Monsters escrita por Vlk Moura


Capítulo 11
Capítulo 11




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Juntei as poucas peças de roupa que eu tinha, coloquei dentro de uma mochila que eu não sabia ter. Peguei uma roupa que o Professor me entregou dizendo ser especial, imaginei ser como a anterior, ela não iria ser destruida quando eu me transformasse. Desci os vários lances de escada e entrei na sala onde costumavamos comer.

Não tinha muita gente ali.

– Você vai mesmo? - July me perguntou, eu tinha contado a ela na noite anterior.

– Eu preciso.

– Posso te visitar?

– Claro que pode - falei rindo dela que sorriu para mim.

Quase ninguém estava de pé ainda, nem mesmo o sol parecia muito empolgado para derrotar a neblina. O Professor me guiou até o carro do Senhor Wayne que já me esperava lá dentro. Ajudou o Professor a entrar, o levantou nos braços o sentou e colocou o cinto. Abriu a porta para mim, não o vi guardar a cadeira. O carro era grande e me era familiar, provavelmente era o que ele usava no seu tempo de ação. Vários botões a nossa disposição, eu não conseguiria controlar aquelas mil coisas.

– Os meninos vão ficar bravos - ele falou e me olhou.

– Eu falei com eles ontem, informei que eu iria treinar fora daqui.

– E qual foi a reação deles? - eu ri e o Senhor Wayne me encarou.

– Eles surtaram um pouco, mas falei que o Professor estaria comigo e eles relaxaram. Eles parecem confiar bastante no senhor, Professor - ele confirmou.

Ficamos em silêncio a maior parte do tempo. Senhor Wayne e o Professor conversavam um pouco, mas eram palavras curtas e rápidas, nada como um diálogo real.

Paramos de fora de um muro destruído que tinha apenas um portão de pé. Senhor Wayne desceu do carro, eu o imitei, ele ajudou o Professor que se aproximou do portão e o analisou, provavelmente muitas lembranças fortes deviam surgir em sua mente, eu não conseguia imaginar como era isso. Ele me olhou, deu um meio sorriso e começou a guiar a cadeira pelos destroços. Ele explicava como era o terreno, cada minimo detalhe. O Senhor Wayne o observava atento, parecia curioso com aquilo, eu não estava tão curiosa, queria apenas saber onde iriamos nos abrigar e onde eu poderia treinar.

– Isso foi a única parte que ficou parcialmente de pé - Estávamos de fora de uma mansão - Essa parte aqui - ele esticou o braço direito - está condenada, prestes a cair, mas esse lado - esticou o braço esquerdo - está habitável. Espero que não se importe com isso.

– Sem problemas - falei avançando, Senhor Wayne vinha conosco.

O Professor me indicou um comodo onde eu poderia dormir. Coloquei minha mochila na cama e logo saí para conhecer o lugar. Andei pelos cômodos muito curiosa. No que me pareceu ser a sala tinha uma enorme janela de vidro que dava para ver a destruição do terreno.

– Foi horrível - eu me assustei, Senhor Wayne estava me observando - Eles não lutaram, se renderam, mas mesmo assim o Governo teve de mostrar que tinha mais poder. Os Sentinelas entraram e destruíram o que apareceu pela frente. O Professor tentou cuidar de todos, mas sozinho era inútil. Ele salvou algumas amostras genéticas dos que moravam aqui. Luke tem os genes de um amigo do Professor e alguns outros que estão lá também têm. Para ele deve ser bom ver os poderes em ação novamente.

– Mas as vezes me bate a saudade - olhamos o Professor - Vir aqui é relembrar os momentos bons e ruins - ele nos olhou - Estão com fome? Posso preparar algo para vocês.

– Deixei as coisas no carro - Senhor Wayne falou - Vou lá pegar, vocês fiquem se conhecendo melhor.

Ele saiu.

Continuei observando a área destruída. Professor fazia o mesmo, até que cenas começaram a correr pela minha mente, crianças brincavam com seus poderem, muitos da minha idade outros mais velhos. Uma menina atravessava paredes, um azul ficava sumindo e aparecendo, um menino fazia esculturas de gelo, uma menina com luvas se escondia em um canto, uma mulher de cabelo branco observava a todos ao lado de um homem peludo azul. Todos pareciam bem felizes, eu me senti feliz em vê-los. As imagens sumiram, olhei o Professor, ele observava minhas reações, sorriu e eu o respondi da mesma forma.

Senhor Wayne ajudou Professor a preparar algo para comermos, eu os observava. Comi como se tivesse passado muito tempo sem comer nada. Senhor Wayne se despediu e foi embora.

– Vamos dar uma volta?

Professor convidou, eu o segui. Tudo destruído e a cada parte que andávamos ele me mostrava alguma lembrança do lugar, com os mutantes mais variados que podiam existir. Senti uma emoção muito grande junto daquelas imagens. Toquei em uma árvore que estava cheia de fungos. Uma imagem veio, um robô enorme que entrou destruindo todos. Um homem com as habilidades do Luke saltou sobre a máquina tentou derrubar, foi jogado longe, raios caiam atingindo os robôs, o menino azul sumia e aparecia ajudando os companheiros, a menina das luvas tocava um outra que formava bombinhas com as mãos e as duas começaram a jogar isso contra os robôs. O menino de gelo tentava fazer barricadas. Era tudo uma enorme confusão. Professor era carregado pelo homem azul para dentro da parte intacta, ele tinha sido atingido. O homem falou algo e aplicou uma injeção no Professor que gritou bem alto e apagou.

Eu o olhei. Ele estava com o olhar triste.

– Não foi sua culpa - ele me olhou - Eles tentaram resistir porque quiseram, não foi culpa sua.

– Pouco depois de eu apagar eles foram capturados, se renderam.

– Eles te defenderam.

– Deixaram uma mensagem, falaram que eu era o único que poderia continuar a ajudar seres como nós, eu devia sobreviver pelo bem do futuro - ele inspirou de forma engasgada.

– Nossa! - ele me encarou - Deve ser incrível ser tão importante assim - ele deu um riso que eu não entendi.

– Quer começar a treinar? - eu o olhei surpresa - O que foi, muito cedo?

Começamos.

Eu transformava cada parte do meu corpo e voltava quando percebia que estava no limite, fazia isso repetidas vezes e nas horas de descanso ele me permitia conhecer um pouco mais do seu passado. Eu queria poder compartilhar algo com ele, mas eu não tinha muito e o que eu tinha ele já sabia o que tornava nossa troca apenas ele me mando e eu recebendo.

Treinamos até eu cair exausta, era complicado e eu tinha medo de perder o controle. Professor preparou algo para comermos.

Passamos alguns dias treinando dessa forma até um carro encostar de fora, ele vasculhou quem se aproximava. Senhor Wayne.

Fui até o portão para poder ajudá-lo a carregar as compras, ele seria nosso responsável. Quando fui ajudar com as várias sacolas vi alguém mais com ele. Sorri par a apessoa. Brain pareceu sorrir de volta, carregava algumas sacolas que peguei de sua mão e levei para dentro.

– O que ele faz aqui? - Professor perguntou para o Senhor Wayne - Bruce, eu te falei que no máximo o Tony poderia vir.

– Não se preocupe, Charles - olhamos Brain - Eu não vou revelar sobre onde estão.

– Confio nele - os três me olharam.

Brain andou pela parte habitável da mansão, parou na janela e observou a mesma destruição que eu observava todos os dias. Fiquei ao seu lado também observando aquilo, ele me olhou e pegou minha mão, eu o encarei sem entender o que ele fazia.

– Eu sei que você vai conseguir - eu o observei - Sei que vai superar o seu limite - eu o abracei.

– Obrigada. - ele me abraçou de volta.

– Como estão fazendo?

– Saímos e eu tento me transformar até além do limite, eu sinto que evoluímos, mas nada significativo.

– Qualquer evolução é significativa.

– Obrigada.

– Posso ver seu treino hoje?

Olhei o Professor ele nos escutava, ele me olhou, leu minha mente e confirmou, confirmei para Brain que processava tudo o que ocorria, ele agradeceu o Professor.

Fomos para fora. Brain e Senhor Wayne ficaram afastados, longe o suficiente para se protegerem, perto o suficiente para verem. Encarei o Professor, ele pediu que quando eu estivesse pronta poderia começar. Transformei as mãos e braços, Professor acompanhava minha sanidade. Transformei os pés, comecei a sentir o corpo falhar, levantei o rosto e encarei o Professor, tentei transformar o rosto, eu sentia tudo sair, uma pontada na cabeça, eu me estiquei, eu estava conseguindo, minhas costas começaram a se transformar, encarei Brain, ele me olhava curioso, mas o nos seus olhos eu via que ele calculava, ele sabia que eu não ia aguentar, ele já tinha a resposta.

Comecei a perder o controle, minha mente estava a mil, se eu continuasse me perderiam, foi o mais próximo do meu limite que eu cheguei. Meu corpo não parava, respirei fundo e senti um golpe na minha mente, olhei o Professor, ele estava concentrado. Olhei os dois homens ao fundo. Brain estava com um olhar admirado, Senhor Wayne parecia sorrir, se aquilo for um sorriso será uma das coisas mais estranhas que já vi na vida.

Caí com meu corpo cansado, minha mente rodava. Tentei me levantar, mas provavelmente eu só parecia estar ridícula. Alguém me levantou, tentei olhar par a apessoa, mas minha mente não me deu tempo o suficiente para isso. Apaguei.

Era normal eu apagar, mas agora foi diferente, eu tinha chegado muito perto, talvez se eu tivesse insistido mais eu conseguiria transformar e me manter. Alguém me observava, sentia o olhar sobre mim, me contorci dolorida. Brain estava escorado na parede ao lado do que era minha cama, que era um colchão ao chão. Ele me analisou e agachou ao meu lado.

– Está se esforçando muito - ele falou, eu confirmei.

– Não quero perder o controle novamente, muito menos machucar alguém porque não consigo ter consciência do que faço.

– Ela merece saber - olhei o Senhor Wayne que entrava no quarto, eu não entendia - Você me fez trazê-lo para dar a noticia, Brainiac, e agora é a hora.

– Você tem razão. - olhei o ser verde, ele se sentou ao meu lado. - Atacaram nossa base - eu não tive certeza de ter entendido o que ele falou - Nos pegaram a noite de surpresa. Pegaram July e Clark. - eu tentei me levantar, mas fiquei tonta. - Eu disse que não era bom enquanto ela estava assim.

– Pegaram a July e o Clark? Mas como?

– Eles nos cercaram de kryptonita - Senhor Wayne falou - Tony até tentou ajudar o Clark, mas se ficasse mais tempo iriam pegá-lo também. Ele teve de escolher. Ele está arrasado, Clark estava nos braços dele quando...

– Eu quero voltar - falei e olhei o Professor - Eu quero me encontrar com os outros, eu preciso ajudá-los.

– Você tem certeza? - Professor perguntou olhando nossos dois companheiros.

– Preciso saber se posso fazer alguma coisa. Eu preciso tentar salvar a July e o Clark.

– Eu te falei que ela ia querer ir - Senhor Wayne falou.

Ainda meio tonta juntei minhas coisas. Fomos todos juntos para o carro chamativo. Senhor Wayne colocou o Professor dentro do carro, Brain e eu fomos no banco traseiro, ele me passou algumas informações sobre o ataque, falou que tinha um robô gigante, eu olhei o Professor, ele me observava, sabíamos que o robô era o mesmo das lembranças dele. O ser gigante metálico derrubou muitos dos nossos, mas conseguiram levar alguns para dentro, mas o ataque em cima de July e Clark foi mais pesado, não conseguiram parar.

O carro parou de fora de uma torre que eu desconhecia, me perguntei quantas propriedades o Senhor Stark tinha.

– Bem-vinda a minha casa - olhei o Senhor Wayne - Fazia tempo que eu não vinha aqui, até que foi urgente - ele bateu a porta do carro depois de sentar o o Professor na cadeira - Vamos?

Senhor Wayne ia a nossa frente, Brain atrás dele, o Professor e por fim eu que observava aquele terreno enorme, se eu soubesse que tinham um lugar tão grande tinha ficado ali treinando sem me preocupar. Os outros poderiam ficar a uma distância segura e o Professor me parar caso eu perdesse o controle. O Professor me olhou e riu de canto tão surpreso quanto eu.

A porta da frente foi aberta.

– Alfred - Senhor Wayne se curvou para cumprimentar o idoso que já começava a enrugar e parentava tão velho que parecia sofrer o efeito das estrelas quando envelhecem, se encolhem tanto ao ponto de se tornarem buracos negros, com toda certeza aquele homem se tornaria um buraco negro se não morresse logo.

Professor riu dos meus pensamento.

– Vai dizer que acha que não? - ele riu ainda mais.

Braços envolverem meu pescoço tão rápido que não consegui raciocinar quem me abraçava. Olhei a pessoa e me surpreendi. Abgail estava assustada, Luke se aproximou e me abraçou tenso. Ela estava ferida e parecia puxar de uma perna, Luke estava perfeito, claro que estava, mas parecia abalado emocionalmente.

– Eu a levo daqui - Luke falou e pegou minha mão, Abgail pegou a outra.

Os dois começaram a me guiar pela mansão. Vários dormitórios até chegarmos a uma porta diferente, Luke a abriu. Entrei no cômodo e parei. Um corpo desacordado, a luz no peito fraca, na outra maca pareci ter o mesmo corpo só que envelhecido e sentindo mais dor. Eu me aproximei dos dois, eu tremia nervosa. Abgail puxou Luke para fora. Brain entrou e me observou.

– Eles vão ficar bem? - perguntei sem olhar meu companheiro.

– Infelizmente não. Eles usaram demais, se esforçaram demais. Os corações não aguentam.

– E o que pode ser feito?

– Teríamos de criar novos - eu o observei - Eu busquei como fazer, o Senhor Stark deixou muito bem guardado, mas eu consegui pegar, porém eu não consigo construir um novo.

– Por isso foi atrás de mim. - ele confirmou. - E o Bruce?

– Ele tentou, mas com uma mão só fica complicado e o Senhor Wayne se recusa a se envolver com essa tecnologia.

– Qual o nome dessa coisa? - apontei par ao peito do Tony.

– Arc Reactor - Brain respondeu como se fosse óbvio. - É o que os mantém vivos.

– Imaginei que não poderia se ruma coisinha qualquer - falei - Vai ser difícil?

– Muito.

– Certo. - passei a mão pelo pescoço - Me passa tudo o que tem e eu o farei.


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