Monsters escrita por Vlk Moura


Capítulo 3
Capítulo 3




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~2 meses depois~

Os primeiros dias foram infernais com pegadinhas do grupo para cima de mim, eu tinha de respirar fundo.

Alguns eram selecionados para as missões e os outros ficavam na torre cuidando das coisas ou treinando, menos eu, Brainiac ainda não tinha ficado satisfeito com o treinamento que montara para mim. E parecia estar inconformado comigo por eu não usar as habilidades do monstro.

Meu passatempo durante as noites era ou observar as estrelas dali ou então ver vídeos dos meus novos amigos ou sei lá o que eram. Eu gostava de ver os do Luke e do tal Wolverine e os feitos desse herói. Eu gostava das garras e do jeitão dele, eu me divertia bastante. Mas eu não via nenhum vídeo sobre o meu monstro.

Para essa noite me chamaram para uma reunião que sempre faziam no topo da torre, acendiam uma fogueira, e ficavam em volta, me explicaram que há muito tempo grupos de humanos costumavam fazer isso e tocar música e comer em volta do fogo.

Abgail pegou uma garrafa vazia de refrigerante e nos fez formar um círculo. Eu estava nervosa de star tão junta deles. Eu olhava para Brainiac para ver como ele reagia aquilo, mas ele parecia não ligar.

– Vamos brincar de verdade ou desafio - ela falou e me olhou - Nós iremos rodar isso aqui, a tampa indica quem pergunta e a parte de baixo indica quem responde, entendeu? - confirmei.

Ela rodou uma vez. Gerard desafiou Bruce a pular a enorme fogueira sem usar nenhuma das suas habilidades, apenas seu lado humano e Brainiac iria falar se tinha sido de verdade ou não. Bruce o fez e conseguiu, Brainiac confirmou que fora sem as habilidades.

A garrafa foi rodada muitas vezes até cair Abgail desafiando Luke. Ela sorriu de canto parecendo má.

– Não pega pesado - ele falou rindo.

Ela riu.

– Certo, seu frouxo. - ela olhou em volta pensativa e parou o olhar em mim, olhou Luke - Te desafio a dar um beijo na Agnes.

Ele me olhou parecendo espantado. Nós dois nos levantamos, Abgail ficava nos encarando esperando momento. Eu estava mais vermelha do que o fogo da fogueira, eu nunca tinha beijado alguém antes. Luke se aproximou de mim, colocou meu cabelo atrás da orelha e se aproximou, eu já sentia sua respiração quente quando ele deu um riso e se afastou.

– Eu não conseguir beijar essa estranha - ele falou e me encarou, eu o olhei sem entender e me sentindo muito envergonhada - Tenho que manter o padrão, Ab, não posso beijar umazinha que nem ela.

Eu senti meus olhos ficando verdes, fechei com força e dei as costas para eles. E corri.

– Acho que você pegou pesado - Gerard falou.

– Mas é a... Agnes! - ele gritou quando eu saltei do topo da torre.

Eu sentia algo revirar dentro de mim.

"Não somos estranhos" era voz de dentro.

– Somos sim. - eu respondi.

"Não, nós somos diferentes, não estranhos"

– Para de se enganar! - eu olhei meus braços, estavam verdes e enormes, estavam transformados. - Para! Para!

Eu tentava fazer voltar ao normal.

– Agnes, volta, a floresta é perigosa a noite - era a voz de Brainiac.

– Eu não posso - eu respondi chorando, eu não conseguiria voltar naquele estado - Eu sou um...

"Monstro!"

Saiu como um rugido que percebi ecoar pela noite. Caí na terra, minhas pernas estavam transformadas. Uma cratera se abriu, olhei para cima entre minhas lágrimas eu tentava entender onde eu estava, olhei em volta, tudo escuro e apenas o barulho dos animais. Me sentei ali assustada.

– Aonde você está? - era Bruce.

– Eu não sei - falei tremula.

– Clark, sobrevoo e a mata e veja se a encontra.

– Para! - eu falei, olhei para o alto eu conseguia vê-lo, mas não queria ser vista naquele estado. Comecei a correr.

– Locali...zei...

– O que foi? - era Tony.

– Meu Deus! Brainiac mande as sondas, vocês precisam ver isso.

– Não! - novamente o rugido, olhei para cima, ele tinha parado de voar. Mas eu continuava correndo.

– Agnes, para, você está se afastando muito da torre - era Tony novamente.

Ouvi algo como um inseto voando perto de mim, olhei para a coisa e eram dois robôs voadores. Brainiac! Fechei meus olhos, saltei e rodei o corpo, agarrei os dois, um com cada mão e os bati um contra o outro, eles quebraram.

– O que era... aquilo, Brain? - Bruce parecia assustado.

Eu estava cansada, parei de correr e me sentei ao pé de uma árvore, minhas pernas e braços formigavam. Aos poucos voltavam ao normal.

– Clark, ela parou - Brainiac falou - A julgar pelos batimentos ela está voltando ao normal e perto de desmaiar... Se você não correr eu vou perdê-la.

Percebi as copas das árvores sacudindo, alguém pousou ao meu lado.

– Você está bem? - Clark.

Neguei com a cabeça.

– Vai ficar tudo bem.

Apenas tive tempo de segurar seu pescoço e eu apaguei.

Acordei no meu quarto. Levantei meio tonta, o relógio indicava ser madrugada, mas eu não sabia quanto tempo fiquei desmaiada. Fui para o banheiro do quarto passando por dentro do guarda-roupa, liguei o chuveiro, depois de completar o desafio que era dado, a água quente me atingiu.

"Como se sente?" era a voz de um homem, não a de um monstro.

– Quem é você?

"Acho que está na hora de ver os vídeos sobre nós"

Me vesti e voltei para a cama, as telas surgiram com várias imagens, o ser verde, o nome dele...

– Hulk... - o Hulk de todas as imagens olharam na minha direção - Bruce Banner... Como você lidou com isso?

"Foi dificil, mas consegui. Tony e Bruce cuidaram de mim quando o sistema nos prendeu, eles prometeram a todos nós ninguém morreria, quer dizer, não de verdade. O legado de nossos poderes sobreviveria e permitiram que nossas memórias fossem gravadas e passadas para você também. Só por isso você e eu podemos conversar, mas não sei por quanto tempo poderei me manter em você antes de ser devorado pela Agnes mais madura."

– Os outros passaram por isso também?

"Menos o Tony, o Bruce e o Brainiac, de resto todos receberam um pouco da memória daqueles que lhes permitiram ser mutantes"

– Interessante... - ele riu - Bruce Banner era o Hulk... - eu ri sozinha - Acho que teremos muito o que entender sobre nós.

"Agnes..." eu prestava atenção "Você cresceu muito desde nosso último encontro, fico feliz em vê-la dessa forma, minha filha"

Senti meus batimentos sofrerem uma mínima pausa, filha? Como assim filha?

– Bruce! - ele não respondia.

Meus olhos estavam cheios de lágrimas.

– Brainiac! - eu chamei pelo comunicador, ele não atendeu - Brainiac! - nada - Brainiac!

– Ele está monitorando os outros - Tony falou - Posso ajudá-la?

Respirei fundo.

– Esquece - ele estava na minha frente como uma enorme tela, ele me encarava - Na verdade, Anthony, você poderia chamar o Professor X?

– Ahm... Claro - ele franziu o cenho - Algo grave aconteceu?

– Não, eu só... preciso falar com ele.

Ele desligou nossa comunicação, eu deitei na cama novamente e me cobri bem, tentei voltar a dormir, mas não consegui, minha mente se perguntava o que Bruce quis dizer, minha mente vasculhava minha lembrança mais antiga, mas não encontrava nada.

– Agnes - olhei para a tela, Tony estava gigante e riu do meu rosto amassado - O Professor está chegando em cinco minutos, eu irei levá-lo até a sala de reuniões.

Confirmei, me levantei e me enrolei no cobertor mesmo e fui para a sala de reuniões. Os que passavam por mim me olhavam torto e os poucos com quem eu tinha conseguido começar a falar agora me olhavam amedrontados, isso apenas me fazia me esconder ainda mais no meio do cobertor. Entrei na sala de reuniões, sentei em uma das cadeiras e descobri minha cabeça. Quando a porta se abriu eu me assustei, Tony conduzia o professor, os dois me analisaram por alguns instantes até o professor parar a minha frente.

– Pode nos deixar, Anthony - falei, ele olhou preocupado par ao professor que confirmou com a cabeça. - Professor, eu...

– Eu sei - eu ri, já devia ter imaginado - A mente deles só pensa naquele momento, a maioria está com medo e curiosa, mas o medo é ainda maior. Mas por que me chamou aqui?

– Não sabe ainda? - ele riu - Claro que sabe, - eu ri - Você das memórias que nos são implantadas, certo? - ele confirmou - Ontem eu e Bruce tivemos uma conversa e ele - eu respirei - ele me chamou de filha - ele pareceu surpreso - Não sei se eu interpretei errado ou se ele realmente queria dizer isso.

– Ainda bem que eu trouxe ajuda - ele riu, a porta se abriu, Senhor Wayne entrou, ele me analisou e riu, foi empurrado pelo Senhor Stark sorriu para mim.

– Para que precisam de nós? - Senhor Wayne perguntou olhando o Professor.

Contei a eles sobre o que acontecera.

– Sim, é verdade - Senhor Stark falou logo que terminei os relatos - Você é mesmo filha do... Mas que droga, Tony! Eu não te dei educação, não? - eu olhei em volta, a porta se abriu, Tony e Bruce entraram. - Até você, Bruce?

– Desculpa, senhor Stark.

– É bom que tenham ouvido - o Professor falou - Como os líderes da torre é bom saberem com quem estão lidando - os dois sentaram ao meu lado, fiquei no meio e me encolhi ainda mais.

– Como eu ia dizendo, você é mesmo filha do Bruce Banner - os olhos do Senhor Stark pareciam ter pitadas de saudade, eu vi nos vídeos que ele lutara ao lado do agora meu pai - Sua mãe faleceu enquanto você nascia e seu pai estava para ser sacrificado pelo governo. - ele passou a mão pelo rosto como se aquilo lhe causasse dor por lembrar. Senhor Wayne se permitiu continuar.

– Bruce só teve tempo de pegá-la no colo e depois já foi arrancado de você. Ele até se transformou para poder protegê-la do governo, mas eles já tinham descoberto uma forma de neutralizar o Hulk. Então Bruce só teve alguns minutos para ficar com você - eu me abracei sem perceber, eu estava quase chorando - Depois da morte do seu pai ele nos fez prometer que se fosse para dar o Hulk a alguém, esse alguém deveria ser você.

– Por que ele passaria esse monstro para mim?

"Para sua segurança" eu travei.

– Pai... - Tony e Bruce se olharam e para os outros a sua frente que tinham sorrisos no rosto.

"Eu queria te proteger da droga do governo, eu sabia que você poderia controlar o Hulk"

– Eu não precisava do monstro para sobreviver, você me deixou uma maldição - eu já tinha lágrimas molhando meu rosto - Agora eu sequer consigo ter amigos ou consigo fazer com que as pessoas confiem em mim.

"Isso não é culpa do Hulk ou minha, Agnes. Se você não consegue ter a confiança de nenhuma pessoa é porque não confia em você mesma"

Eu parei, limpei as lágrimas e pude ouvir algo como um riso.

"Sua mãe estaria feliz em vê-la agora, tenho certeza disso"

– Ela era uma boa pessoa?

"Ela confiou em mim para cuidar de você"

– Mas você morreu logo depois.

"Mas eu tinha pessoas em quem confiar para cuidar de você" olhei o Senhor Stark e o Senhor Wayne "Sei que ser tratada como um rato de laboratório não é nada legal, então aproveite agora que você está livre. Aproveite para fazer amigos e para descobrir mais sobre você e o Hulk, descobrir mais sobre o que podem fazer juntos. Eu confio em você e nele também, sei que podem se entender. Isso era tudo que eu tinha para você, Agnes. Minha filha."

– Não! - eu fitava o nada, ele se foi, acabou, quando finalmente pensei ter alguém próximo a mim essa pessoa se foi. Não! - Não!

– Acho que acabou - Professor falou, eu olhei os outros - Tudo bem?

– Tudo bem? Você está me perguntando se está tudo bem? - eu percebi a alteração na minha voz, Professor começou os ataques a minha mente que não estavam resolvendo - Eu pensava estar sozinha, quando encontro alguém que pode me entender esse alguém é meu pai e agora até ele partiu, como algo pode estar bem nesse momento.

– Agnes... - uma mão encostou em meu ombro era gelada, olhei feroz para a pessoa.

– Brain..niac... - eu respirei.

– Mais calma? - confirmei - Ótimo, porque finalmente consegui um bom treinamento para você.

– Brain, acho que isso não é hora - Bruce falou e olhou os outros.

– Na verde, é perfeito, quase perfeito - o ser verde falou - ela está meio zangada, então acho que poderá me mostrar melhor o quão boa é a programação - ele olhou os outros três - O que me dizem?

– Ele tem razão - Senhor Wayne falou.

Fomos todos para a sala de treinamento, estava vazia. Eu fui até uma ponta da cabine, um disco eletromagnético me guiou até lá embaixo, Tony tinha pego meus cobertores então agora eu estava só de pijama que não era a coisa mais adequada para um treinamento, mas era o que eu tinha para o momento. Brainiac deu o aviso de inicio do treinamento, eu vi coisas grandes serem projetadas a minha frente, lembrei de alguns vídeos do monstro verde atacando aquelas coisas. Corri até elas e tentei fazer o que fizera anteriormente, transformar meus pés para um salto de maior impulso, mas não fui feliz com a transformação e acabei caindo de cara. Na base pude ver as caras de dor. Tentei novamente e mais um fracasso, outra vez e outra.

Inumeras vezes, Senhor Wayne, Senhor Stark e o Professor já tinham ido embora. Tony e Bruce tinham ido arrumar outra coisa.

Peguei distância corri, consegui transformar as pernas, olhei para Brainiac animada e rindo e esqueci que estava caíndo, no desespero da queda esqueci de manter as pernas, voltaram a forma humana e eu caí com tudo ao chão. Brainiac desceu até a pista. Veio até mim, as projeções tinham acabado.

– Você está bem?

– Ai... Estou - eu peguei na mão dele para me levantar - Você viu? Eu consegui! - eu podia jurar que o vi sorrir.

– Vi e foi computado - ele me analisou - Acho melhor por um gelo.

Fomos até a cozinha pegamos uma bolsa que enchemos com gelo, ele ficou segurando para mim.

– Nossa! O que foi isso? - Clark perguntou assim que viu o estado do roxo nas minhas costas.

– Eu cai - falei rindo e sentindo dor - durante o treinamento.

– Já está treinando? - ele perguntou empolgado e olhou Brainiac - Brain, o que você acha de eu e ela treinarmos juntos? Os outros não aguentariam, mas ela, puxa, ela seria perfeita.

– Por enquanto não - Brainiac falou me entregando a bolsa gelada - Você e ela têm muito o que amadurecer dos seus poderes ainda, mas acho que seria uma boa ideia para o futuro.

Ele saiu e nos deixou a sós.

– Está indo para uma missão? - perguntei apontando para a mochila que ele carregava.

– Vou visitar meu avô no interior. - eu o olhei confusa - Clark Kent, Kal-El, como preferir.

– Calma lá - ele riu - Você é neto do verdadeiro Superman?

– Sou sim. Ou você acha que os heróis doam os poderes assim facilmente?

– Seu avô não foi morto?

– Não. Depois de entregar a identidade dele e abrir mão dos poderes permitiram que ele continuasse como jornalista.

– Que legal. Queria que com meu pai tivesse sido assim - eu ri e senti dor - Boa viagem.

– Obrigado.


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