Monsters escrita por Vlk Moura


Capítulo 2
Capítulo 2




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– Você tem certeza disso? - a voz vinha de detrás da porta, eu estava em uma das quinas do quarto encolhida, abraçada a minhas pernas.

– Tenho, se não for agora, ela nunca irá sair.

– Espero que esteja certo.

A porta se abriu, a luz entrou, eu não me mexi, agradeci de a claridade não me atingir, os dois me olharam e sorriram gentis. Já estavam idosos, fazia um bom tempo que eu não os via.

– Senhor Stark, Senhor Wayne... - falei meio rouca, fazia muito tempo que eu não conversava.

– Olá, Agnes - eles se moveram, usavam coletes brancos de laboratório, imaginei que pegariam mais amostra, mas a roupa debaixo me informou que não, Senhor Stark usava uma camiseta que tinha uma caveira e uns escritos que não consegui ler por causa da claridade e da coisa acesa em seu peito. Senhor Wayne usava algo como um terno e ainda era possível ver seus músculos agora caídos - Espero que esteja pronta - Wayne falou, Stark me esticou a mão, eu me levantei apoiada nele, bambeei um pouco e olhei os dois.

– Vamos? - Stark falou já me dando as costas, eu não tinha certeza se ainda sabia andar, mas os segui, desequilibrei um pouco.

Eu os observava conforme andava, de costas não pareciam velhos, ambos ainda eram charmosos e acho que as mulheres deveriam gostar muito deles, mas observei que ambos usavam alianças, bem velhas por sinal. A primeira vez que me encontrei com eles não usavam aquilo e duvido que da última vez também usassem. Mas eu ficava feliz por eles por terem encontrado alguém com quem viver.

Não contive um sorriso. Bruce me olhou pelo ombro e sorriu desajeitado.

– Qual a graça, criança?

– Vocês dois - eles se olharam - estão de aliança - eles olharam as mãos e sorriram.

– Homens não podem ficar sozinhos para frentes - Stark falou e eu ri.

Mesmo que antes fossem bem frios comigo eu gostava deles, algo no meu interior dizia que eu podia confiar neles.

"São amigos" era o que a voz grossa dizia no meu interior, era assustadora e eu odiava ouví-la, mas não podia controla-la.

Andamos até um vestiário que só percebi ser um depois que me informaram que era um.

– Tome um banho e vistasse - Stark falou - Estarei te esperando lá fora.

Confirmei.

Descobri sozinha como ligava aqueles chuveiros, tinha uma programação que precisava ser desfeita, nas minhas lembranças infantis era só rodar o registro. A água caiu contra minha pele quase que a machucando, fazia anos que eu não tomava um banho decente, na verdade, eu não poderia ter o luxo de sair daquele quarto sem destruir tudo, senti meu estomago revirar e roncar, pensei que talvez eu estivesse com fome.

Vesti a acalça que estava ali, a camiseta que era igual a do Senhor Stark e ri, ele se lembrou da vez que elogiei sua roupa antes de desmaiar de fraqueza, era engraçado que se lembrasse daquilo. Saí do banheiro e lá estava o idoso Stark. Ele olhou minha roupa e sorriu.

– O senhor lembrou - falei enquanto o seguia, ele confirmou - Obrigada.

– Não há de que - ele colocou as mãos nos bolsos - Agnes, esse é o Professor X - aquela careca eu me lembro dela, foi ele quem foi até minha casa, ele me analisou, eu sabia o que fazia, lia minha mente, ele estava com medo de que eu me tornasse aquilo.

– Sei quem ele é - Stark me olhou assustado - É bom saber que ainda está vivo, Professor.

– Digo o mesmo, Agnes - apertamos as mãos e mentalmente nos ameaçamos, ele podia me parar, mas eu podia matá-lo ali naquele segundo, mas nenhum fez agiu.

– Vamos - Stark apoiou as mãos nos meus ombros e me guiou, Professor X nos seguia naquela cadeira flutuante e irritante que provavelmente mostrava defeitos no sistema - Caramba, me lembra de concertar essa coisa, Professor, esse barulho é irritante - Professor apenas riu.

Paramos no hall de entrada do prédio depois de pegarmos o elevador que subiu tantos andares que perdi as contas. Ali tinha quatro figuras, uma delas eu identificava como o Senhor Wayne as outras três eu não conhecia e elas pareceram não gostar de me ver, eu congelei por alguns segundos.

"Não se preocupe, são amigos" olhei o Professor, ele assentiu, eu não tinha certeza se devia confiar nele, mas acreditei no que disse.

O Senhor Wayne sorriu para mim e abriu espaço de forma que eu fiquei sendo encarada pelos outros três que olharam os três idosos e me encararam novamente.

Um deles era verde e tinha três circulos na testa ligados por um risco preto, parecia ser um androide, mas era verde e tinha um cabelo loiro, ele olhou o Professor X e logo seus olhos começaram a fazer uma leitura que me assustou. Os outros dois pareciam versões jovens do Senhor Stark e do Senhor Wayne e chegava a ser assustador olhar para eles.

– Ela? - o que parecia o Senhor Wayne falou torcendo o nariz.

– Não, ela. ELA. - Senhor Wayne falou e olhou o verde - Certo, Brainiac?

Olhei o verde, ele piscou algumas vezes, me olhou e voltou a fazer analises.

– Desculpa, vovô, mas como essa magricela pode nos ajudar? - o que parecia o Senhor Stark falou.

– Vocês irão descobrir - Brainiac falou e olhou os outros três - Já podemos ir? - os três confirmaram.

– Desculpa, ir para onde? - olhei o Senhor Wayne e o Senhor Stark.

– Você não ficará mais no laboratório, Agnes. Finalmente chegou o momento que deveria interagir com pessoas da sua idade - Senhor Stark sorriu apoiando a mão na minha cabeça - Tony vai cuidar muito bem de você.

– Não prometo nada - o parecido com ele falou.

– Eu sei me cuidar, Senhor Stark.

– É isso que me preocupa - ele riu tenso - Olha bem par amim - confirmei - Você promete cuidar muito bem deles? - os outros três nos olharam parecendo curiosos.

– Farei o possível. - sorri.

O abracei, ele fez o mesmo. Senhor Wayne veio até nós e me separou do Senhor Stark me abraçou, fui até o Professor X, ele me analisava mentalmente.

– Isso é cansativo - falei apontando para minha cabeça, ele riu.

– Boa-sorte.

– Obrigada.

Corri para acompanhar os três.

– Ah, Agnes! - Senhor Stark gritou, eu e os outros três o olhamos - Não se esqueça de...

– De nunca ultrapassar 50%, não se preocupe, Senhor Stark, vou me controlar.

Ele sorriu e acenou.

– Ela não pretende matá-los, a menos que façam algo muito ruim, não precisam se preocupar - Professor X falou, eu o olhei pelo ombro e sorri levemente, ele sorriu de volta.

Entramos em um veículo que viajava pelo ar, as versões jovens do Senhor Stark e do Senhor Wayne sentaram na parte de comando, Brainiac sentou atrás deles, eu sentei no lugar vazio mais distante deles. Eu não sabia como me comportar com outras pessoas da minha idade, nunca havia feito isso antes.

Chegamos até uma enorme torre que ficava cercada por uma floresta, assim que pousamos alguns jovens se aproximaram, aquilo me deixou ainda mais tensa, eu deveria dizer oi, eu deveria ficar quieta, deveria permanecer ali dentro.

– Venha - o Senhor Wayne jovem falou.

Eu os segui, o grupo se aproximou deles e ao me ver pude perceber que alguns torceram o nariz, eu me encolhi em meus próprios ombros.

– Vocês foram buscá-la? - uma menina falou, ela me encarou bem de perto - O que você faz? - dei de ombros, ela riu.

– Ela é só mais um ratinho, Abgail, não a pressione dessa forma - olhei quem falava, era um asiatico, tinha um cabelo engraçado, ele sorriu para mim - Prazer, sou o Luke - ele esticou a mão - Essa mal-educada é Abgail.

Sorri para eles e apertei a mão dele. Era bonito.

– Vamos, tenho que mostrar onde será seu quarto - a versão mais nova do Senhor Stark falou - Aqui é onde todos vivemos. Eu e Bruce - eu o olhei sem entender - O que não era verde - sorri mostrando que entendi quem era - comandamos tudo daqui junto do Brainiac que é quem permite que tudo aqui funcione, ele é o sistema da torre, além de ser nosso observador, eu e Bruce somos os estrategistas. Aqui cada um faz uma coisa, somos uma equipe, um dia os meninos limpam no outro as meninas, cada um é responsável por deixar seu próprio espaço limpo e nunca invadir o do outro, além de nunca se intrometer nas missões que não lhe forem destinadas.

– Ok - eu respirei - Mas onde eu me encaixo?

– Brainiac irá nos passar as informações que recebeu sobre você, tudo computado e já calculado para sabermos onde é melhor deixá-la, amanhã te mandamos para a sua área. Esse é seu quarto. - ele abriu a porta - Essa é a chave, Brainiac é o único que tem todas as chaves daqui, sabe né, como é robô não tem muito porque querer entrar no quarto das meninas - eu ri sem entender direito - Enfim, descanse que logo vamos servir o almoço.

Confirmei.

Entrei no quarto, era enorme, maior do que o lugar que eu ficava antes, uma cama grande no meio do quarto, uma cabeceira, de frente para a cama um guarda-roupa que eu abri e o encontrei cheio. Na parede paralela a porta tinha uma outra porta de vidro, fui até lá e a abri, ela dava em uma área grande com uma mesinha e uma cadeira, dali eu podia ver a floresta, estava a um pouco mais de cinco metros das árvores mais altas. Bateram na porta e esta se abriu.

– Brainiac, não é? - eu falei olhando o ser verde que assentiu - Alguma coisa errada?

Ele digitou algo na parede telas surgiram no ar, era lindo, ele me analisou enquanto eu achava aquilo lindo.

– O que são essas coisas?

– Computador.

– Isso eu sei, eu digo essas imagens - eu me aproximei.

– Você - eu o olhei - Não você exatamente, mas o que está dentro de você - ele fez as imagens sumirem - eu fiz download de tudo que foi registrado sobre o ser dentro de você e agora está disponível para quando você quiser acessar e aprender e...

– Obrigada, mas não pretendo olhar isso - ele me olhou parecendo surpreso, não sei, ler expressões em um androide é complicado - Eu não importo muito com o que ele fez, eu quero saber o que poderá fazer e... O que eu posso fazer com ele. Mas obrigada, de qualquer forma.

– O jantar será servido. - ele me deu as costas.

– Brainiac - ele parou - Eu sei que você tem tudo o que aconteceu comigo - ele me olhou pelos ombros - Você não mostrou a eles, mostrou?

– Vamos nos atrasar par ao jantar.

Mesmo que eu não tenha me envolvido com muitas pessoas além das que me alimentavam, me medicavam e me limpavam duvido que qualquer pessoa gostasse de ver uma pessoa parcialmente transformada em monstro, eu não gosto de ver e muito menos de ser o monstro.

Segui Brainiac para pelo menos saber onde ir para me alimentar. Uma mesa enorme que estava cheia de ponta a ponta, exatamente ao meio a cadeira de Brainiac, em uma das pontas o Tony Stark e na outra o tal Bruce Wayne, uma unica cadeira vazia de frente para Brainiac que foi onde eu sentei, ou ia me sentar até que a empurraram. Muitos riram, eu sorri meio sem graça e sentindo meu rosto vermelho, puxei a acadeira e me sentei.

– Agnes, não é? - olhei uma outra menina - Nos conte, Agnes, como é ter um monstro verde e enorme dentro de você.

– Legal, eu acho - falei pausadamente e olhei Brainiac, como ele já comia eu me servi e quando fui me sentar novamente, novamente empurraram minha cadeira e eu quase caí, de novo - Ahm... O que vocês podem fazer?

A loira que me perguntou sobre o monstro verde falou que tinha as habilidades do tal Capitão América, que, bem, eu não fazia a menor ideia de quem era. O Luke Wolverine, Abgail Mulher-Maravilha, um outro menino de nome Clark Superman, e muitos outros que eu continuava sem fazer ideia de quem eram os heróis. Levantei para pegar a sobremesa, iam empurrar minha cadeira, eu a puxei, mas não consegui controlar a força a cadeira quebrou ao bater contra o chão. Todos ficaram quietos, eu os olhei assustada, na verdade, acho que mais do que eles.

– Boa noite a todos. - falei e larguei meu prato na mesa e corri até meu quarto, eu estava envergonhada, eu não sabia como lidar com aquilo.

Fiquei deitada na cama.

A porta de vidro estava aberta e um vento gelado soprava para dentro do quarto. Bateram na porta, olhei para quem entrava.

– Bruce...? - ele sorriu.

– Como você está? - ele perguntou e se aproximou da cama, ficou me encarando - Me desculpe por eles, são todos umas criançonas crescidas.

– Sou eu quem devo me desculpar - eu me sentei - Eu não estou acostumada a conviver com outras pessoas eu não pude me controlar, me desculpe - ele soltou um riso, eu o encarei.

– Desculpa, mas não posso continuar com isso - virou outro menino, um tal de Gerard que tinha os poderes de uma tal de Mística, ele ria. As telas que antes tinham imagens do monstro verde agora tinha as caras de todos os outros.

– Saia daqui - eu falei brava. Eu sentia meu sangue correr mais rápido - Saia daqui - ele ficou pálido, eu sabia porquê, a voz que saira não era minha e sim a do monstro, era rouca e ecoava pelo quarto - Saia já daqui.

Eu olhei para os outros eles estavam com olhares assustados.

– Mas que droga! - olhei para tela de onde viera a voz - Vocês só vão parar com isso quando um de vocês perder a vida- era a voz de Tony Stark - Quem foi a... - ele me olhou - Agnes, Agnes, você está bem?

Eu bati nas telas que sumiram, fui para a área do quarto, gostei de sentir o vento ele me acalmava, ficar no quarto era pior. Eu sentia algo enorme crescer em meu peito, mas eu não queria, da última vez foi tão ruim que eu preferia ter morrido a ter de aguentar aquilo, mas me falaram que eu só não morri por causa dele.

Eu não conseguia conter os gritos de dor, agachei no chão e prendi minha cabeça entre meus braços e pernas. Eu podia ouvir os jovens saindo nas sacadas de seus quartos e me assistindo, eu podia ouvir as risadas. Aos poucos meu corpo relaxou e eu caí ao chão.

Acordei e estava na cama, como cheguei até lá não faço a menor ideia. Uma tela surgiu.

– Espero que esteja se sentindo melhor - Era Bruce Wayne, o de verdade - Não pudemos esperá-la acordar para que pudesse acompanhar os treinamentos, caso queira ver, venha até aqui. - outra telinha surgiu e apareceu o andar da torre e um mapa de como chegar até lá - Mas tome um café reforçado para aguentar o dia, até mais.

Eu me revirei na cama e decidi ir até lá apesar de estar muito envergonhada pelo ocorrido. Tomei café sozinha naquela mesa enorme e depois de me perder um pouco, mesmo com o mapa, cheguei até o elevador e apertei o botão do andar que precisava, desci demais, até a porta se abrir em uma plataforma.

– Bom-dia - olhei Bruce Wayne, ele observava os outros e ao seu lado estava Brainiac.

– Bom dia - encostei no vidro e observei todos lá embaixo - Quem é aquele naquela armadura toda dourada?

– Tony - ele falou - Brain, eu to descendo - ele mexeu em um cinto - Até mais, Agnes.

Ele foi até uma ponta e um circulo desceu até o chão.

– Quando vou poder ir até lá? - olhei Brainiac.

– Estou desenvolvendo um treinamento especial para você - ele me olhou - Daqui alguns dias vai poder vir treinar, mas sinto que será sozinha ou com o Luke, ainda vou ver.

Passamos o resto do dia ali. Almocei com Brianiac e fui dormir sem ter contato com nenhum dos outros.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem ^^



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