Contraposição escrita por Blue Butterfly


Capítulo 9
Capítulo IX




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Ela não soube quando caiu no sono e o quanto tinha dormido, mas agora que abrira os olhos a chuva já tinha parado e Maura estava completamente desmaiada em cima de si. Uma perna da loira estava sobre as suas, e seu rosto estava pressionado contra o seu pescoço. Em outras palavras, Maura estava praticamente esmagando ela. O pior de tudo era que Jane estava morrendo de vontade de fazer xixi - e ela não via outro meio de sair dali se não fosse acordar Maura, algo que ela não parecia muito disposta a fazer. Ela respirou fundo e tentou ignorar a sensação da bexiga cheia, e tão logo o fez, Maura apertou o braço no seu corpo. Certo, ela deveria estar em algum tipo de missão cujo objetivo era torturar Jane.

A morena procurou o chão com o pé e esbarrou em Marley. Ele se levantou, checou as duas na rede e se deitou em outro lugar. Jane então pegou impulso e balançou a rede suavemente. Cinco minutos se passaram. Dez. O sol começava a aparecer preguiçosamente atrás das nuvens... e Jane precisava mesmo ir ao banheiro.

'Maura?' Ela chamou com a voz baixa, acariciando as costas da mulher.

'Hm.' Ela murmurou, mas não se mexeu um centímetro.

'Eu preciso sair daqui, preciso mesmo. Eu tô apertada.' Jane disse, agora tentando virá-la para o lado, encorajando a médica a acordar.

'Tá.' Ela disse simplesmente.

Jane riu. 'Ok, eu vou apenas sair e você se ajeita de novo.' Ela conseguiu tirar a perna da médica de cima dela, e com a ajuda da outra ela desenroscou seu braço e finalmente se sentou na rede. Maura se encolheu e antes que ela se dobrasse em Jane, a morena se levantou e correu a passos apertados para o banheiro. Minutos depois, aliviada, Jane retornou para a varanda e encontrou Maura sonolenta e sentada na rede.

'Desculpa te acordar, eu realmente precisava fazer xixi.' Ela disse se sentando ao lado da médica.

'Tudo bem.' Maura disse docemente e esfregou os olhos e por eles estarem fechados naquele momento ela se espantou quando Jane a abraçou de novo.

'Você dormiu bem?' A morena se inclinou para trás, e segurou Maura contra seu peito.

'Uhum.' Ela disse e balançou a cabeça em sim, os olhos ainda pesados de sono.

'Ótimo. Agora que parou de chover nós podemos pescar. Não se esqueça que é você quem faz o jantar hoje a noite. E Maura, é melhor você caprichar no peixe.' Jane provocou, arrancando uma risada da mulher.

'Parece que nós vamos ficar com fome hoje.' Ela rebateu e riu, e quando os dedos de Jane apertaram sua cintura para lhe fazer cócegas, ela se contorceu em fuga. 'Pára!' Ela exigiu enquanto ria.

'Pára você. Deposite um pouco de fé em mim!' Jane a apertou de novo e dessa vez Maura deu um pequeno pulo, um que quase a jogou para cima do colo de Jane.

'Jane!' Ela quase gritou e segurou as mãos da mulher.

'O que? Tá pronta pra confessar que você tá errada?' Ela ergueu uma sobrancelha em desafio.

'Não! E é exatamente por esse tipo de atitude que você vai espantar todos os peixes!' Ela disse rindo de novo, porque Jane insistia em torturá-la.

'Quem está rindo em voz alta e quase gritando é você.' Jane rebateu, e quando Maura tentou se levantar, ela a segurou pela cintura e puxou-a de volta para si, e agora a loira tinha caído em cima de si, a cabeça ao lado de seu ombro. Jane passou um braço em suas costas para apoiá-la. Ela respirava pesado e a morena achou melhor não castigá-la novamente.

'Não me leve a mal, mas você não parece ser o tipo de pessoa que gosta de pescaria.' Maura riu levemente e levou a mão ao rosto dela, apertando seu queixo com o polegar. 'Você fala até sozinha, Jane.'

'Bem, você lembra daquele peixe que você dissecou uma vez? Ele gostava de mim.' Jane fez um bico como se dissesse eu não estou certa?.

'Ele estava doente, Jane. Eu já te falei isso.' Ela disse enquanto encolhia as pernas e sorria.

'O que você está insinuando?' Jane apertou os olhos e mostrou uma mão para ela, ameaçando-a com cócegas de novo.

'Eu só estou dizendo que talvez - ' Ela parou de falar, sobressaltada com o latido de Marley. Ela arregalou os olhos e encarou Jane, e depois as duas lançaram a cabeça para a direção em que o cachorro latia.

'Marley!' Uma mulher a distância chamava por ele, e pela voz parecia um pouco irritada. 'Você está encrencado!' Ela trazia um guarda-chuva verde oliva na mão e andava depressa na direção do cão, aparentemente ignorando a presença das duas. 'Eu estava preocupada, como você faz isso? Mas eu já deveria saber que você veio para cá. Nessa chuva! Como eu iria procurar você nessa chuva? Cachorro mau!' Ela dizia ao se aproximar e parou quando notou a presença das mulheres. 'Oh...' Ela olhou de uma para outra, e depois para o cão.

'Ahn... Oi?' Jane disse, intrigada, as mãos ainda na cintura de Maura. Ela estudou a mulher que parecia ser tão alta como ela, cabelo castanho escuro e olhos cor de mel. A pele era mais clara do que a de Jane, os lábios mais carnudos.

'Oi! Eu sou a Amanda, e esse é meu cachorro.' Ela colocou a mão na cintura. 'Ele destruiu alguma coisa? Comeu seu sapato ou algo do tipo?'

'Não, ele...' Jane olhou para Maura, e depois para a mulher de novo. 'Nos assustou a princípio, mas... Ele é legal.'

'Ah, sim, ele é legal. Esse é o problema, sabe? Ele é tão legal que às vezes me esqueço que ele pode ser também um monstrinho. Não é mesmo, Marley?' O cachorro balançou o rabo e latiu, feliz. Ele parecia sempre feliz. 'Sinto muito se ele lhe causou algum transtorno, ele às vezes gosta de andar por aqui por causa de Paul. Eu avisei sobre os biscoitos, mas ele não me ouviu. Bastou uma vez, agora sempre que ele escapa ele vem parar aqui, achando no mínimo que Paul vai presenteá-lo de novo.' Ela riu a balançou a cabeça.

'Oh, certo.' Jane disse e lambeu os lábios. Ela nem sabia que Paul - o amigo que lhe emprestara a casa - tinha outros amigos por ali.

'Falando nisso, ele está por aqui?' Ela franziu o cenho e apontou com um dedo a entrada da casa.

'Não, somos só nós. Ele nos emprestou a casa por uns dias.' Jane disse de novo. Maura permanecia quieta, estudando a interação das duas. Ela parecia estar atônita com a chegada da estranha.

'Entendo. De novo: sinto muito se ele lhe causou danos. Eu posso reembolsar. Ele pode ser um desastre às vezes.' Ela inclinou um pouco para baixo e estalou os dedos, e o cachorro foi de encontro a ela.

'Quer saber? Ele foi... Bom, foi legal ficar com ele. Ele é... Bem, ele é fofinho.' Jane disse, agora incomodada com o fato de que o cachorro iria embora, principalmente porque era ele quem tinha feito Maura rir mais cedo e a médica parecia gostar dele.

'Bem... Desculpa, qual o seu nome?' A mulher se virou para elas de novo, totalmente concentrada nas ações das duas.

'Eu sou a Jane, e essa, Maura.' A detetive apontou um dedo para si e depois para a loira.

'Ok. Jane... Se você quiser ficar com ele por mais um tempo, tudo bem. Volto para casa daqui alguns dias.' Ela colocou como forma de brincadeira.

'É mesmo? Você não mora por aqui?' A morena fez as duas perguntas de uma vez, considerando seriamente a oferta da outra.

'Eu estava brincando, mas se você quiser...' Ela riu e depois apontou o dedo para a casa seguinte, alguns metros além da casa que estavam. 'Estou ali. É minha casa, mas moro mesmo em Nova York. Venho aqui para descansar, fugir da civilização... E trabalhar, às vezes.'

'Parece que as pessoas vem para cá pelo mesmo motivo.' Jane disse, mais para si mesma do que para a mulher e sorriu.

Amanda sorriu em simpatia e abaixou os olhos. 'Marley, vamos?' Ela deu um passo para trás, mas o cachorro se levantou apenas para correr para dentro da casa. 'Oh, droga.' Ela murmurou e lançou um olhar pesaroso para Jane. 'Você vê o que passo com ele?'

'Você disse que ele vem aqui por biscoitos?' Jane perguntou, dando tapinhas na perna de Maura como um sinal para deixá-la se levantar. A loira escorregou para o lado permitindo sua saída, e depois Jane esticou suas mãos para ajudá-la a se levantar.

'Exato.' Ela suspirou e esfregou o rosto com as mãos.

'Sem problemas, vamos encontrar alguns para ele. Talvez seja por isso que ele ainda esteja aqui.' Jane disse e segurou na mão de Maura, puxando-a para dentro de casa. Ela fez um sinal com a mão para Amanda acompanhá-las também.

'Eu não quero incomodar vocês.' Ela disse assim que entrou.

'Não está.' Jane disse e abriu a porta do armário da cozinha, revirou algumas coisas mas quando não encontrou nada, partiu para o outro.

'Eu vou dar uma olhada na despensa.' Maura disse finalmente, depois de muito tempo em silêncio.

'Ok.' Jane disse automaticamente. A despensa era logo ali ao lado da cozinha, era mais provável que os biscoitos estivessem lá mesmo.

'Sua namorada é bem quieta, não é mesmo?' Amanda disse enquanto estudava com interesse a fruteira de madeira esculpida sobre a mesa.

'Ela não - nós não...' Jane tentou se justificar, constrangida por saber que Maura estava logo no outro cômodo e provavelmente tinha ouvido a pergunta, mas parou no meio da frase. Pensando agora, a posição em que foram pegas na rede era bem sugestiva, era normal que Amanda tivesse tido essa impressão sobre elas. Ela suspirou e abriu outra porta. 'É uma longa história...'

'É uma que vale a pena ser ouvida?' A mulher perguntou agora, interessada em Jane.

'Perdão?' A morena se virou para ela, curiosa. Ela não esperava que Amanda demostrasse interesse.

'Você acha que é uma história que vale a pena ser ouvida? Quem sabe ser lida?' Ela sorriu, os olhos brilhando.

Jane franziu o cenho, confusa. 'O que isso significa exatamente?'

'Ah! Eu sou fotógrafa, mas também trabalho numa revista. Tenho uma coluna - quer dizer, quatro pessoas escrevem nessa coluna. Qualquer história interessante vai para ela. O público sempre reage muito bem, se você quer saber. Por isso perguntei se a de vocês vale a pena.'

Quando Jane não respondeu nada - ela estava de queixo caído - a mulher se justificou, entendendo a expressão de modo errado. 'Quer dizer, é claro que a história de vocês deve valer a pena, o que eu sugeri foi que... você sabe, se é algo que chamaria a atenção dos leitores. Algo diferente, você entende?'

Oh, Jane entendia, e era por isso que seu rosto estampava terror. Ela pegou o ar lentamente, imaginando como iria escapar dessa.

'Jane?' Maura murmurou seu nome, parecendo tão pálida quanto ela. O pote de biscoitos para cachorro estava nas mãos, mas ela quase recuou quando Amanda lançou um olhar para ela.

'Está tudo bem?' A mulher perguntou em voz baixa, não entendo o por quê da mudança de comportamento das duas.

Jane umedeceu os lábios com a língua, sentindo a boca seca. Ela andou até Maura e pegou com cuidado o pote de suas mãos e o colocou na mesa. 'Amanda, você disse que é... uma fotógrafa, e escreve para uma revista? Isso faz de você uma jornalista.' Era mais uma afirmação do que uma pergunta.

'Vocês são fugitivas ou algo do tipo?' Ela disse brincando, mas seu sorriso morreu numa linha reta e seus lábios se transformaram em um O em seguida. 'Oh, meu Deus! Você são fugitivas?!' Ela bateu as mãos ao lado do corpo, os olhos arregalados.

Jane quase gargalhou com a cena. A mulher tinha certeza de que estava em uma enrascada, enquanto na verdade era bem o contrário. 'Não!' Ela disse rapidamente, antes que a mulher saísse correndo dali. 'Claro que não somos!' Ela riu com o nervosismo. 'Amanda... Se você ouvir por aí 'Detetive Rizzoli' ou 'Doutora Maura Isles' algo lhe soa familiar?' Jane mordeu o lábio inferior e apertou a mão de Maura na sua.

'Soa, sim.' Ela apertou os olhos e depois a compreensão se estampou em seu rosto. 'São vocês. Eu sabia que vocês eram familiares.' E ela riu. 'Caramba, eu achei que tava falando com duas fugitivas!' E ela riu ainda mais e então pareceu se lembrar de algo. 'Bem, vocês tem mesmo algumas histórias boas para contar, não é?' Ela sorriu e cruzou os braços como se dissesse podem começar, estou pronta.

Maura lançou um olhar para Jane e ela não precisou verbalizar seu medo.

'Você tem lido as notícias dos últimos dias? Jornais? Televisão?' Jane abraçou a cintura de Maura para lhe dar apoio.

'Não. Eu estou isolada aqui, por escolha própria.' Ela corrigiu a postura, sentindo que algo grande estava prestes a ser dito.

'Amanda, absolutamente ninguém pode saber que estamos aqui. Nós... estamos fugindo de alguém. Alguém perigoso, e nossa segurança depende de seu silêncio.' Jane disse no tom mais sério que podia, tão sério que parecia ameaçador.

'Eu não... Eu não vou dizer a ninguém. Se é por isso que você perguntou se sou uma jornalista, não se preocupe. Eu não digo para ninguém. Eu não sou esse tipo.' Ela ergueu as mãos como se negando a idéia do modelo clichê da maioria de jornalistas.

Jane decidiu pressionar um pouco mais, apenas para deixar claro. Ela abraçou a cintura de Maura e apertou o corpo da mulher contra sua barriga. 'Maura foi sequestrada, nós a recuperamos mas ainda existe uma emaça no ar, você entende? Alguém por trás, alguém que ordenou o sequestro dela. Alguém que quer me atingir. Nós duas estávamos correndo perigo em Boston, e esse é o nosso escape. Nosso lugar seguro.'

Amanda balançou a cabeça ligeiramente. 'Eu entendo, juro mesmo. Eu nem tava me referindo a esse tipo de entrevista. Eu queria dizer, você sabe, a história pessoal de vocês duas como um casal. Como é para vocês trabalharem juntas, num ambiente masculino e tudo mais.'

Jane piscou os olhos e virou o rosto para Maura, depois voltou para Amanda. 'O que?'

Ela pareceu hesitar, talvez por conta do medo. 'Ah, deixa para lá se essa idéia não te agrada também. Silêncio total, eu juro.' Ela passou dois dedos em frente a boca como se estivesse selando os lábios.

Maura finalmente balançou a cabeça. 'Nós estamos contando com sua palavra.' Ela murmurou.

'Podem contar. Vocês passaram um dia com meu cachorro, é o mínimo que posso fazer para me redimir.' Ela disse em tom sério, depois abriu um sorriso de cumplicidade que foi retribuído.

'Ótimo. Talvez Maura queria lhe contar sobre como foi o primeiro encontro dela com ele.' Jane deu uns tapinhas de leve na barriga da loira e a soltou.

'Jane.' Maura a repreendeu numa voz baixa, sentindo o rosto corar.

'Oh, não. O que ele fez?' Amanda já estava lançando um olhar furioso para o cão que estava sentado no chão ao pé da mesa, esperando pelo biscoito.

'Ele meio que me assustou. Eu ainda estava dormindo e ele pulou em cima de mim na cama.' Maura ofereceu primeiro do que Jane, sabendo que a morena certamente contaria a sua versão da história, envergonhando-a ainda mais.

'Marley!' Amanda repreendeu o cachorro, e agora era ela quem estava com vergonha. 'Caramba, Doutora Isles, eu sinto muito. Ele é meio sem noção. Na verdade, completamente sem noção. Ele faz cada coisa absurda!'

'Me chama só de Maura. E tudo bem, nós fizemos as pazes logo.' Ela ofereceu com um sorriso e acariciou a cabeça do cão em seguida - ele já estava comendo o biscoito que Jane lhe dera.

Amanda observou-a acariciar a cabeça de seu cão, e curiosa não conseguiu se conter. 'Vocês tem algum animal de estimação?'

Maura corrigiu a postura e levantou a cabeça para encará-la. 'Oh, não. Não mais. Eu tinha um cágado e Jane um cachorro, mas agora não temos mais nenhum.'

'Vocês não sentem falta? Quer dizer, Marley me dá um trabalho imenso, mas não consigo viver sem ele.'

'Bem...' Maura suspirou e abaixou os olhos depois de lançar um olhar para Jane. 'Confesso que sinto.'

'Ora, então apenas adote um. Ou compre, se você preferir.' Amanda riu, oferecendo a solução mais simples de todas.

'Eu tentei convencê-la um tempo atrás, nem tente. Ela tem uma lista de pós e contras.' Jane balançou a cabeça em não, lentamente. 'É imensa, vai por mim, você não vai querer ouvir.' Ela sussurrou a última parte, como se Maura não pudesse escutá-la e a vingança da loira foi beliscá-la.

'Eu apenas disse que não seria adequado naquela época, Jane. Nós trabalhamos por um mês inteiro quase sem nenhum final de semana completo em casa. Eles precisam de atenção, você sabe.' Ela se defendeu, um tanto emburrada.

'Naquela época, Doutora Isles? Você está reconsiderando sua decisão?' Jane levantou um sobrancelha, encantada com o modo que Maura parecia se derreter no momento em que Marley lambia sua mão.

'Quem sabe?' Ela disse e lançou um sorriso brincalhão para a detetive.

'Ótimo, vocês já vão treinando.' Amanda concluiu.

'Treinando para quê?' Maura franziu o cenho em confusão.

'Vocês sabem o que dizem: primeiro o cachorro, depois um bebê.'

'Qual a relação de um com o outro?' A médica perguntou ainda mais confusa.

Jane deu um tapa na própria testa e esfregou os olhos em irritação. Maura era ser tão inteligente mas se perdia tanto nas expressões populares.

'Maura, as pessoas às vezes compram um cachorro antes de ter um bebê, você sabe, para se sentirem mais seguras ao cuidar de alguém. Como um teste, entende? Se elas conseguirem criar um cachorro, conseguem criar um bebê. É praticamente isso o que a Amanda disse.'

'Isso é horrível! Um bebê requer muito mais cuidados e planejamento do que um cão.' Ela disse se virando para Jane, escandalizada.

'É apenas... Deixa para lá.' A morena balançou a mão, dispensando a indignação da outra. 'De qualquer jeito, ninguém está pensando em ter um bebê aqui. Então... Vamos parar só no animal de estimação.'

Amanda mordeu a parte interna da bochecha para não rir, divertida com a interação funcional das duas. 'Ok. Já ocupei de mais o tempo de vocês, venha Marley. Nós vamos ter uma conversa séria.' Ela estalou o dedo e dessa vez o cachorro obedeceu e andou até seus pés. 'Obrigada por tudo, e desculpem mais uma vez por qualquer coisa.' Ela sorriu agradecida.

'Não por isso.' Jane devolveu o sorriso. 'Amanda, sobre nossa conversa anterior...' Ela começou, cruzando os braços, se sentindo um tanto cansada por ter que tomar conta daquilo de novo.

'Eu sei, bico fechado.' Ela concluiu antes que Jane pudesse terminar. 'Não se preocupem, é sério. Eu não colocaria a vida de vocês em risco.' Ela ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha e depois ofereceu. 'Vamos fazer o seguinte, por quê vocês não vem em casa e jantamos juntas? Se vocês já não tiverem outros planos, eu quero dizer. Assim vocês me conhecem melhor, e ficam mais tranquilas.' Ela sorriu gentilmente.

'Você não precisa fazer isso.' Maura chacoalhou a cabeça. 'Quer dizer...' Ela não sabia exatamente o que falar, porque ao mesmo tempo que gostava da mulher, se sentia completamente insegura perto dela. Não é que ela não confiava em Amanda, era só que depois do que passara ela tinha receio de se expôr para quem quer que fosse.

'Ah, qual é. Não é apenas por isso. Eu gostei de vocês. E Marley também, aparentemente. Venham, eu não tenho muito o que fazer aqui, às vezes companhia cai bem.' Amanda insistiu, e seus olhos brilhavam com expectativa.

'É isso ou peixe.' Jane bateu de leve com seu ombro no ombro da loira.

Maura revirou os olhos. 'Golpe baixo.' Ela murmurou.

Jane sorriu de volta para ela e passou um braço em sua cintura, como se sentisse seu desconforto e quisesse mandar a mensagem de que estava tudo bem. 'Que horas nos encontramos?' Ela tomou a decisão final.

Amanda fez um bico em pensamento. 'As sete fica bom?'

'Perfeito.' Jane disse e Maura concordou com a cabeça. 'Você precisa de ajuda para cozinhar?'

'Oh, agora você parece disposta a cozinhar?' Maura provocou, espremendo os olhos.

Jane riu. 'Eu estou sendo educada!' Ela se defendeu.

Amanda riu baixinho e deu de ombros. 'Eu acho que dou conta, mas se vocês quiserem e estiverem afim de aparecer mais cedo... Tudo bem, podemos trabalhar na comida juntas.'

'Isso vai ser ótimo'. Jane disse empolgada e apertou Maura. 'Nos vemos as sete, então!'

'Até lá!' Amanda disse enquanto saia da casa, acompanhada por Marley, Jane e Maura.

Elas acenaram um tchau com a mão e observaram enquanto a mulher subia a rua, Marley ao seu lado, pulando de um lado para o outro enquanto tentava pegar a própria sombra. A imagem fez Maura rir e encostar a cabeça no ombro de Jane.

'Você já tem um nome?' A morena perguntou, tentando disfarçar o tom de provocação.

'Para quê?' Maura olhou para ela, sem levantar o rosto de seu ombro.

'Ora, para seu novo cachorro!' Jane disse e riu.

A loira revirou os olhos e suspirou. 'São apenas planos, e caso venha a acontecer... Tem que ser uma fêmea. E se chamará Myrtelle.'

'Merti o que?' Jane riu.

'Myrtelle. Foi uma das primeiras médicas patologistas.' Ela informou clinicamente.

'Ah claro, como pude me esquecer.' Jane rebateu com sarcasmo, um que Maura soube identificar e logo lançou-lhe um olhar afiado que se demorou demais.

Jane tentou não rir e quando falhou se inclinou para beijar a bochecha rosada da médica.

'Eu estava pensando num aquário para mim, com peixes coloridos. Eles são tão bonitinhos.' Ela apertou os braços na cintura de Maura e enterrou o rosto no pescoço da mulher, rindo, enquanto a outra suspirou severamente em irritação.

'Francamente, Jane, você precisa deixar sua obsessão com peixes de lado.'


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Notas finais do capítulo

Amanda, a sutil. hahahuhauhua