.

— Fitz... não poderíamos ter ido mais devagar.

Ele abaixou um pouco o olhar, com um meio sorriso divertido brincando em seus lábios.

— Você tem razão... – Fitz tomou as mãos dela nas suas e a guiou até a cama, gentilmente. Ambos sentaram-se na beirada, enquanto Fitz prosseguia.

— É só que esse momento... Acho que não esperava que viesse a acontecer...

Jemma sorriu. Aquele sorriso doce, compreensivo que trazia a Fitz uma genuína sensação de lar. Ele estava com ela, então estava realmente em casa. A familiaridade daquele sorriso se somou ao toque das mãos dela em seu rosto e ambos se aproximaram para um beijo, terno e delicado a princípio, mas que logo se tornou intenso, incendiário, cheio de ardor. Evoluiu assim, naturalmente, como tudo entre eles. Sua amizade, sua parceria, sua cumplicidade, seu relacionamento...

A cabeça dele tombou para trás ao sentir as mãos de Jemma em seu cabelo e aquele ângulo deu acesso para que ela pressionasse os lábios contra um ponto sensível do pescoço dele. Fitz não tardou a retribuir o gesto, aproximando-se mais para envolver o lóbulo da orelha dela entre seus lábios. Ela suspirou deliciada, sentindo as mãos dele passearem por todo seu corpo – seus ombros, seus braços, seus quadris... Enquanto eles se beijavam novamente, Fitz firmou apenas um joelho sobre a beirada do colchão e delicadamente fez com que ela reclinasse o corpo até sentir a bem-vinda maciez do lençol e do colchão sob suas costas ao mesmo tempo em que ele se deitava sobre ela, cobrindo e envolvendo o corpo de Jemma com o seu, sem jamais deixar de beijá-la.

Os lábios de Fitz foram do queixo dela para seu pescoço e então para o seu colo e um misto de sensações, todas igualmente aprazíveis, pareceram entorpecer os seus sentidos. De repente, ela se ouviu verbalizando um pensamento que acabara de lhe ocorrer enquanto as mãos exploravam os corpos.

— Eu poderia dizer que nada explica o amor, mas a verdade é que a ciência o explica – ela começou já ofegante, tentando puxar fôlego por entre os dentes e sentiu um leve toque da língua dele em sua pele – O amor é facilmente compreensível quando se tem em mente que ele nada mais é do que uma cadeia de reações químicas que acontecem no cérebro... No fim, ele nem é tão complexo como aparenta do ponto de vista emocional. É simples... De ser sentido... E vivido – era o que eles estavam fazendo agora, simplesmente se deixando levar. Cada toque, cada beijo soava tão natural... Mas o discurso inoportuno de Jemma deu vazão a um novo discurso inconveniente de Fitz. Ele parou repentinamente de beijá-la e começou a falar, olhando fixamente nos olhos dela.

— É, não é? A ocitocina é a responsável. É ela que faz com os casais criem vínculos e estabeleçam uniões duradouras e com que nos fixemos unicamente no parceiro. Mas ela não age sozinha, claro... Tem outros hormônios como a dopamina, que produz a motivação, e a norepinefrina, que produz a alegria... Tudo é explicável...

— Fitz... – ela o interrompeu abruptamente, pousando dois dedos em seus lábios – eu sei que fui eu que começou com esse papo, mas, por favor... Deixe o ponto de vista científico de lado por um momento. Seja menos racional e mais... Emocional. E instintivo.

— Me desculpe, estou nervoso... Por ser com você. Eu estive esperando por esse momento a minha vida toda, mas jamais parei pra pensar que, de fato, ele ocorreria um dia.

Ela sorriu ternamente.

— O mesmo comigo...

— O que sugere?

— Só me toque... E me beije.

Ele a beijou terna e calmamente, apreciando o momento sem pressa. As mãos de ambos trabalharam freneticamente desfazendo-se dos tecidos que os cobriam, livrando-se de qualquer obstáculo que impedisse o contato exclusivo de suas peles, até que a única coisa que restasse fosse o ardor que os envolvia, o calor que emanava de ambos os corpos. E, de repente, as mãos de Fitz sabiam onde tocá-la. Onde ela queria que elas estivessem. Tão habilidosas na cama quanto no laboratório. Não era como um aparato científico ou tecnológico que ele sabia como manusear. Seria uma analogia grosseira e que reduziria aquele momento a algo frívolo ao invés de especial. Era mágico, não científico. Era como Skye havia dito. Eles pareciam física e mentalmente conectados, era como se um conseguisse ler a mente do outro e sentir o que o outro sentia. Não havia como pensar em um prazer individual quando um queria satisfazer o outro. E admiravelmente eles sabiam como fazer isso.

À medida que as roupas foram abandonando seus corpos, a sanidade abandonou igualmente suas mentes e os toques e beijos foram deixando de ser suaves e gentis para se tornarem ousados e ardentes. A volúpia, o desejo os envolveu por completo e nada daquilo lhes soava estranho ou mesmo novo. Havia aquela já conhecida familiaridade, uma intimidade que eles partilhavam há anos, assinalada pela mania de completarem as frases um do outro, de adivinharem seus respectivos pensamentos, pelo fato de agirem como se fossem casados há séculos... E, agora, havia enfim a confirmação de que se completavam totalmente. Eles eram definitivamente um só.

* * *

A sensação era familiar. Estranhamente familiar. Era como se eles fizessem isso há séculos, quando, na verdade, era apenas a primeira vez. Ela nunca havia sentido nada parecido. Aquilo não era como nada que ela vivera anteriormente. Era melhor, parecia certo. Acordar com ele ao seu lado (embaixo de seu corpo, na verdade), era como ela queria acordar o resto da vida. Sorriu. Genuinamente. Eles se completavam em todos os sentidos. Como ela imaginava. Eles eram parte de um mesmo todo. Mental, emocional e fisicamente conectados. Todavia, apesar da familiaridade naquele sentimento, o momento não fora desprovido de surpresas.

Jemma se surpreendeu com o quão hábil ele era em tocá-la, com o quanto de autocontrole ele teve mesmo expressando finalmente uma variedade de sentimentos e desejos reprimidos por anos. Como ele era quente, generoso e sabia o que ela queria.

Fitz também se surpreendeu com o quanto ela era receptiva ao seu toque, como era ardente ao menor contato e com o quão exigente Jemma era. Não era uma mulher fácil de satisfazer e seu entusiasmo diante de novas sensações parecia inesgotável. Mas ele estava feliz em tentar. Eles eram extremamente compatíveis. Em todos os sentidos.

Gradativamente, Jemma despertou e se mexeu um pouco sobre o corpo dele na cama. Levantou a cabeça e encarou Fitz que permanecia adormecido. Sorriu diante da expressão plácida e serena estampada em seu rosto e ergueu a mão para tocar-lhe a face suavemente.

— Fitz – já era a terceira vez que ela o despertava naquela madrugada. Dessa vez ele não se moveu e nem respondeu. Jemma se aproximou mais para sussurrar-lhe no ouvido – Fitz!

— Hmmmm – ele murmurou.

O sorriso de Jemma se alargou e, logo, Fitz sentiu os lábios dela em seu queixo.

— Você está acordado, então...

— Jemma – ele disse, quase indistintamente, a voz alterada pelo sono – eu não sei se você se lembra, mas homens levam mais tempo para se recuperar. Eu preciso dormir um pouco.

— Você já dormiu... – ela ainda sorria, agora porque estava achando graça.

— Sim e você me acordou duas vezes... Sua energia nunca se esgota?

— Não... Mas a sua parece que sim – Devolveu, o provocando.

— Não é essa a questão, Simmons— ele só a chamava pelo sobrenome em ambiente profissional, ou quando estava bravo, ou – como agora – quando queria azucrina-la – mas eu sou um ser humano. E preciso descansar de vez em quando... Oh! Isso é bom.

Ela beijou a pele abaixo de sua orelha primeiramente e, em seguida, envolveu o lóbulo dele em seus lábios, passando suavemente a língua e os dentes por aquela região. Aproveitando seu súbito momento de distração – ele pareceu se esquecer de que estava argumentando com ela sobre descanso— moveu-se um pouco mais sobre ele, de forma a alinhar seus corpos e tocá-lo em pontos estratégicos, procurando fazer com que o desejo dele se reacendesse, tentando estimulá-lo.

Internamente, ela vibrou, sentindo-se vitoriosa quando ele deixou escapar um gemido baixinho e posicionou suas mãos nas costas dela. Seus lábios se encontraram em um beijo doce e acalentador. E, rapidamente, todo aquele discurso de Fitz sobre dormir e descansar pareceu se dissipar. Mas apenas por alguns instantes.

— Se você me deixar descansar, logo estarei pronto para te levar ao paraíso novamente.

Jemma mordeu os lábios, contrariada. Sentindo-se ludibriada e vencida. Por um segundo, ela quase pensou que ele cederia.

— Quem disse que você já me fez chegar ao paraíso? Desde quando é tão presunçoso?

Ele mantinha os olhos fechados, mas um sorriso petulante se desenhou em sua expressão.

— Vai me dizer que estava fingindo quando fez isso? – ele tocou levemente, com os dedos, uma marca no ombro. Ela era a responsável. Havia algumas horas, enquanto eles entrelaçavam seus corpos em um momento de total intimidade, ela tentou reprimir um gemido alto e, assim, mordeu o ombro dele. Com demasiada força. Jemma encarou o sinal de seus dentes na pele de Fitz um tanto surpresa, mas sufocou qualquer interjeição de espanto que ameaçou sair de sua boca.

— Bem... Não. Não estava fingindo... – ela admitiu e, derrotada, saiu de cima do corpo dele, deitando-se ao seu lado. Fitz virou-se para ela, abraçando-a pela cintura, os lábios tocando sua face esquerda, certificando-se de que ela não estava aborrecida com ele. Aquele contato fez com que Jemma sentisse um ligeiro arrepio.

— Eu nunca imaginei que estaríamos assim um dia... – ele começou a falar de modo sussurrado, agora com os olhos abertos – quer dizer, lembra-se como era quando nos conhecemos?

Jemma riu baixinho.

— Nos odiávamos. Aliás, você me odiava. Eu não tinha nada contra você, mas aparentemente você me via como sua rival... Acho que o fato de eu ser um mês mais nova e tirar sempre as melhores notas te incomodava.

— Eu não competia com você...

— Oh, não! – ela soou irônica.

— Não, eu... – Fitz fez uma pausa antes de prosseguir – na verdade, você me intimidava.

— É mesmo? – ela indagou, surpresa.

— Sim, quer dizer... Eu ficava engendrando planos para te impressionar... Você era a pessoa mais inteligente que eu já havia conhecido e não sabia como me aproximar. Achava que não estava no seu nível... Que não era bom o suficiente para estar perto de você.

— Eu não consigo acreditar – Jemma ficou atordoada com aquela revelação – uma década acreditando que você me detestava por me ver como inimiga... E, no entanto... Por que nunca falamos sobre isso?

— Porque aparentemente somos dois fracassos retumbantes quando a questão é falar abertamente sobre nossos sentimentos.

Aquilo era verdade. Eles se conheciam tão bem. Poderiam dizer, sem pestanejar, qual era o livro favorito um do outro. Jemma sabia de cor os quotes de filmes prediletos de Fitz. Ele, por sua vez, podia listar os dez episódios que ela mais gostava de Doctor Who sem fazer muito esforço para pensar. Ele sabia que a pessoa que ela mais admirava no mundo era seu pai. Sabia preparar seu chá exatamente do jeito que ela apreciava. Que ela adorava dias frios e lera Encontro com Rama na íntegra durante várias noites insones. Sabia que ela detestava lendas urbanas devido à imprecisão narrativa e científica de diversas delas. Sabia como abraçá-la quando ela se sentia triste ou apreensiva. Jemma sabia que Fitz gostava de sitcoms americanas, mas que não queria que ninguém soubesse disso. Que ele apreciava noites chuvosas e que mesmo que morasse nos Estados Unidos, seu coração sempre estaria na Escócia. Que ele odiava despedidas e que sempre faria o possível, moveria montanhas se necessário, para evitá-las. Que ele amava ler enquanto degustava seu chá, era um espectador assíduo de documentários e considerava a trilha sonora de Blade Runner uma obra de arte mais digna do que qualquer coisa que Duchamp tinha produzido.

Mas quando o assunto era falar sobre o que sentiam um pelo outro, se encontravam constantemente em um impasse. Sua amizade era confortável, fácil, sem esforço. Atravessar limites era arriscado. Eles temiam perder o que construíram durante todos aqueles anos... E, portanto, pensar em dar um passo além era algo que ambos sempre adiavam. Deste modo, passaram mais de uma década dizendo um ao outro e a si mesmos que eram melhores amigos, quando no fundo sempre souberam que o sentimento que nutriam ia muito além disso. Fazia-se necessário desestabilizar uma estrutura firme e imutável. E se eles soubessem que aquela estrutura iria apenas balançar, mas não cair e, pelo contrário, tornar-se ainda mais forte, eles teriam dado aquele passo muito antes.

Como se pudessem ler a mente um do outro (e quem disse que, de fato, não poderiam?) o mesmo pensamento os assaltou.

— Poderíamos estar fazendo isso há tantos anos... – ele disse, verbalizando aquele pensamento, soando arrependido pelo tempo que perderam.

— Ainda bem que não é tarde demais.

Fitz sorriu, concordando, e a puxou para mais perto. Seus lábios se tocaram suavemente, em um beijo terno e delicado.

— Fitz...

— Hmm?

Ela tornou a abrir os olhos, seus rostos tão próximos, e o fitou de maneira penetrante, como se quisesse sondar sua alma antes de dizer aquelas palavras tão decisivas, tão determinantes.

— Eu te amo! – Foi um sussurro, mas pareceu um grito há tanto tempo reprimido que agora, enfim, se desprendia de sua garganta.

Um brilho radiante se acendeu no olhar de Fitz, como o sol da manhã.

— Eu também te amo, Jemma. Mais do que qualquer coisa.

— Mais do que ciência e tecnologia? – ela perguntou, gracejando.

Fitz revirou os olhos.

— Muito mais, Simmons!

— Me mostre...

— Te mostrar? – Indagou, confuso.

— O quanto me ama... – a voz dela não passava de um murmúrio. Um murmúrio que foi prontamente atendido.

Novamente o calor e o desejo os envolveram e ambos se perderam em meio aos beijos, carícias e toques intensos, resultado do contato entre seus corpos ardentes. Aquela incandescência ameaçava consumi-los por inteiro, mas eles não se importavam naquele momento. Se entregando novamente à paixão, e sem que restasse mais nenhum espaço entre eles, tornaram-se novamente um só.

Em um determinado momento, enquanto ela, sentada sobre ele, o sentia tão profundamente dentro de si, não conseguiu evitar um sorriso astuto, ao mesmo tempo em que jogava a cabeça para trás, apreciando a sensação de tê-lo daquela forma. Pelo visto, ao contrário do que Fitz dissera há alguns minutos, ele já se encontrava suficientemente descansado.


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Notas finais do capítulo

Senhor! Como eu demorei a atualizar esta história... Chega a ser vergonhoso. A vida real acabou consumindo muito do meu tempo após a postagem do capítulo 5. Tive problemas no trabalho que, felizmente, já foram contornados, acabei bastante ocupada e, para completar, com o retorno da série e todo o drama Fitz-Simmons, comecei a elaborar uma nova fanfic baseada nos acontecimentos até a mid-season finale e sofri um bloqueio com Questão de Química. Foi difícil encontrar o tom novamente, mas as cenas fofas do final da temporada me auxiliaram a retomá-la. Agradeço os comentários (desculpa àqueles que não respondi =/ eu realmente sumi do site ), a quem favoritou e continuou ali, acompanhando, na esperança de que eu retornasse =)

O próximo já é o epílogo e, se tudo der certo, começo a postar uma Angst FitzSimmons.

Bjos!



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