Bestas de Mármore escrita por Filipe


Capítulo 24
Lentamente




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Lentamente repousei minha cabeça sobre seu colo, entristecido com o mundo e como ele foi cruel conosco. Fui abatido enquanto ainda tinha liberdade sobre meu coração. Agora que ela ia embora pude me sentir afogado, poderia pausar cada minuto, cada momento que passava com ela, pois sabia que aqueles eram os últimos, assim sempre teria ali, o meu “pequeno” para sempre, que nunca durou.

Ela alisou meus cabelos, seus dedos passavam lentamente por todos os fios, analisando cada detalhe. Pude sentir os dela também, assim quando eles caíram sobre meu rosto, pois ela se virou na finalidade de encostar seus lábios em minha testa, concluindo com um beijo. Eu queria estar sempre ali para ela, eu poderia, mas ela nunca estaria sempre ali para mim. Sentia sua respiração em meu ouvido quando ela se abaixou e disse baixinho a mim:

— Eu te amo. — Ela não se importava se estávamos sozinhos naquele banco de praça, queria que eu soubesse de tudo, que sentisse sua alma, assim como ela sentia minha dor. — Não quero lhe deixar…

— Eu te amo. — Disse para ela também, senti meu coração entrar em combustão. Não sabia como me despedir, eu queria apenas que uma hora meu relógio de pulso quebrasse, com ele todo o tempo que restasse, paralisando em um único momento. — Eu faria qualquer coisa para te ver sorrir, mas não sei se posso…

— Você pode. — Ela sorriu. Aquele sorriso que me cativou desde o dia que vi a caminhar desajeitada em volta de uma igreja, suas lágrimas ganhavam forma, nunca a vi chorar, mas podia ver que também estava sofrendo agora, contudo, tentará manter um sorriso por mim. — Apenas continue aqui, fique comigo enquanto pode, você sabe que eu não trocaria esse momento por nada.

Me levantei. Minhas pernas ficaram bambas, mas consegui me pôr de pé. Com toda a força que ainda possuía joguei meu relógio contra uma arvore ali perto, não queria ver o tempo passar. Ela se levantou, senti seu calor quando apertou contra meu corpo, envolvendo os seus braços em mim, fiz o mesmo, mas senti uma sensação nova explodir dentro de mim, uma que nunca senti, no mesmo momento em que seus lábios tocaram os meus, naquele momento notei, nunca gostaria de fazer aquilo com nenhuma outra garota.

Senti o corpo que eu segurava sumir diante de meus braços, seu calor humano se tornara frio, ao abrir meus olhos vi que ela não estava mais a minha frente, tinha sumido, ido embora, assim como um dia ela disse que iria, me deixando apenas o vento gélido que assombrava aquela noite. Tentei segurar minhas lágrimas, elas caiam aos poucos, depois de um tempo era impossível parar. Uma folha da arvore caiu, com ela asas se abriram, uma borboleta brincava com sua própria fragilidade desviando dos obstáculos naturais que se formavam com o vento, como um descanso, pousou sobre meu ombro, naquele momento eu notei, ela, garota ao qual eu tanto amei não crescera na luz, ela era a luz.


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