Monsters escrita por Vlk Moura


Capítulo 10
Capítulo 10




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Eu comi como se a muito tempo eu tivesse ficado sem me alimentar, o que não deixava de ser verdade uma vez que eu não me recordava da muita última alimentação e meu estomago também parecia estar muito tempo sem receber qualquer coisa. A primeira garfada que deu o fez doer, esperei alguns segundos até dar várias seguidas sem me preocupar com o enjoo que me subia pela garganta. Olhei o grupo, muitos estavam feridos, com algum membro enfaixado. Eu não tinha certeza de qual das invasões tinha sido, mas torcia para que nenhum daqueles ferimentos tivesse sido causado por mim.

Luke me observava de volta e reparei nisso porque em alguns segundos eu o estava encarando de volta perdida em meus pensamentos. Voltei a comer, ele me deu um chute por debaixo da mesa, eu o encarei, ele sorriu e fez um sinal discreto com a cabeça. Se levantou sem falar com ninguém, eu dei um tempo e encarei o meu prato vazio, se eu comece mais realmente acabaria vomitando, bebi meu refrigerante e pedi licença. Alguns tentaram falar comigo, mas o próprio Professor os impediu dizendo que eu estava muito cansado, o que não era mentira, eu realmente estava cansada, na verdade, destruída é a melhor palavra.

Fui até a área de fora que agora com consciência eu via que ainda estava bem destruída. Luke estava sentado em um banco que estava apoiado por tijolos. Fui até ele que levantou o olhar para poder me observar, ninguém falou nada.

– Fiquei preocupado com você. - aqueles olhos puxados e provocativos me observavam.

– Eu queria poder dizer o mesmo - me sentei ao seu lado - Mas fui bloqueada - ele riu, o encarei.

– Quando ele nos contou o que fizera juramos que você estaria morta. O Governo iria atrás do Hulk, com toda a certeza iria. Ainda mais porque você estava em todos os noticiários - eu o encarei franzindo o cenho, não entendia o que ele queria dizer - Você foi capa do jornal local por duas semanas, depois apareceu na televisão por mais duas até que os casos daqui se apagaram, mas em blogs e jornais melhores novas fotos suas continuavam aparecendo. Você passou por maus bocados.

– Sério? - eu olhei a ponta do meu tênis surrado, ele confirmou. - Eu não consigo me lembrar de nada, além de acordar duas vezes e depois o Anthony já estava me trazendo para cá, é tão estranho- encolhi os ombros - Luke - ele me analisou - Eu... Eu... - eu não queria saber aquela resposta - Eu machuquei muita gente?

– Sim e não - ele sorriu e se levantou - Você machucou muita gente - eu me encolhi ainda mais - Mas muita gente deles, gente que queria o seu mal, nenhum civil foi ferido, além de alguns robôs destruídos, mas nenhuma perda realmente valiosa.

Respirei aliviada.

– O Senhor Wayne e o Senhor Stark ficaram preocupados quando te viram fugindo. Pensaram que teriam te perdido para sempre e que seria o nosso fim - ele suspirou - Todos nós pensamos que morreriamos, mas você carregou todo o problema, os tiros e toda a atenção. Quando eles retornaram poucos de nós tinhamos esperanças de que fossemos sair vivos, mas descobrimos que juntos podemos ser bem fortes. Você tinha que ver como a nossa Força-Aérea é espetacular. July foi nossa maior revelação do campo - ele sorria - Ela acabou com gente do ar e da terra, ela foi fantástica. Abgail também foi incrível. Ela socou tantos homens que com toda certeza boa parte do exército deles deve ter recuado após que ela os abordou. Mas mesmo com tanta força eles eram muito maiores, tinham muito mais armas, e além de mim, você e o Clark ninguém mais aqui é praticamente indestrutível. Então foi pesado. - ele pareceu cansado.

Eu estava em silêncio o ouvindo e pensando se eu não tivesse fugido se eu teria consigo voltar, se o Professor não tivesse me bloqueado eu teria consigo voltar ao normal? Eu poderia tê-los ajudado mais?

Luke me observava e parecia saber o que eu pensava, ele agachou a minha frente e sorriu, um sorriso que eu não me lembrava de já ter visto nele.

– Não fique preocupada, ok? - eu o olhei - Você não estava aqui no segundo ataque, mas também estava tendo suas batalhas.

– Mas eu não pude ajudá-los.

– Agnes, você com toda certeza nos ajudou - eu não entendi mais uma vez - Nós lutamos pensando em você, pensando no quanto tinhamos de ser fortes para podermos vê-la novamente ou, sei lá, quem sabe até para poder salvá-la caso eles tivessem te pego.

– Se eu não tivesse fugido eu poderia ter sido útil e nem tantos estariam feridos.

– Olha para mim - ele virou meu rosto de forma que eu não conseguia tirar os olhos dele - Se tantos estão feridos é porque quiseram lutar, foi escolha deles e mesmo que você estivesse aqui não poderia mudar isso, tudo bem? E nós somos heróis, fomos feitos para chegarmos ao nosso limite, sair ferido é uma consequência, então não pense que precisa sempre nos proteger, porque não é verdade, nós tinhamos de nos proteger antes de você se juntar ao grupo e todos aqui queremos continuar responsáveis por nossa própria segurança.

Eu sorri para ele, não pude evitar. Ele sorriu de volta e me abraçou bem forte, eu o abracei de volta, eu estava precisando de um abraço amigo há muito tempo, de um abraço que pudesse me acolher. Eu sabia que eu tinha os da July, mas nesse momento o do Luke foi o mais perfeito, provavelmente pelas coisas que ele acabara de falar e isso foi importante para mim.

– Ainda sou da equipe de vocês? - perguntei o que o fez rir.

– Você sempre será da nossa equipe - ele pegou minha mão e começou a me guiar para o prédio - Você precisa descansar um pouco, amanhã conversamos melhor.

Eu tinha de concordar com ele. Eu precisava deitar na minha cama e dormir o máximo de tempo que fosse possível.

Na porta de entrada do prédio - o que deveria ter a porta de entrada - tinha uma sombra apoiada, eu forcei a visão e não consegui identificar quem era. Luke cheirou o ar e depois forçou a visão, ele já tinha certeza do dono daquele vulto. Ele me olhou e sorriu soltando minha mão. Fiquei encarando nossas mãos se afastarem conforme ele acelerava o passo.

Parou ao lado do vulto e falou algo que infelizmente eu não pude ouvir. O vulto descruzou os braços o que entregou sua identidade. Anthony estava escorado no que antes tinha sido o suporte para os vidros que ficavam na entrada.

– Como se sente? - ele perguntou quando me aproximei.

– Cansada - falei levando a mão até o pescoço tenso - Preciso dormir um pouco.

– Vem, vou te levar par ao seu novo quarto.

– Novo? - ele confirmou e não disse mais nada enquanto me guiava até as escadas. contou apenas que os elevadores estavam danificados e esperava que eu não fosse me importar de subir seis andares pelas escadas.

Eu não tinha muita opção aparentemente.

– Todas as suas pesquisas assim como o computador foram instalados no novo quarto, mas agora você não tem uma porta super resistente que tranca apenas por fora.

– Obrigada - falei cansada e abrindo a porta depois que ele passou um cartão magnético. - Anthony... - ele me encarou e me entregou o cartão - Depois você me manda todas as noticias que colheram sobre mim no periodo que fiquei fora?

Ele confirmou e fechou a porta.

Aquela cama era bem mais confortável que a minha, o climatizador estava perfeito, um pouco mais frio do que quente, da forma como eu gostava. Acionei o computador e uma enorme mensagem apareceu em letras garrafais "É tê-la de volta" respondi com um "É bom estar de volta". Eu sabia que era obra do Brainiac.

Procurei algumas noticias, mas só encontrava dos jornais locais, li algumas e apaguei naquela cama grande e confortável.

Acordei com um apito de mensagem chegando, a abri ainda sonolenta e vi que era o arquivo que eu tinha pedido ao Anthony.

Desci par ao café da manhã, a mesa estava bem vazia. Apenas o Senhor Wayne e o Professor estavam sentados ali.

– Onde estão os outros? - perguntei depois de cumprimentá-los.

– Os que não estão trabalhando na reforma estão treinando - Professor me respondeu.

– Eu sinto muito - falei e não os olhei, mas percebi que trocaram olhares - Sinto muito não estar aqui quando eles voltaram.

– Não, não... - Senhor Wayne pegou minha mão - Não foi culpa sua, Agnes. Mesmo se estivesse aqui não poderia tê-los detido.

– Na verdade se estivesse aqui teria sido pior. - olhamos o Professor - Calma, não me refiro a vocês, mas ao que eles buscavam aqui. Vieram atrás da filha do Bruce Banner, no caso, você. Queriam pegar seus genes e criar uma nova máquina.

– Quer dizer que eu estar longe fez com que a destruição fosse menor?

– Está duvidando do homem que pode ler mentes? - ele estava fazendo uma brincadeira, o Professor X estava fazendo uma brincadeira - O que foi, pensou que eu fosse um velho, seco, sem animação?

– Eu realmente preciso responder isso? - ele riu e olhou o Senhor Wayne.

– Stark está precisando de você.

O Senhor Wayne se levantou depois de pedir licença e se despedir de mim.

– Sei que detesta o fato de eu ter bloqueado sua mente - olhei o Professor - Mas tive de fazer, do contrário você poderia ter destruído tudo - confirmei, pensei muito sobre isso desde que voltei a ter consciência e tinha de concordar com ele - E até mesmo se destruído.

– O que quer dizer?

– Se você tivesse matado um deles, você se perdoaria? - nunca tinha pensado nisso.

– Eu preciso treinar mais, preciso ultrapassar meu limite e voltar, mas não faço ideia de como posso fazer isso.

– Se precisar de ajuda...

– O senhor tinha uma escola que ajudava jovens mutantes, não era? - ele confirmou - Era um espaço grande?

– Na verdade, ainda é, ainda sou o proprietário do terreno e não construíram nada no lugar. Está pensando em...

– Sim. Lá não corre o risco de eu machucar alguém, seria perfeito. - o Professor concordou.

– Mais tarde nos falamos.

Ele se retirou e eu continuei ali sentada por mais alguns minutos até resolver ir ajudar na reconstrução do prédio. Lembro que ajudei a destruir uma parte depois que perdi o controle, então não fazia mais do que a minha obrigação.


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