Haviam oficializado fazia poucas semanas. A primeira a saber que agora eles estavam namorando foi Skye. Não disseram nada a Coulson, no entanto.

Além de Skye, a única pessoa para quem eles queriam contar era Mack com quem Fitz havia travado uma relação bacana de amizade. Mas Mack contou a Hunter que contou a Bobbi que contou a May que, por sua vez, revirou os olhos para o amor juvenil.

Por mais que ela fosse uma companheira de longa data, eles nem pensaram em revelar a essa última porque ela simplesmente não estava nem aí.

No mais, se não fosse a onda de fofocas pela qual Mack era diretamente responsável, não seria difícil esconder dos demais. As coisas ainda caminhavam com passos vagarosos. Skye é quem cobrava deles e os pressionava constantemente.

– Ora, vamos! Ainda não vi vocês se beijarem.

Bastava para que as faces de ambos se tingissem de um tímido, porém visível tom de vermelho.

Depois daquele primeiro beijo, eles caminharam de mãos dadas por toda a madrugada. Não foi necessário palavras para definir o que eram agora. Simplesmente estava decidido que estavam namorando.

No outro dia, dentro do avião da S.H.I.E.L.D., eles sorriam mais do que o comum um para o outro. E não passou despercebido por Skye que sabia que eles haviam tido um encontro.

– Quero saber de tudo!

Jemma revirou os olhos, mas contou. Já tinha dito que contaria a ela e Fitz não se opôs. Apesar de ela ter invadido sua intimidade há alguns dias, Fitz gostava muito de Skye e a considerava sua melhor amiga agora que Simmons era mais do que isso.

Skye ficou eufórica e feliz. Abraçou Fitz meia hora depois da conversa que teve com Simmons, lhe desejando os parabéns. Ele corou levemente.

– Er... obrigado? - ele meio que respondeu, meio que perguntou.

Skye deu uma piscadela e um soquinho de leve em seu ombro. Ele preferiu ignorar a malícia contida naqueles gestos.

Awkward era uma ótima palavra para defini-los e era como Skye se referia a eles. Awkward but cute. Seu relacionamento era assim. E o momento em que Hunter e Bobbi os pegaram em flagrante dando seu segundo beijo no laboratório foi isso também. Awkward.

– Oh, desculpem... Eu só queria saber se você pode dar um jeito na minha ICER , Fitz...

Hunter até que foi bem-sucedido em disfarçar sua surpresa. O mesmo não se podia dizer de Bobbi que tentava a todo custo segurar a risada. Fitz e Simmons pouco se ocuparam de esconder seu constrangimento. Era inútil de todo modo. Mas a decepção por Bobbi e Hunter terem atrapalhado o seu segundo beijo foi ainda maior.

Mais tarde, naquele dia, eles se reuniram para comer pizza congelada. O casal veterano não perdeu a oportunidade de tirar uma com a cara do novo casal na frente de Skye, May e Mack que desataram a rir estrondosamente.

– Não se preocupem. Bobbi e eu éramos exatamente assim no começo do namoro. Não é mesmo, amor?

– Creio que nunca fomos assim tão esquisitos... mas ok.

Fitz e Simmons encaravam a equipe com expressões contrariadas.

– Relaxem... Fica mais natural com o tempo - concluiu Hunter.

– Não fala por experiência própria, não é? - Indagou Mack, aos risos.

– Tá que não somos o melhor exemplo, mas não precisa jogar isso na cara também.

– Melhor exemplo de quê? - perguntou Coulson, entrando na sala de repente.

Todos se calaram. Eles não queriam que ele soubesse. Não por enquanto.

– Er... de agentes. É, de agentes de campo!

– São ótimos exemplos. Você e Bobbi. Não se subestimem.

Todos direcionaram sorrisos cúmplices a Fitz e Simmons. Eles retribuíram com expressões de profunda gratidão desta vez.

Coulson custou a reconhecer que ambos precisavam de férias e só o fez depois de muito argumentaram com ele. Haviam ficado psicologicamente abalados diversas vezes. Precisavam de um tempo. Coulson arqueou uma sobrancelha, desconfiado primeiramente.

– Os dois querem férias?

Eles se entreolharam.

– Sim! - disseram em uníssono.

– Os dois ao mesmo tempo?

– Sempre fazemos tudo...

– Juntos - Fitz completou.

Coulson olhou de um para o outro.

– Sim, claro. Inclusive falam juntos... sempre completando a sentença um do outro...

Eles sorriram para seu chefe.

– E ficam estranhos e misteriosos ao mesmo tempo também.

Eles afastaram o olhar, receosos.

O diretor da S.H.I.E.L.D. mergulhou em um silêncio reflexivo.

– Suponho que vocês precisem resolver algumas coisas entre vocês...

Ambos não responderam.

– Ok. Podem ir. Considerem-se de férias.

Eles agradeceram com sorrisos afáveis estampando seus rostos.

– Mas - Coulson levantou um dedo em riste - espero que tenham certeza do que estão fazendo. Já se machucaram o suficiente pelas mãos dos outros. Não seria nada bom se machucassem um ao outro.

Fitz e Simmons o encararam com expressões atordoadas, em choque. Um sorriso jocoso crispou um dos cantos dos lábios de Coulson.

– Não acharam realmente que pudessem esconder algo de mim, não é? Agora vão.

* * *

Assim que pousaram em terra firme, seu primeiro destino das férias foi a casa dos pais de Simmons. Logo após, a residência dos Fitz.

Fitz estava nervoso e cheio de receios, mas a visita à família de Simmons não poderia ter sido melhor. Os pais dela não só o aprovaram, como gostaram genuinamente dele. "É um bom homem", o pai de Jemma segredou a ela na hora do chá. "Um tanto esquisito, mas sei que é um bom rapaz". Simmons sorriu e revirou os olhos ao mesmo tempo. Sempre definiriam ele como "esquisito", mas ela sabia que não era de maneira pejorativa.

A mãe de Fitz também gostou de Jemma, mas esta última teve a impressão que ele ainda não havia lhe revelado o atual status de seu relacionamento pelo modo como falou com ela: "Fico feliz que Fitz tenha uma amiga tão compreensiva como você. Às vezes é necessário paciência com ele..."– ela suspirou, risonha. "Ele é um pouco solitário, então é bom saber que conta com uma ótima amiga ao lado dele".

Jemma sorriu de volta para ela, um tanto intrigada. Por que, afinal, ele não havia dito que ela era sua namorada?

A mãe dele era doce e divertida. Seu padrasto era calado, mas simpático e estava sempre sorrindo, de maneira contida, indicando que deveriam ficar à vontade na presença dele.

– Na maioria das vezes, nunca entendo o que Fitz está falando.

– É que ciência é uma coisa complicada - acrescentou seu padrasto, descontraído. Estavam na sala de estar, em meio a uma conversa frívola.

– Não é tão complicado assim. - Fitz rebateu com um amplo sorriso.

Simmons nunca o havia visto tão leve e despreocupado. Ele estava realmente se sentindo à vontade.

– Oh, é sim! Sempre sinto como se ele falasse em japonês comigo - ela concluiu, espirituosa - Eu preciso fazer algo que não requer muito conhecimento científico: ver se o jantar está pronto.

– Errado, mãe. Isso requer conhecimento científico - disse Fitz com uma piscadela.

– Ok, você está certo. Vem me ajudar, querido? - ainda aos risos, ela seguiu em direção à cozinha com o marido.

Jemma esperou eles desaparecerem atrás da porta antes de se virar para Fitz e perguntar:

– Fitz, contou aos seus pais que sou sua namorada?

– Ele não é meu pai. É meu padrasto.

Ela rolou os olhos.

– Entendeu o que eu quis dizer - ela abaixou um pouco o olhar, um tanto aborrecida - só queria saber por que ainda não disse a ela?

Fitz prendeu uma mecha do cabelo dela entre dois dedos e a colocou atrás da orelha.

– Não leve para o lado pessoal. Eu disse... Não com todas as letras, mas disse.

– Não é justo. Eu te apresentei como meu namorado aos meus pais. Com todas as letras - ela enfatizou.

– É um pouco mais difícil no meu caso... Acontece que... Minha mãe estava acostumada com você sendo minha melhor amiga. Sempre me referi a você dessa forma quando falava com ela a seu respeito. E acho que ela ainda não conseguiu assimilar que você é mais do que isso agora. Em um quadro mais desalentador e decepcionante, por se tratar de minha mãe, pode ser que ela ache difícil acreditar que estou namorando.

– Oh! - Jemma desviou um pouco o olhar, lembrando que a visão que a mãe de Fitz tinha dele era a de um gênio solitário.

– E, de qualquer modo, é isso que somos?

– Você me pediu em namoro. Bem... não com todas as letras. Mas foi o que quis dizer com aquele beijo, certo? - ela lançou a ele um olhar de incentivo.

– Sim, e só nos beijamos duas vezes até agora... isso é estranho. Além do mais - ele diminuiu o tom de voz para um sussurro, olhando profundamente nos olhos dela, como se estivesse tentando sondar sua alma - ainda não demos alguns passos importantes para sermos considerados, de fato, um casal.

– Oh, bem... estamos na sua casa e eu... vou dormir aqui hoje.

Fitz sentiu o rubor queimar-lhe as faces repentinamente.

– Bem, não era disso que eu estava falando... estava me referindo a te dar uma aliança.

– Oh, Fitz! Não é necessário - Simmons apressou-se em dizer, entre risadas - somos namorados, não noivos.

– Ah... está bem, então - ele tornou, com simplicidade. Logo, um sorriso tímido começou a se formar em seu rosto e ele prosseguiu - Sabe... eu não te disse ainda, mas gosto do jeito que isso soa. Quando você diz que estamos namorando.

Simmons deu aquele sorriso que Fitz costumava dizer que era capaz de iluminar todo o seu universo. É, ele era piegas a esse ponto, mas ela achava isso fofo. Os dedos de Fitz tocaram levemente as costas da mão de Simmons a princípio, um segundo depois eles estavam de mãos dadas, seus dedos entrelaçados, partilhando um novo sorriso. Gestos que soavam tão familiares a eles havia séculos, mas que agora tinham todo um novo significado.